Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2019
Guiné 61/74 - P20514: Notas de leitura (1251): “Dias Sem Nome, Histórias soltas de um médico na guerra da Guiné”, por João Trindade; By the Book, edições especiais, 2019 (2) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 18 de Dezembro de 2019:
Queridos amigos,
Sem nenhum desprimor para tudo quanto nos conta sobre Bedanda e Aldeia Formosa, é na sua tormentosa estadia em Guidage que João Trindade redige uma das mais pungentes peças literárias de toda a guerra, doravante deve ser lido e cotejado com a Crónica dos Dias de Guidage, o pungente relato de Salgueiro Maia, que por ali cirandou naquele cenário dantesco.
João Trindade não tinha mãos a medir, foram largas dezenas de flagelações, inúmeros feridos, mortos para os quais foi imperativo fazer um cemitério de ocasião, tal era a ameaça da cólera. Como numa oratória, a sua voz, as suas confissões íntimas pairam sobre aquela atmosfera que ele partilha, onde ganha a possível distância e depois volta ao seu mister, salvar vidas, como aquela desgraçada mulher que perdeu as pernas e que ele veio reencontrar em Bissau, hossanas a quem sobreviveu àquele teatro de horrores.
E estamos a seu lado quando as lágrimas lhe saltam perante aqueles jovens mortos, aquelas lágrimas eram a mais afetuosa das condecorações por quem dá a vida e dela é ceifado, sabe Deus porquê.
Um abraço do
Mário
O médico que presenciou os dias infernais de Guidage (2)
Beja Santos
As páginas capitais desta literatura memorial de João Trindade prendem-se com a sua presença em Guidage, em maio de 1973. Ele já nos contou a sua ida a Mafra, a sua preparação descolorida em Lisboa, estava no Hospital Militar quando recebeu guia de marcha para a Guiné, desembarca e vai para Bedanda, presta serviço também no Quebo e quando é transferido para Bissau lembra as suas consultas em Bubaque e no Hospital Civil de Bissau. É neste entrementes que o seu livro “Dias Sem Nome, Histórias soltas de um médico na guerra da Guiné”, por João Trindade, By the Book, 2019, caminha para uma atmosfera apocalítica, Guidage. Viaja até Binta, segue-se uma coluna, havia que passar a bolanha de Cufeu para chegar à povoação sitiada. Estão a caminho, ouvem-se os bombardeamentos.
“O cenário passava em câmara lenta com partitura sonora monótona e por vezes assustadora. O sol já nos acompanhava havia longas horas, a crescer, a subir, a tornar insuportável a roupa colada ao corpo.
Começámos, entretanto, a notar um cheiro esquisito, depois fétido, logo a seguir nauseabundo. O lenço para nos proteger a boca do pó serviu também para nos aliviar, um pouco, do mau cheiro. Estávamos perto da bolanha onde duas ou três colunas tinham sido atacadas, tiveram de regressar e deixaram alguns mortos. Esses mesmos que agora víamos numa clareira da mata, disformes, cobertos de insetos, inchados, irreconhecíveis e fonte do terrível odor da morte que os ceifara havia dias”.
Os sapadores não têm mãos a medir, progride-se sobre uma terrível tensão até que se dá o encontro com os fuzileiros. São recebidos em Guidage com a fuzilaria do PAIGC. O médico surpreende-se com o agitado comandante da companhia sediada em Guidage, completamente desnorteado, precisou de ser acalmado.
“Pensei em tanta coisa antes de adormecer! Pensei que o 13 de maio de 1973 poderia vir a ser o dia de uma fé renascida, pensei nas duas filhas que queria ver crescer, na minha ação e postura como médico, de auxílio, abnegação, entrega, sem desfalecimento, de apoio na desventura dos menos afortunados. Acordado, enfrentei o inevitável; o dia seguinte. Nasceu então um novo dia e com ele o início de uma outra aventura longa e difícil de mais dezassete dias”.
O que João Trindade nos transmite são os sobressaltos de viver numa atmosfera de cerco, rodeado de gente exausta, feridos de todas as qualidades e mortos que aguardam urnas. Fala dos morteiros, do silêncio ofegante, do pânico instalado dentro daquele arame farpado.
