domingo, 21 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21097: Tabanca Grande (495): Acácio Fernando da Silva Mares, ex-Fur Mil Inf da 1.ª Comp/BCAÇ 4612/72) (Porto Gole, 1972/74), 809.º Grã-Tabanqueiro da nossa tertúlia

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano, Acácio Fernando da Silva Mares, ex-Fur Mil Inf da 1.ª Comp/BCAÇ 4612/72 (Porto Gole, 1972/74), com data de 11 de Junho de 2020:

O meu nome é Acácio Mares, ex-Furriel Mil. NM 18779672.

Pertenci à 1.ª Companhia do BCAÇ 4612/72 que esteve em Porto Gole.

Gostava de ser incluído no grupo da Tabanca Grande.
Abraço 
Acácio Mares




Acácio Mares em Porto Gole

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2. O camarada Acácio Mares foi contactado no sentido de nos enviar algo mais que nos levasse a conhecê-lo melhor do que resultou o envio desta segunda mensagem em 19 de Junho:

1. Recruta no CISMI (Tavira) com destino a Porto Gole;

2. Por lá está estive 3 a 4 meses, sendo nomeado para Delegado de Batalhão em Bissau, substituindo o ex-camarada furriel Salavisa;

3. No regresso trabalhei na Rodoviária Nacional, em Queluz, como responsável de compras e com várias formações acrescidas: - Organização e Gestão de compras na Empresa; - 52.º Curso Básico de Chefia; - Curso de "Comunicação e Relações Humanas para Chefia".

4. Aos 36 anos tive um AVC, com baixa permanente até aos 40, aí fui reformado;

5. Ao recuperar iniciei um novo projecto - Comércio de lenha e carvão, onde desenvolvi durante 10 anos e trespassei o negócio;

6. Ao trespassar o negócio, entrei em parceria com a minha esposa, adquirimos uma nova loja para comério de roupa;

7. Aí dava suporte às duas lojas em termos de acompanhamento e monitorização de aquisição, levantamento e facturação das mesmas;

8. Obtendo este know how, iniciei-me na revenda de roupa para lojas;

9. Trabalhei cerca de 5 anos na revenda de pronto a vestir, e nesta fase estando esta economia a decrescer iniciei em paralelo novo projecto;

10. Em 1999 construí e abri um novo estaleiro dedicado apenas a comércio de lenha;

11. Este projecto iniciou apenas ao fim de semana, comigo em parceria com a minha esposa, com distribuição casa a casa por área residenciais pré definidas e estabelecidas semanalmente;

12. Este projecto durou cerca de 15 anos, tendo expandido paralelamente negócio de carvão;

13. O estaleiro chegou a ter 7 funcionários em full time, com 2 vagons a distribuir e um camião a distribuir carvão para restaurantes;

14. Na fase final e para contabilização de custos/despesas em compras já eram os nossos veículos que iam adquirir e transportar matéria prima;

15. Em 2017 fui vítima de queda de um lance de escadas, da qual resultou um TC sem perda de conhecimento;

16. A partir daí fiquei de baixa e ausente da gestão e em 2018 trespassei o negócio.

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Localização de Porto Gole
© Infogravura do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (Carta da Província da Guiné - 1:500.000)


3. Comentário do editor:

Caro Acácio Mares,

Em primeiro lugar recebe um abraço em nome dos editores e da tertúlia em geral.

Recebemos-te com todo o gosto nesta Tabanca de antigos Combatentes da Guiné. Vais ocupar o lugar número 809 da tertúlia mas podes "sentar-te" onde quiseres porque não temos qualquer tipo de distinção entre nós, seja pelo antigo (ou actual) posto, formação académica, profissão, idade, etc. Por isso nos tratamos por tu.

Muito obrigado pelo teu currículo/história de vida, muito variado e acidentado quanto à saúde. Esperemos que tenhas recuperado tanto quanto possível e gozes a tua reforma porque bem mereces.

Se tiveres algum tempo livre, podes ir enviando algumas das tuas memórias dos tempos vividos em Porto Gole, seja por escrito ou enviando fotos, que tenhas, acompanhadas com as respectivas legendas.

Como pode confirmar, navegando pelos mais de 21.000 postes do nosso Blogue, a nossa missão é deixar algum espólio para memória futura, para que não sejam os outros a contar a nossa história por nós.

Com os votos de que gozes de boa saúde, deixo-te um abraço pessoal
Carlos Vinhal

PS - Do teu batalhão, BCAÇ 4612/2 (Mansoa, 1972/74), tenos mais de 70 referências no nosso blogue. Vê se recomheces alguém, uma boa parte é de malat da CCS e da 3ª Companhia.
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21056: Tabanca Grande (494): Edgar Tavares Morais Soares, ex-Fur Mil Op Especiais da CCS/BART 3873 (Bambadinca, 1971/74), 808.º Grã-Tabanqueiro da nossa tertúlia

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Camarada, Acácio Mares: dou-te as boas vindas na qualidade de fundador e editor deste blogue.O Carlos Vinhal já te fez a devida apresentção. Fico impressionado com a tua história de vida e a tua luta contra a "malapata" das doenças e acidentes... Vejo que, em boa hora, decidiste descansar, gozar a tua reformar, em suma, viver, fazendo eu votos que a viagem pela estrada fora ainda seja longa.

