domingo, 14 de abril de 2019

Guiné 61/74 - P19678: Blogpoesia (615): "Serra do Pilar", "Baladas perdidas" e "A leveza do ar", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Da Serra do Pilar desfrutam-se as melhores vistas sobre a cidade do Porto. Nesta foto, a Ponte Luiz I e o que resta da Muralha Fernandina mandada construir por D. Afonso IV, terminada no reinado de D. Fernando. À esquerda, a Sé Catedral e o Paço Episcopal. Visível, um pouco atrás, a esguia Torre dos Clérigos.
Foto e Legenda: Carlos Vinhal


1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados, entre outros, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Serra do Pilar

Contraforte de Gaia, bem preso ao chão, não vá o Douro a leve ao mar.
Se armou com um quartel.
Ali especou, mirando o Porto
e a ponte que lhe passa à porta.

Sentinela atenta.
Só passa quem vai por bem.
Ali passou Isabel.
Jovem rainha.
Foi uma festa.

O Xá da Pérsia e a Farah Diba.
Já foi há tanto!...

Tanta vez, a palmilhei a pé.
De Trancoso à Sé e a Vilar.
Como bem eu lembro.
Ainda eu era jovem...

Berlim, 10 de Abril de 2019
17h22m
Jlmg

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Baladas perdidas

Perdi minhas baladas do Rio Minho, pelas terras verdes de Caminha.
Onde a floresta de pinhais fazia a sombra que nos regalava no campismo dos verões.
Onde as marés, em marcha certa, ponham à mostra meio rio.
Muitos barquitos ficam inertes sobre o lamaçal de lodo negro.

Aquele monte cinza de Santa Tecla que nunca mais pára de subir pró céu.
As esplanadas de ócio benfazejo onde se passavam ricas tardes.
Os passeios de liberdade e segurança, com a família, pelas trilhas da serra imensa.
O lendário Vilar de Mouros que, cada ano, regalava a juventude.
Quando a vida era uma luta e a família um baluarte.
Para ali íamos anos a fio, porque ninguém queria ir para outro lado...

Berlim, 10 de Abril de 2019
9h52m
Jlmg

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A leveza do ar

Mergulhados na vida, precisamos de ar, condição fatal.
Diáfano e azul, nimbado de luz, frescura de mar.
Nossos olhos sorriem. Saciados de cor.
Vibra de alegria nossa alma.
A esperança no futuro reverdece.
Ferve nosso sangue pelo corpo.
Arde em labaredas o fogo dos desejos.
Queremos viajar pelo mundo.
Ir à lua e ao sol.
Dormir numa ilha tropical.
Viver encantado na eternidade...

Ouvindo Carlos Paredes
Dia cinzento
Berlim, 13 de Abril de 2019
8h58m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de31 de março de 2019 > Guiné 61/74 - P19636: Blogpoesia (614): "De S. Bento à Régua e ao Pinhão", "Desaires" e "Nostalgia", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

5 comentários:

Anónimo disse...

Virgilio Teixeira, disse,

- Serra do Pilar, o Quartel do Regimento de Artilharia, de lá se podem ter as melhores vistas da minha bela cidade do Porto;

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Caminha e Minho, Vilar de Mouros a Santa Tecla, que Minho maravilhoso que por cá temos, conheço isto tudo, é o Norte de Portugal;

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Ir à lua e ao Sol, agora com o seu buraco negro, quanto tempo levaríamos a lá chegar, de balão a gás, ou nas asas de um pássaro, num dia assim não tanto cinzento. A ilha tropical, venha ela, que gostoso seria estar agora de barriga para o ar!

Belos poemas, Mendes Gomes, vai nos entretendo enquanto esperamos pelo novo cartão do e-combatente, já esteve mais longe...

Venham mais destes belos poemas, simples, pequenos, contagiantes.

Abraço,
Virgilio Teixeira
Vila do Conde, 2019-04-14
ex-alf mil do SAM 1967/69

Joaquim Luís Mendes Gomes disse...

Obrigado, Virgílio Teixeira. É bom saber que há quem nos leia. Uma Boa Páscoa com muita saúde.
Um abraço.
Joaquim

Valdemar Silva disse...

Mendes Gomes
Mesmo sem passares de pinheiro em pinheiro, sem por os pés no chão,
na Mata do Camarido ou mergulhares nas águas geladas do mar de Moledo, nem
precisaste de ir à Insua para escrever esta bela balada de Caminha.

Abraço
Valdemar Queiroz

Joaquim Luís Mendes Gomes disse...

Valdemar
Obrigado. Por aquelas terras lindas, se escreve lindo em qualquer sítio...
Abraço.
Joaquim

Valdemar Silva disse...

Mendes Gomes, é isso mesmo.
Mas, numa ida a S. João de Agra, em dia de pouca festa, só nos apetece olhar.

Valdemar Queiroz