“Guidage, só no período em que lá estive, foi flagelada quarenta e duas vezes. Tornou-se um verdadeiro campo de desesperos e de terrores. Lembro episódios dispersos, indefinidos, desarrumados. Um dos quais que ainda perdura é o daquela mulher que me trouxeram da tabanca sem as duas pernas. Foi ao mato, inadvertidamente, contrariando ordens e conselhos, a buscar alimentos da horta para o seu homem e seus filhos. Pisou uma mina. Não morreu. Embrulhada em panos coloridos de estampas e sangue, ao colo do marido, com cara de ódio, gemia em sons contínuos e lancinantes. Não gritava, gemia apenas. E os seus gemidos faziam as nossas almas gemerem também. No rudimentar posto médico sedei-a com o que tinha na farmácia, pusemos um soro glicosado a correr rápido e limpámos, demoradamente, os coutos cheios de terra, pequenas esquírolas ósseas e folhas de arbustos que serviram do primeiro penso que quem a socorreu decidiu utilizar (…) Vim a encontrá-la mais tarde no Hospital Civil, operada a preceito, numa cama de enfermaria, tendo na face um sorriso a meia haste. Como se pode esquecer isto?”.
É um médico que não tem mãos a medir, os feridos e mortos não paravam de aumentar, as dificuldades do socorro médico eram enormes e indescritíveis. “Não havia antibióticos nem analgésicos, esgotaram-se em poucos dias, não havia material esterilizado nem processo de o esterilizar. Não havia caixões, não havia madeira nem solda para os fazer e fechar, pelo que se criou um necrotério num pequeno armazém existente junto ao arame farpado. Tratámos cada cadáver com o que foi possível para minorar os cheiros da degradação. Mais não podíamos oferecer àqueles bravos rapazes na flor da vida. As nossas lágrimas foram as suas primeiras condecorações”.
É neste contexto que surge a notícia da operação “Ametista Real”.
Que lhe ficou vincada na memória:
“Recordo, com uma imagem bem nítida, a entrada pela porta de armas do quartel de Guidage, dos militares regressando da operação. Arrastando pernas e arma, cabeça caída, olhos no chão, passo lento de exaustão. A cada um, o seu comandante dizia palavras de orgulho e de estímulo. Fui chamado para junto das forças de comando para assistir à entrada dos soldados. Mas um deles vinha de cabeça bem erguida, orgulho estampado na cara, passo de militar convicto. E o seu comandante, chamando-o.
- Foste um herói Mamadu Baldé e, com a concordância e autorização do nosso Comandante, promovo-te, neste momento, pela tua ação corajosa e decisiva em combate, a Alferes do Exército Português.
E, pedindo-me licença, retirou-me os meus galões e colocou-os nos ombros do seu guerreiro”.
João Trindade não esquece o apoio dado pela Companhia de Comandos 121:
“Tiveram baixas, não muitas, mas que demonstraram as duras ações em que estiveram a combater. Recolhi os seus mortos e juntei-os a todos os outros. Um deles, porque entrou com vida no quartel, morreu-me nos braços. Um cheiro fétido exala por toda a Guidage, os riscos à saúde pública são mais do que óbvios, está-se na eminência de uma epidemia de cólera. Construiu-se um cemitério provisório, os paraquedistas deram muita resistência, não queriam deixar os seus camaradas ali enterrados. Desenhámos e localizámos, com azimutes rigorosos, os locais onde cada cadáver foi enterrado com a respetiva identificação.
Embrulhámos cada corpo em mantas de oleado de tendas, sepultámo-los e a cada campa coube uma tosca cruz de madeira. As honras militares, os soldados, respeitosa e comovidamente perfilados e as salvas de tiro da praxe ainda hoje me arrepiam a pele e enchem os olhos de lágrimas”.
Os ataques a Guidage terminaram no fim do mês de maio, João Trindade regressa sobre a proteção dos fuzileiros e paraquedistas, vêm os feridos e os mortos mais recentes. Em Binta embarcam em helicópteros. João Trindade entra esgotado no Hospital Militar 241.
