sexta-feira, 1 de julho de 2022

Guiné 61/74 - P23402: Agenda cultural (816): Livro: Aldeia Nova de São Bento – Memórias, Estórias e Gentes - 2ª edição (José Saúde)


1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem: 

Livro: Aldeia Nova de São Bento – Memórias, Estórias e Gentes - 2ª edição

Caros conterrâneos, amigos e camaradas da guerra colonial

O tempo, sustentado na intemporalidade humana onde os nossos limitadíssimos ciclos de vida são uma evidente realidade, transporta-nos por uma dura viagem que nos faz reviver um passado, às vezes repleto de silêncios, mas sendo estes importantes para que cada um de nós saibamos afinal quem somos e donde viemos. Neste contexto, lá surgiu o grito de Ipiranga e lancei-me, subtilmente, na construção do livro Aldeia Nova de São Bento – Memórias, Estórias e Gentes.

Assim sendo, o óbvio aconteceu, existindo igualmente a certeza de que foi nesse reino dos silêncios e repleto de conceptualizações, que o meu ego me chamou a terreiro, colocando-me mesmo a prumo, e me propôs, numa admirável atitude de aldeano, que deixasse escrita uma obra sobre a localidade que nos viu nascer.

Usufruindo de uma ampla experiência no cosmos da escrita, esta adquirida com o evoluir das eras, elaborei mentalmente uma narrativa que, em princípio, parecia difícil, ou seja, com contornos quase intransponíveis, mas o certo é que paulatinamente fui-lhe dando corpo e a “criança”, manifestando uma grande felicidade, lá viu um dia a luz solar que a fez feliz.

Investiguei imenso, tive também excelentes colaboradores, tais como o David Monge da Silva, o Zé Bica, a minha prima Mariana, pessoas consideradas já sábias, tendo em conta o amadurecimento da idade, aliás, tal como ficou escrito no livro, recorri aos blogues da nossa aldeia e aos seus administradores, Francisco Costa e Constança Joana que me abriram profícuos caminhos, tirei dúvidas, procurei conhecimentos das razões dos nossos costumes, do saber das nossas gentes, das suas profissões do antigamente, da sua evolução física e populacional e observar a sua posterior partida (décadas de 1950 e 1960, designadamente) de famílias que saíam em busca de uma vida melhor, quer como imigrantes quer como emigrantes, enfim, uma panóplia de explanações que ficarão memorizadas para a eternidade.

Aliás, Lisboa, e toda a sua cintura industrial, recebeu grande parte dos nossos conterrâneos que, logicamente, fugiam às agruras que a dureza da vida então impunha. Para trás ficava a agreste labuta no campo e lá partiram rumo ao desconhecido, mas levando consigo um mundo recheado de sonhos, e a verdade é que por lá ficaram, arranjaram trabalho, construíram famílias, compraram casas e, acima de tudo, produziram novas vidas, mas mercê de tanto suor derramado e de lágrimas de saudade do seu recanto sagrado. Outros, galgaram fronteiras amplamente diferentes, partiam a salto, desafiaram os medos, rumaram a países de uma Europa em plena construção e onde muitos ainda se mantêm, sendo o seu modo de existência pautado pela estabilidade.

Foram, e não o escondo, horas, dias, meses e anos (2) a trabalhar afincadamente num projeto que me encheu por completo a alma, não obstante as sequelas de um AVC que na madrugada de 27 de julho de 2006 me tentou levar para a infinidade perpétua, mas onde prevaleceu em mim o carinho e o amor pela minha/nossa terra, resultando dessa colossal dedicação o esgotar de exemplares da primeira edição que levou, agora, ao lançamento de uma segunda tiragem.

Caros conterrâneos e amigos, bem-haja a vossa disponibilidade na compra de uma obra, onde todos, mesmo todos, lá temos pedaços reais das nossas raízes, ou reminiscências daqueles que um dia partiram para o além. Acresço, que em cada um de nós existem pingas de sangue que nos une a seres humanos que foram cruciais para a nossa presença terrena.

Deixo também neste livro, capítulo XIII, o tema sobre os mortos na guerra colonial que evoluiu nos três palcos de combate – Angola, Moçambique e Guiné -, locais onde os camaradas da minha aldeia faleceram nas frentes de combate. Aliás, creio, que na minha justa opinião, se impunha esta referência. Tanto mais que todos nós, antigos combatentes, conhecemos exemplos semelhantes.

A todos o meu obrigado e, também, à minha Editora Colibri, assim como ao seu responsável, Dr. Fernando Mão-de-Ferro, sendo que foram vocês todos, em conjunto, que proporcionaram o êxito alcançado.

Sejam felizes!

José Saúde

Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.

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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

16 DE JUNHO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23354: Agenda cultural (815): Tabanca dos Melros, 11 de junho de 2022: apresentação do livro do Joaquim Costa, "Memórias de Guerra de um Tigre Azul" (2021) - Parte II: Palavras de agradecimento do autor

2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Parabéns, Zé, pelo êxito do teu livro!... Luís

Valdemar Silva disse...

Zé Saúde
Tomara eu saber escrever como deve ser, agora não fazia outra coisa.
Boas vendas, que assim ficam a conhecer Aldeia Nova de São Bento (pq? Vila Nova) terra do meu amigo Manuel Maria Candeias Macias e duma namorada dos anos 60.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz