quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18928: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XL: As minhas estadias por Bissau (viii): o ano de 1969 (fotos de 82 a 90) (fim)


Foto nº 82


Foto nº 83


Foto nº 84



Foto nº 85


Foto nº 86

 Foto nº 87


Foto nº 88


Foto nº 89A


Foto nº 89

Foto nº 90

Guiné > Bissau > Virgílio Ferreira, ex-alf mil SAM, CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Diomingos, 1967/69)

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, set 1967/ ago 69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já  75 referências no nosso blogue.

Últimas fotos das passagens por Bissau (de 81 a 90) (**=

Legendas:

F82 - A estrada de Santa Luzia, entre o QG e a cidade de Bissau, são uns 5 km de distância. Foi um percurso que fiz imensas vezes, de um lado para o outro. Havia transporte militar com horas marcadas, para levar a Bissau o pessoal e voltar a trazer para as instalações do QG.

Estrada muito estreita, alcatroada, sem bermas, e com muito arvoredo. Apesar de ser ainda dia, o sol deve estar a pôr-se, mas com o arvoredo denso, ficou tudo escuro. Não sei como tirei a foto, mas pode ter sido a conduzir a motorizada, eu raramente utilizava os transportes militares, pois tinham um horário, coisa que eu não me interessava. Algures numa casa destas, conheci quando cheguei,  em 21 de set 67, uma rapariga cabo-verdiana, eu ia a pé nesses dias pela estrada abaixo, e meti conversa, depois foi uma história que não é para contar agora, não que seja proibitiva, mas porque foi triste o seu final. Bissau, 2º trimestre de 69.

F83 – No bar do Clube de Oficiais do QG, em convívio com camaradas e amigos. Estamos na recta final da comissão, e não se pensa noutra coisa senão regressar. Junto a mim está o alferes Camelo, foi meu parceiro na EPAM, no curso da especialidade de Administração Militar. Ajudei-o muito na aplicação militar, ele era bastante gordo, nem conseguia segurar na arma, quando se faziam as marchas e os crosses de 17 e 20 km. Eu carregava tudo dele e o meu, ele andava no passo normal, eu chegava muito antes. Deve-me esses favores, depois nunca mais o vi, apesar de o pai ter uma casa comercial em Matosinhos, que se chamava a Casa Camelo, não sei o que vendia. Mas era endinheirado em comparação comigo.

Venho a encontrá-lo precisamente na Messe de Oficiais nesse dia e não mais o vi na Guiné. Passados mais de 20 anos cheguei a cruzar-me com ele no Porto, mas nunca falamos, talvez ele não me reconhecesse, pois eu engordei 20 kg e fiquei de cabelos brancos, mas ele na mesma. Hoje não sei dele. Ao lado,  outro alferes da Chefia de Contabilidade, não me lembro o nome. Eu parecia o dono daquilo tudo (DDT), era uma visita frequente. Bissau, 2º. Trimestre de 69.

F84 – Um dia de muita chuva, entre Maio e Julho 69, tempo dela... Na zona nobre da cidade, das vivendas, embaixadas, consulados, e gente importante da terra. Uma viatura militar Mercedes, nova, deslizando entre a chuva e os ribeiros de água. Apesar de não haver quase movimento de viaturas, neste cruzamento tínhamos um Policia Sinaleiro de capacete branco, coisas de África de outros tempos. Quando chovia forte, até os sapos saiam das bolanhas e inundavam as ruas e passeios, depois à noite com a falta de iluminação, esmagávamos sem querer dezenas deles, era uma porcaria do terceiro mundo. Bissau, 2º Trimestre de 69.

F85 – Mais um barco de T/T chegou e atracou, não é o Uíge pois esse ficava ao largo. Vemos na escadaria o pessoal a descer com malas, por isso estão a desembarcar, mais umas centenas de militares para esta guerra. Um camião militar Mercedes para levar o pessoal e bagagem para os seus destinos, normalmente para o Depósito de Adidos em Brá, onde esperavam transporte para os seus locais definitivos de destino. Tempo de chuva, pelas nuvens carregadas. Era tempo dela, e quando caía não era a brincar. Bissau, 2º Trimestre de 69.