“Fiquei internado dois dias. Chorei lágrimas retidas de sustos e medos interiorizados. Respirei alívios. E rezei. Agora, sim. Lembro-me bem. Rezei e agradeci tudo.
Fiquei a saber, nesta sofrida experiência da minha vida militar, que um homem, cada um de nós, supera tudo e agarra-se à vida quando não pode decidir nem fazer mais nada”.
E regressou à vida hospitalar, recauchutou-se, volta a descrever episódios e peripécias sobre os doentes que lhe chegam em condições deploráveis. E um dia regressa a Lisboa. As suas memórias também passam pelas peripécias no transporte aéreo, pelas amizades feitas.
Obra profusamente ilustrada, a ver se o autor tem a generosidade de nos facultar algumas delas.
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Notas do editor
Poste anterior de 23 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20490: Notas de leitura (1249): “Dias Sem Nome, Histórias soltas de um médico na guerra da Guiné”, por João Trindade; By the Book, edições especiais, 2019 (1) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 27 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20504: Notas de leitura (1250): Missão cumprida… e a que vamos cumprindo, história do BCAV 490 em verso, por Santos Andrade (38) (Mário Beja Santos)
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7 comentários:
Guidage foi o horror pleno da guerra.
Os homens do PAIGC não conseguiram conquistar Guidage, destaque para a acção do coronel Correia de Campos, para os páras da 121, para a 38ª CComandos,para o Salgueiro Maia, para todos os que não abandonaram Guidage. Lá morreu o soldado David Ferreira Viegas, do meu CAOP 1.
Eu estava em Mansoa, dei testemunho no meu Diário da Guiné,Ed.Guerra e Paz, Lisboa, 2007, pags. 100 a 106., textos que nunca foram publicados neste blogue. Talvez valha a pena transformar isto agora em poste. Ai vai:
Mansoa, 19 de Maio de 1973
Há dez dias atrás, aproveitei uma boleia e fui até Cutia, a vinte quilómetros daqui, na estrada alcatroada para Mansabá e Farim.
Os balantas, etnia predominantemente na região de Mansoa, não querem vender vacas aos militares portugueses. Em Farim, sessenta quilómetros a norte, os fulas, outra etnia, vendem os animais com facilidade. Como em Mansoa falta carne para a alimentação diária, é preciso recorrer ao que há, neste caso as vacas de Farim. Fez-se uma coluna com quatro unimogs do CAOP e quarenta homens da 38ª. de Comandos para irem lá ao norte buscar vacas. Como à tarde havia coluna de Cutia para Mansoa, peguei na minha G 3 e segui com o nosso pessoal. Regressei calmamente a Mansoa, depois de mais uns quilómetros a conhecer a mata, o aquartelamento e a aldeia de Cutia, florestas, bolanhas, a terra pobre, ali,mesmo ao lado do Morés. Os comandos e os quatro condutores do CAOP seguiram viagem e quando chegaram a Farim havia realidades bem mais duras do que a história da compra das vacas. Era crítica a situação em Guidage, uns quarenta quilómetros a noroeste de Farim, junto à fronteira com o Senegal. O aquartelamento estava a ser atacado há dois dias, de quatro em quatro horas, em média. Duas colunas de reabastecimento haviam partido de Farim para Guidage com víveres e munições e foram ambas atacadas na estrada, com mortos e muitos feridos. Tornou-se necessário chamar os aviões Fiats de Bissau, não para bombardearem o IN mas para destruir as Berliets carregadas de víveres e munições, abandonadas pelas NT, evitando assim que caíssem nas mãos dos guerrilheiros.
