domingo, 20 de junho de 2021

Guiné 61/74 - P22300: Tabanca Grande (518): João Rodrigues Lobo, ex-alf mil, cmdt Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, dez 1967/fev1971)... Fez o 1º COM, em Angola, Nova Lisboa. Vive em Torres Vedras. Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 841.



João Rodrigues Lobo, ontem (1968) e hoje (2021)



Guiné > Bissau > Brá > BENG 447 > c. janeiro de 1971 > Imposição das medalhas comemorativas das campanhas da Guiné.


Guiné > Bissau > Brá > BENG 447 > c. dez 1968 / fev 1971 > O alferes miliciano de transportes rodoviários, comandente do PTE (Pelotão de Transportes Especiasis=, junto do novo jipe sul-africano,


Guiné > Bissau > Brá > BENG 447 >1970 > Prestes a sair com a coluna de transporte de máquinas.

Fotos (e legendas): © João Rodrigues Lobo (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Joaquim Costa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de João Rodrigues Lobo, novo membro da Tabanca Grande com o nº 841

Data - sexta, 18/06, 14:07  

Assunto - BENG 447, Guiné

Boa tarde,

Então conforme solicitaste (*). aqui vai:

(i) Duas fotos em anexo, uma de 1968 e outra actual.

(ii) Breve resumo,  se é que interessa (Talvez nem tudo tenha interesse em ser publicado)

Sou o João José Lourenço Rodrigues Lobo. 
Natural de Óbidos, atualmente residente em Torres Vedras.

Estudei no ERO (Externato Ramalho Ortigão) nas Caldas da Rainha. Vivi em Angola. Como depois chumbei no exame de admissão ao  IST (Instituto Superior Técnico),  tive como prémio a chamada para o SMO (Serviço Militar Obrigatório).

Actualmente sou aposentado, depois de 30 anos como Chefe de Repartição dos SA (Serviços de Aprovisionamento) do CHTV (Centro Hospitalar de Torres Vedras).

Fui incorporado em 9 de outubro de 1967 na EAMA (Escola de Aplicação Militar de Angola - Nova Lisboa), 1º COM (Curso de Oficiais Milicianos), em Angola. Na altura residia em Luanda.

Como Cadete jurei bandeira em 23 de dezembro de 1967. Tirei a especialidade de Transportes Rodoviários no CICA - GAC 1, em Luanda.

Como Aspirante,  fui instrutor de condução auto no CICA. de Nova Lisboa (hoje Huambo) e depois colocado no Quartel General de Angola - 4ª Repartição, sendo comandante de MVL (Movimento de Viaturas Logísticas)  ao norte de Angola.

Inesperadamente, e a pretexto de uma mobilidade entre Províncias Ultramarinas (assim chamadas á data) fui mobilizado para a Guiné. Fui colocado como Alferes Miliciano a comandar o PTE (Pelotão de Transportes  Especiais)  do BENG 447,oonde cheguei em rendição individual em Dezembro de 1968 na véspera de Natal.

O Pelotão de Transportes Especiais (PTE) era constituído por: um alferes miliciano, dois sargentos do QP,  quatro furrieis milicianos e cerca de noventa condutores auto (quase uma companhia...)

Nas fotografias que anexo, veem-se parte dos nossos militares, pois muitos, guineenses, estavam dispensados do batalhão nesse dia, As fotografias de grupo foram tiradas quando as viaturas estavam quase todas no Batalhão para se prepararem e seguirem novamente para as obras.
 
O PTE  era responsável pelo transporte do pessoal de Engenharia,  das Máquinas de Engenharia, e de todos os materiais de construção para e nas obras de estradas, aquartelamentos e reordenamentos. 

O PTE também recepcionava todos os materiais militares que eram recebidos em navios fretados e carregava os materiais nas LDG e LDM da Marinha, no cais do Pijiquiti, para distribuição pelos aquartelamentos por estas servidos. 

O trabalho desenvolvido pelo nosso PTE foi, sem falsa modéstia, um exemplo de organização e dedicação de todos os seus elementos, que contribuiu para o meritório trabalho realizado por todos os militares, engenheiros e profissionais do BENG 447. Os condutores auto estavam sempre onde era preciso, sem eles NADA SE MOVIA !

E até levámos um louvor e a medalha comemorativa das campanhas da Guiné.

Dependendo diretamente do Comando,  prestei serviço com o Tenente Coronel Pires Pombo e Major Diogo da Silva e com o Tenente Coronel Lopes da Conceição e Major Santos Maia Era Comandante Militar do CTIG o Brigadeiro António de Spinola.

Acabei a Comissão em Janeiro de 1971 e passei à disponibilidade em 11 de fevereiro de 1971.