F86 – Base aérea de Bissalanca. À esquerda algumas DO com o focinho amarelo. Ao lado destas, outro avião que penso ser um Héron onde também viajei, poucas vezes. Ao fundo à direita, algumas Dornier em cor branca ou clara, onde viajei muitas vezes. Em grande plano pode ver-se um grande avião, de hélice, quadrimotor. Penso tratar-se de um DC6 da Douglas, o tal avião que me levou para a Guiné. Tem a bandeira nacional atrás, e uma cruz de guerra pintada atrás. Mais ao fundo podem ver-se outros dois iguais, virados de frente. Mas aquele DC6 não foi o que me levou, pois eu sei que foi um pintado de cinzento e camuflado, feio, velho, sem bandeiras nenhumas, quase a cair de podre. Bissau, 2º trimestre de 69.

F87 – Base naval da Marinha Portuguesa em Bissau. Foto tirada possivelmente no dia anterior à minha partida, a bordo do T/T Uíge. Algum movimento de barcos e lanchas, mas não era o dia de saída, pois faltam alguns pormenores. Vou adiantar uma data. Bissau, 3Ago69.

F88 – Aerogare da BA12 em Bissalanca. Militares preparam-se para embarcar rumo a qualquer sítio, penso que eu estou também a caminho de um deles, só pode ser para São Domingos. Pode ver-se uma fileira de DO27 – focinho amarelo-torrado, outra fileira de Caças T6, e mais adiante outra fileira de Fiat G91. Tantas vezes por aqui passei que me recordo quase de tudo, mas às instalações do pessoal da aviação fui lá uma vez se me lembro. Bissau, 1º Trim 69.

F89 – Vista geral da pista de aterragem da Base Aérea e do aeroporto civil de Bissalanca, que era comum para todos os aviões. Pelo aspecto estamos já na época de chuvas. Os elementos que se vêm na foto, deve tratar-se da PA, Polícia Aérea.  em verificação da pista ou qualquer outra formalidade que desconheço. Bissau, Mai69.

F90 – Render da guarda no Palácio do Governador. Aos domingos de manhã havia esta festa de ronco, a população vinha para a rua ver as cerimónias. Aqui mostra-se apenas o Palácio, os homens da Marinha, a fanfarra e tropa do exército. Estamos na Praça do Império, era aqui que se mostrava que isto ainda era Portugal. Já existe uma reportagem destas cerimónias num outro Poste já publicado no Blogue. Bissau, Junho69.

Em, 24-04-2018

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».
________________

Notas do editor:

(*) Vd. ppste de 19 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18859: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXVIII: As minhas estadias por Bissau (vii): o ano de 1969 (fotos de 71 a 81)

(**) Último poste da série > 13 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18920: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXIX: Afinal o "Chez Toi" era o antigo restaurante e casa de fados "O Nazareno", que eu frequentei no meu tempo

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro Virgílio Teixeira

Bom dia

Como sempre fotos e descrições divinais que sabem bem ler pela manhã.Pena a palavra (fim).
Obrigadão.IC

Anónimo disse...

Caro camarada IC!

Obrigado pelo comentário, a ideia é mostrar um pouco de tudo, e que a maioria de todos nós que por lá andamos só conhecemos um pouquinho de nada.

A palavra (fim) não é minha, mas sim do editor.
Significa que este Poste com 90 fotos sobre Bissau, chegou ao fim.
Mas tenho mais, uns já mandei para editar, outros estou a trabalhar neles, tenho de procurar muitas fontes para legendar de uma maneira que seja o mais aproximada possível, o que nem sempre consigo, os documentos já não tenho e a memória vai falhando.

Temos um excelente Poste sobre com mais de meia centena de fotos sobre Nova Lamego que um dia irão sair, o editor não tem mãos a medir para seleccionar tanto material.

Um Ab,
Virgilio Teixeira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Caro IC (ficamos sem saber o teu nome):

A palavra "fim" não quer dizer que chegámos ao fim do álbum, mas apenas que esgotámos as fotas relativas a Bissau (1967/69)...

Ainda bem que gostaste...

Cumprimentos do editor, LG (Luís Graça)

Anónimo disse...