Os Comandos mais os nossos condutores do CAOP iam buscar vacas, mas nessa altura o mais importante era socorrer Guidage. De emergência, organizou-se nova coluna de Farim para Guidage reforçada com os nossos homens. Foi uma caminhada de morte, havia abutres a rondar os cadáveres dos soldados portugueses abandonados na picada pela coluna anterior, havia minas, uma delas rebentou sob o Unimog da frente, arrancou-lhe uma roda que foi projectada e passou por cima da cabeça do alferes Dias, da 38ª. de Comandos, houve emboscadas e um soldado comando ficou sem um pé e sem três dedos da mão direita. O infeliz foi o Tavares, um rapaz ribatejano do Cartaxo que até conheço bem, pai de dois filhos. Como não se fazem evacuações de helicóptero, levaram-no até Guidage com o coto e a mão amarrados em ligaduras. Durante dois dias, em Guidage, foram atacados treze vezes, com morteiros e canhão sem recuo. Os guerrilheiros afinaram a pontaria para dentro das valas onde se abrigavam os nossos homens. Lá morreu mais um soldado da 38ª. de Comandos e o soldado condutor auto David Ferreira Viegas, do CAOP 1. Era um dos meus homens, um rapaz baixo, magrinho, tímido, natural de Olhão. Tinha vinte e um anos, fora pescador no Algarve, estava connosco no CAOP desde 3 de Março e na tropa há apenas oito meses.
Não trouxeram o corpo do Viegas para Mansoa, meteram-no na urna e seguiu de barco para Bissau. Tenho sido eu a tratar das coisas dele, fui-lhe mexer na mala e fazer o espólio de todos os seus pertences para enviar à família. Possuía tão pouco, algumas quinquilharias e uma roupita tão pobre! O povo português vai morrendo, o nosso David foi apenas mais um.
Comoveu-me o último aerograma com data de 27 de Abril que lhe foi enviado pela mãe, escrito pela Rosarinho, uma das sobrinhas, porque a mãe é analfabeta. A Elsa Maria, outra sobrinha pequena, como ainda não sabe escrever, mandou contas ao tio David:
1 2 3 4 5 2 1
1 2 3 4 5 2 1
______________
2 4 6 8 0 3 3
A Ana Cristina Viegas Fava, também sobrinha, diz:
“Tio, eu já sei escrever e quando o tio estiver aborrecido escreva para mim que eu lhe respondo, está bem?
O David Ferreira Viegas, contava apenas vinte e um anos. Não vai escrever a mais ninguém.
Mansoa, 26 de Maio de 1973
Um alferes pára-quedista meu amigo que passou agora por aqui com os seus homens vindos de Guidage a caminho de Bissau, rotos, sujos, barbas de dias, os olhos afundados no nada, disse-me: “Lá para cima é só ferro, não se pode ir.”
Guidaje, embora flagelada continuamente há mais de duas semanas, tem-se aguentado. Não se pode ir para lá, mas ontem quase toda a 38ª. Companhia de Comandos partiu para Guidage. Os quarenta homens que já lá haviam estado, com o nosso David Viegas que aí morreu, permaneceram em Mansoa. Já tinham tido um morto e o soldado Tavares sem um pé. Foi triste ver partir os restantes. Formaram a Companhia, saudaram toda a gente. Antes houve bebedeiras, risadas secas a tentar afugentar o medo, a incerteza de voltarem vivos. A zona de Guidage está cheia de guerrilheiros, a terra fica a quinhentos metros do Senegal – dizem-me que a pista de aviação entra por dentro do território do Senegal, – e, do outro lado, em Cumbamori no país do Senghor, os combatentes do PAIGC têm uma grande base militar. A partir de Bissau, lançou-se uma operação com o batalhão dos Comandos Africanos, cerca de 500 homens, sobre Cumbamori. Saiu um comunicado especial das Forças Armadas onde se refere a destruição do quartel de Cumbamori, só não se diz que este quartel fica no Senegal, tudo mais está mais ou menos correcto. O número de elementos IN abatidos, cento e sessenta e sete no total, é que pode criar algumas confusões porque engloba civis, às vezes mulheres e crianças, tudo o que aparece à frente e é suspeito de estar com os guerrilheiros, é frequentemente abatido. Na retirada, os Comandos Africanos foram atacados por blindados senegaleses e sofreram vinte e tal mortos.
O pessoal anda amedrontado. Ontem aqui na messe, ao jantar, quase todos saltaram das cadeiras, ouviu-se um rebentamento. Afinal era a porta do frigorífico.