Vou reenviar umas fotos que não foram bem digitalizadas para, se interessar, substituir as que já estão no blog.

Vou enviar mais algumas novas para recordação.

E, vamos reavivar as memórias do BENG 447, Grande Batalhão que concretamente FEZ OBRA !

João Rodrigues Lobo

2. Resposta do editor LG:

João, obrigado. Como te prometi na sexta-feira passada, aqui vai a tua apresentação, comme il faut", ou seja,  "como deve ser e tu mereces".  Mas só o faço agora, porque tive este fim de semana tive um pequeno percalço de saúde (, espero que seja apenas uma vulgar virose...).

Vejo que, além da Guiné e da vizinhança, temos a afinidade da saúde... E também Angola (!)... Fui professor da ENSP/NOVA durante quase 4 décadas. Aposentei-me aos 70, em 2017, mas continuo ligado à saúde pública, nomeadamente através da "Portuguese Journal of Public Health". Tive alunos oriundos do Centro Hospitalar do Oeste, e tu deves ter lidado com administradores hospitalares e outros profissionais de saúde que passaram pela nossa Escola e tiveram aulas comigo. O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é Grande.

Por outro lado, somos praticamente contemporâneos no CTIG: eu cheguei em finais de maio de 1969 e regressei a casa em meados de 1971. Não sei se alguma vez estiveste em Bambadinca, mas somos contemporâneos do reordenamento de Nhabijões (um dos maiores, se não o maior, então em construção: cerca de 300 moranças).

Temos naturalmente muito carinho e apreço pelo BENG 447. Temos 9 dezenas de referências no nosso blogue à tua unidade. Mas é a primeira vez, se não erro, que nos aparece aqui um representante do PTE...Desconhecia, de resto, a sua existência como não sabia o que tu agora acabas de nos contar sobre a tua experiência angolana... Tudo somado, Angola e Guiné, o teu tempo de serviço militar obrigatório utrapassa os 40 meses... É muito tempo das nossas vidas!

Já conheces a organização e o funcionamento do nosso blogue: tens aqui as 10 regras da política editorial do blogue... Está também à vontade para falar das tuas vivências em Angola, 

Formamos também uma tertúlia, e convivemos de vez em quando. A Tabanca Grande é a mãe de muitas outras tabancas... Espero que, finda a pandemia,  nos possamos conhecer pessoalmente e partilharmos mais memórias (e afectos). Tens já o meu nº de telemóvel.

Ficas, entretanto,  "sentado" no lugar nº 841, à sombra do nosso poilão (**).Publicarei a seguir um outro poste com as fotos que me mandaste, deviamente editadas e legendadas. Vou-te mandar também os contactos da malta do BENG que está registada no nosso blogue.

Que os bons irãs te protejam, 

Um alfabravo (ABraço) do  Luis Graça, demais editores, colaboradores e restantes membros da Tabanca Grande.

PS - Se quiseres que a gente te dê os parabéns pelo teu aniversário natalício, tens que nos autorizar e indicar a data de nascimento. O nosso coeditor Carlos Vinhal tem esse pelouro.

____________


(**) Último poste da série >  


29 de março de 2021 > Guiné 61/74 - P22048: Tabanca Grande (517): Jean Soares, ex-1º cabo de radiolocalização, Batalhão de Reconhecimento de Transmissões (Trafaria, e Maquela do Zombo, 1972/75): enfermeiro psiquiátrico reformado, a viver em França, em Caen, Normandia, e que está a tentar a recuperar a nacionalidade portuguesa que perdeu... Nasceu em Pirada... Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 839.

9 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

João, muito nos contas sobre Angola (que eu só conheço desde 2007...).

Dizes:

(...) "Fui incorporado em 9 de outubro de 1967 na EAMA (Escola de Aplicação Militar de Angola - Nova Lisboa), 1º COM (Curso de Oficiais Milicianos), em Angola." (,,,)

Nunca ouvido falar da EAMA. Mas, pesquisando na Net, descobri que há uma página no Facebook. Grupo público, com cerca de 2200 membros.

"odos os que passaram pela Escola de Aplicação Militar de Angola: Praças, Sargentos, Oficiais, Milicianos ou Cadetes e até seus familiares, digam pronto para nos reunir-mos pelo menos uma vez por ano. Saudações Eamistas."

https://www.facebook.com/groups/437075123133307/

Morais Silva disse...

A foto "Prestes a sair com a coluna de transporte de máquinas" foi obtida em Mansabá?
Morais Silva

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Boa questão!... Quem fez a estrada Nhacra - Mansoa - Mansabá, pode (ainda ?) reconhecer o sítio... Nesta altura, ainda eram poucas as estradas asfaltadas... Pode ser que o João se lembre... O nosso editor Carlos Vinhal que esteve em Mansabá. Mantenhas. LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

João, a EAMA é mais antiga do que eu pensava... Há, nos Arquivos da RTP, uma re+ortagem de 1963, com o título "Angola, Nova Lisboa, Escola de Aplicação Militar, cerimónia do juramento de bandeira dos recrutas da primeira incorporação"...

Resumo analítico:

"Desfile ao som da fanfarra; banda; exercícios militares: carros de combate, artilharia, luta corpo a corpo, transmissões e operações dos comandos; folheto da cerimónia; Brigadeiro Arnaldo Schulz, Comandante da Zona de Intervenção do Centro, e Coronel Baptista Carvalho, Comandante da Escola, na tribuna; entrega de prémios aos soldados; Tenente Lopes Gomes lê os deveres militares; militares na parada; aspirante Rodrigues discursa; individualidades na tribuna fazem continência; major Santos Nunes, segundo Comandante da Escola lê a Fórmula do Juramento; desfile com fanfarra; vista aérea da Escola; missa campal; populares assistem à cerimónia."

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/juramento-de-bandeira-em-nova-lisboa-2/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

De qualquer modo, João, tens de nos explicar (se assim o entenderes e quiseres...) como é que tu, sendo estudante de engenharia, fostes parar a Angola, Nova Lisboa (hoje Huambo), a mais de 6300 quilómetros de distãncia em linha recta... Não foi só por teres chumbado...E deram-te alguma explicação para a tua "brusca" mobilização para a Guiné ?... Enfim, eu sei, que nessa altura Portugal era "uno e indivisível do Minho a Timor"... e portanto a gente tinha que se "sentir em casa", fosse em Angola fosse na Guiné... Mas a ideia do "intercâmbio militar ultramarino" não é má ideia: quem vai para Angola, vai gostar de Angola, e fica com saudades de Angola... Afinal, era a "joia da coroa" do nosso império e pela defesa das suas fronteiras atuais myuitos deram a vida, portugueses, cuamatas, etc...

Saúde e boa memória. Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O nosso camarada António Pires, criador do portal UTW - Ultramar Terra Web, que não tenho o prazer de conhecer pessoalmente, mas que tem feito, com a sua equipa, um ciclópico trabalho de preservação e divulgação das memórias dos antigos combatentes, tem aqui um vídeo,no You Tube, em que se recorda os 60 anos da EAMA (1959-2019):

Escola de Aplicação Militar de Angola (EAMA/RMA), 60 anos depois.
187 visualizações•11/04/2019


«Alguns dos 'Eamistas' de 1959 reuniram-se no passado sábado 06Abr2019 no 'Bufallo Grill', para um almoço de convívio presidido pelo coronel de infantaria José Bento Guimarães Figueiral, que integrou o primeiro grupo de oficiais da então Escola de Quadros Militares, a qual em 1955 estava sediada em Nova Lisboa. Cedido por Paulo Barreto".

https://www.youtube.com/watch?v=wa0SnyyZt9s

Anónimo disse...

José Carvalho (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2753, Brá, Bironque, Madina Fula, Saliquinhedim e Mansabá, 1970/72):

Na estrada Nhacra -Mansoa - Mansába - Farim, passei inumeras vezes e conhecia-a ao pormenor,mas parece-me decorrido meio século,que não havia no seu traçado uma zona com o declive que a foto revela, nem um aquartelamento em posição cimeira.

Abraço do José Carvalho

21 de junho de 2021 às 15:08

(reprodução de comentário ao poste P22302)

Carlos Vinhal disse...

De Mansoa até Mansabá não me lembro de grandes diferenças de nível, como as que se vêem na foto. De Mansoa até Nhacra, não me lembro já dos pormenores.
A estrada que conhecemos quase a palmo foi a de Mansabá ao Bironque e ao K3, tantas vezes a fizemos.
Carlos Vinhal
CART 2732

Antº Rosinha disse...

Luís, Sou Eamista sem saber que existia tal termo. Esse almoço referido de "eamistas" era um almoço que se fazia anualmente antes da pandemia, talvez esse almoço de 2019 teria sido o último.

A incorporação de 1959, foi a minha incorporação, e fui frequentador durante vários anos desse almoço anual.

No meu tempo nessa Escola de Aplicação Militar de Nova Lisboa não havia COM, apenas CSM.

Fomos de facto os de 1959 de Nova Lisboa os primeiros a ser chamados para enfrenta a UPA em 1961, já estavamos na peluda.

Em geral, apesar de 60 anos, ainda apareciam uns 100 aprox. mas a incorporação de 1959, entre pretos brancos e mulatos eramos Mil.

Esses 100 do almoço eramos todos "retornados" agora só há alguns contactos pelo telefone.

Estamos, os que ainda andamos por aí, com 82 aninhos.