segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18901: Notas de leitura (1089): Nó Cego, por Carlos Vale Ferraz; Porto Editora, 2018 (1) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Junho de 2018

Queridos amigos,
Era tempo de se consagrar a devida homenagem à obra ímpar da literatura da guerra colonial. Possui, passe a expressão, uma organização sinfónica, tem andamento empolgante, frenético, parece que troam metais e a percussão, perfilam-se muitos dos homens daquela Companhia, e aos poucos o leitor toma nota que está ali Portugal inteiro; Há um andamento para conhecermos o meio, com uma lanceta cirúrgica o destacamento de M é visitado na sua amplitude e apercebemo-nos que a guerra mudara de natureza, aquele comandante que dá pelo nome de Tio Abílio será substituído por um austero burocrata que só quer resultados. E no fim, num tremendo halali, seremos enfronhados naquela operação Nó Górdio que terá mudado o sentido da guerra, a farronca da vitória deu lugar a uma inesperada disseminação da FRELIMO até ao centro de Moçambique.
Consumara-se o nó cego.
É com a maior satisfação que aqui vou vasculhar o primeiro clássico da literatura da guerra colonial.

Um abraço do
Mário


Nó Cego, a obra maior de toda a literatura da guerra colonial (1)

Beja Santos

Uma arquitetura narrativa avassaladora, parágrafos cortantes, imagens originais, uma cadência verdadeiramente sinfónica de lentos, rápidos, moderados, adágios, tornaram esta obra, publicada inicialmente em 1982, no documento literário indiscutivelmente mais significativo de toda a literatura da guerra colonial: Nó Cego, por Carlos Vale Ferraz, Porto Editora, 2018.

Logo, a ironia, com um ressaibo de mofa, uma advertência para melhor compreender certas estratégias de cinismo, farronca e desmedida ignorância brandidas por uma certa hierarquia militar:
“Esta é uma obra de ficção. Factos, pessoas e situações narradas não aconteceram nem existiram, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Pormenores eventualmente chocantes dizem respeito a outras gentes e a tempos em que a guerra era suja, mas povoada por humanos combatentes, com forças e fraquezas, dúvidas e certezas, sabedorias e ignorâncias; a real verdade foi outra, vejam-se as fotografias e leiam-se os discursos da época, limpas e gloriosas acções representadas por magníficos heróis!”.

E qual escriba penitente na sua obscuridade, zomba da fama, da farronca e dos panteões da gloríola:
“O autor é pacato e gordo, cai-lhe o cabelo e escreve de noite com os óculos na ponta do nariz, não apresenta nenhum sinal visível que o indicie como particularmente dotado para esta arte de escrever. Por si, garante, a pátria não verá aumentar a galeria dos ilustres e não ganhará feriado em data de morte ou de centenário”.

Estamos no Planalto dos Macondes, aí por finais de 1969, o leitor entra direto numa operação de uma Companhia de Comandos, por sinal a primeira operação em Moçambique. Tropa bem preparada mas inexperiente, salvo o capitão que já andara em tal labuta como oficial subalterno e o furriel Passos que se oferecera como voluntário para uma segunda comissão nas tropas especiais.
Dá-se uma pincelada no ambiente:
“Na mata das zonas ravinadas do Planalto dos Macondes, o terreno um pouco mais húmido alimentava uma vegetação densa e difícil de transpor. Cada homem via à sua frente apenas os vultos de dois ou três que o precediam e sentia os passos dos que o seguiam. Naquela fornalha do auge da época seca, onde não corria uma aragem, eles e uns mosquitos pequenos que se metiam pelos olhos, pela boca, pelo nariz, como se fossem cegos, pareciam ser os únicos seres vivos”.
O silêncio é sepulcral, e, súbito, um estrondo, há feridos, o capitão dá ordens, e vem a primeira fotografia do capitão:
“Seco de carnes e de rosto de feições regulares, inspirava confiança, apesar de ser quase da mesma idade dos homens que comandava. Mantinha uma distância de reserva entre si e eles que alguns confundiam com arrogância. Por vezes, os seus gestos pareciam displicentes, mas ajudavam a criar uma aura de consideração e de invulnerabilidade à sua volta.”

