VIAGEM NO DOURO
Num dia quente de Agosto apanhei o comboio, no Porto, na Estação de Caminhos de Ferro de Campanhã com destino à Estação do Pocinho. O destino final era Brunhoso, a minha aldeia, no concelho de Mogadouro. Percorrer a linha do Douro, contemplando o rio e as encostas que o ladeiam, era um regresso aos tempos da juventude, quando esse percurso fazia parte da minha aprendizagem escolar e do meu crescimento. Foi com um misto de curiosidade e de saudade que o voltei a fazer.
O calor como sempre era abrasador, o Douro é uma fornalha, não faz pão mas faz bom vinho, como sempre o possível arrefecimento era efectuado pelas janelas das carruagens abertas. Antigamente, em tempos de maior afluência o comboio poderia ir à pinha, com uns passageiros sentados e outros de pé, todos eles ou a sua grande maioria transmontanos e alguns beirões à mistura. Passados tantos anos quase não vi transmontanos entre os viajantes que enchiam todos os lugares sentados do comboio.
Como transmontano, senti-me só entre turistas nacionais de outras origens e alguns estrangeiros a tirar fotografias ao curso do rio, às suas margens e às encostas do vale. Na estação do Pinhão quase todos os passageiros saíram, provavelmente para regressarem nos barcos turísticos que navegavam no rio ou de comboio. A maioria dos que ficaram saíram na estação do Tua, muito próxima. Na minha carruagem ficámos dois autóctones dessas paragens, eu e uma senhora que me disse ser natural da Beira Alta, emigrantes internos, a morar no litoral e a lamentar o estado de degradação dos edifícios das estações de comboio.
O vale do Douro que divide as províncias de Trás-os Montes e a Beira Alta, é o vale mais espectacular de Portugal e um dos mais belos da Terra, uma obra prima da natureza que a mão de muitos homens transmontanos, galegos e beirões, há séculos lapidaram, quando construíram os socalcos, onde foram plantadas as vinhas que produziram e produzem os vinhos mais afamados do país. Quando o percorremos todos os nossos sentidos ficam alerta, admiramos os grandes espelhos de água do rio com águas calmas e abundantes devido às barragens construídas, o verde das videiras nos socalcos, que em degraus sobem as encostas, e as outras tonalidades de verde de plantas, arbustos e árvores, perto das margens ou a subir as encostas a esmo, adivinha-se o sabor e o cheiro do vinho fino e dos vinhos de mesa encorpados associados à região vinícola do Douro.
Como transmontano, senti-me só entre turistas nacionais de outras origens e alguns estrangeiros a tirar fotografias ao curso do rio, às suas margens e às encostas do vale. Na estação do Pinhão quase todos os passageiros saíram, provavelmente para regressarem nos barcos turísticos que navegavam no rio ou de comboio. A maioria dos que ficaram saíram na estação do Tua, muito próxima. Na minha carruagem ficámos dois autóctones dessas paragens, eu e uma senhora que me disse ser natural da Beira Alta, emigrantes internos, a morar no litoral e a lamentar o estado de degradação dos edifícios das estações de comboio.
O vale do Douro que divide as províncias de Trás-os Montes e a Beira Alta, é o vale mais espectacular de Portugal e um dos mais belos da Terra, uma obra prima da natureza que a mão de muitos homens transmontanos, galegos e beirões, há séculos lapidaram, quando construíram os socalcos, onde foram plantadas as vinhas que produziram e produzem os vinhos mais afamados do país. Quando o percorremos todos os nossos sentidos ficam alerta, admiramos os grandes espelhos de água do rio com águas calmas e abundantes devido às barragens construídas, o verde das videiras nos socalcos, que em degraus sobem as encostas, e as outras tonalidades de verde de plantas, arbustos e árvores, perto das margens ou a subir as encostas a esmo, adivinha-se o sabor e o cheiro do vinho fino e dos vinhos de mesa encorpados associados à região vinícola do Douro.
Há outros vales que rasgam a província de norte a sul, onde correm os rios Sabor, Tua, Corgo, o Tâmega também, muito apreciados pelos amantes da natureza, pois sem terem a monumentalidade do vale do Douro têm muita beleza e tinham há algumas dezenas de anos também vias férreas que completavam a Linha do Douro de modo a transportar os transmontanos às suas vilas e aldeias.
Grande parte dos muitos milhões que a União Europeia enviou para Portugal, depois de 1985, para desenvolver a indústria, o comércio e o turismo, alguns governos não sabendo o que fazer a tanto dinheiro, para mostrar obra, iludir os eleitores e engordar a classe política construíram estradas e auto-estradas, algumas úteis, outras inúteis e desnecessárias. Os ramais das linhas de comboio que percorriam esses vales laterais a norte desses afluentes do rio grande, foram abandonados e escondidos por um governo, sem qualquer consulta às populações que serviam.
Grande parte dos muitos milhões que a União Europeia enviou para Portugal, depois de 1985, para desenvolver a indústria, o comércio e o turismo, alguns governos não sabendo o que fazer a tanto dinheiro, para mostrar obra, iludir os eleitores e engordar a classe política construíram estradas e auto-estradas, algumas úteis, outras inúteis e desnecessárias. Os ramais das linhas de comboio que percorriam esses vales laterais a norte desses afluentes do rio grande, foram abandonados e escondidos por um governo, sem qualquer consulta às populações que serviam.
Em Trás-os-Montes, a beleza dos montes que em formas mais cónicas ou pontiagudas, formam uma espécie de mar encapelado, perderam muito do seu encanto que não se concilia com a velocidade de vias rápidas ou auto-estradas. Bastava uma auto-estrada, uma via rápida e algumas estradas melhoradas. Se os políticos do cimento e do asfalto, refestelados nos gabinetes do ar condicionado de Lisboa, tivessem percorrido os montes e vales da província, e soubessem ver o que o poeta Miguel Torga viu em toda a sua beleza e dimensão, provavelmente teriam conservado e melhorado todas as vias férreas dos vales menores. Os turistas que vêm de todo o país e do mundo inteiro para admirar o vale do Douro, tal como os naturais da província, agradeceriam, se pudessem viajar e espraiar a vista por eles e dar-lhes mais vida também.
Resta-me dizer que desembarquei do Pocinho, no lado sul, Beira Alta, também já chamada Beira Transmontana, onde o Douro ao receber o caudal do Sabor, se espraia num grande lago de águas calmas, rodeado de grandes hortas verdejantes a sul e a norte. A norte dará início ao fértil vale da Vilariça que acompanha o Sabor alguns quilómetros, mais para riba, corre entre encostas mais áridas e de maior declive, onde havia muitas oliveiras e amendoeiras e havia, antes da construção da barragem nas margens mais planas, as oliveiras centenárias.
No Pocinho esperava-me, de automóvel, um casal de simpáticos emigrantes no Canadá, ele António Martinho Magalhães, meu primo de Brunhoso, e a esposa Aluína Afonso, de Genísio, Miranda. Fomos comer a posta à mirandesa em Mogadouro, de que todos nós os naturais do planalto sentimos saudades inadiáveis quando voltamos lá.
Dia feliz, apesar do calor tórrido, 38 graus, uma viagem agradável, com boas memórias, bom almoço, boas companhias.
____________
Nota do editor
Último poste da série de 3 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23582: Os nossos seres, saberes e lazeres (523): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (66): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 4 (Mário Beja Santos)
Resta-me dizer que desembarquei do Pocinho, no lado sul, Beira Alta, também já chamada Beira Transmontana, onde o Douro ao receber o caudal do Sabor, se espraia num grande lago de águas calmas, rodeado de grandes hortas verdejantes a sul e a norte. A norte dará início ao fértil vale da Vilariça que acompanha o Sabor alguns quilómetros, mais para riba, corre entre encostas mais áridas e de maior declive, onde havia muitas oliveiras e amendoeiras e havia, antes da construção da barragem nas margens mais planas, as oliveiras centenárias.
No Pocinho esperava-me, de automóvel, um casal de simpáticos emigrantes no Canadá, ele António Martinho Magalhães, meu primo de Brunhoso, e a esposa Aluína Afonso, de Genísio, Miranda. Fomos comer a posta à mirandesa em Mogadouro, de que todos nós os naturais do planalto sentimos saudades inadiáveis quando voltamos lá.
Dia feliz, apesar do calor tórrido, 38 graus, uma viagem agradável, com boas memórias, bom almoço, boas companhias.