Por mera curiosidada: encontrei, numa tese de metrado, sobre tauromaquia, identidade cultural, enquadramento legal e desenvolvimento, da autoria de Luís Filipe Marques Pereira (ISCE, LIsboa, 2010; orientada pelo meu colega, o sociólogo Luís Capucha), uma referência ao teu nome, Acácio Fernando da Silva Mares, "moço de espadas", Barreiro...

https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/5226/1/tese.pdf


És tu mesmo, ou é um homónimo ? Não tens que responder...

De qualquer modo, interssa-nos as tuas histórias de Porto Gole... Temos malta, mais velhinha do que tu, que esteve lá... E eu próprio, e os meus camaradas da africana CCAÇ 12, andámos por aí algumas, a norte do Gebam Enxalé / Porto Gole, Mandina / Belel... entre 1969/71.

Saúde, boa estadia na Tabanca Grande. Luís Graça

Anónimo disse...

Acacio Mares (por email=
23/06/2020, 14:30

Camarada Luis Graça
sim sou eu, andei muitos anos nessas lides [tauromáquicas].
Tenho umas situações agradáveis outras nem tanto, que gostaria de partilhar contigo mas pessoalmente.

abraço,
Acácio Mares

Hélder Valério disse...

Caro camarada Acácio Mares

Realmente, como o Luís Graça salienta, é impressionante a quantidade de adversidades que tiveste que enfrentar.
Às vezes costumamos referir os antigos combatentes como "sobreviventes" mas tu, quanto a isso, levas a palma!

Já agora, e de passagem, tomo nota de que o Luís Graça conhece o meu conterrâneo e amigo de infância Luís Capucha, coisa de que não tinha ideia.

Pois que te instales e que te possas sentir bem entre nós.
Como calculas, sendo o Blogue uma congregação de "muitas e desvairadas gentes" é natural que por vezes as "diferenças" se manifestem.
A solução para isso, que afinal são situações que se encontram por aí, na vida, é não ligar e seguir em frente.
O Blogue é (deverá ser) um repositório de memórias e de depoimentos para uso posterior de quem quiser e puder mas que ninguém depois possa dizer que "não sabia" que tinha havido uma situação de guerra e que muitos foram os que nela estiveram envolvidos.

Abraço
Hélder Sousa

Acacio Mares disse...

Acacio Mares

sáb., 27 de jun. 19:48 (há 3 dias)

para Carlos
Boa tarde camara Carlos
Recordei mais uma história que passo a contar
estava a organizar uma patrulha e disse ao soldado das milícias para ir à frente com o pica respondeu que não ia porque não tinha medo de mim,que só ia com do outro furriel porque quando não ia ele tirava dente e punha dente e tinha manga de medo eu puxa e não tiro dente.
Estava em porto gole e havia um homem que pertencia à casa gouveia (cuf) e recebia produtos para a cuf amendoim e ráfia.tinha cinco filhos aos quais eu dava pão com manteiga à pouco fui ao hospital do Barreiro e sou atendido por um médico de cor em conversa disse-me que era natural da guiné porto gole eu disse que tinha lá estado vim a saber que era filho do António da casa gouveia e que lhe tinha posto o nome Alfredo da silva em homenagem ao patrão da cuf e eu tinha uma foto com ele e os irmãos que posteriormente lhe entreguei ficou muito sensibilizado com a situação.
Camarada fui à Guiné mais ou menos à 7 anos que desgraça a avenida que vem do palácio até ao porto tudo com grandes buracos nem um camarão nem ostras havia, tudo desapareceu o grande hotel queimado amura igual o pelicano também as ruas com sucata.
eu falei demais revoltado com o que vi entretanto estava lá um sujeito de nome António esse homem até me ameaçou, fui falar com um português que lá estava à anos e sugeriu-me que fosse para varela e assim fiz, na volta fui logo direto ao aeroporto e pensei desta já me safei.
por hoje é só até que me lembre de outra situação.

Acacio Mares disse...

Boa tarde,

Aqui segue outra história da Guiné

Uma altura em que fomos destacados para Bissá, depois da missão terminada regressamos a Porto Gole num bote de borracha, que se encontrava superlotado. De tal forma foi, que um camarada arranjou uma corda para que quando viesse uma onda se levantasse a proa. A certa altura distraíu-se e o barco inundou e os nossos pertences ficaram a boiar. Eram malas, periquitos e tudo o resto...e entretanto o motor não queria trabalhar. Com o barco parado, as correntes puxavam-no para a margem e um dos camaradas para libertar a hélice do mesmo teve de mergulhar. Com alguma sorte o barco conseguiu voltar a trabalhar e lá regressámos a Porto Gole.
Como atrás descrevi foi uma viagem atribulada mas com sorte à mistura.

Acacio Mares disse...

Ora outro episódio...

Em Bissá o abastecimento era feito via marítima. A segurança das cargas era realizada por dois plutões:um ficava no quartel e outro de segurança no rio.
Quando nos dirigíamos para o quartel, estavam alguns nativos na rua na conversa, encontravam-se vestidos com roupas brancas e ninguém se apercebeu que eram também pessoas PAIGC- apresentavam armas por baixos das vestes.
Quando vamos a entrar no quartel fomos atacados por esses membros que se encontravam na aldeia.Corremos para a vala, baixamo nos e observámos que os tiros vinham de junto a uma árvore, as rajadas eram projetadas do lado esquerdo do quartel.Quando me levantei verifiquei que as balas iam na direção do quartel, contudo ficámos todos bem.