O soldado Pedro perdera um pé, o capitão tranquiliza-o, chama-se o helicóptero, segue-se o calvário da espera, as transmissões estão empancadas. Ouve-se tiroteio, depois de muita tensão avizinha-se um helicóptero. Vão aparecendo nomes de soldados: o Torrão, fora pastor no Alentejo; Tino, um soldado moreno, atarracado, de nariz afilado e cabelo luzidio; Brandão, o especialista de transmissões da Companhia; Vergas, intermediário de putas e chulos, nascido no Bairro Alto. Na arquitetura da narrativa há sempre tempo para vir ao passado deste homens que estão nesta primeira operação em Moçambique, começa-se pelo capitão e o seu ambiente familiar, agora os soldados Comandos fazem uma pausa para comer, fala-se do guia Evaristo, é um homem condenado. Recomeça a progressão, é a vez de conhecermos um pouco o passado do Tino, não muito longe, enquanto se progride naquela mata densa, ouvem-se gritos e rugidos, depois a mata acabou repentinamente “como uma muralha de castelo caída a pique, e surgiu um terreno limpo, com palhotas debaixo das árvores por entre as quais ziguezagueavam vultos em fuga”.
Ataca-se quem ali vive, há quem corte apêndices auditivos com facas de mato, à distância os guerrilheiros reagem à morteirada, irá morrer o Preguiça:
“À medida que os camaradas se aproximavam, distinguiu quatro deles caminhando lentamente, segurando pelas pontas um pano de tenda carregado como uma trouxa informe ensopada em sangue. O Lopes espreitou para a abertura negra formada por quatro vértices de pano de lona sem perceber imediatamente que aquela massa de sangue e tripas era o resto do que fora um corpo.
Sem uma palavra, os homens de olhos vazios e os lábios brancos de suor depositaram no trilho seco a sua carga. As moscas zumbiram em busca de uma refeição de sangue, sem que eles fizessem um gesto. O alferes Lencastre, branco como a cal, fez um gesto com o queixo para os homens do furriel Freixo substituírem os que transportavam o morto.
- Quem era? – perguntou serenamente o Lopes.
- O Preguiça, a granada caiu-lhe mesmo em cima, não deu um ai – respondeu o outro como se falasse sozinho.”

O cabo enfermeiro tratava os outros feridos e o autor dá-nos oportunidade de saber quem é este homem, de onde veio, foi estudante nas Belas Artes. A aviação bombardeou a posição dos guerrilheiros, a Companhia atravessa o vale, sobe-se a encosta do planalto, faz-se pausa, depois recomeça a marcha, a meio da manhã veio o helicóptero que levou o morto e os feridos e deixou jerricãs de água, o guia Maconde fala sobre o resto da construção do antigo posto de água número nove:
“ – Pessoal do planalto não tinha água, ia procurar longe, longe mesmo, ao rio Muera, demorava quase um dia as mulheres ir e vir. Tugas da administração prometeram dar água a maconde, mas quando fez posto era preciso meter moeda de quinhenta para ter uma lata e maconde não tinha dinheiro, trabalhava na machamba e tinha sede. Água não compra, água vem no rio, vem do céu, Deus dá. Maconde pensou que não era direito pagar, começou a fazer barulho, a fazer banja com homens grandes, um dia veio governador de Pemba, Porto Amélia, veio tropa, matou gente e começou a guerra. Já não lembra, era menininho, sabe de ouvir contar…”.

Ficamos também na posse de dados curriculares dos alferes Lourenço e Lencastre. Finda a operação, volta-se a M em coluna motorizada, viaja-se à máxima velocidade possível para não dar tempo aos guerrilheiros de colocarem novas minas.

