sábado, 11 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18913: Os nossos seres, saberes e lazeres (279): De Aix-en-Provence até Marselha (11) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 15 de Maio de 2018:

Queridos amigos,
À despedida de Nîmes, era inevitável contemplar esse fenómeno único que é Pont du Gard, um dos exemplos magnificentes do que foi o génio arquitetónico romano.
E partiu-se para a última etapa da viagem, Marselha, a cidade multicultural da França debruçada sobre o Mediterrâneo, cercada de parques naturais, presenteada por um dos portos históricos, aqui se cruzaram variadas civilizações, recordo que os sírio-libaneses que arribaram na Guiné, todos eles por aqui passaram antes rumar para África.
Chega-se à estação ferroviária e a arquitetura é também de estadão, sinais de riqueza aqui não faltam, mas aquele primeiro dia era mesmo para calcorrear o impressionante Porto Velho.
Foi muito compensador conhecer Marselha, final mais feliz para esta viagem à Provença dificilmente se podia arranjar.

Um abraço do
Mário


De Aix-en-Provence até Marselha (11)

Beja Santos

Ir a Pont du Gard estando em Nîmes é como passar por Roma e procurar ver o Papa. Apanha-se um autocarro de carreira, dá para apreciar as belezas da região de Uzès, vemos no percurso aldeias carregadas de caráter, à distância, nas colinas escarpadas, avistam-se igrejas e muralhas, houvesse tempo e percorria-se estes lugares patrimoniais com outros olhos, mas, tristemente, é visita de médico. Pont du Gard, Património da Humanidade, é mais um exemplo eloquente do génio da arquitetura romana, o que se está a ver é um aqueduto construído em 20 a.C. sob a égide de Agripino, genro de Augusto. Leia-se o que vem na brochura, quanto às suas impressionantes dimensões: atravessa o rio Gard com quase 49 metros de altura e 275 metros de comprimento, e temos a magnificência de três séries de arcos sobrepostos. Nenhuma abóbada da Idade Média apresenta um vão desta envergadura. Os arcos inferiores são compostos por blocos gigantescos, seguem-se blocos de pedra mais pequenos estabilizados por pedras de cantaria gigantescas, por aqui se passeia e desfruta uma panorâmica de estalo. Ponto final, regresso a Nîmes, nova viagem de comboio para a etapa final, Marselha.


Quando se fala em Marselha, ocorre imediatamente à mente o Porto Velho, buliçoso e portador de uma história de vários cruzamentos de civilização, tem o Norte de África ali ao pé, continua a atrair gente das antigas colónias. O currículo da cidade é enorme, está marcada pela Antiguidade Clássica, tem vestígios da cidade romana, as muralhas à volta do Porto Velho impressionam pela sua majestade, e quando se sai da estação ferroviária depara-se com esta escadaria a que não falta magnificência, dá passagem à famosa Canebière que liga ao Porto Velho. Por aqui vai o viandante mirando a arquitetura que assinala a prosperidade dos séculos XIX e XX, desce-se esta grandiosa avenida e vamos encontrando arquitetura sumptuosa, há sinais de riqueza contida, caso da Ópera, que data de 1924, em estilo Arte Déco. É inevitável, arruma-se a tralha onde se vai estadear por dois dias, corre-se apressadamente para o Porto Velho, enquanto há luz, dura e faz figura.






Uma inscrição em belo lampião atrai imediatamente a atenção. Neste preciso lugar foi assassinado o rei Alexandre I da Jugoslávia, em 9 de outubro de 1934, há filme e muitas imagens do que aqui se passou, o rei vinha em visita de Estado, tinha à espera um revolucionário búlgaro.


Chegou-se a Marselha com o céu um tanto enegrecido, desanuviou, o viandante anda agora prazenteiro no Velho Porto, aqui chegaram os gregos em 600 a.C. e durante toda a Antiguidade e Idade Média, Marselha desenvolveu-se na margem esquerda do Porto. Será preciso esperar por 1666 para que a cidade vá crescer no lado Sul. É um panorama ímpar com esta multidão de barcos, passeia-se calmamente a ver entradas e saídas de embarcações, segue-se atraído pelos fortes que fazem guarda ao Porto e que datam do século XVII.



Os fortes de S. Nicolau e S. João possuem esta grande dimensão e o de S. João é hoje uma casa de cultura, tem permanentemente exposições, é aqui que está implantado o Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo, o Muceum. E assim finda uma tarde contemplativa, toca de rumar para o Porto Velho, há que desencantar uma caldeirada reconfortante, Marselha é terra da bouillabaisse, um bom tónico para o programa de amanhã, pela velha Marselha e subindo ao seu ponto mais alto, de onde se avistam cordilheiras de Alpes que avançam para o Mediterrâneo, que grande beleza panorâmica!



(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18896: Os nossos seres, saberes e lazeres (278): De Aix-en-Provence até Marselha (10) (Mário Beja Santos)

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