Curiosamente, estou a reler o "testamento" do gen Bethencourt (ou Bettencourt) Rodrigues, inserido no livro "África: a vitória traída" (Lisboa, Editorial Intervenção, 1977, 276 pp.): apenas três (!) páginas são dedicadas às "Forças Armadas Portuguesas" (no CTIG) (pp. 129-131), e nelas tem este curtíssimo e lapidar parágrafo sobre a Força Aérea:
"Os meios aéreos também não eram os mais adequados ao tipo de apoio que se pretendia e de que se carecia, sobretudo depois do aparecimento dos foguetes Strela" (sic) (pág.131)...
Não esconde, todavia, "a gravidade da situação militar que se vivia na Guiné no 1.º trimestre de 1974" (pág. 140)...
E conclui com uma verdade de La Palisse:
"Certo é que todas as guerras sempre foram e continuarão a ser lutas de vontades... e não só das vontades dos combatentes" (pág. 142). (**)
É um depoimento que merece ser retomado e analisado com tempo e vagar.
É um depoimento que merece ser retomado e analisado com tempo e vagar.
Foto acima: O gen Bettencourt Rodrigues, em Madina do Boé, 16 de novembro de 1973. Créditos fotográficos: Página do Facebook de J. Raffelber, Raffelnews, Álbum Madina do Boé, 29 de janeiro de 2018 (detalhe, cm a devida vénia).
2. Registe-se, já agora, outro comentário sobre os "meios aéreos" de que as NT dispunham, no TO da Guiné (1961/7), da autoria do António J. Pereira da Costa, cor art ref, com duas comissões naquela terra "verde-rubra" (*):
(...) Aqui [neste poste P23462] ficam indicados os meios da FAP atribuídos ao TO da Guiné.
(...) Aqui [neste poste P23462] ficam indicados os meios da FAP atribuídos ao TO da Guiné.
Seria interessante saber quais foram os critérios de atribuição destes meios, para além da "pressão dos EUA".
Claro que a questão "financeira" era determinante e das necessidades de instrução e treino que decorriam na metrópole. Excluindo os meios humanos, insubstituíveis e de difícil obtenção, não se sabe o que terá levado a um "equilíbrio" entre o que se queria e o que era atribuído. Só assim será possível prosseguir na análise deste tema." (...)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 26 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23462: A nossa guerra em números (19): Meios e operações da FAP - Parte I: número e tipo de aeronaves: helicópteros, aviões de combate, de transporte e outros
(*) Vd. poste de 26 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23462: A nossa guerra em números (19): Meios e operações da FAP - Parte I: número e tipo de aeronaves: helicópteros, aviões de combate, de transporte e outros
(**) Último poste da série > 16 de julho de 2022 > Guiné 61/74 - P23435: Frase do dia (4): Quer queiramos, quer não, na Guiné era diferente de Angola e Moçambique... É a minha segunda pátria. Confesso que em Mampatá do Forreá sentia-me em casa e ainda hoje tenho lá "ermons", "sobrinhos" e até "filhos". Para outros sou "avô". Até já me ofereceram uma casa para eu ir para lá viver (José Teixeira, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70)
3 comentários:
Olá Camaradas
Esta é uma frase profundamente evidente ou evidentemente profunda. Por isso, não explica nada do que se esperava que sucedesse ou que se pretendia vir a fazer suceder. Por outras palavras, tenho para mim que se pretendia "empapelar" o assunto em debate, sem se querer, ao menos tentar algo ainda que com poucos resultados possíveis à vista.
Provavelmente, o Com-Chefe tinha a certeza de que nada havia a fazer...
Um Ab.
António J. P. Costa
Estratégia, do grego στρατηγική, ήςstratiɣiˈki, a arte e a ciência do general... Desde os tempos imemoriais que sabemos que os objetivos militares estão subordinados a (e concionados por) objectivos políticos...
"A política, meu estúpido!", ninguém disse ao nosso com-chefe. Ou ele esqueceu-se das lições que deve (ou devia) ter aprendido nas academias de guerra por onde passou... Não foram os combatentes que falharam, foi a arte e a ciência do general (ou generais).
Estratégia, do grego στρατηγική, ήςstratiɣiˈki, a arte e a ciência do general... Desde os tempos imemoriais que sabemos que os objetivos militares estão subordinados a (e condicionados por) objectivos políticos... Spínola percebeu isso...
"A política, meu estúpido!", ninguém disse ao nosso com-chefe, gen Bethencourt (ou Bettencourt) Rodrigues. Ou ele esqueceu-se das lições que deve (ou devia) ter aprendido nas academias de guerra por onde passou... Não foram os combatentes que falharam, foi a arte e a ciência do general (ou generais).
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