sexta-feira, 8 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20952: (In)citações (147): Homenagem ao ex-alf mil capelão, Arsénio Puim, CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), no seu 84º aniversário - Parte II: Mais um de nós (Tony Levezinho); Parte III: O único santo que conheci em Bambadinca (Luís Graça)

Arsénio Chaves Puim, ex-alf mil capelão,
CCS/BART 2917 (maio 1970 / maio 1971)
1. Depoimento do Tony Levezinho, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, maio de 1969 / março de 1971). 

Tem 60 referências no nosso blogue. Conviveu, ele e outros militares da CCAÇ 12,    com o Arsénio Puim  durante cerca de 10 meses...

Está reformado da Petrogal, onde foi quadro superior. É casado, tem 2 filhos, 1 neto... Vive em  Martinhal, Sagres,Vila do Bispo, barlavento algarvio.



ARSÉNIO PUIM – MAIS UM DE NÓS


Não sendo eu muito dado à convivência com as memórias do período da minha vida consumido em terras da Guiné, durante a guerra colonial, recordo, no entanto, com alguma facilidade a figura do nosso alferes capelão, o Arsénio Puim.

Desde logo pelas suas qualidades humanas, as quais faziam dele, aos nossos olhos, não a figura do Capelão Militar cuja missão era encomendar a Deus almas daqueles que iam tombando em combate mas antes, a de ser apenas mais um de nós na partilha dos momentos livres (não muitos) em que a sã confraternização não tinha restrições nem tabus de qualquer ordem, nem mesmo aqueles que eram ditados pela Disciplina Militar.

A média de idades dos milicianos, alferes ou furriéis, distanciavam-nos, nesses termos, alguns anitos do Arsénio. Contudo, ele soube sempre fazer por esbater esse potencial obstáculo e nunca a convivência entre nós foi minimamente afetada por tal facto.

Resumindo, o Arsénio Puim era mesmo mais um de nós.

Via o meu querido Luís Graça, peço ao filho Miguel Puim que aproveito para também saudar, que no próximo dia 8 de Maio dê, em meu nome, um Abraço muito forte a seu pai pela celebração do seu 84º Aniversário.

Saudações fraternas.

António Levezinho

( Ex-Furriel Miliciano da CCAÇ 12, Bambadina, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > CCAÇ 12 (1969/71) > c. 1970 > Em frente ao edifício do comando do BART 2917 (1970/72) >  Furriéis milicianos António Levezinho e Luís Graça Henriques, à civil... "enquanto a guerra seguia dentro de momentos"... Ficaram "dois amigos para sempre"...

Foto (e legenda): © António Levezinho (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Versos do nosso editor Luís Graça, que noutra encarnação era o Henriques e foi amigo do único capelão, para mais açoriano de Santa Maria,  que conheceu no TO da Guiné:


Para o único santo que conheci em Bambadinca
o  nosso bom amigo e camarada Puim


Arsénio Puim, camarada, parabéns,
Por mais um aninho de vida, pá,
E oxalá, enxalé, inshallah!,
Seja a saúde o melhor dos teus bens.

Só nos serve p’ra sermos livres e felizes,
Enquanto andamos cá por esta terra,
Com lembranças de uma antiga guerra,
Em que do mal fomos maus aprendizes.

Ah!, já não és mais o bom ‘padre-capilon’, 
Em Bambadinca, cova do lagarto,
E dos ‘cães grandes’ ficaste bem farto,
Nunca auguraram nada de bom.

Da Guiné, a todos nós, a ti e a mim, 
Uma certa memória nos ficou,
Sítios onde Cristo nunca parou,
E outros qu’ amaste, meu santo Puim.

Nhabijões, Samba Silate, Mero ou Xime,
São geografias, são emoções,
Não há rancor nos nossos corações, 
Mesmo sabendo que toda a guerra é crime.

Enterraste os mortos, e dos vivos cuidaste,
Ajudaste-nos a fazer o luto,
Exorcizaste o mal absoluto,
Mas sabemos o preço que pagaste.

Têm um preço a justiça e a liberdade,
Que nem todos nós queremos pagar,
Teu bom exemplo é de recordar,
P’la camaradagem e amizade.


Luís Graça, na Lourinhã, 
na ponta mais acidental do continente europeu,
(,aqui donde se ia a Nova Iorque a pé,
há 150 milhões de anos,)
e hoje confinado, na sequência da pandemia de COVID-19 
(de que Deus nos livre!),

Sem comentários: