domingo, 2 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23662 Voltamos a recuperar as antigas cartas da província portuguesa da Guiné, um dos recursos mais preciosos do nosso blogue - Parte II: De Cabuca a Fulacunda


Rosto da página pessoal de Luís Graça, socólogo, "Saúde e Trabalho", criada em 1999, e alojada, até a meados de 2022, no sítio da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa, que foi entretanto reformulada. 

A página (www.ensp.unl.pt/luis.graca) pode agora voltar a ser consultada no Arquivo.pt, da FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia. Foi aqui, nesta página, que começou a aventura do blogue "Luis Graça & Cmaradas da Guiné", o maior blogue em língua portuguesa criado em 2004 e mantido por antigos combatentes da guerra colonial / guerra do ulltramar na antiga colónia ou província ultramarina portuguesa  da Guiné, abarcando o período de 1961 a 1974. 


1. Estamos a recuperar as cartas (ou mapas) da Guiné,  dos Serviços Cartográficos do Exército, que estavam alojadas desde finais de 2005 na página pessoal do editor Luís Graça, cujo servidor era o da Escola Nacional de Saúde Pública / Universidade NOVA de Lisboa, e que ficaram temporariamente, indisponíveis, há alguns meses atrás.

Mais concretamente estavam alojadas numa pasta institulada " Luís Graça e Camaradas > Subsídios para a História da Guerra Colonial"...De qualquer modo, honra seja feita ao departamento de informática da ENSP/NOVA, os ficheiros da minha página foram-lhe devolvidos, represnetando 263 Mb de dados (5 mil ficheiros, 63 pastas)...

As cartas (ou mapas) da Guiné e os demais recursos da minha antiga página passam doravante a poderem ser consultadas, de novo,  "on line", no Arquivo.pt.(https://arquivo.pt):
 
O Arquivo.pt é uma poderosa infraestrutura de investigação, mantida pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia, que permite pesquisar e aceder a páginas da web arquivadas desde 1996. 

O principal objetivo é a preservação da informação publicada na Web  portiguesa para fins de investigação.

É sabido que, passado um ano, apenas 20% de um conjunto de endereços se mantêm válidos. E nada mais irritante e frustrante para os utilizadores da Net (incluindo os investigadores, das mais diversas áreas,  História, Sociologia, Linguística, etc.) do que  encontar "links quebrados".

Isto quer dizer o quê, no nosso caso  ? Que muitas nossas páginas, entusiástica e generosamente  criadas e mantidas, por antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial, deixam de aparecer e perdem-se irremediavelmente... Foi o caso de muitas páginas ou sítios que nós seguíamos e que, por essa razão, deixámos de listar no nosso blogue (já não existem ou os links estão quebrados).

Infelizmente, não sabemos se há uma inventário das páginas criadas neste domínio, sobretudo desde há duas décadas para cá. Algumas foram criadas em servidores, portais ou plataformas que permitiam o alojamento gratuito de páginas pessoais ou arquivo de fotos, e que hoje já nem sequer existem ou que passaram a cobrar pelos seus serviços: estou-me a lembrar do portal Terravista, por exemplo, onde eu comecei a publicar na Net,e onde tive uma página; ou do portal Sapo (inicialmenet criado em 1995 pelo Centro de Informática da Universidade de Aveiro); ou do Photobucket (cujas condições de subscrição forma alteradas em 2017, se não erro). Devíamos todos ter percebido, logo na altura, que neste mundo não há almoços grátis...

Daí o interesse do Arquivo.pt (que não deve ser confundido com o Internet Archive), permitindo "a preservação da informação publicada na Web portuguesa para que o conhecimento nela contido esteja acessível às nossas gerações futuras"... 

É o caso da página pessoal do nosso editor, "Saúde e Trabalho - Luís Graça", e o blogue que ele fundou e tem ajudado a manter desde 2004, "Luís Graça & Camaradas da Guiné"Para saber mais, ver aqui: Arquivo.pt.

O Arquivo.pt também tem uma página no Facebook: Arquivo.pt: pesquise páginas do passado.


2. Continuamos, entretanto, a repor as nossas preciosas cartas da Guiné (Escala 1/50 mil), por ordem alfabética, agora alojados no Arquivo.pt. É só carregar no link.

No final desta série continuarão a estar disponíveis na coluna estática do blogue, do lado esquerdo. Por enquanto esses links constinuam quebrados, bem como todos os topónimos que até agora (u até há alguns meses) usavam os links antigos, quando estavam alojados na página da ENSP/NOVA. Aqui vão os novos links, das cartas (de C a F):

Cabuca (1959) (inclui um troço do rio Corubal)

Cacheu / Sâo Domingos (1953) (Carta de Cacheu, inclui Cacheu, São Domingos, rio Cacheu, rio Grande de São Domingos, Caboiana...)

Cacine (1960) (inclui Cacine, rio Cacine, rio Cumbijã, parte do Cantanhez...)

Cacoca  / Gadamael (1954) (incluiu Cacoca, Sangonhã, Gadamael Porto, parte do Quitafine e do Cantanhez, rio Cacine e fronteira sudeste com a Guiné-Conacri)

Caiar  (Ilha de)  ( Como (Ilha do Como) (1959) (inclui as ilhas de Caiar, Como e Catunco, ainda o rio Cumbijã...)

Canchungo / Teixeira Pinto (1953) (carta de Teixeira Pinto, hoje Canchungo, inclui Teixeira Pinto,  Bassarel, Catequisse, Bachile / Churoenque...)


Catió (1956) (inclui Catió, Darsalame, rios Tombali, Pobreza, Cobade...)

Colina do Norte (1956) (incluin Fajonquito...)