Descrições detalhadas de mais uma guerra colonial.
A nossa.
Mais uma das muitas guerras de vitória impossível.
As grandes potências ocidentais sabiam-no na prática.
Inglaterra,França,Holanda, e mesmo os (então!) omnipotentes Estados Unidos.
Os nossos Soldados lutavam e morriam para proporcionarem ao governo da ditadura tempo de manobra política.
E,como no caso de Goa, o “saloismo-iluminado” dos governantes aguardava mais um desastre futuro.
Os convenientes “culpados”,tal como na Índia,seriam sempre (e só) os militares.
Por de trás das suas confortáveis secretárias de Ministérios,e desde a segurança de Lisboa....”comandavam”.
Os mesmos senhoritas que sem um único “ai “ de resistência caíram em 1974.
Os mortos,feridos e estropiados,resultantes da sua falta de visão político-estratégica durante mais de uma década de combates em África eram...irrelevantes!
E o criador desta estranha política dos “Desastres-Adiados”,Oliveira Salazar,nunca se ATREVEU a visitar a sua África.
Um abraço do J.Belo
Exatamente J.Belo
E ai daquele que fosse apanhado a rezar à Nossa Senhora pedindo para acabar com a guerra.
GODT NYTT AR
Valdemar Queiroz
JBelo uma visão reducionista da situação de então.Não vale a pena entrar em polémica.Inglaterra Estados Unidos e afins bem como os meninos de coro suecos que incendiaram Africa,( no fundo foram eles quem fomentou uma guerra entre "irmãos" no caso particular da Guiné e Angola) como continuam a incendiar o médio oriente nos dias de hoje.Talvez pporque morrem de tédio nos seus países.E classificando os países do sul subdesenvolvidos.
Abraço
Carlos Gaspar
“Dias Sem Nome, Histórias soltas de um médico na guerra da Guiné”, por João Trindade
Estive hoje a ler um pouco do relato publicado , sobre a epopeia vivida por este médico a caminho de Guidage . Estive a caminho de Guidage duas vezes , com a minha companhia , a 38ªCCmds , a primeira em 10 Maio73 e a segunda em 28Maio73. Sem rebater , ou desmentir o relato do João Trindade , pergunto? Onde estava esse médico na coluna de 10 Maio a partir de Binta? Tivemos um homem sem perna , um condutor morto ,e outros feridos graves , onde estava o médico na coluna se foi sempre o Sold Maqueiro Mestre da 38ª que tratou deles? Estivemos em Guidage 3 dias , no dia 12 perdemos mais um homem nas valas e o Cond David do CAOP. Onde estava esse medico em Guidage. Na enfermaria abrigo o 1ºCabo Cmd Tavares agonizava com a perna a gangrenar , o Fur Cmd Marchão ferido grave nas pernas , no abrigo enfermaria o Maqueiro Mestre da 38 e um Fur Enfremeiro da guarnição não tinha maos a medir , onde estava esse medico. O corpo do Sold Cmd Raimundo jazia embrulhado pelos camaradas num canto do abrigo. Onde estava esse médico? Esse DFE de Fuzileiros mencionado quando chegou a Guidage já a 38 tinha sofrido dezenas de ataques . Onde estava esse médico? Na coluna de 29Maio , um Fur Cmd da 38 ficou cego na picada , morreram picadores , a 38 estava na frente , sofremos duas emboscadas , ao chegar a guidage uma viatura despoletou uma mina , vários elementos da 38 ficaram feridos , entre eles , eu , fomos evacuados de Guidage, onde estava esse médico? O Cap Cmd Folques aguardava ferido em Guidage , retirou com a 38ªCCmds . Onde estava esse médico? Afinal com que tropa passou o médico para Guidage ? Nas duas colunas coube á 38ªCCmds a frente dos acontecimentos. Diga onde se situava na coluna Sr Doutor? Sem polémica . Só para me situar . Forte abraço aos Tabanqueiros . Confinem-se
Amilcar Mendes 1ºCabo Cmd 38ªCCmds Guiné 72/74
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