sexta-feira, 12 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24310: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (35): chegou a primavera (mesmo sem "abril, águas mil"), que vai bem com (diz a 'Chef' Alice): (i) favas com casca, suadas, à moda alentejana; (ii) carapauzinhos fritos com arroz de tomate; e (iii) favas suadas à moda da Maria da Graça... Sem esquecer: (iv) o festival literário "Livros a Oeste (11ª edição, Lourinhã, 9-13 mai 2023); e ainda (v) a 14ª quinzena gastronómica do polvo (Lourinhã, 17-31 mai 2023)...


Lourinhã > Chez Chef Alice > 12 de maio de 2023 >  "Favas com casca... suadas, à moda alentejana"


Lourinhã > Chez Chef Alice > 10 de maio de 2023 >  "Carapauzinhos fritos com arroz de tomate"


Lourinhã > Chez Chef Alice > 24 de abril de 2022 >  "Favas suadas à moda da Maria da Graça"

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Já passou o Abril, mas não vieram as águas mil... Estamos em plena primavera do nosso (des)contentamento... Veio a seca, para ficar, cada vez mais cíclica... E,  se água "cá tem" nas nossas hortas, deixamos de poder jogar aos feijões e, pior ainda, de poder fazer as favas suadas ou o arroz de tomate com peixe frito... Em contrapartida, teremos, pelos santos populares, a boa (?) sardinha assada no pão... Já se vende na praça, aqui, a cinco euros (já vai o tempo em que, perdulários, dizíamos: "ao preço da chuva"...)

Como sugestões dos nossos 'vagomestres', para estes dias em que a fava ainda aparece nos nossos mercados locais, aqui vão dois pratinhos, de resto já divulgados, da nossa 'chef' Alice: as costumeiras favas suadas (à moda da senhora minha mãe, Maria da Graça, que Deus já lá tem), e as favas com casca (colhidas ainda jovens, tenrinhas)... 

Neste último caso, são feitas ´"à moda alentejana", e aproveita-se tudo, a casca e a fava... (Não confundir com as ervilhas de quebrar, que também são de comer & chorar por mais: este, sim, um prato duriense, das gentes da Tabanca de Candoz...

As favas com casca (com entrecostro, ou só enchidos, com destaque para o "chourico preto"...) não são prato que se encontre nos restaurantes aqui à volta, contrariamente aos   carapauzinhos fritos com arroz de tomate... (Não se diz "jaquinzinhos", que a ASAE não deixa.)

Bom proveito... E mandem-nos também as vossas sugestões, enquanto a gente ainda puder andar por qui, pela Terra da Alegria... A prazo, claro, estamos a  prazo.Mas esta semana, também há cá o festival literário "Livros a Oeste"... Porque, na terra dos dinossauros, nem só de favas vive o homem... Amanhã, 13, é o último dia... LG



Cartaz do festival literário "Livros a Oeste", Lourinhá, 9-13 de maio de 2023... Este ano subordinado ao mote  "Entre nós... e as palavras" (verso do poeta Mário Cesariny, que faria 100 anos)...  Vai já na 11ª edição, realizado pela CML desde  2012. Programador cultural: João Morales.... 

E para a semana, começa  a 14ª quinzena gastronómica do polvo (Lourinhá, 17 a 31 de maio de 2023). 
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Nota do editor:

6 comentários:

Carlos Pinheiro disse...

