segunda-feira, 7 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23055: Notas de leitura (1426): “Amílcar Cabral - Pensar para Melhor Agir”; edição da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Junho de 2019:

Queridos amigos,

Se subsistem dúvidas sobre os inegáveis talentos de comunicador, educador, analista, ideólogo, incontestável líder político, ler estas centenas de páginas das intervenções que Amílcar Cabral produziu em Conacri no Seminário de Quadros do PAIGC, de 19 a 24 de novembro de 1969, elas ficarão dissipadas com tal leitura. 

E mais, está aqui o pensamento e o modo de agir de Amílcar Cabral, as suas convicções, o seu dogmatismo a que não falta a feição marxista heterodoxa, um entusiasmo e otimismo irrestritos mas com uma observação dos homens sem qualquer ingenuidade, ele sabia que estava a conduzir uma luta sem nenhum companheiro com capacidade que se lhe aproximasse, que enveredara para uma união de duas regiões com fortíssimas incompatibilidades, que ele pretendia que fossem superadas pela luta armada, como não foram.

Perpassa por todo este vasto documento o hálito daquele que foi, na sua geração, um dos mais formidáveis génios africanos.

Um abraço do
Mário



Um guia prático para conhecer o pensamento do revolucionário Amílcar Cabral (1/5)

Beja Santos

A obra intitula-se “Pensar para Melhor Agir”, comporta o teor integral das intervenções de Amílcar Cabral do Seminário de Quadros do PAIGC, que se realizou em Conacri, de 19 a 24 de novembro de 1969. A edição é da Fundação Amílcar Cabral, Praia, 2014, e tem organização de Luís Fonseca, Olívio Pires e Rolando Martins. 

De há muito que só é possível ler Amílcar Cabral entre nós nas bibliotecas ou adquirir as suas obras em alfarrabistas. Mesmo a antologia que António Duarte Silva lhe dedicou em 2008, já não está acessível. Escrevem os organizadores que os textos integrais aqui reunidos forma submetidos a uma revisão cuidada, não se perdeu o estilo comunicativo, coloquial, com o recurso a exemplos, que era timbre da sua oratória. 

O livro aparece organizado em sete capítulos que seguem a ordem cronológica das intervenções. Para se apreender o que de essencial as intervenções de Cabral trouxeram à narrativa política, os organizadores recordam o contexto em que foram proferidas no âmbito de um processo de institucionalização de um Estado soberano, respondia igualmente à política de Spínola, não iludia as dificuldades da luta de libertação em Cabo Verde, é também um valioso guião para estar atento às tensões internas, o líder do PAIGC não escamoteava casos de corrupção, de negligência, e daí o recurso por vezes de litania aos princípios e às orientações que norteavam o partido de que ele era a força-motriz, o mostrar os pontos fortes e fracos da atuação do partido, as por vezes atitudes desrespeitosas no relacionamento entre os militares e o povo, intervenções bem sistematizadas onde couberam a história da fundação do partido, a sua aliança com outros movimentos de libertação, o papel da mulher, como se podia melhorar o trabalho político no plano interno e na frente externa e, acima de tudo, em que consistia a ideologia anticolonialista que promanava da prática partidária.

 Este documento é de consulta obrigatória para quem quiser estudar a guerra da Guiné ouvindo diretamente os principais protagonistas, com Cabral na primeira linha.

Logo na saudação, anuncia que o princípio que o partido estabelecera nas relações com os militantes era o de confiar para que se possa confiar em nós, dizendo logo de seguida que era dever abrir caminho para que os jovens pudessem tomar a dianteira: 

“Mal-avisados são os dirigentes que queiram guardar o lugar só para si, sinal de que não têm consciência alguma do dever para com o seu povo; mal-avisados são os dirigentes que receiam os mais novos e ainda que a barba e os cabelos embranqueçam, ainda que envelheçam, pensam manter o seu lugar para sempre e tolher o caminho para que outros não passem adiante. Esses são servidores dos seus interesses, não são servidores do seu povo”.

Não deixa iludir que existia uma linha dogmática, di-lo abertamente:

“Connosco só marcharão aqueles que seguirem a linha do partido”.

 E revelando maleabilidade anuncia a rejeição do oportunismo, havia oportunistas que só queriam lutar pela Guiné e outros por Cabo Verde, o partido exigia unidade, era questão inegociável, como inegociável era a questão da cor, não se tolerava o racismo:

“Quem quer um partido só de negros que vá criar o seu partido. Quem quer um só de mulatos que vá criar o seu. Aqui não há nem Manjaco, nem Papel, nem Mandinga, nem Balanta, nem Fula, nem Sussu, nem Beafada, nem filho de Cabo-verdiano. Aqui há filhos do povo da Guiné e Cabo Verde que querem servir o partido”.

 Era uma saudação que funcionava como bilhete de identidade, e não se escondia que “quem não é por mim é contra mim”, é também dito abertamente: 

“Quem é contra o PAIGC é contra os interesses do nosso povo e a favor dos tugas. Porque na nossa terra, hoje, não há que escolher. A escolha é entre o PAIGC ou os criminosos colonialistas portugueses”.

 Cabral saúda quem veio de longe, quem estudou longe e vem agora entregar a sua vida ao partido, deseja a todos as maiores felicidades. E passa seguidamente para a análise da situação atual da luta. Comenta a organização do partido, a natureza da relação entre quem combate e quem trabalha, o orgulho que se tem em que a luta do PAIGC seja considerada exemplar na arena internacional, pelo facto de se ter pegado em armas para fazer política.

Aparecera uma consciência nova e tece-se de imediato uma crítica rigorosa: 

“Os camaradas que mais têm prejudicado a nossa luta não são os que têm armas nas mãos e não fazem fogo, que fogem das frentes do combate, que abandonaram a luta e foram esconder-se no Senegal ou na área de Bafatá, não são esses. Os camaradas que mais a prejudicaram são os que cometeram erros para com a nossa população, levando a que, nalgumas áreas, uma parte da população tenha perdido a confiança em nós. Foram camaradas que, abusando da força e das condições que o partido lhes deu, agiram mal em relação à população. São esses que estão a estragar a nossa luta. 

Alguns camaradas do partido chegaram a defender a opinião de que o nosso povo só vai à pancada. Houve mesmo camaradas responsáveis do partido que foram capazes de tratar os combatentes como se fossem animais. Como se pode contar com um combatente como camarada, como companheiro de luta, se ele é tratado com violência. Se temos de espancar o nosso povo, então deixemo-lo entregue aos tugas, até ao momento em que tivermos consciência para avançarmos sem pancada, porque o nosso povo não é lacaio”.

Passando de raspão sobre a luta em Cabo Verde, analisa a luta armada, vai direto à administração do território:

“Os colonialistas estão mal, politicamente, porque a sua administração é hoje mera fachada. Que está mesmo o administrador de Bafatá a administrar? E o administrador de Farim, o que é que ele administra? Que está a fazer lá sentado o chefe de posto de Bigene? Uma colónia não se mantém com tropas, com quarenta mil soldados; uma colónia governa-se com administradores, chefes de posto e cipaios”.

 Adverte que é através da luta que se constrói uma nação e que a condição étnica tem que ser superada, lembra que o colonialismo tem diferentes formas de apoio na Guiné, todos esses traidores estarão condenados a prazo. Apela à mentalidade ofensiva de todo o partido, enfatiza as questões da eficiência e da eficácia, e exemplifica:

“Se em vez de atacarmos um quartel uma vez em três meses o atacássemos três vezes num dia, eles sairiam de certeza, sobretudo se a nossa pontaria for boa e se tivermos sempre a coragem de atacar de mais perto. 

Infelizmente se, na verdade, o morteiro e o canhão, sobretudo o morteiro, representam um grande avanço na luta, também nos atrasaram um bocado, porque, desde que temos armas de longo alcance como os morteiros, os camaradas têm evitado agir com a infantaria. 

Mas ainda não temos grandes conhecimentos para trabalhar devidamente com o morteiro. Por isso gastamos muitos obuses e os resultados não correspondem a esse gasto. Se metade dos obuses que já gastámos da nossa terra atingisse o inimigo, este já tinha desaparecido da Guiné. Mas, mesmo nas condições em que trabalhamos, podíamos obter muito melhores resultados se os camaradas fizessem melhores reconhecimentos para utilizarmos melhor as armas que temos”.

Faz igualmente reparos à luta nos rios, à moleza revelada em flagelações, em emboscadas, há comandantes militares que já deviam ter sido afastados pelos responsáveis políticos. E volta de novo o seu olhar crítico para os membros do PAIGC que só pretendem gozar regalias e fogem ao trabalho duro. E endereça uma conclusão para esta comunicação:

“Ninguém mais do que nós mesmos pode estar em condições de avaliar a nossa luta. Se fomos capazes de fazer o que fizemos até hoje, devemos ser capazes de levar a cabo o resto que nos falta, que é muito mais do que aquilo que já conseguimos. Mas isso não nos deve subir à cabeça nem nos deixar cegos para nos impedir de ver as faltas, as asneiras, as indignidades e erros, até muito graves, que se têm cometido. Tanto por escrito como de viva voz, já tive ocasião de fazer duras críticas aos camaradas a esse respeito. Se cada um de nós, responsáveis do partido, homens e mulheres, elevarmos a nossa consciência ao nível da consciência e da esperança que o povo tem em nós, nada nos pode parar neste mundo, por maiores dificuldades que tenhamos de vencer”.

(continua)

____________

Nota do editor

Último poste da série de 4 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23048: Notas de leitura (1425): "Portugal no Mundo"; Publicações Alfa - Um pouco da Guiné na obra de Luís de Albuquerque (2) (Mário Beja Santos)

11 comentários:

António J. P. Costa disse...

Adoro philozophias!
Isto seria dramático, se não fosse uma explicação coxa para a sua actuação.
Quando leio textos como este dá-me sempre a impressão de que a senilidade já começava a atacá-lo...
Porém se eu o dissesse não teria valor por estar do outro lado; se de entre os dele alguém o dissesse seria... fuzilado e depois julgado e considerado inimigo do povo.
Um Ab.
António J. P. Costa

Antº Rosinha disse...

Conheci tantos caboverdeanos que pensavam, ansiavam apenas um estatuto semelhante ao da Madeira, Canárias e Açores, que não aceito nem compreendo que houvesse verdadeira sinceridade da parte de Amílcar Cabral, que ele mesmo acreditasse que alguma vez os caboverdeanos aceitassem qualquer tipo de guerra nas suas ilhas.

Mas é costume vermos aqui quando se fala de Amílcar, abordado esse assunto, como uma hipótese de guerra em Caboverde.

Para quem não saiba, havia em Angola muitos milhares de caboverdeanos misturados e bem misturados em sã convivência com os portugueses que lá vivíamos, e com angolanos, (o que parece que não está a acontecer da mesma maneira hoje na Cova da Moura) e sabia-se bem o que a maioria dos caboverdeanos pensavam sobre o assunto.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

“Quem é contra o PAIGC é contra os interesses do nosso povo e a favor dos tugas."

Onde é que eu já li essa ? À esquerda e à direita, é o princípio de todas as ditaduras e de todos os totalitarismos... Quando eu era jovem e já do reviralho ouvia-a constantemente aos partidários do "Estado Novo"... Quem não era por Salazr, era contra Portugal...

Quando Amílcar Cabral fez esta intervenção, em Conacri, no "Seminário de Quadros do PAIGC", de 19 a 24 de novembro de 1969, andava seguarmente "distraído" ou "embevecido"...Talvez se sentisse já o "Lenine de África", contrastando com a figura do sul-africano Nelson Mendela (, preso desde 1962)... A diferença é que Cabral nunca conheceu a grande provação que foi a prisão...

Um dos seus futuros carrascos, o seu "Judas", Mamadu Indjai, em meados de 1969 incendiava o sul do chão fula, não distinguindo objetivos civis e militares... Ou melhor, nesta altura, já tinha ido para Moscovo para se tratar dos graves ferimentos que os "tugas" lhe infliram no subsetor de Mansa,no setor L1 (Bambadinca). ao cair numa emboscada da CART 2339, a do nosso saudoso Torcato Mendonça...

Vd. poste de 4 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça) (95): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível

(...) Saberei apenas,
muito anos depois,
que, julgado e condenado em Conacri,
fuzilaram o Mamadu Indjai,
no Boé,
que diziam ser região libertada da Guiné…

O mesmo Mamadu Indjai,
acrescente-se,
fero e bravo comandante,
que ferimos gravemente
no decurso da operação Nada Consta,
o mesmo Mamadu Indjai,
que, três anos e meio depois,
chefe das "secretas",
será o Judas de Amílcar Cabral. (...)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2016/09/guine-6374-p16444-manuscritos-luis.html




antonio graca de abreu disse...

O Mário Beja Santos fala de Amilcar Cabral como tendo sido "um dos mais formidáveis génios africanos." Um génio, um génio para MBS. Tristeza!
Abraço,

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

"Quem quer um partido só de negros que vá criar o seu partido. Quem quer um só de mulatos que vá criar o seu. Aqui não há nem Manjaco, nem Papel, nem Mandinga, nem Balanta, nem Fula, nem Sussu, nem Beafada, nem filho de Cabo-verdiano. Aqui há filhos do povo da Guiné e Cabo Verde que querem servir o partido”.

Provavelmente foi por isto que as Assembleias Municipais, também acharam '"um dos mais formidáveis génios africanos"', criaram Rua Amílcar Cabral em Lisboa, Loures, Agualva-Cacém, Setúbal, Bobadela, Amadora, Baixa da Banheira e em mais algumas localidades. Eu e provavelmente muitos de nós gostaríamos antes de Rua Soldado, Sargento, Alferes ou Capitão Silva que morreram na guerra da Guiné, que também as há, mas foi a escolha da população local.

Qualquer ideia de estar a alimentar revanchismos torquemadas é muito perigoso, e viu-se com o que aconteceu há pouco tempo contra as estátuas de africanistas, colonialistas e esclavagistas, que até o Padre Vieira não escapou por só gostar dos índios. E nem quero falar de Afonso de Albuquerque.

Abraço e saúde da boa
Valdemar

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, deixem lá estar as estátuas e os nomes das ruas onde estão... Saibam é fazer a pedagogia da história... Sou contra os "iconoclastas", é como a bola de neve, ou o "boomerang"... Um dia viram-se contra nós...

A I República pôs os seus heróis nas ruas e praças do país, depois o Estado Novo mandou tirar as placas e substitui-las com os nomes dos seus apaniguados... No pós-25 de Abril, fez-se o mesmo... E há de ser por aí fora...

Eu prefiro que as ruas tenham os nomes de antigamente: rua dos Valados (onde nasci, agora Dr. Adriano Franco, um médico que ninguém sabe quem é), travessa do Quebra-costas, largo das Aravessas...

Carlos Vinhal disse...

Amigo Valdemar, a mim ninguém tira a ideia de que a culpa de toda esta situação é do D. Afonso Henriques. Queria uma quinta só para ele e deu nisto.
Por falar em ruas, até te dou razão. Aqui em Matosinhos, para dar a uma delas o nome de Rua dos Combatentes do Ultramar foi o cabo dos trabalhos. Lá se arranjou uma, um tanto ou quanto escondida, onde curiosamente não mora ninguém. No Google ainda aparece como Travessa Augusto Gomes. É (foi) o que se pôde arranjar.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira City

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Com esta do Amílcar já estamos a sair do tema do post. Já vamos nos nomes das ruas de Portugal! Era o que faltava!... Discutirmos as pilosopias (mais que medíocres e satalinistas) do Amílcar!... Não estávamos lá e não vimos como foi o comportamento dele. E agora, depois destes anos todos, o que pudemos fazer é ler os seus escritos.

Um Ab.
António J. P. Costa
PS: Foi mais difícil dar o nome de Zeca Afonso a uma Escola Secundária do que dar o nome de Amílcar Cabral às nossas ruas. A culpa deve ser dos "comunistas"...

Valdemar Silva disse...

Meu caro Carlos Vinhal, do D. Afonso não seria propriamente, mas do seu descendente D. Henrique já não se pode dizer o mesmo.
O D. Henrique era um solteirão sem mulheres para se cansar, estava farto das praias do barlavento algarvio e, aproveitando-se dos europeus entretidos com a guerra dos 100 anos, mandou a rapaziada mar abaixo reconhecer novos locais de veraneio.
E nunca mais pararam durante 500 anos

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Carlos Vinhal disse...

Amigo Valdemar, foste logo escolher um portuense culpado disto tudo. Não confundir com dono disto tudo.
O que vale é que o nosso camarada Mário Beja Santos, que nos vai dando a conhecer a história da Guiné, põe a nu o quanto incompetentes éramos na gestão do nosso "império". Era um fartar de roubar nas nossas barbas pelos ingleses e franceses.
E queríamos nós dividir a África com o nosso mapa cor-de-rosa.
Abraço
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

antonio graça de abreu disse...

O "génio" Amilcar Cabral escrevia, este Amílcar Cabral, com 25 anos de idade, a 8 de Setembro de 1949,escrevia coisas destas: "Todos lutarão a bem de Cabo Verde, pelo bom nome e glória de Portugal."
Ou então: "A chuva fortaleceu a fé no destino de Cabo Verde. Destino que será traçado à custa do trabalho consciente dentro da comunidade do mundo português, trilhando os caminhos do Ressurgimento e do Progresso." "Cabo Verde: Boletim de Propaganda e Informação", Praia, nº 1, ano I, 1 de outubro de 1949.
Anos mais tarde, os guineenses mataram o génio.
Ainda bem, ou ainda mal que temos o Carlos Vinhal a escrever estas coisas maravilhosas no blogue: "O que vale é que o nosso camarada Mário Beja Santos, que nos vai dando a conhecer a história da Guiné, põe a nu o quanto incompetentes éramos na gestão do nosso "império." É isso mesmo, pôr tudo a nu, a nudez diáfana ou pestilenta.

Abraço,

António Graça de Abreu