Como (Ilha de) / Caiar (Ilha de) (1959): vd. 
Caiar  (Ilha de) (1959)

Contabane (1959) (incluin Saltinho, Contabane, rio Corubal...)

Contuboel (1956) (inclui Contuboel, Jabicunda, rio Geba...)

Duas Fontes (Bangacia) (1959) (inclui Galomaro...) 

Empada (1955) (Inclui Empada, rio Grande de Buba...)

Farim (1954) (inclui Farim, rio Farim, Canjambari, Bironque, Mansabá, K3 / Saliquinhedim...)

6 comentários:

Valdemar Silva disse...

Observando a Carta de Cabuca, verificamos existir dois pontões na estrada, que com a passagem de viaturas pesadas da tropa deviam ter ruído. Pelotões da minha CART11 montaram a segurança na construção de novos pontões.
Sabemos que a distância entre Nova Lamego e Cabuca é de 25 km, os foguetões 122 tinham o alcance de cerca 12 km e foram detectados vestígios do lançamento junta da tabanca abandonada de Sinchã Içaga ou de Sinchã Alfa que ficam precisamente a meio caminho na estrada para Cabuca.
Outro pormenor interessante observei na carta de Contuboel. Vê-se claramente Jabicunda no entroncamento da estrada Contuboel-Sonaco. Passei manga de vezes por aquele local e não me lembro da existência de nenhuma tabanca, a não ser que fosse afastada da estrada e não se reparava ou então já estaria abandonada. Talvez o Luís Graça se lembre desta tabanca.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Bom dia
Eu utilizei essas cartas durante o período de permanência da C. CAÇ 4540 em Cadique no Cantanhêz E foram-me muito úteis especialmente num contacto com o IN em Fevereiro de 73 em que tive o apoio aéreo de um T6.
Albertino Ferreira
Ex-Al.Mil

Valdemar Silva disse...

Sim, essas cartas também eram usadas no Batalhão, em Nova Lamego.
Até houve um acontecimento interessante com o meu Capitão, comigo, por ter sido o meu Pelotão que descobriu o local exato da localização das rampas de lançamento dos foguetões 122, e os oficiais de operações do Batalhão.
No Batalhão o local estava assinalado num draft, sacado por cima da Mapa, como tendo sido na zona de Campanta (A), informação transmitida pela pide dada por um caçador/informador.
A nossa CART11 e eu afirmávamos que o local não estava correcto, e encolhia um/dois quilómetros que era importante para o relatório*. Expliquei que Campanta (A) seria p.ex. o Rossio-Lisboa e o local exacto seria no Largo da Anunciada, e só havia uma maneira de fazer o croqui correctamente que era visitando o local. No outro dia foi o que fizemos, ficando o agente da pide embaraçado e até teve de fazer parte do percurso a pé por o seu jeep não poder transitar na estrada picada para Unimoges e GMCs.

*Por ter sido a primeira vez de ataques com foguetões 122, havia necessidade de ser feito um relatório o mais correcto possível.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, temos escassas referências no nosso blogue a Jabicunda (leia-se: Djabicunda)... Nem meia dúzia!... Será que passu incólume pela guerra ? Nunca teve nenhum destacamento nosso ?

egundo o nosso especialista em etnolinguística, o Cherno Baldé (que pertence, pela naturalidade, so setor de Contuboel), os topónimos terminados em "Cunda" designam, em mandinga, bairro, povoação, localidade, tabanca, de mandingas de confissão muçulmana.

Já nos explicou que estes topónimos teriam a sua origem no império de Kaabu ou Gabu, em meados do séc. XIX, com o aparecimento das guerras santas [jiade] e dos primeiros reinos teocráticos fundados por marabus fulas e saracolés no território do actual Senegal, Mali e Guiné-Conacri.

Há escassas referências também na Net a esta povoação, vértice do triángulo que inclui Contuboel e Sonaco. Obrigado ao Cherno por me lembrar que, para Sonaco, tinha-se de passar por Jabicunda, o que comfirmo revisitando a carta de Contuboel.

Passei por lá várias vezes, em Jabicunda, entre junho e julho de 1969, nomeadamente quando íamos a Bafatá, "à civil e desarmados" (um ou outra vez, coisa de periquitos inconscientes)... Estávamos então em Contuboel, no Centro de Instrução Militar, a dar a instrução de especiaidade aos nossos soldados fulas, do recrutamento local, e a quem deste a recruta...Fizemos lá também a IAO, em fada nº 3 e cartuchos de salva nas G3 (só os graduados tinham bala real...). Se calhar foi para os lados de Jabicunda, já não posso assegurar...

A ideia que tenho é que estas povoções, deste triângulo, a norte de Bafatá, no setor de Contuboel,, tinham frondosos e centenários "poilões" respirando uma calma e uma paz que nunca encontrei no resto do território da Guiné... E de facto lá não havia guerra!...

Lembro-me de atravessar Jabicunda, que era uma tabanca enorme!... E linda!... O meu filho voltou lá, pro mim, a Jubicunda e a Contuboel, em finais de 2009...

Valdemar Silva disse...

Luís, antes de mais como é que estás a recuperar da tua perna? Não tens dado notícias sobre a evolução do tratamento.
Mas, voltando a Jubicunda não me lembro da existência de qualquer tabanca naquele entroncamento e fiz várias vezes, também como tu, viagens a Bafatá.
Julgo que a nossa "semana de campo", esta ninguém acredita, foi para os lados de Fajonquito. Talvez o Cherno se lembre de um local que me deu a ideia ser uma elevação em que foi montada uma "emboscada" e houve soldados recrutas que queriam que nós respondesse-mos com as nossas balas a sério.

Abraço e continuação de boa recuperação
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Luís, na História da Unidade apenas se faz referência 'semana de campo a noroeste de Contuboel' sem mais explicações.

Valdemar Queiroz