© ADÃO CRUZ
UM COPINHO DE FILOSOFIA
adão cruz
Ambos somos a maior cidade, o seio cálido e palpitante, o êxtase da geração, a excitação amolecida desta idade de volúpia e de efusão.
Moderado, claro!
Estando sempre à mão, sendo um abraço supremo, não deve curvar a gente a qualquer tipo de sensação.
Há os que veem nele um grama a mais que na gordura. Não bebam, ele não é dieta, é ternura, afeição criada no destino humano para musicar a vida e fazer dela uma canção.
A medida é o espírito de cada um e não o balão.
Se é trágica a sua acção, pena de morte. Proscrito seja a quem da vida não tem questão, a quem o fluído calor da crença enche de momentos incolores que mais não fazem do que criar cataratas na razão. Ele é sagrado, poético, linguagem de horizontes que não pode ser bebida aos copos, mas em gotas de emoção. O abuso é uma metáfora da natureza criadora e tem de ser internado.
O estado grandioso do pensamento e da razão não termina nos olhos vazios do silêncio, nem no calor da alma embriagada nem nas comissuras reprimidas dos lábios secos. Vamos lá a ver se nos entendemos, para além das rugas e dos discursos. Vamos lá a ver se encontramos a margem do lago sem ondas de agitação. Tomado à medida, não é vida feita à toa, nem inimigo nem fantasma nem demónio. É o estímulo recíproco entre a alma e o corpo na esfera misteriosa da exaltação, que gira e se renova dia a dia no alternativo universo da verdade e da ilusão.
Ele fascina, é certo, mas isso não interessa senão às almas menores. Para estas, maldito seja o veneno, e venha a polícia prender os sonâmbulos, os fazedores de gargalhadas, os ruidosos contrasensos da dialéctica. Sorrir só por fora não existe, não arrebata e nada cria.
Bebido à medida do espírito, à altura do peito, contém a mágica atracção e a complexa virtude de fazer olhar as ondas, mesmo sem jeito dos que pensam ter jeito de observação.
As mundanas inflexões da felicidade são uma merda:
Frémitos, delírios, desejos, loucuras, explosões, desertos, excertos de alma penada, intermitências de luz e de eclipse, raízes no céu e flores na terra, mortos que respiram ar de vivos…
Não!
A empatia entre a neuro-bioquímica do nosso amigo e o pensamento, como poderoso elemento da racional homeostasia da vida…
Ah! Isso sim!
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Nota do editor
Último poste da série de 27 DE SETEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23648: (In)citações (223): Reflexão sobre a ética (uma visão pessoal) (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887, Canquelifá e Bigene, 1966/68)
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