sábado, 18 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18933: Os nossos seres, saberes e lazeres (280): De Aix-en-Provence até Marselha (12) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 5 de Junho de 2018:

Queridos amigos,
Havia que experimentar um passeio no bairro histórico de Marselha, o Panier, entrar em La Vieille-Charité, onde decorria uma fascinante exposição de Picasso e visitar no centro de exposições o fabuloso acervo museológico, deu-se preferência a África e ao Egipto, até se encontrou a arte dos Djolas, objetos provenientes do Casamansa, e sobretudo visitar o melhor acervo de arte egípcia fora do Louvre.
Depois contemplar a catedral e vagabundear entre as maciças fortalezas de pedra e as novas construções onde o vidro espelha o sol e a orgânica do ferro e outros metais dialogam sem nenhum choque com a arquitetura militar do passado.
Mas ainda há muito mais coisas a ver em Marselha, antes de regressar a Lisboa.

Um abraço do
Mário


De Aix-en-Provence até Marselha (12)

Beja Santos

A deambulação em Marselha dirige-se agora para o bairro histórico, o Panier, com origem no século XVII. Entre os seus edifícios notáveis, o viandante decidiu-se por La Vieille-Charité, antigo hospital e hospício, aqui se albergavam os pobres marselheses. É obra do arquiteto Pierre Puget, tem capela de inspiração barroca romana, com fachada do século XIX. A Charité acolhe hoje um conjunto de museus, graças a colecionadores de renome, bem como exposições, no momento em que o viandante por ali cirandou estava patente a exposição de Picasso “Voyages Imaginaires”.




O centro de museus é visita incontornável. Podem visitar-se aqui coleções importantes de arte africana, egípcia, grega, medieval e do Extremo Oriente. Sobretudo o museu egípcio – com os espólios do médico Clot-Bey (início do século XIX) – reúne, depois do Louvre, a coleção mais valiosa do seu género. E não se deve sair dali sem ir ao departamento das peças arqueológicas celto-ligúricas, têm grande valor.





Abaixo da Vieille-Charité, à beira-mar, afastada dos centros da cidade moderna, ergue-se a Catedral, tem cores sumptuosas, foi erigida na 2.ª metade do século XIX, tem uma extensão de 140 metros e uma altura de 60 no interior. Quem a desenhou tinha em mente a mais bonita catedral pós-medieval de França, é de um fascinante ecletismo. A abside com deambulatório é inspirada nas grandes construções românicas francesas, as cúpulas na arquitetónica bizantina e há claras ressonâncias naquela alternância de pedras da arquitetura medieval italiana.



À beira-mar, como no interior, são impressionantes as marcas da arquitetura moderna. No interior está localizada uma das principais obras de Le Corbusier, um prédio residencial em forma de caixa, separado da terra por suportes curvilíneos. No exterior, toda aquela massa de pedra da fortaleza acolhe agora construções panorâmicas excecionais. Acresce que o Bairro Euromediterrânico também tem uma vasta operação de reabilitação em 480 hectares, no coração da Metrópole. Voltando à margem esquerda do Velho Porto, é ali que estão as novas ousadias em vidro como La Villa Mediterrânica, por ali se saltita com a satisfação de ver estas espantosas edificações tão bem articuladas com as do passado. A região do Velho Porto está de parabéns, não se pode vir a Marselha sem calcorrear estes trilhos e apreciar a graciosidade deste nexo entre os séculos.





(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 11 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18913: Os nossos seres, saberes e lazeres (279): De Aix-en-Provence até Marselha (11) (Mário Beja Santos)

Sem comentários: