sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20522: O nosso livro de visitas (204): António Borges, cor inf ref, ex-cap inf, cmdt da CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1970, ao tempo do José Corceiro e do José Martins



Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970

(...) O capitão Borges com a esposa numa coluna para Nova Lamego. Sentados atrás vão os guarda-costas (elementos dos Comandos, Dragões). Houve autorização superior para o jipe poder integrar a coluna.

É uma atitude arrojada que revela coragem, determinação e cumplicidade no casal, dando provas de coesão, sem se pouparem a sacrifício para consolidar a união dos cônjuges. É evidente que o amor é mais importante que a morte... mas o capitão Borges, com esta sua ousadia, deu provas de combate, segurança e confiança, no porvir.

A senhora do capitão Borges tem que ser uma mulher de alma magnânima e imperturbável, para se arriscar a viver nestas condições, a milhas da civilização e neste isolamento, não deve ser fácil, mas é revelador de acto de afoiteza e amor para com o marido, ao querer trilhar alguns dos perigos e dificuldades inerentes ao teatro de guerra que todos aqui vivemos, só que nós militares, por imposição e obrigação, enquanto a senhora do capitão é de livre vontade, abnegando a possibilidade de bem-estar, provavelmente podendo viver na Metrópole. (...) (*)

[Foto à direita]

Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970 > Entre o Cheche e o Bormuleo, na margem direita do Rio Corubal, a posar para a foto o capitão Borges, o capitão Costeira e o ahferes Varela (hoje advogado em Almada). É visível a margem oposta do rio Corubal.

[Foto à esquerda]

Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970 >  Instalados junto àmargem do rio Corubal, ao fim do dia, a comer a ração de combate. 

Na foto, o capitão Borges e mais pessoal da operação; o Silva de Transmissões está de pé; alguns carregadores civis são visíveis assim como os garrafões que transportavam com água. Passámos aqui a noite, onde as formigas nos atacaram.



Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  14 de março de 1970 >  Recepção do povo de Nova Lamego ao Ministro do Ultramar, Silva Cunha.


Guiné > Região de Gabu > Canjude > CCAÇ 5, "Gatos Pretos > 1970 > O Ramos a cortar o cabelo ao Corceiro em Canjadude. Era normal entre as 10 e as 15h00, intervalo de descanso, andarmos assim vestidos, quando não era pior.

Fotos (e legendas): © José Corceiro  (2010) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Troca de mensagens entre o cor inf ref António José G. G. Borges, ex-cap, cmdt da CCAÇ 5, Canjadude, 1970, hoje cor inf ref (**):

(i) António Borges, quarta, 18/12/2019, 12h45

Com os meus afectuosos cumprimentos muito gostaria que me fosse indicado o endereço actual do vosso "tertuliano" José Corceiro que foi Cabo radiotelegrafista da CCaç 5,  de Canjadude (Guiné), Companhia que comandei em 1970.

Antecipadamente agradecido desejo a todos Festas Felizes.
Cor António José G. G. Borges,
ex Capitão Borges / CÇaç 5


(ii) Luís Graça, 18/12(2019, 13h15

Zé Corceiro: Já há tempos que não contactamos... Tens aqui um pedido do ex-cmdt da CCAÇ 5, em 1970, hoje cor ref António Borges. Responde-lhe, com conhecimento a mim, se não te importares... Aproveitas para fazer a "prova de vida"...

Um abraço natalício. Luís Graça


(iii) José Martins, 18/12/2019.18h45:

Boa noite, meu Comandante e Amigo António Borgs:

Espero que se encontre bem, assim como toda a família. Pediram-me para responder a este mail, o que faço com muito gosto.

Já não tenho contacto com o Corceiro há algum tempo mas, os contactos de que disponho são:
e-mail (...)

telemóvel (...)

Telefone fixo (...) 

Aproveito para enviar votos de Boas Festas e um óptimo 2020.

José Martins

 (iv)  António Borges, 2/1/2020 11h15: 

Caros amigos:

A resposta ao meu pedido sagrou-se 100% exitosa tendo "capturado" o Corceiro que era o objectivo principal da operação, mas também o Martins, e estabelecido contacto com o Luís Graça a quem felicito pelo excelente trabalho do "blogue" que vem patrocinando, executando um trabalho que seria legítimo exigir fosse feito pelas instâncias oficiais próprias.

A todos os meus votos de um 2020 pleno de êxitos pessoais.

Um forte abraço do "capitão",

Borges

2. Comentário do editor Luís Graça:

Meu caro coronel António Borges: fico honrado com as suas palavras acerca do nosso blogue, e grato pelos seus votos de bom ano de 2020, que retribuo,. Ao mesmo tempo, fico feliz por termos conseguido "levar a carta a Garcia"... Mas precisamos da presença de mais um "Gato Preto" na nossa Tabanca Grande. Depois desta agradável visita, o seu lugar é aqui ao pé de nós. E começa bem o ano de 2020 se aceitar o nosso convite, sentando-se à sombra do nosso mágico, protetor e fraterno poilão, no lugar nº 802.

 Mande-nos uma pequena nota curricular e as duas fotos da praxe: uma mais recente e outra mais antiga, do tempo do CTIG. Com certeza que terá memórias que possa e queira partilhar connosco. Será muito bem vindo.

PS - Além do José Martins e do José Corceiro, temos ainda o João Carvalho (, "um dos últimos soldados do império"), como dignos representantes da CCAÇ 5. Espero que não me tenha escapado mais nenhum nome. Cito de cor.
______________


(...) Durante a minha permanência na Guiné, de entre os quatro Comandantes de Companhia da CCAÇ 5, que eu conheci em Canjadude, por razões de estilos diversos, cada Comandante deixou cinzelado, na minha memória, recordações e sentimentos distintos uns dos outros. (...)

(...) Estamos integrados numa companhia independente de africanos, cujo quartel tem abrigos enterrados no chão, onde dormimos, os que conseguem, em condições desumanas. O acampamento confina com uma tbanca, onde coexistem civis e militares nativos com as suas famílias, habitando em “morançinhas” familiares tradicionais, cobertas de capim (colmo). (...)


(...) Dia 20 de março, 1970o comandante da CCAÇ 5 é o capitão Manuel de Oliveira (falecido em 31/03/2007,  com a patente de coronel tirocinado na reserva) e é voz corrente que nos vai deixar por ter sido promovido a major e foi destacado para Bissau, para exercer funções relacionadas com actividades no Ministério da Educação. A família do capitão vive em Bissau, cujo agregado familiar é composto por duas filhas e a esposa (Bióloga), que lecciona Ciências no Liceu Honório Barreto. (...)

(...) Dia 21 de março, logo cedo, antes das h00, saiu uma coluna de reabastecimento para Nova Lamego. Eu estou de serviço no posto de rádio, das 4h00 às 8h00 e das 12h00 às 16h00. O José Carlos Freitas saiu hoje na coluna e vai para a Metrópole em gozo de férias.

A coluna regressou cedo do Gabu, por volta do meio-dia. Recebi muita correspondência. Veio para substituir o capitão Oliveira o capitão Borges (hoje coronel na reserva) que era o comandante da CCS do Batalhão de Nova Lamego. (...)

(...) Dia 26, não sei se terá algum fundamento ou se será boato de caserna, mas comenta-se a notícia com honras de veracidade. Fala-se à boca cheia que o capitão Borges vai trazer a esposa, que vive em Nova Lamego, aqui para o destacamento de Canjadude.

Dia 28, houve coluna a Nova Lamego e o capitão Oliveira deixou hoje a CCAÇ 5, foi para Bissau. (...)

(..:) Desde que o Ministro do Ultramar esteve em Nova Lamego, o dia 14 deste mês [de março de 1970], todos os dias têm havido saídas de pelotões para o mato e, tem sido uma constante o movimento de envio e recepção de mensagens, no posto de rádio.

Dia 31, o capitão Borges mandou reunir os militares da Formação e esteve a definir algumas normas de conduta, que quer que sejam cumpridas por todos, principalmente na apresentação do vestuário e comportamentos. (...)

(...) Dia 7 de abril, logo manhãzinha, ao romper da aurora, saiu uma coluna para Nova Lamego. A coluna regressou a Canjadude bem cedinho, tendo recolhido no trajecto o pelotão que estava emboscado.

Ao chegar a coluna ao aquartelamento, ficou tudo surpreendido e de boca aberta… ah! ah!, embora não fosse surpresa para ninguém, pois já todos sabiam, o capitão Borges veio acompanhado da sua esposa que, segundo consta,  vai ficar a viver em Canjadude. (...) [Vd. foto acima, com a respetiva legenda] (...)


(...) Não nos podemos esquecer que estamos no mato e, a partir de agora, da parte de nós, militares, impõe-se nova conduta, mais moderação no verbalismo utilizado na oralidade, mais decoro na postura de apresentação, mormente no vestuário usado, pois tem que haver pundonor e uma determinada probidade no porte, não nos podendo dar à veleidade do desalinho que é ir dos abrigos para os balneários, só de toalha às costas (às vezes suportada por cabide fantasiado) e sabonete na mão. É toda uma atitude comportamental na disciplina, a que temos que nos ajustar. (...)

