terça-feira, 16 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19686: Consultório militar do José Martins (41): As Últimas Campanhas na África Portuguesa (1961-1974): De Dados Oficiais a Dados Oficiosos (Parte I)

 1. Em mensagem de 3 de Abril de 2019, o nosso camarada e "consultor militar", José Martins (ex-Fur Mil TRMS, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70) enviou-nos um trabalho com dados sobre os números da guerra no que ao Exército diz respeito.

Para seguir com atenção neste e nos dois postes que se seguirão. 



(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19643: Consultório militar do José Martins (40): A primeira Unidade de Polícia Militar destacada para o Ultramar

7 comentários:

Valdemar Silva disse...

Zé Martins
Mais um excelente trabalho.
Os quadros que apresentas são muito importantes, para evitar confusões e teimas desnecessárias.
Abraço
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé: que bom voltar a ter, no blogue, o resultado das tuas leituras e pesquisas de arquivo... Dou-te os parabéns por mais este trabalho, que prometo ler e comentar com mais tempo e vagar... Agora tenho os trabalhos de limpeza do casarão... Na Páscoa, gasta-aqui litros de lexívia para por as casas frescas, purificadas, prontas para receber o "compasso" e celebrar a o milagre da vida...

Tabanca de Candoz, LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé, tu tens, como eu, e outros camaradas, como o Jorge Araújo, o gosto pelos "números"... Mas é preciso saber "lê-los e interpretá-los"... Por exemplo, o Quadro III - Academia Militar: Vagas, candidatos e oficiais formados...

Esse quadro dá-nos preciosas informações para a construção de um "índice de patriotismo" dos portugueses... Em 1961, início da guerra do ultramar / guerra colonial há 2,1 candidatos à Academia Militar por cada vaga... Quatro anos passados, essa proporção desce, drasticamente, para 0,8 (, menos de 1 candidato por vaga), ou seja, no ano letivo de 1965/66 há, pela primeira vez, mais vagas do que candidatos... Deixa de ser "doce morrer pela Pátria"... A Acadenia Nilitar começa a ficar "às moscas"...

E essa situação vai-se agravando nos anos seguintes.... A "carreira das armas" deixa de ser "sedutora" para os jovens da nossa geração, e passa a ser "socialmente desvalorizada"... A partir de 1966, passa a haver sempre mais vagas do que candidatos...

1966/67 - A proporção de candidatos por vagas é de 0,5 (2 vagas por candidato...)

1967/68 - 0, 35 (três vagas e meio por candidato);

1968/69 - 0, 3 (três vagas por candidato);

1969/70 - 0, 25 (quatro vagas por candidato);

1979/71 - 0, 35

1971/72 - 0, 30

1972/73 - 0, 33

1973/74 - 0, 64...

Camarada Zé Martins, vamos esperar que os nossos leitores comentem... LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Estes dados não têm uma leitura linear: aos jovens da nossa geração começam a abrir-se outras portas... Não é só a Academia Militar que fica às moscas, a outras "instituições totalitárias", como os seminários, acontece o mesmo... Há uma "crise de vocações" (militares, sacerdotais, etc.)... Porquê ?... A guerra não é a única explicação... A ascensão social faz-se agora, no fim do salazarismo /início do caetanismo, por outras vias: a universidade, a emigração...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Faltosos, refratários e desertores... são categorias diferentes. Zé, como é que a gente distingue, nos teus números, uns e outros ? ... Faltosos são os que não compareceram à inspeção militar... É isso ? 200 mil faltosos em mais de 1,1 milhão de recenseados, é muita gente. Quase 18%... Arredondando, é um 1 em cada 5 gajos na minha turma da 4ª classe...

Valdemar Silva disse...

Luis
É exatamente como eu já tinha referido.
Faltosos, refratários e desertores, destes julgo que não se trata de deserções em plena guerra, são 18% de 'traidores à pátria'? Julgo que há nestes muitos de 'aquilo não nos pertence', 'vou tratar da vidinha lá pra fora', 'quero lá saber da tropa'.
O grande e grave problema foi dos muitos que foram e não voltaram, ou voltaram com graves problemas físicos e psicológicos. Quantos serão estes?

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Não li tudo com olhos de ver, mas os números são impressionantes.
A percentagem de 'os gajos que se piraram, de uma forma ou outra' é muito elevada!
Não conhecia estes dados, mas o curioso para mim, é que eu não conheço nem conheci ninguém da minha geração - isto é da minha rua - que se pirasse à tropa.
Conheço alguns da mina geração, que foram nos anos de 64 em diante, isto é 3 anos antes de mim, e que os vi chegar mortos e feridos, foi aí que comecei a perceber os efeitos da guerra.
Parabéns pelo trabalho realizado.
Virgilio Teixeira