segunda-feira, 18 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P20988: 16 anos a blogar (13): Excursão à revolta do 25 de Abril: cosmopolita e elitista, em Lisboa; de oficiais e cavalheiros, no Porto; e a do dia 26, em Bissau, ou a pressa do MFA em se libertar da Guiné - Parte II (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav)

1. Em mensagem do dia 13 de Maio de 2020, o nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), enviou-nos um texto alusivo ao 25 de Abril em Lisboa e ao dia 26 em Bissau, de que se publica hoje a segunda e última parte.


Excursão à revolta do 25 de Abril: 
Cosmopolita e elitista, em Lisboa; de oficiais e cavalheiros, no Porto; e a do dia 26, em Bissau, ou a pressa do MFA em se libertar da Guiné. 


Parte II

Gen Carlos Azeredo
No Porto, o Tenente-Coronel Carlos Azeredo e a sua malta do MFA gastaram apenas 8 minutos a consumar o êxito do 25 de Abril em todo o Entre Minho e Douro - até o Covid-19 acha que o Norte é uma nação -, fizeram apenas duas prisões, o 2.º Comandante e o Comandante da Região Militar, e por menos de 24 horas, e decidiram não prender o seu General Comandante, sem dúvida pessoa importante, considerando que aquele Quartel General era a sua residência familiar, a sua filha estar de casamento marcado para o dia 27 e serviço da boda contratado para ser servido seu Salão Nobre.

Em Lisboa, o 25 de Abril foi feito à grande e à escala de Clausewitz; no Porto foi feito à “Português Suave” e à moda de D. Afonso Henriques, em Guimarães!

O “vírus” do MFA surgiu na Guiné, em 1972, o General Spínola o seu profeta e os capitães “seus rapazes” da Spinolândia os seus apóstolos, no contexto da sua ambição de substituir o Almirante Américo Tomás no cargo de Presidente da República, para o que contava com a cumplicidade de Marcello Caetano; tendo-lhe este roído a corda, ao saber que diligenciava apoios políticos de Sá Carneiro, de Pinto Balsemão e da Ala Liberal e de Mário Soares, Salgado Zenha, da Acção Socialista Portuguesa, mantendo a cumplicidade com os seus capitães, como “barriga de aluguer” para a mudança. A influência do feitiço da Guiné e da dinâmica do pensamento e acção de Amílcar Cabral a contaminar militares e políticos portugueses, e, plausivelmente, a grande oportunidade perdida de dar um fim decente e justo às guerras ultramarinas.

Em 1972, o PAIGC estava na mó de baixo e o seu “balneário” de guineenses e cabo-verdianos era um saco de gatos. Foi quando Amílcar Cabral foi à Rússia implorar armamento da última geração. Ouvi Nino Vieira dizer na RTP que ele agitava o catálogo do míssil Strela enquanto implorava aos seus interlocutores: - A nossa luta está a morrer de sede; a União Soviética tem nesta arma a nossa salvação. Não nos deixem morrer de sede.

A União Soviética não se fez rogada e veio em seu socorro, redimensionou o armamento do PAIGC e, em Março de 1973, o seu semi-secreto míssil Strela chegava à Guiné e os seus operadores prontos para retirar a supremacia do seu céu aos pássaros metálicos de Base Aérea n.º 12, em Bissalanca.

Sendo a espinha dorsal do Exército, a classe dos Capitães é tradicionalmente refilona, qual espinha na garganta das hierarquias. No meu tempo já reclamavam contra as “violências do Ministério do Exército”. A revolta antecedente, o 28 de Maio de 1926, havia sido detonada por capitães (mas com hierarquia, o General Gomes da Costa o seu chefe) e foi a guerra do Ultramar que fez esgotar o prazo de validade dos quase 50 anos de centuriões e de convívio da classe com o regime do Estado Novo.

O 25 de Abril de 1974 foi detonado pela mesma classe dos Capitães, “rapazes da Guiné” na sua maioria, improvável, por ser um colectivo, e horizontal, sem chefe nem hierarquias. Uma revolta acéfala, quase perfeita, mas com consequências.

 Junta de Salvação Nacional

A operação “Viragem Histórica” não deixou cair o poder na rua, o MFA não quis o poder formal e personificou-o de imediato nos seus “padrinhos” Generais António de Spínola, Costa Gomes e na Junta de Salvação Nacional. Os seus actores regressaram aos seus quartéis, o Major Otelo, seu comandante operacional em Lisboa, voltou a instrutor na Academia Militar, o Tenente-Coronel Azeredo, seu comandante operacional no Porto, manteve-se sem comando nem comandados, a aguardar a Junta Médica do Hospital Militar, para o passar à reserva como “deficiente mental” e o Capitão Vasco Lourenço, o seu enfant terrible e locomotiva da revolta, protagonizou-o no seu desterro nos Açores.

A par da vitória do movimento em todo o universo português, da efectivação em Lisboa do poder político e da cadeia de comando militar, do Minho a Timor, na manhã do dia 26, o MFA de Bissau detonou a sua própria revolta, desnatou o Comando Militar na Guiné da sua cúpula, alardeando que o PAIGC e a Guiné eram a mesma coisa, os seus factores não eram arbitrários e começou a fazer o seu caminho, mais para se libertar e libertar Portugal da Guiné que libertar do seu povo. Com tão insano proceder num estado de guerra, o MFA da Guiné tornou-se em potencial vitorioso do PAIGC, e, sem ter legitimidade, subtraiu a Portugal o seu peso negocial.

Acontecera a primeira deriva do MFA. Não é preciso galões para saber que a melhor negociação é sempre conseguida a partir de posição de força e não com piedosas declarações de intenção da capitulação.

O MFA abriu avenidas a movimentos de opinião, legalizou 13 partidos políticos, 10 revolucionários de esquerda, apenas 3 moderados, decretou a proscrição dos movimentos da Direita e ele mesmo se dividiu em duas 2 facções político-militares: os spinolistas, representando cerca de 20%, tendenciais a um certo cesarismo, personificado pelo General Spínola e os “puros”, representando 80%., mais ou menos afectos à personalidade do General Costa Gomes.

Com o PREC (Processo Revolucionário em Curso), o MFA “empalmou” os spinolistas, passou a dividir o poder com a rua e a sua massa dos “puros” dividir-se-á em 3 facções: os moderados, da democracia por eleições justas e livres, respaldados no General Costa Gomes; os gonçalvistas, filo-comunistas ou engrenados nas suas estruturas partidárias, afectos ao General Vasco Gonçalves; e copconistas, os esquerdistas contestatários da democracia formal e os revolucionários da democracia directa, que converteram e alçaram a seu profeta Otelo Saraiva de Carvalho, ora graduado em Oficial-General.

As consequências da acefalia hierárquica do MFA começavam a vir ao de cima: o divisionismo resultou no PREC, no abandalhamento dos quartéis, que espantou o mundo e tanto maculou a honra castrense das FA Portuguesas, a tragédia da descolonização do Ultramar e a acelerada instalação do caos na organização económica da Sociedade portuguesa. O MFA que se portara à altura de todas as solicitações militares, parecia desconhecedor do seu próprio povo e da sua história.

Cap Salgueiro Maia
Os efeitos da sua acefalia e do seu colectivismo tiveram a sua evidência logo no seu primeiro momento vitorioso: aceitaram que Marcello Caetano, já rendido ao MFA e prisioneiro do Capitão Salgueiro Maia, lhes escolhesse o General Spínola para Presidente da Junta de Salvação Nacional/ Presidente da República de Portugal e, por inerência, Supremo Comandante das Forças Armadas!...

O MFA começou o seu desvario menos de 2 meses após o sucesso da sua revolta, ao tirar o tapete ao Prof. Palma Carlos e ao seu Governo, na sua falta de análise da discrepância da lógica civilista e de “estado de direito” do Governo com a lógica militar e voluntarista do seu Programa, e, enquanto noviços da democracia, sobrepuseram-se a democratas militantes, ajuizaram o valor da sua proposta ao Conselho de Estado, órgão composto por 12 militares e 7 civis, com poderes constituintes, escolhidos pelo MFA, como golpe conspirativo. Em última análise, propunha-se a busca de um “quadro jurídico”, pela troca da prioridade de Descolonizar, Democratizar e Desenvolver, pela de Democratizar, Descolonizar e Desenvolver, com começo na rápida eleição do Presidente da República e por um governo legítimo, empossado por ele.

Republicano e civilista, para o I Governo Provisório só o Povo legitimava o poder, uma cabeça um voto era urgente, um direito inalienável, daí a prioridade atribuída à democratização; para os “Capitães de Abril”, o poder residia no Programa do MFA, a sua legitimação residia no seu colectivo e no poder das suas armas, o controle político do Governo era uma prerrogativa revolucionária da Comissão Coordenadora, a descolonização tinha prioridade sobre a democracia formal.

E, enquanto considerou que, com a transferência da ditadura portuguesa para a ditadura dos seus partidos únicos e armados, sem permissão de outros partidos políticos nem quaisquer eleições, os povos do Ultramar ficariam automaticamente “livres”, o MFA procrastinou durante mais de 2 anos a democracia a Portugal, impôs-nos eleições constituintes, legislativas e presidenciais, e, após a instituição da nossa democracia pluralista, ainda a tutelou durante 7 anos com um Conselho da Revolução.

Gen Vasco Gonçalves
O MFA dos Capitães abrira-se às hierarquias, a Comissão Coordenadora alçou o seu presidente, Coronel Vasco Gonçalves à chefia do II Governo Provisório e começou a fazer o seu caminho para retirar o General Spínola de inquilino do Palácio de Belém, tecendo uma “teoria da conspiração”, ao embargar a manifestação em seu apoio, a ”Maioria Silenciosa”, segundo os seus promotores, coordenada pelo Tenente-Coronel Fernando Cavaleiro, que havia comandado a “Operação Tridente” e derrotado o PAIGC nas ilhas do Como, Caiar e Catunco, ou a conspiração do “28 de Setembro”, segundo o MFA e políticos apoiantes, que o COPCON desmantelou, a prender organizadores e manifestantes, a dinamizar cortes das estradas, barricadas e a permitir que milícias populares molestassem e prendessem pessoas a eito, por impulsão do fogoso Capitão Vasco Lourenço, o que o popularizará como o Capitão “Melena e Pá”. Vasco Lourenço aqueceu o forno e Otelo Saraiva de Carvalho coseu o pão. Como esse poder na rua foi concessão do COPCON, o evento serviu para germinar a facção político-militar copconista ou revolucionária, a que ele dará o seu patrocínio.

O Primeiro-ministro Vasco Gonçalves ascendeu ao generalato, formou e chefiou mais 3 governos provisórios mas populistas, o germe da facção político-militar gonçalvista, e, sem mandato do povo e na ausência de qualquer quadro político democrático, mudou profunda, embora provisoriamente, a nossa organização económica, com não raros atropelos à nossa realidade de 3.º país mais antigo do mundo, o respeito merecido pelos 900 anos de independência, de instituições governamentais e de história e, no referido à descolonização, os deveres e responsabilidades contraídos por Portugal para com os seus povos, ao longo de 500 anos da sua soberania ultramarina.

Em 11 de Março de 1975, eclodiu em Lisboa uma esquisita tentativa de golpe de Estado, anti-MFA, por terra e pelo ar, com o pretexto de prevenir o massacre de largas dezenas de militares e civis sob o nome código de “Matança da Páscoa”, a perpetrar por revolucionários naturais e internacionais (até constava haver tupamaros aboletados no Ralis!…), segundo informações do governo franquista de Madrid. O MFA superou-o e aproveitou para retirou a facção spinolista da circulação, catrafilando-a e a muitos civis na cadeia; os escapados à captura foram conspirar para a Espanha, organizaram-se no MDLP, e, por ironia do destino, constituirão o potencial estratégico dos moderados do 25 de Novembro, que meter na cadeia os gonçalvistas e os copconistas

11 de Março de 1975

Senti revolta, quando proeminentes Capitães de Abril não tiveram pejo em ir a Cuba pavonear-se de revolucionários e reverenciar Fidel Castro, apenas um ano era passado sobre a crise dos 3 G´s, planeada e comandada por oficiais do exército regular cubano, destacados para o PAIGC, que ajudaram a matar 63 e a ferir gravemente em combate 269 seus e nossos camaradas de armas, o preço do nosso sangue desses eventos bélicos; e o MFA não teve pejo em disponibilizar o aeroporto da ilha de Santa Maria, Açores, a Cuba, para escala técnica do trânsito do exército cubano, a substituir-se a Portugal em Angola, a ajudar o MPLA a espoliar os bens e na expulsão de centenas de milhares de portugueses, muitos com apenas a roupa do corpo (os Retornados).

É a memória que faz a História e não o contrário. Um facto não comentado e quase desconhecido: em 1973, a agenda de Marcello Caetano passara a inscrever a autodeterminação do Ultramar africano. Os Estados Unidos e a União Soviética “estiveram” na operação “viragem Histórica”?

Em 25 de Abril de 1974, a esquadra da NATO da operação “Daw Patrol” estava fundeada no Tejo e o MFA sabia - o então Comandante Rosa Coutinho estava de serviço ao “quarto da noite” no Comiberlant, em Oeiras, - que não dispararia sobre os revoltosos, não obstante a fragata canadiana Huran apontar os seus canhões ao Terreiro do Paço. Quando do 11 de Março de 1975, a informação da “Matança da Páscoa” teve origem em Moscovo e o evento coincidiu com a operação “Intex 75” da NATO, com passagem por Lisboa.

A prioridade civilista “democratização” não vingou sobre a prioridade militar “descolonização”. Na afirmativa, será plausível os contactos preliminares bilaterais terem passado a negociações sérias, prevenidos o êxodo ou o milhão de retornados do Ultramar, os mais de dois milhões de mortos das guerras civis subsequentes e o empobrecimento de colonizador e de colonizados e até os legítimos interesses dos 500 anos de soberania portuguesa salvaguardados.

A FNLA e o MPLA tinham perdido a guerra de Angola por falta de comparência, as negociações da sua autodeterminação estavam praticamente concluídas com Jonas Savimbi e a UNITA, a conceder em 1975, trabalho começado pelos Generais Costa Gomes e Bettencourt Rodrigues e levado a bom porto pelo Eng.º Santos e Castro e os Generais Soares Carneiro e Passos Ramos (irmão do major homónimo assassinado no Pelundo-Guiné). No respeitante a Moçambique, havia negociações conduzidas pelo Eng.º Jorge Jardim. A Guiné era o nosso calcanhar de Aquiles, mas havia contactos com o PAIGC, do Comandante Alpoim Calvão e Luís Cabral.

Começar a descolonização pela Guiné e não por Angola terá sido o maior erro estratégico do MFA ou da descolonização portuguesa. O Programa do MFA inscrevia-a, mas nem a discutira nem a planeara, houve navegação à bolina, não se olhou para as origens das ondas e foi liquidada com a acelerada retracção militar, sem equidade, pelo abandono, para espanto do mundo - e Portugal ficará sob o protectorado do FMI, Fundo Monetário Internacional.

Portugal foi a única potência que fez a descolonização, a empobrecer colonizador e descolonizados.

Eleições Legislativas de 1975

Na sua curta era, o MFA garantiu-nos as eleições constituintes e legislativas e fez outras coisas notáveis, como o Recenseamento Eleitoral, a organização do regresso de centena de milhares de refugiados e a instituição do IARN, que realizou a sua integração plena.

A coragem e a generosidade são fontes do erro e foram apanágio dos “Capitães de Abril”. Mas o seu maior legado é a nossa Democracia.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 17 de Maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20984: 16 anos a blogar (12): Excursão à revolta do 25 de Abril: cosmopolita e elitista, em Lisboa; de oficiais e cavalheiros, no Porto; e a do dia 26, em Bissau, ou a pressa do MFA em se libertar da Guiné - Parte I (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav)

18 comentários:

Juvenal Amado disse...

A acção e o papel do Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves
à frente dos quatro governos provisórios
(Henrique Mendonça – Vice presidente da Assembleia Geral)
Vasco Gonçalves é designado primeiro ministro na sequência do
que fcou conhecido pelo “golpe Palma Carlos”; tentativa palaciana
de dissolução do MFA e concentração de todos os poderes no
Presidente da República.
Toma posse em 18 de Julho de 1974.
E nunca mais nos largou, como disse Nuno Pinto Soares, capitão
de Abril.
Este capitão de Abril afrmou ainda que Vasco Gonçalves
incentivava os encontros de critica e autocrítica e nunca quis ser “o
senhor da revolução”.
Foi Primeiro Ministro durante 14 meses.
Antes de iniciar a abordagem deste tema relembro que nas
vésperas do 25ABR74 a economia portuguesa estava à beira do
caos.
A guerra colonial durava há 13 anos.
Em todo o período em apreço vivia-se uma grave crise do petróleo,
e foi fortemente marcado pela chamada guerra fria.
Composição dos governos
Até ao IV governo provisório, Vasco Gonçalves procurou a
representação e empenhamento das forças políticas mais
representativas, e a nível militar as tendências ideológicas mais
relevantes.
Do II ao IV governo provisório, governos de coligação partidária,
houve a preponderância, nas diversas pastas, de cidadãos
essencialmente ligados ao Partido Socialista e de militares.
A acção e o papel do Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves
à frente dos quatro governos provisórios
(Henrique Mendonça – Vice presidente da Assembleia Geral)
Com o avanço da revolução e o desenvolvimento da luta de classes
a coligação das diversas forças políticas representadas no governo
veio a revelar-se inviável.
O V Governo Provisório assume a missão de agir de forma unitária
e não partidária.
Foi uma solução transitória destinada a pôr termo à crise política
criada no País.
A composição dos seus governos não excedeu os 18 ministros.
II Governo Provisório
Na tomada de posse do II governo provisório, a 18 de Julho de
1974, Spínola destaca a “reconhecida estatura moral e intelectual
do Coronel Vasco Gonçalves e o facto de ser o cérebro da
Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas e,
como tal, o primeiro responsável pelo seu ideário”, e preocupado
com a explosão social que irrompeu no país apela à “Maioria
Silenciosa”.
Na formação deste governo Vasco Gonçalves procurou, juntamente
com a Coordenadora, contornar as difculdades que lhe iam sendo
colocadas em relação aos nomes que propunha.
Spínola, encabeçando a força da reacção capitalista e
pontualmente com o apoio do PPD/PSD exigiu que destacados
antifascistas, como Mário Murteira, Avelino Gonçalves, Pereira de
Moura e Herberto Goulart não figurassem no elenco governamental.
Durante este governo foram implementadas medidas previstas no
Programa do Governo Provisório - DL 203/74 de 15 de Maio; das
quais as mais importantes, se centraram nas áreas económicas e
sociais e dos direitos dos trabalhadores.
Deram-se passos decisivos na habitação social, na alfabetização e
na educação sanitária.
Bem aqui se prova que os governos Vasco Gonçalves menos o IV, todos foram de coligação partidária incluindo inclusive gente da outra senhora que cá mandava até 25 A de 74." Ver a lista de nomes de individualidades rejeitadas por Sá carneiro"

Lamento mas esta II parte enferma dos mesmos preconceitos da parte I.

Um abraço

Juvenal Amado disse...

Como é bom de ver não escrevi copiei a opinião (Henrique Mendonça – Vice presidente da Assembleia Geral) com que concordo plenamente e acrescento que Vasco Gonçalves foi uma figura que só os ataques ao seu valor intelectual à sua capacidade de governação instrumentalizada por dois três partidos e seus satélites, numa campanha que não teve outro fito senão destruí-lo na sua integridade como homem e militar. Não esquecer a rede bombista que assolou Portugal a partir do 11 de Março com a extrema direita a pôr o país a ferro e fogo consertando a sectores da direita militar, igreja e operacionais que a direita armou. Talvez valha a pena pesquisar o Ramiro Moreira operacional bombista do ELP.

Anónimo disse...

Manuel Luis Lomba, em suma tudo bons rapazes como dizia o padre Américo.E como tudo o que nasce torto tarde ou nunca se endireita, como diziam os nossos avós.o resultado foi o que se viu.A vaidade de Spínola e talves a sua voluntariedade, a par de quem sabia muito bem onde queria chegar fez o resto.Por isso Spínola breve se sentiu traído e nunca mais emendou a mão.

Quando digo que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita, dou como exemplo a junta (in)salvação Nacional.Uma vez que as "escaramuças" dentro dela começaram cedo.E assim que o Vasco Gonçalves chegou a primeiro ministro foi o caos.Eu explico é que já constava no meio castrense que Vasco Gonçalves seria filiado no pcp e se opunha a todos os projectos de Spínola.Ora com o poder real em posse de socialistas e comunistas a coisa descambou.E de tal maneira que o general Diogo Neto e Galvão de Melo da força aérea e Jaime Sivério Marques do exército, se insurgiram contra Vasco Gonçalves pouco faltando para chegar a vias de facto.

Um abraço
Carlos Gaspar

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Por dever de consciência e dignidade não posso deixar passar em claro determinadas opiniões aqui expressas.

Caros camaradas eu estava lá na entrega e retracção do nosso dispositivo militar, concretamente em Gadamael.
No dia 27 de abril de 74 apareceram ao arame guerrilheiros que queriam conferenciar de forma a chegarmos a um acordo de paz, que se efectivou passados oito dias, sem autorização de Bissau.
Quando da transmissão de poderes tudo se passou de forma digna e segundo as regras militares.

Quanto aos que dizem que a "independência foi apressada" eu sou um COBARDE e UM TRAIDOR e vocês uns heróis de teclado.
FALAR E CRITICAR É TÃO FÁCIL...GOSTAVA DE OS VER LÁ. ISTO JÁ CHEIRA MAL.

C.Martins

Valdemar Silva disse...

Luís Lomba.
Esta II Parte é bem melhor que a I.
Agora soubemos de 'acções secretas' que nem nos passava pela cabeça.
Mais uma vez aparece aquela do 'sabíamos de tudo' e 'estava tudo combinado', até nem foi por acaso que apareceu o navio da NATO no Tejo, havendo no entanto a dúvida se o Comandante do navio da Nato foi quem desaconselhou o Comandante da nossa Fragata a não bombardear o Salgueiro Maia na Praça do Comércio. Continua sempre a mesma questão que é o problema das infiltrações do pcp.
Podes f.f. de consultares o que escrevi no meu poste da comidinha e, dentro dessa temática, poderes informar, por não ser assim tão secreto, qual seria a Ementa da boda do casamento da filha do Comandante da Região Militar do Norte que ia se realizar no Salão Nobre.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Manuel Luís Lomba disse...

Eh malta!
A minha narrativa é marginal à ortodoxia dos historiadores, daí a não indicação de fontes e a ausência de notas de rodapé. São memórias vividas, contadas na primeira pessoa.
Quando a minha CCav 703 foi nomadizar em Buruntuma, render o pelotão do Alferes Vinhas - que nunca identifiquei- que havia rendido o nosso camarada José Ferreira, tivemos encontros amigáveis, cada um na sua margem, com a tropa da G-Conacri de Kandica, comandada por um desenvolto tenente. Oferecíamos-lhe volumes de tabaco SG e cervejas e eles ofereciam-nos ananases (ou abecaxis?). Ele dizia-nos que obstava os ataques do PAIGC a partir do seu território.
Um dia, o fluxo de guineanos ao nosso posto médico e às nossas lojas comerciais - a miséria da outra banda só vista! - a tropa e o seu tenente desapareceram, passando a constar que S. Touré o removera e mandara fuzilar.
Não há razão para o C. Martins se sentir discriminado como cobarde ou traidor, pelo facto de ter dialogado com guerrilheiros dois dias após o 25 de Abril ou por até de lhe ter dito "isto é vosso". Isso urgia - e não subentende a descolonização pelo abandono.
Enquanto formador e comandante de milícias, "convivi" durante 4 meses com o comissário político do PAIGC em Buruntuma e com 4 milícias nossos seus afectos (pelo menos), dizia-lhes que a Guiné era deles, estávamos de passagem, em cumprimento do dever militar e queríamos regressar todos. Se algum de nós ficasse a apodrecer naquela terra por causa das minas, essa arma da cobardia), acabávamos-lhes com a raça.
E resultou.
Abr.
Manuel Luís Lomba

Manuel Luís Lomba disse...

Oh Valdemar,
Como sou investigador amador, posso confirmar as manobras e essas coincidências da passagem da esquadra da NATO por Lisboa com o 25 de Abril e o 11 de Março (Não registos de movimentações no 16 de Março...).
Enquanto o Comandante Loução não "estava" no MFA, o então Comandante Rosa Coutinho estava até às orelhas, e, no dia 25, estava de serviço de turno ao QG da NATO. A ausência de combate terra-mar foi diplomacia do MFA e teve o dedo dele.
O Comandante Louçã retirou a Gago Coutinho para o Alfeite, considerou-se ferido na sua honra pela deslealdade de Rosa Coutinho e requereu a passagem à reserva, irrevogável.
O que conto sobre o casamento da filha do General Martins Soares, consta do anexo à Fita do Tempo, do actual General Carlos Azeredo, fui amigo e seu vizinho, mas não lhe posso perguntar sobre a ementa da boda no Salão Nobre desse QG - encontra-se muito doente.
Abr.
Manuel Luís Lomba

)

Valdemar Silva disse...

Luís Lomba
Pois, para um investigar amador não está mal, pese embora haver 'encomenda' ou auto-censura do lado daqueles do 'estava tudo combinado' para se safarem duma grande banhada.
Quanto às manobras da esquadra da NATO, quer a 25 de Abril ou a 11 de Março, não sendo coincidências, seriam para quê? Ou então, queriam lá saber da mudança do regime ou, depois, das alterações dos grupos económicos com as nacionalizações.
Foi pena não ter havido investigação, para se saber a que propósito Spínola teria dito a Salgueiro Maia, já dentro do Quartel do Carmo, mais ou menos 'só falo com um Oficial superior a Capitão'.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Tá claro que tava tudo combinado!
Creio que vi o Viriato - aquele gajo despenteado lá de Viseu - numa reunião do MFA e ele é que era o gajo que fazia ligação ao Pentágono. Ou seria ao Octógono? Já não me lembro.
O Miguel Telles de Vasconcelos tava sentado ao lado do Calucci e o que eles se riam!...
Uma paródia! Disso não tenho dúvidas.
Velhos tempos aqueles!...
Um Abraço ao investigador amador...

António J. P. Costa

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Vinhal disse...

Caro José Belo, tive o prazer de conhecer o senhor General Carlos Azeredo há alguns anos. Convidávamo-lo para fazer parte do Almoço/Convívio dos Combatentes de Matosinhos, a que vinha sempre que lhe era possível. Um àparte para dizer que apesar de convidado fez sempre questão de pagar o seu almoço.
Num deles, quando fez questão de se retirar, ofereci-me para o levar até ao seu carro, estacionado algo distante do restaurante. Como rejeitou, ofereci-me para o acompanhar, a pé, até ao local. Ele dizia que não precisava que o acompanhasse e eu insistia em fazê-lo. Já na rua, virou-se para mim e "puxando" das suas estrelas disse-me algo parecido com isto: Volte para junto dos seus companheiros. Já! É uma ordem!
Perante a situação, obedeci, agradecendo a sua presença e retirei-me "respeitosamente".
Mais tarde ainda o vi, acompanhado pela sua esposa, num centro comercial aqui da zona, dirigi-me a ele, cumprimentei-o e falámos um pouco. No almoço seguinte já a senhora sua esposa nos disse que ele não tinha condições de saúde para comparecer, mesmo que um de nós o fosse buscar, mas que agradecia o convite.
Carlos Vinhal

Valdemar Silva disse...

Luís Lomba
Esqueci-me da ida das tropas cubanas, há quem diga das tropas de elite cubanas, para Angola.
A versão oficial, mas sempre desconfiando, foi que uma companhia do exército cubano saiu de Holguin, nos velhos aviões 'Britannia', com escala nos Barbados, Bissau, Brazzaville e Angola, mas como sabes, e nós nunca saberemos, foi terem saído duma base secreta equipada pelos russos, com escala em Santa Maria, nos Açores, (há testemunhas do Comandante USA da Base das Lages, da ilha Terceira, mesmo em frente, fazer adeus ao comandante (?) cubano e aos gritos dizer 'se precisarem dalguma coisa é só dizer') e aeroporto de Luanda.
Um abraço e, no entanto, obrigado pelo teu empenho investigador de acontecimentos extraordinários no nosso País que, todos da nossa idade, tivemos a alegria de presenciar.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...



Aprende-se muito ao ler este texto do Luís Lomba e os comentários dos vários camaradas com diferentes formas de pensar e de sentir. Sempre admirei o Luís Lomba, pelo seu português vernáculo com raízes doutros séculos, a sua portugalidade, a sua coragem de pugnar pelas suas ideias para muitos ultrapassadas, mas bem estruturadas e profundas, que respeito sem me convencerem . Ou sou eu que sem me dar conta me aproximei mais dele ou foi ele que se aproximou mais de mim porque acho-o menos radical do que noutros tempos. Os comentários dos outros amigos com diferentes tonalidades politicas, sem aceitarem a lógica dele, um mestre na língua e na retórica, em parte concordando ou discordando de todo, contribuem para estabelecer um diálogo elevado, para entender a nossa História recente.
Abraço
Francisco Baptista

Anónimo disse...

Gostaria de perguntar ao José Belo que é feito dos comentários por ele aqui colocados?
Todos retirados pelo autor?
Os sacro-santos portugueses,os mais antigos,os tais filhos dos galegos e galegas que atravessaram o rio Minho.
Brisas frescas frente a um certo tipo de sacro-mítico.
Acabam sempre por colocar alguns dos mais retro em bicos dos seus pezinhos.

Manuel Teixeira

Anónimo disse...

Meus Caros Camaradas e Amigos

Ao serem “retirados pelo autor” terão os comentários por mim feitos já ultrapassado o seu tempo útil para não escrever ... data de consumo.
Quanto a mim,num blogue os comentários terão prioritariamente a função de apresentar opiniões.
Opiniões que possivelmente criem diálogos.
Uns talvez mais construtivos que outros, mas que de qualquer modo ponham os leitores a “comunicar “.
Dessas comunicações surgem quase sempre novas “pistas “,novas ideias,melhor compreensão dos assuntos analisados, e mesmo talvez uma melhor compreensão uns dos outros.
Mas a serem diálogos vivos, logicamente estão situados num dado momento no tempo.
A sermos realistas a maioria dos comentários não terá uma importância ao nível intelectual,cultural,ou mesmo factual,que os torne dignos de serem gravados na pedra para leituras ávidas de gerações futuras.
Por todas estas limitações,os meus comentários feitos em diálogos e quando ultrapassados no tempo,já nada de útil acarretam.
Quanto a mim,seria como continuar a falar sozinho quando a conversa já está terminada.
(O que nas nossas idades se torna muito frequente)

Um abraço
J.Belo

Hélder Sousa disse...

Caros amigos

Leio com muita atenção os textos e os comentários.

Como não tenho ou não posso acrescentar mais nada de útil, não tenho feito intervenção.
Já escrevi em outro artigo anterior do Manuel Lomba que aprecio a sua "criatividade", que tenho consideração pelo seu labor e coerência e que gosto da desenvoltura da escrita.
Não quero com isso dizer que concordo com as teses.

Resolvi agora escrever estas poucas linhas para expressar a minha concordância com o que o Francisco Baptista aqui lavrou. Se ele permitir, subscrevo, pois reflecte quase inteiramente o que penso.
E também para deixar uma palavra de compreensão ao "ponto de vista" do José Belo quanto ao "prazo de validade" de alguns comentários.

Hélder Sousa