quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Guiné 61/74 - P23599: Notas de leitura (1491): Algumas (breves) notas sobre missionação (I) - Missionaria Africana - coligida e anotada por António Brásio; Agência - Geral do Ultramar - Lisboa / MCMLXV (Paulo Cordeiro Salgado, ex-Alf Mil Op Especiais)


1. Mensagem do nosso camarada Paulo Cordeiro Salgado (ex-Alf Mil Op Especiais da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), com data de 3 de Setembro de 2022:

Caros Camaradas,
Atrevo-me a caminhar por matérias de que não faziam parte das minhas preocupações literárias - a Missionação. O que farei é, somente, trazer alguns breves apontamentos.

Uma saudação amiga, Camaradas.
Ver abaixo:
Paulo Salgado



Algumas (breves) notas sobre missionação – I

Paulo Salgado

Fui espicaçado, e bem, pelo Mário Beja Santos, um excelente crítico e historiador atento, ao observar-me, recentemente, ser incompreensível não abordar eu, nas minhas narrativas mais recentes1, aspectos da missionação. Estas minhas narrativas debruçam-se, no essencial, sobre aqueles que não fazem parte das elites e que não constam dos compêndios ou das obras laudatórias e encomiásticas, ou seja, do povo que demandou o Império, se Império houve.

E tendo eu conhecido pessoalmente alguns frades franciscanos que ainda residiam na Guiné-Bissau aquando da minha estada neste País, em 1990-92, em actividade de cooperação, vinte anos depois da minha ida à guerra, tive de meter mãos à obra e ir em busca do que fartamente se produziu sobre a presença dos missionários. É uma faceta humana incontornável.

Eis-me, pois, chegado, à Monumenta Missionaria Africana – coligida e anotada por António Brásio, (Agência – Geral do Ultramar. Lisboa – MCMLXV). O meu objectivo é focar aqui, neste espaço bloguista, aberto a tantas e variadas manifestações memorialistas, alguns breves esquiços sobre a presença de missionários nos territórios d’além-mar, no século XVII, pois é deste período de tempo que trata abundantemente esta compilação.
(No entanto, sei bem que o Beja Santos nos conforta com belas páginas sobre diversos temas, incluindo a referência a actividades missionárias de franciscanos - ver no blogue).

Ora, pretendi referir-me, obrigatoriamente, a um grande estudioso que dedicou uma vida de mais de quarenta anos a um trabalho notável – a abordagem a este tema tão importante da nossa História: o Padre António Brásio. Para minha leitura prévia, e, assim, trazer breves notas para conhecimento de eventuais interessados, é bom relembrar que não sou historiador, mas um curioso escritor/narrador, servi-me do texto do Padre David Sampaio Barbosa2. Aponta-nos este estudioso o caminho da imensa obra de António Brásio. Claro que António Brásio cultivava um enorme respeito pelas culturas tradicionais africanas, ainda que eivado pela corrente política que as décadas de quarenta, cinquenta e sessenta, força ideológica do estado Novo, fossem de feição ideológica marcante na defesa do Império. Admitiu sempre António Brásio que a nossa presença secular histórica houvera sido fundamental para os homens africanos e para a defesa da civilização. Segundo David Sampaio Barbosa, Brásio «acreditou, anos seguidos, na justeza da causa de Portugal e na linearidade duma presença que acreditava benéfica para as populações nativas».

Possivelmente, António Brásio, já nos meados da década de sessenta, sentiu que se aproximava o fim da posição universalista defendida pelo Estado Novo, e que o pulsar da História se converteria, a breve trecho, em mudanças que o processo histórico universal impunha e impõe.

A quantos competirá abalançarem-se a prosseguir o que se contém nesta obra, um manancial para os historiadores interessados na História da Missionação e, a fortiori, pela História de Portugal? A mim, que procuro bases para as minhas narrativas ficcionais, ainda que baseadas em factos e personagens históricas, tão-só me interessam algumas passagens que envolvem encontros e desencontros, problemas e sucessos, de alguns missionários, e como eles, alguns soldados e marinheiros. Delas trarei duas notas, proximamente3.

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Notas:
1 - Que agora me escuso de referir por conveniência própria.
2 - Pe. António Brásio, A Paixão pela História Missionária David Sampaio Barbosa. Missão Espiritana, Vol. 13, n.º 13. Artigo 5.º 2008.
3 - Aliás, no meu livro Guiné – Crónicas de Guerra e Amor abordei as dificuldades que os frades capuchinhos enfrentaram ao logo da costa; no caso, ainda que ficcionalmente, mas atento às vicissitudes da missionação, uma crónica desse livro sobre um frade na região de Cacheu: “Frei Cipriano”.

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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23592: Notas de leitura (1490): Damião de Góis (Alenquer, 1502- Alenquer, 1574): um humanista europeu... Curiosamente, entre os seus ensaios, encontra-se um estudo sobre o povo Lapão (Samiska Folket) e o seu modo de vida.(José Belo, Suécia)

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