terça-feira, 3 de setembro de 2019

Guiné 61/74 - P20118: Agenda cultural (698): Rescaldo da Sessão Solene de apresentação do livro "Brunhoso, era o tempo das segadas, na Guiné, o capim ardia", de Francisco Baptista, levada a efeito no passado dia 24 de Agosto, em Mogadouro (José Ferreira da Silva)

Lançamento do livro do Camarada Alfero Francisco Baptista

“Brunhoso, era o tempo das segadas. Na Guiné, o capim ardia”




Em Mogadouro nunca se viu uma coisa assim. Eram 192 pessoas que se “aconchegaram” na Biblioteca Municipal Trindade Coelho para assistirem a este evento.




Familiares do Francisco Baptista acarinharam o acontecimento

Dezenas de Camaradas de Guerra, vieram do Porto, Matosinhos, Penafiel, Vila Real e Régua

Está de parabéns o Francisco Baptista, não só pela sua obra mas, também, pelo apoio e carinho que ali recebeu, quer do Município do Mogadouro, quer dos amigos e conterrâneos e, ainda, de outros vindos de outras lusitanas paragens. É de realçar a presença de 40 elementos do “Bando de ex-combatentes” (do Porto, de Penafiel, de Vila Real e da Régua) e, ainda, outros camaradas em representação da Tabanca de Matosinhos.

Vereadora Virgínia Vieira, Engº José Mário, Profª Regina Gouveia, Dr. Ricardo Figueiredo e Francisco Baptista 

Abriu a sessão a D. Virgínia Vieira, Vereadora da Cultura, que justificou a ausência do Presidente Francisco Guimarães e apresentou, na Mesa, os oradores intervenientes. Assumiu o papel de anfitriã, manifestando a satisfação do Município do Mogadouro, pelo honroso evento cultural e agradeceu a enorme presença de cidadãos. Lembrou, ainda, vários testemunhos contemporâneos e enalteceu a sua obra, a qual muito orgulha os Mogadourenses.

De seguida, brilhou, com a sua intervenção o Eng.º José Mário, escritor e homem de letras, bem conhecedor dos temas tratados no livro, sejam os relacionados com a guerra do ultramar, sejam os usos e costumes da região.

A Poetisa, Professora Regina Gouveia, esposa do camarada Fernando Gouveia, mostrou-se entendedora na arte de bem escrever e aproveitou para focar a qualidade literária do autor. Leu, na circunstância, alguns excertos do livro do Francisco Baptista, sublinhando que a qualidade literária dos mesmos se assemelha, também, ao de um poeta.

De seguida, assistimos à brilhante intervenção do camarada de guerra da Guiné Dr. Ricardo Figueiredo. Conhecedor profundo do tema militar, dissertou vários aspectos que visaram complementar a obra em apreço. Sublinhou a camaradagem existente entre os combatentes, socorrendo-se de um dos textos do Baptista, evidenciando a indesejada crueldade da guerra, os seus horrores e referiu a supremacia, em sede de armamento, do PAIGC. Terminou clamando a dignidade devida aos Combatentes do Ultramar pelo Governo da Nação.
Por fim, o autor Francisco Baptista, começou por justificar a a edição do livro, com origem nos textos publicados no Blogue de Luis Graça & Camaradas da Guiné.
Pretendendo realçar os textos publicados, acrescentou outros elementos bastante enriquecedores. Falou com bastante emoção de alguns episódios da Guiné e doutros episódios marcantes da sua terra natal.
Entretanto, aproveitou a ocasião para solicitar a colaboração de sua sobrinha e afilhada Inês Baptista Leite, para ler um texto que muito emocionou a assistência. Esse texto referia-se a uma homenagem póstuma ao seu sobrinho, cujo falecimento ocorreu em 2015, de forma abrupta (enfarte do miocárdio) e que a todos deixou entristecidos pela forma em que ocorreu, quando muito havia de esperar dele, pois tratava-se de um jovem, médico veterinário de profissão, com um enorme coração.
Visivelmente satisfeito, o Francisco Baptista preocupou-se em manifestar a sua gratidão à D. Virgínia Vieira, Vereadora da Cultura, à Dra. Marta, bibliotecária, às funcionárias da Biblioteca, ao povo de Brunhoso e a todos os seus habitantes, ao José Francisco, Presidente da Junta de Freguesia e a todos os autarcas da terra. Não esqueceu os amigos, que vieram de longe e de perto. Aos amigos que o ajudaram a apresentar o livro, à Regina Gouveia, ao Ricardo Figueiredo, ao cunhado José Mário. Não esqueceu Margarida Peixoto, uma senhora amiga e distinta, ligada ao Bando do Café Progresso através do seu saudoso marido, Joaquim Peixoto, falecido há cerca de um ano, acontecimento que deixou todos muito tristes. Não esqueceu o Bando do Café Progresso, coordenado pelo Jorge Teixeira, José Ferreira e Ricardo Figueiredo. Agradeceu, ainda, a presença dos vários elementos da Tabanca de Matosinhos.
E quando, no seu remate final, referiu que na Guiné por vezes gritávamos, como quem quer dar respiração à alma, propôs que, para ajudar a essa libertação, se cantasse “O Adeus Guiné” do conjunto Feirense “Armando Campos”, com um texto adaptado, mais actualizado. O Ricardo dirigiu com voz forte e mestria, ao microfone, acompanhado por um coro afinado de ex-Combatentes, com muita emoção. Houve aplausos entusiásticos de todos os presentes no final.
Foi uma festa linda.

A Lareira, bem gerida pelo patrão Chef Eliseu, esteve muito activa, mas não interferiu na agradável temperatura sentida no salão, contrariando com os 32º que imperavam no exterior

Nota final: Este evento teve o condão de proporcionar um excelente convívio dos amigos do Francisco Baptista, quer no almoço nos restaurantes A Lareira e O Cantinho, famosos pela Posta à Mirandesa, quer no Porto de Honra oferecido pela Edilidade nas excelentes instalações da Biblioteca Municipal. José Ferreira (Silva da Cart 1689)

Entrevista de Francisco Baptista à Localvisão Bragança que deu grande relevo ao acontecimento
Com a devida vénia



O interesse pelo livro foi bastante notório

Francisco Baptista com sua mulher Fátima Anjos, cortam o gigantesco bolo que assinala o inesquecível evento


O Porto de Honra, oferecido pela Câmara Municipal do Mogadouro, prolongou o agradável convívio

As ilustres: Júlia Gomes, Carminda Cancela, Margarida Peixoto e Luísa Valente, também conhecidas pela ligação aos “Bandalhos” Isolino Gomes, José Manuel Cancela, saudoso Joaquim Peixoto e José Manuel Lopes, respectivamente.



Algumas fotos do almoço que antecedeu o evento.

Dois camaradas contentes

O autor

(Agradece-se a colaboração fotográfica de:
- Município do Mogadouro
- José A. Sousa
- Fernando Súcio
- Luís Bateira
- José M. Cancela)
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Nota do editor

Último poste da série de 15 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20062: Agenda cultural (697): Convite para a apresentação do livro "Brunhoso, Era o Tempo das Segadas - Na Guiné, o Capim Ardia", de Francisco Baptista, a levar a efeito no dia 24 de Agosto de 2019, pelas 15,00 horas, na Biblioteca Municipal Trindade Coelho, Rua dos Bombeiros Voluntários, Mogadouro

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Francisco pôs Brunhoso no mapa. através do nosso blogue. Há 4 anos... Tenho pena de, pro conflito de agendas, ter podido estar lá, em Mogadouro, no lançamento do livro... Foi uma festa e bem merecida...O Francisco e a sua terra bem mereceu este momento especial... Parabéns à malta do Norte (Tabanca de Matosinhos, Tabanca dos Melros, O Bando, etc.) que foram, em excursão, até Mogadouro... Parabéns ao Zé Ferreira pela reportagem do evento.

Sempre incentivwei o Francisco a escrever e depois a publicar este livro. Eu e outros camaradas Ofereci-me inclusive para escrever o prefácio... Infelizmente não cumpri o prometido. Mas ele tinha carta branca para utilizar os inúmeros comentários que fiz à sua série "Brunhoso há 50 anos"... Recorde-se, por exemplo, o comentário que fiz logo no primeiro poste, já lá vão 4 anos:
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Luís Graça disse...

A minha formação sociológica e a minha sensilidade cultural levam-me a valorizar muito estes relatos da nossa infância e adolescência...

Esta é nossa geração, a que lê e faz este blogue, e que combateu na Guiné, entre 1961 e 1974, nos anos 40, uns mais para o princípio, outros mais para o fim... Vamos lá, os "piras", já nasceram em 1950, 51, 52...

Mas é tudo geração do pós-guerra, quando mais de metade da população portuguesa ativa trabalhava no setor primário (agricultura, silvicultura, caça e pescas; minas e pedreiras)... Numa economia fracamente monetarizada, e com uma forte componente de autossubsistência: em casa, fazia-se as tamancas para calçar; cultivava-se o linho para tecer e fazer as camisas e os lençois: matava-se o porquinho que era o governinho da casa para o ano interior... "E patacão cá tem"... Nos campos ganhava-se por dia, na melhor das hipóteses, um "santo antoninho" (vinte escudos), até finais dos anos 60!...

Vivia-se no interior do país, em pequenas vilas e aldeias, onde em muitos casos só chegava o médico na hora da morte...

É esse Portugal, hoje periférico, pobre, interior, envelhecido, que irá fornecer, há 50 anos atrás os mancebos que fizeram a guerra, a mão de obra que há de alimentar a emigração, maçiça, para a Europa "dos 30 gloriosos" (as três décadas de crescimento económico ininterrupto, do milagre francês, alemão, italiano...)...

E igualmente a emigração interna que vai ajudar a desenvolver o eixo litoral, industrializado, Sines-Setúbal-Lisboa-Coimbra-Porto-Braga-Viana do Castelo...

Todas as memórias da nossa infância, adolescência e juventude são bem vindas a este blogue...

E dou os parabéns ao Francisco por querer partilhar com os seus camaradas as recordações de Brunhoso connosco...

11 de março de 2015 às 16:55


10 DE MARÇO DE 2015
Guiné 63/74 - P14342: Brunhoso há 50 anos (1): As Autoridades (Francisco Baptista, ex-Alf Mil da CCAÇ 2616 e CART 2732)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Errata:

Eu queria dizer:

"O Francisco pôs Brunhoso no mapa. através do nosso blogue. Há 4 anos... Tenho pena de, por conflito de agendas, NÃO ter podido estar lá, em Mogadouro, no lançamento do livro" (...)

Anónimo disse...



Agradeço ao José José Ferreiro, pela boa reportagem escrita e fotográfica sobre o lançamento do meu livro, agradeço ao Carlos Vinhal , um grande editor e ao Luís Graça pelos elogios e pelo acolhimento habitual.
Agradeço a todos os camaradas que estiveram presentes, a todos os amigos e familiares, Saúdo também todos os que não estiveram presentes.

Francisco Baptista

Fernando Gouveia disse...

Camaradas:
Tudo o que se passou em Mogadouro espelha bem, quer a qualidade da escrita do Francisco Baptista bem como a sua maneira de estar, de conviver, uma forma bem nordestina de se relacionar.

Ao Luís Graça também lhe quero dizer que perdeu a oportunidade de assistir a uma festa do lançamento de um livro, relacionado com o blogue, como talvez nunca mais terá oportunidade.

Boa reportagem, José Ferreira.

Abraços
Fernando Gouveia

MManuel Sousa disse...

Transmontano, tal como eu, o meu amigo Francisco Batista está de parabéns com a publicação desta sua obra, para orgulho do seu município de Mogadouro, e particularmente da terra que o viu nascer e crescer, Brunhoso, onde, segundo me confidenciou um dia,existia um Menino Jesus rico e outro pobre. Disse-me isto, aqui neste blogue, num dos textos que ele bem sabe escrever, ao comentar algo que escrevi sobre as minhas fantasias de Natal, também publicado em livro,recordando as minhas reminiscências de criança.
Um abraço, meu amigo, e, mais uma vez, parabéns.

Manuel Sousa

jteix disse...

Gostei deste texto bem elaborado pelo meu amigo e camarada Zé Ferreira, do que aconteceu naquele já celebre 24 de Agosto em Mogadouro, como apreciei e gostei que o Francisco Baptista reunisse tanta gente à sua volta do lançamento do seu livro, que ainda não li, mas prometo ler, (li algumas crónicas publicadas no blogue, confesso).
Mas e há sempre um mas, parece-me que o último parágrafo do texto, não foi bem assim que aconteceu e há que repor a "legalidade". Então lá vai: O Ricardo Figueiredo, que era um dos oradores, quis fazer uma surpresa ao Baptista e combinou com os elementos do Bando cantarmos no final da sessão, o "Adeus Guiné", num texto adaptado por ele (suponho que ainda na Guiné) entregando-nos para o efeito antes de começar a sessão, a sua letra. Foi então que, quando o Baptista no final pronunciou, "Guiné", todos se levantaram, principalmente os do Bando e à voz do Ricardo, o tal do vozeirão e ao microfone, começaram a cantar o tal "Adeus Guiné" na versão do Figueiredo, causado uma total surpresa ao Baptista que não estava à espera desta.
Aparte isso, a parte final do texto está certa: -"Houve aplausos entusiásticos de todos os presentes no final. Foi uma festa linda."... e foi!...
O Ricardo Figueiredo, se não for "ernesto" como costuma ser, está aí para o confirmar.
Diz Figueiredo... Figueiredo!...
Um abraço camaradas
cumprim/jteix