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Nota do editor
Último poste da série de 3 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23582: Os nossos seres, saberes e lazeres (523): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (66): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 4 (Mário Beja Santos)
11 comentários:
Olá Francisco Baptista
A parte inicial do teu texto trouxe saudades dos tempos de infância e baixa adolescência em que viajava pela linha do Douro desde (então) São Bento até ao Pocinho, depois da permanência de alguns dias no Porto com a família.
Eu (nascido em V.N. de Foz-Côa, da qual o Pocinho de que tu falas no texto é um lugar sem autonomia administrativa) passei grande parte da vida viajando entre as estações da C.P. do Pocinho ou do Côa até Barca d'Alva (onde tinha familiares) ou entre a mesma estação do Pocinho e a Régua, para seguir para Lamego (onde também tinha familiares). Por outro lado havia deslocações frequentes à Guarda (por razões de saúde de familiar) e, mais tarde, vivi largos anos na Covilhã.
Assim, conhecendo intimamente as realidades geográficas, culturais, económicas, etc. da região do Alto Douro e da Beira, não entendo como tu podes considerar beirões os cidadãos nascidos em terras do Alto Douro. É que, além do mais, o conceito de "províncias" (vindo do Estado Novo) não tem base nem geográfica nem administrativa. Foi um simples conceito que passou a constar de uns mapas que penduravam nas salas de aula da instrução primária...
Por outro lado, também é designada de "Trás-os-Montes e Alto Douro" a região ao redor do Douro desde a Régua/Pinhão até Barca d'Alva. E assim se se chamam as casas regionais existentes no Porto e em Lisboa.
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"Os turistas que vêm de todo o país e do mundo inteiro para admirar o vale do Douro..." uma grande parte vem arrastada pelo "marketing" feito pela(s) empresas dos barcos que pelo Douro navegam e envolve o vinho (dito) do Porto, o "charme" dos beberetes e provas do mesmo vinho, com muita gente e empresas a promover-se à custa do produto. Vinho que, localmente, é chamado "vinho fino" (como tu dizes) e pelas gentes da região que o fazem (também) à revelia das autoridades (às vezes não têm e... nem querem ter o "benefício") e, por isso, não o podem (nem querem) chamar "do Porto".
Um abraço (para quem adora as terras de Trás-os-Montes!)
Alberto Branquinho
José Belo, o teu verso é um poema e traduz o meu estado de espírito quando volto às origens. Obrigado. Na ausência e na distância é bom encontrar-te sempre. Um grande abraço
Alberto Branquinho meu caro conterrâneo, do sul do Douro. Para mim Trás-os-Montes e Alto Douro foi sempre uma só província, sem nunca lhe definir bem os contornos e um pouco como a estudei nos mapas da escola primário. Por outro lado os contactos que tinha a sul da minha terra raramente passavam do concelho de Moncorvo pelo que nunca ninguém me tinha confrontado com os seus limites. Minto, houve uma jovem senhora, há três anos, natural da região do Douro, bibliotecária da Biblioteca Trindade Coelho de Mogadouro , que me disse melindrada, que nós os transmontanos do norte esquecíamos sempre o Alto Douro . Tanto tu como ela não deixareis de ter as vossas razões. mas tu bem sabes que isso pode ser um hábito antigo, muito comum, de abreviar os nomes quando eles são grandes. Tu como professor sabes isso melhor do que eu. Por outro lado eu falei na Beira Transmontana, que um dia vi desenhada num mapa, Devia corresponder mais ou menos ao Alto Douro do lado Sul. O meu irmão mais velho, morreu cedo aos 53 anos, no começo da vida de casado. comprou uma pequena camioneta de feirante para transportar albardeiros, outros negociantes e ciganos, entre eles bela cigana , chamada Argentina, que eles veneravam como rainha e os lavradores cobiçavam como se fosse uma deusa. Recordo-me que ia a todas as feiras de "Faz Côa"
Meu amigo somos próximos. somos parentes. respiramos o mesmo ar, temos o mesmo grande rio a tirar fotografias aos nossos montes. Ainda um dia nos havemos de juntar no restaurante "Calça Curta" a petiscar, dizem que tem boa comida, e a palrar. Gostava de te ouvir muitas histórias e coisas que eu não sei. Um Grande abraço.
Francisco Baptista
Fiz da Régua a minha cidade nos anos de 1978/79, aqui colocado na Escola Secundária da terra.
Aqui senti o dito popular de 6 meses de inverno e seis de inferno. Aqui também descobri que afinal o paraíso existe.