(...) A esposa do capitão Borges, com todo o respeito, é uma senhora muito simpática e bem-disposta, tem uma auréola de energia positiva. Sempre que passa por algum de nós, indiscriminadamente, não faz distinção, tem a amabilidade de nos dirigir um cumprimento de saudação, sempre com ar de pessoa feliz e sorridente. Só uma senhora que aparenta esta tranquilidade interior e serena generosidade, se sujeitaria a viver neste meio tão hostil e carenciado, onde abundam todo o tipo de privações. (...)

(...) Dia 29 [de março de 1970], por sugestão da esposa do capitão Borges, ao serão reunimo-nos todos os militares no refeitório das praças, para confraternizarmos um pouco e jogar ao loto, presidido pelo comandante da Companhia (desde que eu estou em Canjadude nunca houve uma união e envolvimento de aproximação semelhante a este acto, as águas têm sido muito separadas). Eu logo na primeira jogada fiz Bingo, ganhei 154 pesos, voltei a fazer Bingo na terceira jogada, ganhando 86 pesos, pelo que levou alguém a gracejar que eu já tinha ganho dinheiro, suficiente, para pagar uma rodada de cervejas para todos. (...)

(...) Dia 6, de maio, chegou a Canjadude o capitão Arnaldo Costeira (creio que na época era o capitão com menos idade do QP, se a memória não me falha, ouvi-lhe dizer que comandou, interinamente, uma companhia em Angola tinha ele 20 anos de idade, na altura como alferes e que tinha sido há quatro anos atrás; hoje é coronel na reserva), para substituir o Capitão Borges. (...)

(...) Dia 13, em Canjadude, foi accionado o alarme de perigo, dirigiu-se apressadamente todo o pessoal para os seus postos de defesa, mas afinal era tão só uma demonstração, para testar a eficácia da actuação do pessoal e, para o capitão Borges dar umas explicações da orgânica dos procedimentos a cumprir, em caso de ataque IN, ao capitão Costeira. (...)

(...) Dia 23, realizou-se uma operação, para os lados do Cheche, Corubal, Bormuleo, a nível de Companhia, foram o capitão Borges e o capitão Costeira nesta operação. As viaturas foram-nos levar na direcção do Cheche e apeamos muito próximo das viaturas que estavam abandonadas na picada, por terem sido acidentadas com minas. Após termos desmontado das viaturas, caminhamos bastante tempo, até nos instalarmos para comer a ração de combate. Na parte da tarde começamos a caminhar rumo ao Corubal e no percurso encontrámos um destacamento IN, já abandonado, restando vestígios da actividade humana. Destruímo-lo todo, após o que continuámos a progredir até à margem do Corubal, onde passámos a noite. Instalámo-nos junto de rochas, num lugar paradisíaco, mas para esquecer, pois durante a noite, quase todos nós fomos hostilizados por formigas, que nos queriam papar, as quais tiveram o condão de nos agitar e perturbar a nossa tranquilidade, quando precisávamos de descansar. (...)
(...) Dia 24 de maio  de 1970, veio o furriel de transmissões, Alberto José dos Santos Antunes, substituir o furriel de transmissões, José Martins.

Dia 26 de Maio, de 1970, houve coluna a Nova Lamego. O furriel José da Silva Marcelino Martins (José Martins nosso tertuliano) despediu-se de Canjadude, e da CCAÇ. 5, rumou destino à Metrópole, por ter terminado a sua comissão de serviço na Guerra do Ultramar. Desejo-lhe boa viagem, muita saúde e êxito no percurso que vai iniciar. Que a vida lhe sorria e boa sorte. (...)


(**) Último poste da série >  19 de setembro de 2019 >  Guiné 61/74 - P20156: O nosso livro de visitas (203): O jovem guineense Erickson Té agradece o trabalho que o nosso blogue tem feito pela sua terra e pede autorização para usar algumas das nossas histórias bonitas em página do Instagram

13 comentários:

Valdemar Silva disse...

É realmente extraordinário, a esposa do Cap. Borges ter estado a viver com ele em Canjadude. Era preciso ter uma grande coragem.
Os realizadores de cinema sabem disto? Terão uma pequena ideia do que era uma senhora metropolitana viver em Canjadude em plena guerra, em 1970.