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 3 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18892: Notas de leitura (1088): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (45) (Mário Beja Santos)

14 comentários:

Anónimo disse...

O romance é bom e o autor também.Mas é sempre a mesma farronca quando se trata de apoiar os ventos de west.Apenas direi que um ex alto posto da Frelimo, já disse que quem diz que o Kaulza, não era estratega e que a operação "nó Górdio" não serviu para nada: não percebia nada de guerra e muito menos da guerra em Moçambique.
Carlos Gaspar

Manuel Luís Lomba disse...

Longe de qualquer desprimor para com o currículo de militar e combatente, as tendências qualidade ideológicas e a sua qualidade de autor, que muito tenho apreciado, evoco, apenas por dever de memória, a réplica de Samora Machel, ao complexado discurso da independência de Moçambique, à guisa de auto-crítica, do Primeiro-ministro e representante de Portugal, coronel Vasco Gonçalves, registada por estes ouvidos que a terra há-de comer (rejeito a cremação!), que foi mais ou menos assim, literalmente:
- Um país tem o dever de respeitar os seus militares mortos em combate. Os militares portugueses estiveram à altura e perto de nos derrotar; poderíamos ter sido derrotados...
Abr
Manuel Luís Lomba

Anónimo disse...




Para mim que somente o conheço de alguns textos dispersos o Carlos Vale Ferraz é um grande general, não conheço ninguém melhor, da nossa literatura de guerra. Irei comprar o livro e lê-lo com prazer e com atenção também pelo seu registo histórico.
Um abraço.
Francisco Baptista

Antº Rosinha disse...

O esforço de guerra daqueles 13 anos por parte de Portugal e dos africanos que estiveram do nosso lado, nunca deve ser sequer beliscado, quer militarmente, quer estrategicamente.

A desproporção das forças que defrontámos foi tão descomunal em nosso desfavor,que será difícil um dia os historiadores fazer compreender tantos anos a lutar contra tantas forças internacionais de toda a ordem.

Porque as frentes não foram apenas Angola, Guiné e Moçambique, outras frentes como o armamento mais moderno soviético e não só, ao IN, foram as ajudas materiais e financeiras (e morais) de toda a chamada democracia de esquerda de toda a Europa do Ocidente ao IN, foi o apoio logístico de Argélia, Conacry e Dakar e outros, e das várias missões religiosas cristãs, em luta entre elas próprias para não "perderem o comboio" em África, que hoje vão perdendo em grande velocidade.

Claro que a ONU foi a frente mais complicada de todas.

Não tínhamos razão, dizia a maioria da ONU, a começar pelos senhores da "Guerra Fria"

Mas agora estes "dois grandes senhores" estão de poleiro a ver o "pratinho" o que são as relações destes dois continentes vizinhos África e Europa divididos apenas pelo Mediterrâneo.

antonio graça de abreu disse...

São bem conhecidas as opções ideológicas de Carlos Matos Gomes, -- meio esquerda caviar mais presunto de Chaves -- e já agora as do seu grande admirador (quantos adjectivos laudatórios nesta recensão!) Mário Beja Santos. Estão no pleníssimo direito de denegrir as Forças Armadas portuguesas, neste caso em Moçambique. Não sei se repararam, ainda em 1969, as NT cortavam as orelhas dos elementos IN.
O resto é música, ora afinada, ora degradante.
Abraço,

António Graça de Abreu

Fernando de Sousa Ribeiro disse...

Alinho com o Beja Santos na admiração, como escritor, por Carlos Vale Ferraz, pseudónimo literário do coronel Carlos Matos Gomes, um dos heróis do cerco de Guidage. Já como historiador, tenho muitas dúvidas relativamente a Carlos Matos Gomes, pois é fortemente enviesado, mas desta sua outra faceta não cabe aqui falar. O romance "Nó Cego" é uma obra digna de ser lida e guardada, pois condensa nas suas páginas muito do que aconteceu na guerra colonial, não só em Moçambique, mas também nas outras frentes de combate. Estão ali o melhor e o pior, e estão também todas as cambiantes intermédias.

