sábado, 6 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21047: Fotos à procura de... uma legenda (128): Mansoa, 9 de setembro de 1974: O PAIGC a fazer a continência à bandeira portuguesa


Guiné > Região do Oio > Mansoa > CCS/BCAÇ 4612/74 (12jul74-15/10/74) > 9  de setembro de 1974 > Cerimónia da entrega (simbólica) do território aos novos senhores da Guiné, o PAIGC, e da retirada, ordeira, digna e segura, das últimas tropas portuguesas. Mansoa, em pleno coração do território, na região do Oio, serviu perfeitamente para esse duplo propósito...

É  uma foto histórica, em que se vê o nosso coeditor Eduardo Magalhães Ribeiro, fur mil op esp / ranger, a arriar a bandeira verde-rubra. (O MR é membro da nossa Tabanca Grande, há mais de 15 anos, desde 1/11/2005 (*)...E de um lado e do outros,  os antigos inimigos fazem a continência à bandeira verde-rubra.

Foto (e legenda): © José Lino Oliveira (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentários ao poste P21028 (*):

Valdemar Queiroz:

Não sei se existem outras fotografias do último arriar a Bandeira na Guiné, mas nesta fotografia vemos algo de extraordinário: os militares do IN também fazem a continência ao último arriar da Bandeira Portuguesa.

Valdemar Queiroz
Cherno Baldé:

Caro Valdemar,

O que é mais "extraordinário" (desculpem a redundância) ??? (**)

O facto de o PAIGC (militares do IN, dizes tu) fazer a continência ao arriar da Bandeira Portuguesa ou o inverso. Isto aconteceu repetidamente nessa fase da entrega dos quartéis e do território. Eu, ainda criança de 13/14 testemunhei o acto na minha terra e, como se lembram, desabafei num dos meus escritos (memórias de infância) dizendo que "provavelmente, na historia dos conflitos armados, era a primeira vez que a parte derrotada estava contente com a sua derrota".

Quanto ao PAIGC, se lhes pedissem, nessa altura, que tirassem as cossadas calças da farda cubana que usavam para levar no c.... acediam de boa vontade, porque sabiam que, dentro de poucos dias, seriam os donos daquilo tudo, para abandalhar como so eles sabem fazer.

Por outro lado quero esclarecer que, o nome correcto do Comissário Político na imagem é Manuel Nandigna (não Ndinga), já falecido, filho de um controverso e poderoso Régulo ou Chefe Balanta do Sul do pais (Afuam Nandigna), que colaborava com o regime colonial e, nesta qualidade, tinha granjeado muita estima e consideração junto das autoridades do território. 

Teve muitos filhos/as que foram depois estudar na Europa, incluindo Portugal, antes e depois da independência. A fama dos seus actos e a impunidade de que gozava era tão gritante que depois quando alguém era apanhado em flagrante num delito de abuso de poder dizia simplesmente: Sim, é a Afuam Nandigna, e depois ???... E depois, nada acontecia.

Assim, pouco a pouco, a Guiné foi-se abandalhando a Afuam Nandigna ou melhor a Afuam PAIGC.

Um abraço amigo,
Cherno Baldé
___________


2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A "realidade" nunca fala por si... É preciso "óculos" para a ler, para ver, para a interpretar... Pode ser a "ciência", pode ser a "ideologia"...

O que é se vê por detrás do "ranger" MR a arriar a bandeira ? De um lado a representação do PAIGC, do outro as NT...

Enfim, há muitas legendas possíveis para esta foto... O Valdemar Queiroz e o Charno Baldé já deram a sua "leitura"... Mas há outras possíveis... E todas "legítimas"...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

continência | s. f.

con·ti·nên·ci·a
nome feminino
1. Privação (voluntária ou forçada) dos prazeres sexuais.

2. Moderação nas palavras, nos gestos.

3. Cortesia militar (feita com arma ou só com a mão).

4. Ar, disposição.

5. Postura do corpo; aspecto.

6. Capacidade, extensão.


"continência", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/contin%C3%AAncia [consultado em 06-06-2020].