Quando da visita do ex Ministro do Ultramar a Nova Lamego, dois Pelotões da minha CART.11 'Os Lacraus' fizeram a segurança na zona da nova Pista que foi inaugurada.
O meu Pelotão estava destacado na segurança à TECNIL na construção da Estrada Nova Lamego-Piche.
Foi há 50 anos!!!!!

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O José Corceiro. de quem não temos tido notícias, dá a entender, no seu "diário de Canjadude", que no seu tempo (e no tempo do José Martins) o pessoal passeava-se de "tanga" ou, "até pior", "à pai Adão"... Sim, isso acontecia, em muitos aquartelamentos e destacamentos... O calor e a humidade eram de tal ordem, para um europeu, que o traje resumia-se muitas vezes à curta toalha que tapava apenas, ou mal, as partes pudendas...

Valdemar Silva disse...

Luis
Com apenas uma toalha era o vestuário habitual, com mais ou menos calor, usado pelo ex-Fur. mil. Cândido Cunha, da minha CART11 'Os Lacraus'. Ele andava constantemente a tomar banho, por isso nem se fardava como devia. Coisas do grande 'cor.mil. Lukas Titio'.

Bom Ano
Valdemar Queiroz

antonio graça de abreu disse...

Exemplar este poste. É a nossa tropa na Guiné, no coração da guerra, aqui temos um comandante de companhia, em Canjadude, com esposa e tudo. E, de vez em quando, às vezes dia sim, dia a não , vem o Mário Beja Santos, neste blogue, explicar-nos a derrota militar das tropas portuguesas na Guiné, a superioridade do armamento do PAICG, a escravatura, os crimes dos colonialistas portugueses.
Eu vou para o outro mundo. Estarei de volta a 29 de Abril 2020. Adeus, até ao meu regresso.

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

Graça Abreu
Cuidado com a pintura do 'exemplar este poste', para os netos não pensarem que o Cap. Borges e a esposa estavam de férias num safari africano.

Boa viagem na volta ao mundo, e cuidado nas Molucas.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

G,Tavares disse...

Admira-me o Gen Cmdt chefe autorizar a permanência de familiares na zona de guerra(?).E os sargentos e soldados também usufruíam deste privilégio?
Quanto á indumentária estamos conversados.
G.Tavares

alma disse...

INFELIZMENTE O MEU GRANDE AMIGO, FRANCISCO VARELA, EX-ALFERES AÍ RETRATADO JÁ MORREU! CHEGOU A IR COMIGO, A DOIS ENCONTROS DA TABANCA GRANDE. ABRAÇO JORGE CABRAL

Antº Rosinha disse...

Amílcar Cabral entre os 20 maiores líderes da História para a BBC

Um painel de historiadores colocou o histórico líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) entre os maiores líderes mundiais ao lado de personalidades como Winston Churchill.

Na fundamentação, Hakim Adi sublinha a grandeza do líder africano cuja "luta pela independência em África também transformou Portugal" | LUSA

(Muita gente em Bissau, por ciumeira, não vai concordar com esta afirmação, mas têm que aguentar e calar; E em Angola e Moçambique, também vão estranhar não falarem nos seus grandes heróis)

Eu como português, concordo que Cabral foi um dos portugueses que muito "influenciou" a história de Portugal.

Anónimo disse...

Tive o grande privilégio de ser o seu 1º. Cabo Escriturário do Sr. Coronel Gaspar Borges
quando foi Comandante da CCS/Bcaç.2893 como Capitão, desde o inicio da formação do batalhão.
Também tive o grande prazer de conhecer a sua esposa a quando a sua estadia em Nova Lamego.
Comecei a organizar os primeiros oito convívios do Batalhão, desde o ano de 2003, e o nosso "Capitão" Borges deu-nos desde o inicio o prazer da sua presença.
Tenho uma grande estima por este Senhor, pelo que ainda o trato por meu CAPITÃO pois ele foi para mim não somente o meu Capitão mas também um grande AMIGO, pois foi um grande militar e como pessoa espectacular, tenho dito...
Desejo a todos Camaradas e em especial ao meu Capitão um Feliz Ano Novo
Tino Neves

Abilio Duarte disse...

Gostei deste texto.
Para recordar os tempos em que a minha C.ART.11, andava por aqueles sítios, no Leste da Guiné, DESDE A FRONTEIRA NORTE, COM O SENEGAL ATÉ ÁS MARGENS DO CORUBAL. Nunca andei e palmilhei tanta terra como naquela altura.
Mas a visita do Silva Cunha, recordo-me perfeitamente, pois foi quando ele se deslocou a Nova Lamego, para inaugurar a nova pista aérea para os Fiats, que ficaram lá estacionados durante o dia e á noite regressavam a Bissau.
Como já referi, anteriormente, o meu pelotão estava em segurança próxima e móvel, a fazer a defesa da estra, que vinha de Bafatá e ia para Piche. E como referi nunca vi tantas amarelas, na minha vida militar, como naquele dia. Pois estavam em Nova LÇamego, podem crer, todos os adidos militares de todos os países que naquela altura apoiavam a politica de Marcelo Caetano, e a guerra no Ultramar. Coronéis era mato.
Abraço a todos, e em especial ao velho Lacrau Valdemar Q.S. (Quanta Sabedoria).
As tuas melhoras, e que venha o próximo repasto, para reviver estas desventuras ou aventuras da nossa meninice.
Abílio Duarte

Valdemar Silva disse...

Olá Duarte
Parece que foi ontem.
Também me lembro bem desse dia, quando uns oficiais adidos militares aparecerem na estrada em construção(Nova Lamego-Piche) que o meu Pelotão estava a fazer a segurança. Lembro-me de um oficial inglês(?) vestir uma farda com calções impecavelmente engomados e até a um dedo do joelho, a olhar de lado para o nosso fardamento e dos nossos soldados africanos.
Como te deves lembrar, o nosso Cap. Pinto também teve a esposa com ele em Nova Lamego e não me recordo se a senhora esteve em Contuboel, Piche, Canquelifá ou Paunca. Mas julgo que não.
A questão colocada pelo G. Tavares é interessante. Sei que em Bissau havia, pelo menos, um 1º. Cabo Condutor que tinha a esposa com ele, que por acaso era minha conhecida de Lisboa. Não sei se seria ou não necessário pedir autorização para qualquer militar casado pudesse ter a esposa a viver com ele num 'cenário' de guerra como era a Guiné. Sabemos que havia vários oficiais que tinha as esposas a viver com eles no 'mato'.
Pois Duarte, agora tenho andado mais aflito que me dificulta a mobilidade.
Obrigado pelo teu cuidado.
Espero poder alinhar numa nova sardinhada.
Ab. e saúde da boa.
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Caros amigos,

A presença de mulheres metropolitanas, esposas de militares (oficiais na maioria), não era assim tão rara e inédita como se pode pensar. Em Fajonquito tivemos o privilégio raro, na altura, de brincar com uma criança branca no quartel, filho do Capitão graduado Sampedro da CCAÇ 3549 (1972/74) que substituiu o Cap. Quadro especial josé Patrocínio. O Tozé ou Tó Manuel, como se chamava, se a minha memória é boa, teria a frágil idade de 3/4 anos no meio de Rafeiros calejados que olhavam para ele como uma alcateia de hienas olhariam para um bebé gazela perdida na floresta. Mas, a mãe nunca estava longe e a vigilância dos soldados era permanente o que não nos impedia de acariciar a sua pele branca e macia e satisfazer nossa natural curiosidade de crianças.

Com um abraço amigo,

Cherno Baldé

Anónimo disse...

Senhor Coronel Antonio Borges, deixe-me tratá-lo assim, são coisas que ficam na mente.
Estive em Nova Lamego, 21set67-26fev68. Não operacional, chefe do CA do BATCAÇ1933. A minha função era junto do comando, não andava aos tiros.
Naquele periodo, o Ten Médico tinha lá a esposa, e até foi numa patrulha com o nosso Comandante até Pirada, devidamente fardada de camuflado e com boné, num Unimog. Tenho essas fotos, mas são pessoais, não para divulgar. Depois fomos para S. Domingos, uma terra no cu de judas, e ela sempre esteve ao lado dele. A esposa do Sargento do Pelotão Daimler também estava presente em NL.
A esposa do Capitão Cardoso - Comandante da CCS - também esteve com nós em S. Domingos, e foi lá que passou a sua Lua de Mel, dizem...

Passei numa das minhas deslocações em colunas, por Canjadude, mas tenho pouco que me lembre, não era grande coisa.
A pergunta é: A CCAÇ5 fazia parte do elenco do meu Batalhão, tinha a sede em NL e um pelotão em Canjadude, como se passaram alguns anos, não sei se a estratégia foi a mesma. Conheci muito bem tanta malta da CC5.

Gostei de ver novamente NL a cores, pois só tenho fotos minhas a preto e branco dessa época.

Continuo mais tarde.

Cumprimentos,

Virgilio Teixeira

Ex-Alf Mil do SAM (BCAÇ1933)

Bom ano 20 20