Mário Beja Santos chama ao "Nó Cego" «o primeiro clássico da literatura da guerra colonial» e diz que ele foi publicado pela primeira vez em 1982. Permito-me corrigir o Beja Santos, lembrando que antes do "Nó Cego" foi publicado em 1979 o livro de João de Melo "Autópsia de um Mar de Ruínas", ainda com o título "Memória de Ver Matar e Morrer". Este livro de João de Melo só surgiu com o seu título definitivo ("Autópsia...") em 1984, mas ele é essencialmente o mesmo que tinha sido publicado antes, ainda que amplamente reescrito. Também o "Nó Cego" foi amplamente reescrito depois da sua primeira publicação, apesar de ter mantido o título original. Basta pegar na primeira edição e numa das últimas do "Nó Cego" e comparar: Carlos Vale Ferraz apurou muitíssimo o seu estilo.

Fernando de Sousa Ribeiro


P. S. - É cristalinamente claro para todos nós quem é o general K em "Nó Cego". Já quanto a M, é um pouco menos claro; M deve ser Montepuez, onde os comandos estavam aquartelados. Já quanto a João de Melo, há no seu livro "Autópsia de um Mar de Ruínas" referências a um major oposicionista, por quem o autor manifesta uma grande admiração mas cujo nome, curiosamente, nunca revela. Este major oposicionista, que foi quem comandou a coluna de socorro aos militares emboscados, foi o major Melo Antunes. A emboscada contada por João de Melo em "Autópsia..." aconteceu mesmo. Não é "filme".

Alberto Branquinho disse...

Caros Senhores (e ex- Camaradas)

Não se trata aqui de saber se "Nó cego" é ou não "Nó górdio" (que, aliás, segundo os que conheceram a operação "Nó górdio", um e outra não são a mesmíssima realidade vivida e a contada).
Literatura é uma coisa, História é outra. Também não se trata de fazer política.
Um escritor (porque ser vivente e pensante) não consegue, mesmo que o deseje, encobrir (totalmente) o que sente e pensa. E, por outro lado, se a literatura pode pretender ou, até, ser arma de propaganda política, não é o caso aqui.
Para escrever é absolutamente necessário TER VIVIDO. Caso não, estaremos frente a uma literatura "imaginada" (o que não é arte menor, pense-se na chamada "ficção científica"), mas, no caso, não é "literatura da guerra colonial" e correremos o risco de poder "invocar", mais uma vez, o supra-sumo da "literatura da guerra colonial" A. L. Antunes. Poderá sê-lo, mas não da GUERRA, enquanto combatente, sentindo, vivendo a realidade e os dramas do combatente.
Para terminar: Carlos de Matos Gomes a.k.a. Carlos Vale Ferraz é o maior autor da "literatura da guerra colonial portuguesa".
Alberto Branquinho

Anónimo disse...



Para lá das paixões e das inclinações politicas e ideológicas que dividem os cidadãos deve haver um denominador comum que avalia a verdade e a objectividade. Muitas vezes só as gerações vindouras têm os pesos e medidas certas para fazer essa avaliação mais correcta
Francisco Baptista

Fernando de Sousa Ribeiro disse...

Prezado Alberto Branquinho,

Estarás, pelo menos em grande parte, errado, se concluires que António Lobo Antunes escreveu "literatura imaginada" sobre a guerra colonial, porque ele não terá sentido e vivido a realidade e os dramas do combatente. É verdade que o Lobo Antunes não viveu nem sentiu na primeira pessoa essa realidade e esses dramas, mas sentiu-os e viveu-os, ainda que por interpostas pessoas, como médico militar colocado num lugar "quente" da guerra no leste de Angola, como foi Gago Coutinho. A vila de Gago Coutinho (que após a independência passou a chamar-se Lumbala Nguimbo) foi um dos focos mais importantes da guerra em Angola, estando situada no coração de uma vastíssima região que estava à mercê das emboscadas e das minas do MPLA. Só o batalhão de Gago Coutinho tinha à sua exclusiva responsabilidade uma área tão vasta como todo o Alentejo, a qual, ainda por cima, fazia fronteira com a Zâmbia, país de onde os guerrilheiros vinham lançar os seus ataques e colocar as suas minas. O Lobo Antunes pode ser uma pessoa arrogante e malcriada, pode julgar-se um semideus e pode, até, exagerar grosseiramente algumas histórias, mas ele também soube o que era a GUERRA.