Eu, como muitos outros camaradas ,actualmente menos empenhado na vitalidade do blogue por cansaço ou incapacidade, não deixo de o visitar regularmente e confesso que tenho acompanhado com muita assiduidade as tuas crónicas e para além da beleza e realismo das tuas fotos e dos teus textos, admiro a coragem e frontalidade com que abordas os relacionamentos que tiveste cá ou além-mar. Essa franqueza tem um preço, todos o sabemos, mas não deixa de ser um exercício salutar que traz mais vida a esta grande assembleia de avós ex-combatentes, demasiado cordatos. Um abraço.

Francisco Baptista

Anónimo disse...

Obrigado Francisco Baptista.
Esta é a minha maneira de estar na vida, uns gostam outros não, paciência.
Já fico contente por haver um apenas que goste, para me motivar a legendar mais de 1000 fotos, porque agora não é só para colocar aqui, mas um arquivo para os meus descendentes.
Sei muito bem que não tenho nada de cordato, e já tenho aprendido muito graças ao Luís, que me vai dando conselhos para não me expor em demasia, especialmente a familia.
E estou a tentar...

Obrigado

Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

A propósito da foto nº 82, Estrada de Santa Luzia:

Agora ao ver melhor a foto, verifico que no cimo da estrada se pode ver uma 'guarita' pintada de branco, e que tinha uma cancela.
Era a entrada para a zona militar, o QG, o Clube militar, o Quartel do 600, etc.

Foi um pormenor que me escapou na legenda.

Para quem não conhecia fica a explicação.

Virgilio Teixeira

Mário Santos disse...

Caro Virgilio Teixeira.

Parabens em especial pela foto nº86 que revela o Antonov14 russo capturado em território da Guiné em 29 de Março de 1968.

Segundo consta nos alfarrábios dos Arquivos do Silêncio , esta aeronave perdeu-se e acabou por aterrar em Nova Lamego. Voou depois para Bissalanca Pilotada pelo então Comandante do Grupo Operacional da Força Aérea Tenente/Coronel Francisco da Costa Gomes, onde terminou por apodrecer. este foi o seu último voo.

Permaneceram em Bissau os dois tripulantes, Piloto e Mecânico sob custódia da PIDE/DGS, enquanto todos os restantes passageiros foram libertados e colocados na Fronteira com a
Guiné Conacri.

Para que conste, o signatário e autor destas letras encontrava-se bem perto em serviço na Esquadra de Fiat`s G-91.


Vislumbra-se ao longe um DC6, certamente em transito para uma das outras então Provincias Ultramarinas portuguesas.


Um grande abraço


Mário Santos

Valdemar Silva disse...

Viva, caro Mário Santos.
Muito interessante.
É uma grande novidade essa do avião russo Antonov 14 que foi obrigado a aterrar
em Nova Lamego em Março de 1968.
Nunca ouvi falar do assunto quer quando estive em Nova Lamego, nem depois li ou ouvi falar desse acontecimento com certeza de muito relevo. É a primeira vez.
Mário Santos seria interessante dares mais alguns esclarecimentos para todos sabermos realmente o que se passou.

Ab.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Caros Mario Santos e Valdemar:
Só hoje li estes 2 comentários ultimos. Eu não sei porquê, mas quando os Postes desaparecem da 1ª página, nunca mais os apanho, a não ser ir ao Album, mas que nunca ou raramento faço. Por isso tanta coisa não tenho visto de comentários e não dou respostas porque não os vi.
O relato feito por Mario Santos, é muito importante, pois eu tinha esta foto e nunca sabia que avião era esse, por isso não lhe dava importância. Mas agora já vai o texto todo para a minha Legendagem, e passeio a saber mais algo.
Quanto à data da captura em 29 de Março já não estava em Nova Lamego, mas depois disso também, como o Valdemar diz, nunca ouvi falar neste assunto. Esta foto foi tirada em Bissalanca já muito depois, e antes do dito apodrecer. Ainda bem, andavam em espionagem possivelmente.
Quanto ao DC6 era também o objectivo de fotografar o avião DC6 que me levou para a Guiné em 21Set67, com mais 6 militares.

Se conseguimos saber mais algo do que aconteceu com o Antonov seria util.

Ab,

Virgilio Teixeira