Não sei porquê, uma mania com certeza, nunca tinha comido favas... mas no regresso da Guiné, no velho Carvalho Araújo, onde não havia alternativas, tive que comer fava com favas porque não havia peixe, nem chouriço nem mais nada. Ia fechando os olhos e lá marcharam as favas. A comida na genelaridade dos dias comia~se... porque não havia alternativas. O pequeno bar só vendia bolacha baunilha, cerveja e coca cola. Claro que o pessoal não aguentava. Tinha que comer tudo o que lhe aparecesse à frente. E tinhamos que guardar o prato e a colher que nos tinham dado na altura em que embarcámos. Sala de jantar também não havia para a soldadesca. Comia-se em qualquer sitio, lavávamos prato com água do mar, porque o navio não tinha água e assim passámos nove dias. Mas houve uma excepção. No dia que chegámos ao Funchal, para o navio meter água e nafta que na Guiné não havia, nesse dia ao jantar apresentaram-nos um peixe assado no forno com muito bom aspecto. Porém, fartos de comer mal, marcando também a nossa insatisfação pela comida que até aí nos tinha sido apresentada, nesse dia resolvemos ir jantar fora ao Funchal, com o resto do dinheiro que nos tinha sobrado da comissão.Tudo isto por causa das favas. Porém a terminar, mais tarde acabei por me tornar freguês das favas e marcham de azeite acompanhadas de peixe frito ou de carne com o velho entrecosto, chouriço e negro. Era uma mania... mas passou. E este ano já comi favas duas vezes.

Eduardo Estrela disse...

Quando era menino, tinha uma relação de ódio com as favas. A minha casa tinha um grande quintal e o meu pai semeava tudo o que podia de modo a aliviar as despesas pois o patacão era pouco ou nada. A minha mãe cozinhava bastantes vezes as cujas ditas favas e eu nas suas costas, enfiava as odiadas na traseira dum armário grande que havia na cozinha
mesmo correndo o risco de ficar com fome.
Claro que a tramóia foi descoberta tendo havido missa cantada e sermão.
Aos poucos comecei a ter que tragar as mencionadas e hoje sou um apreciador de favas feitas de várias maneiras. Com chouriço, com poejo e coentros a acompanhar peixe frito, com choco, enfim, venham elas que marcham. Todos os anos como das que cultivo num terreno adjacente à casa onde vivo em Cacela e essas têm um sabor especial.
Eduardo Estrela

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Duas belas connfissões de amor às favas!...As favas da nossa pobreza"... Obrigado, amigos. Já somos três... E para o ano há mais... LG

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Há mais de 6 décadas que não como as favas cozidas com chicharro frito, que também se fazia em casa... NO tempo em que as favas e o chicharro eram comidinha dos pobres... Tenho saudades desse prato da minha infância...LG

Valdemar Silva disse...

As favas são mais um "feijão" oriundo do ovo mundo, mais propriamente do Peru.
Como quase todas as crianças, eu não gostava de favas. Quando era tempo delas, lá aparecia a "horrorosa" sopa de favas.

E, agora, quem não gosta de um simples arroz de favas? Evidentemente que é o acompanhamento à guitarra para o frango cozido e alourado em azeite, alhos e chouriço mouro numa frigideira e à viola com um tintol de qualquer lado (desde que seja bom, diz o Augusto).

Por isso até o Eça de Queiroz escreveu:
“E pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz com favas.
Que desconsolo! Jacinto, em Paris, sempre abominara favas! …
Tentou todavia uma garfada tímida – e de novo aqueles seus olhos, que pessimismo enevoara, luziram, procurando os meus.
Outra larga garfada, concentrada, com uma lentidão de frade que se regala.
Depois um brado:
– óptimo!… Ah, destas favas, sim! Oh que fava!
Que delícia!”

É caso para dizer, quem não gosta de favas que como ....favas.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Como o Valdemar diz "como quase todas as crianças, eu não gostava de favas", só posso confirmar!
E secundando o Eduardo, embora não "escondesse" as favas do prato, a verdade é que não gostava e não escondia esse sentimento.
Mas lembro que não eram só as favas, também não gostava de cabeça de nado cozido. Nem sei porquê, mas era assim.
No entanto, a Guiné fez-me passar a gostar e a desejar os nabos, no cozido, a acompanhar outros pratos e também em pedacinhos na sopa de nabo.
Quanto às favas foi um pouco mais tarde, também "entrei" no sabor um tanto reticente mas agora já marcham, sim senhor.

Hélder Sousa