Um abraço

Fernando de Sousa Ribeiro

Alberto Branquinho disse...

Caro Fernando Sousa Ribeiro

Tenho que respeitar a opinião manifestada.
MAS médico é médico, combatente é combatente. Lá no LUGAR, naqueles espaços e lugares que nos fizeram abanar por dentro, onde o sol e as circunstâncias "queimam", matam, estropiam, não só o corpo, mas, também, a cabeça, o peito, o coração. O A.L. Antunes poderá ter vivido colunas-auto, dramas de posto de socorros (que não é pouco, mas não é guerra ELA MESMA).
O tamanho da área operacional seria grande, teria sido muito cansativo, doloroso, arriscado. Mas, não será que a Guiné, ela toda, com as suas características de guerra, de terreno, não caberia TODA lá dentro? Com trinta mil homens (?) e foi o que nós sabemos.
O que não aceito (não aceito mesmo!) é que se publique literatura de "ouvir dizer", uma "literatura de messe de oficiais no "mato"", uma literatura de "guerra colonial no feminino" que não tenha sido escrita pelas nossas enfermeiras pára-quedistas, etc., etc., e, depois, ser apresentada ao público como "literatura da guerra colonial".
E é tudo. Ou quase.
Um Abraço
Alberto Branquinho

Anónimo disse...

António Rosinha e António Graça de Abreu inteiramente de acordo.Quanto ao resto é o que lemos e vemos e eles não desistem.E depois esta história da esquerda (falsa) e com a mania que são mais puros do que os outros é que eu acho graça.É como os capitães fora do quadro eram quase todos contra a guerra mas lá foram ganhando umas coroas e a consciência contra a guerra só a manifestaram após o 25.
Carlos Gaspar

Anónimo disse...

Senhor G. de Abreu. Aparentemente,ao referir ”uma certa esquerda de caviar e presunto de Chaves” pode ter esquecido a sua esquerda maoista de ”arroz comido com pauzinhos e verbas americanas”. O oficial dos Comandos,autor do referido livro ,foi condecorado por bravura em combate na mesma Guine em que o senhor ”serviu” numa secretaria bem resguardada . Outros ”esquerdalhos” membros deste blogue,louvados e condecorados como combatentes na sua guerra de papel olham com ironia o seu ”patrioteirismo” . Jorge Santos.

antonio graça de abreu disse...

Obrigado, Jorge Santos, assim é que é falar! Não me arranja por aí umas fatias bem grossas de presunto de Chaves? Para eu recordar os meus bons velhos tempos, e comezainas, na "secretaria bem resguardada", em Cufar, sul da Guiné, onde me escondi, com medo da guerra, entre Junho de 1973 e Abril de 1974. Também andei por Teixeira Pinto e Mansoa, a ler Lenine, Fidel Castro e Mao Zedong, nas horas vagas, quando amainava o labor assassino dos obuses catorze. Felizmente, tenho aprendido alguma coisa com a vida e disso tenho dado testemunho nos meus pobres escritos. Tenho 22(vinte e dois!) livros publicados. Leia. Medalhas e condecorações? Só tenho o meu processo na PIDE, desde 1967, em cópias. Os originais estão na Torre do Tombo e garanto-lhe leitura educativa e aprimorada.
Desejo-lhe todas as venturas do mundo, com caviar e tudo.

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Liberdades poeticas......presunto de Chaves embrulhado em documentos historico/privados na Torre do Tombo. J.Belo