Praia de Espinho - © David Guimarães
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1.º Dia de Praia Covid
Fui à praia ver qu’assunto,
Do muito que covid’izer.
Mas no mar não há defunto,
Na areia não vão morrer.
Nessa praia espreitei.
Tudo pareceu normal.
Tudo bom verifiquei.
Quase nada levo a mal.
O mar calmo e salgado
E muito sol a queimar.
Areal seco, molhado,
É tudo bom para amar.
Ama o belo humano,
O ossudo ou carnudo.
Olha que o melhor pano,
Por vezes engana tudo.
Ama muito carnes soltas,
Caídas ou levantadas,
E nunca dês muitas voltas,
Nessas coisas já passadas.
Olha que bela ela é,
Aquela de bom traseiro.
Com bons marmelos de pé,
Boa de corpo inteiro.
Pois é, mas só para olhar.
Por ti abaixo, vê bem.
Não penses nem vás tentar,
Roubar petisco a alguém.
Foste belo e charmoso,
Guerreiro, bom e valente.
Lavadinho bem cheiroso,
Mostravas sangue ardente.
Bom galã, tudo passou,
Seu papão, grande guloso.
Quem soube, saboreou,
Quem não, ficou invejoso.
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Nota do editor
Último poste da série de 31 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P21027: Blogpoesia (678): "O mugido das vacas", "Amarelo e bolorento" e "Vamos voltar a sorrir", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728
4 comentários:
Temos aqui um émulo do imortal Bocage (Setúbal, 1765 - Lisboa, 1805)...Morreu cedo, e muita da "malandrice" que aprendeu foi no exército e na marinha...
Zé... meu amigo, companheiro, camarada.
Nunca esperei que um célebre escritor crestumense, prosador (aquele que presa a dor!) contador de estórias e inventor de outras, enveredasse pela difícil área da poesia. Já houve uma tentativa, não falhada, agora publicada, é novidade. Um abraço Zé e... dedica-te à pesca, que enquanto (não) pescas... meditas!...
cumprim/jteix
Gostei! Não te conhecia este lado poético. Um abraço.
Gostei! Não te conhecia este lado poético. Um abraço.
João Encarnação.
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