No alto do magnífico miradouro de S. Leonardo de Galafura (onde comi um cabrito, divinal, no conhecido restaurante local), Torga, deslumbrado / esmagado com a beleza do local desabafou: “Um excesso da Natureza”.
Várias vezes ataquei o Douro pelas sua 4 entradas, qual delas a mais deslumbrante.
De comboio, tal qual o Francisco:
Até à Régua, todas as semanas, quando aí lecionei. Todas as viagens diferentes;
Fazendo a maravilhosa linha do Corgo (infelizmente transformada numa ciclovia) da Régua até Chaves no ano de 1972, a caminho do RC10;
Fazendo a linha do Sabor até Miranda do Douro deliciando-me com a magnífica posta na Gabriela (ou quem fazia as "suas vezes" na altura)
De barco, deliciando-me com um magnífico “vinho fino” servido durante a viagem, sempre na expectativa de ver a D. Antónia no seu barco a caminho do Porto.
De carro na margem direita do Douro, na EN 108, com paragem em Tormes visitando o Jacinto e a sua Joaninha e o amido Zé Fernandes, quem sabe comendo um pica no chão morto e matado no dia, pela mulher do feitor.
Pela margem esquerda, na deslumbrante EN 222, já considerada a estrada mais bonita do Mundo, parando em Lamego para uma visita às caves da Raposeira…
Um abraço a todos e em especial ao camarada Francisco
Joaquim Costa
Olá Francisco e todos os outros tabanqueiros:
Recordaste-me a muitas viagens que também fiz, quando estudava (6 anos) em Coimbra e ia passar férias ao Nordeste. Quer na linha do Douro em que normalmente se ia de pé ou sentado na mala até à Régua e também na linha do Tua a Bragança. Assisti a muitas situações inesperadas. A principal foi quando uma vez ia, já ao anoitecer na linha do tua, e eis senão quando o revisor passa na carruagem, onde eu ia, e com uma chave própria abre, numa das paredes da carruagem, um dispositivo onde havia uma vela que de imediato acendeu. Foi assim que se fez luz naquele comboio de carruagens verdes.
Abraços
Fernando Gouveia
Chapa 10 (na escala de 1 a 10), Francisco. Pelo texto, pelas fotos, pela paixão telúrica, pelo portuguesismo, pela veemência que pões na defesa de Trás-os-Montes, do Vale do Douro, e de todo o interior do pais, e bem como do nosso tão maltratado caminho de ferro, desde os anos 20/30, desde o Estado Novo, quando a opção foi o transporte viário e o aslfalto (portanto o problema é já antigo, e que as autoestradas vieram agravar porque funcionam mais no sentido descendente do que ascendente, agravando a desertificação do interior e a litoralização...).
Já fiz esse percurso várias vezes, a linha do Douro passa a menos de um quilómetro de Candoz. Costumanos apanhar o comboio na estação de Mosteiró / Tormes... Pela manhã, com sol e sem núvens, em setembro, é um dos mais belos passeios de comboio do mundo. Adoro o troço depois da Régua (que é um desastre urbanístico)...
Uma das últimas vezes fui lá com o nosso saudoso Joaquim Peixoto e a sua Margarida, mais a minha Alice, e os meus cunhados Gusto e Nitas...
13 DE SETEMBRO DE 2013
Guiné 63/74 - P12034: Os nossos seres, saberes e lazeres (56): De comboio, até ao Pocinho, e visita ao Museu do Côa, com os grã-tabanqueiros Margarida e Joaquim Peixoto (Luís Graça / Alice Carneiro)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2013/09/guine-6374-p12034-os-nossos-seres.html
Ó Francisco Baptista!
Dizes-me: "tu como professor". Mas onde foste beber essa? Nunca fui professor. (Sem ofensa para os professores, que o meu professor da escola primária - não o meu "professor primário", porque primário é o ensino e não o professor - também tinha o apelido Branquinho). Eu sou advogado (reformado), mas, antes, fiz outras coisas.
Agora mesmo me lembrei que talvez tenhas ouvido o nosso amigo Zé Ferreira da Silva (furriel da minha Companhia na Guiné) chamar-me "mestre". Terá sido por essa razão?
Abraço
Alberto Branquinho
Belo texto com fotografias e tudo, é como estarmos fazendo parte da viagem a olhar a paisagem.
Também estranhei os "Beirões" do Alto Douro.
Nunca fui para esses lados, com pena minha, embora passasse durante alguns anos uma semana em Lamego/Cambres e ia almoçar ao Peso da Régua.
As gentes daqueles lados, penso eu, já não são beirões até o sotaque sibilante de Viseu desapareceu.
Em Lamego, sempre em dias de caloraça, atirei umas malgas abaixo mas achei o vinho fracote, já em Cambres não se podia ter muita sede que bem podia adormecer ao volante nas curvas e contracurvas.
Por muito que me esforça-se a dizer 'uma taça tinto e um Português Suave com filtro' levava sempre com 'ahn? o que quer?', e repetia, e outra vez 'português o quê?'.
O cabrita assado no forno acompanhado com arroz de alguidar, no Hotel da Sra. dos Remédios era divinal, e antes apresentado por um chefe de mesas parecido no andar com um mordomo dum castelo britânico dizia 'é a nossa especialidade', e no fim aparecia para um 'posso servir uma taça de espumante?'. O problema era o calor e os sinos da igreja, a 50 metros, a dar
as horas toda a noite.
Bons tempos, ainda viajava e fumava Português Suave com filtro.
Francisco Baptista, obrigado pelo texto.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
Obrigado Francisco Batista por me teres feito recordar, como transmontano que sou, tal como tu, as inúmeras viagens que fiz ao longo dessas edílicas paisagens que são as do vale do Douro. Era a única porta de saída e de entrada para qualquer um de nós que nasceu em Trás-os-Montes.
Inicialmente para a tropa, como foi o meu caso, depois para cá do sol-poente, (Por isso é que um dos meus livros tem o título PARA LÁ DO SOL-POENTE) à procura de outros horizontes profissionais.
Eu costumo dizer, aliás ainda ontem o escrevi numa publicação que fiz no facebook, que o vale do Douro é um poema, cujos autores se assinam por laboriosas gentes durienses.
Um abraço do amigo Manuel Sousa.
Foram encerrados 23 ramais ferroviários (mais um ou menos um) de 1985 até hoje.
Mais 5 ou 6 haviam sido encerrados noutros tempos.
De facto, foi como que um luxo antigo, tantos ramais à inglesa, exagerado talvez, como é com as auto-estradas neste tempo, também com algum exagero.
Mas manter alguns ramais, com custos evidentemente, talvez compensasse complementando com certo turismo.
Haverá sempre saudosistas "consumidores", neste Portugal envelhecido, aliás nesta Europa toda ela bastante envelhecida.
Bodas
E eu amo esse teu D’ouro na palavra
E o vinho doce e cheio que degusto
Nas geladas manhãs de outra poda
E amo ainda cepa e encosta brava,
Onde mão de gente pôs a muito custo
Poemas que nos dás de tua boda
O Sol que amas é meu Sol
Pintado em franjas de azinheira
E na distância debruada a girassol,
Buscando a encosta ausente a Sul,
Em Arraiolos em mãos de tecedeira
O horizonte perde e ganha azul
José Brás
A minha viagem tinha como finalidade estar com esse casal amigo de parentes emigrantes, por cá de férias. Não querendo ir sozinho de carro, fazer uma viagem por estradas, que faço quase todos os meses, decidi ir de comboio , uma viagem barata, até onde me era possível. Todas as viagem que faço a Trás-os-Montes dão-me sempre muita adrenalina, esta , por ser de comboio, que já não fazia há muitos anos, deu-me uma emoção maior, misturada com saudades. Decidi descrevê-la porque já não cabia dentro de mim. Muito obrigado a todos camaradas e amigos, conterrâneos ou não , que à posteriori me quiseram fazer companhia.
Luís Graça além das viagens recordaste um grande amigo e camarada , o Joaquim Peixoto, um homem bom que nunca deve ser esquecido.
Peço desculpa ao Alberto Branquinho por lhe ter trocado a profissão, enfim ele sempre me pareceu um mestre em português
O José Belo que esqueça as queixas dos naturais da Régua, pois eles têm a mesma sorte dos naturais de outras terras que têm mais de um nome: Dizemos Gaia ao referir Vila Nova de Gaia, Moncorvo em vez de Torre de Moncorvo e tantos outros exemplos.
A concluir gostei muito do poema do José Brás.
Um grande abraço a todos
Francisco Baptista
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