Guiné > Bissau > Julho de 1973 > Monumento do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, avenida marginal e área portuária.
Guiné > Bolama > Junho / julho de 1973 > Restos dos bons velhos tempos quando Bolama era a capital da Guiné, desde 1879 até 1941. Com a guerra, Bolama passou a ter um CIM (Centro de Instrução Militar) por onde passaram muitas unidades e subunidades em que aqui fizeram a IAO.
Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
T/T Carvalho Araújo a caminho da Guiné. A 26 de abril de 1970, avistámos à ré o T/T Vera Cruz (a caminho de Angola ou Moçambique, presumivelmente).
Foto (e legenda): © António Tavares (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guião da CCAÇ 2792 Cortesia do nosso tabanqueiro Amaral Bernardo, ex-alf mil médico, CCS/BCAÇ 2930 (Catió, 1970/72), esteve na CCAÇ 2726, uma companhia independente, açoriana, que guarneceu Cacine (1970/72); passou também cerca de um ano (1971) em Bedanda (CCAÇ 6); tem cerca de meia centena de referências no blogue.
1. A CCAÇ 2792 é mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande. Aliás, tem uma escassa meia dúzia de referências no nosso blogue. Tal não impede, antes pelo contrário, que se fale dela e da sua missão no sul da Guiné.
Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade) (*), vamos aqui destacar alguns dos pontos do seu historial, que nos parecem mais interessantes, para os nossos leitores. Em princípio são resumos feitos por um dos nossos editores. No caso de excertos, virão publicados com aspas ou itálicos.
Cap I - Mobilização, composição e deslocamento
para a província da Guiné
A CCAÇ 2792 destinou-se a render a CCAV 2485. A sua unidade mobilizadora foi o RI 16. Todavia a organização da Companhia processou-se no RI 1, no período de 17 a 29 de agosto de 1970.
Como já aqui foi dito, a Companhia era "constituída por militares naturais de diversas províncias metropolitanas, sendo contudo as maiores percentagens constituídas por militares naturais das regiões a Norte do Rio Douro e a Sul do Rio Tejo" (pág. 3/I).
Ficou pronta para embarque a partir de 16 de setembro de 1970. A cerimónia de despedida e da benção e entrega do guião foi na parada do RI 1, na tarde do dia 10. No dia 19, à meia-noite, iniciou-se a concentração do pessoal para embarque no cais da Rocha Conde de Õbidos, tendo terminado às 9h30.
Embarcou no T/T Carvalho Araújo, juntamente com a CCAÇ 2791. A viagem iniciou-se às 12h00 do dia 19.
Não compareceram, ao embarque, 3 oficiais subalternos da CCAÇ 2792. A história da unidade omite os seus nomes. O comandante da Companhia era o cap inf op esp Augusto José Monteiro Valente.
A viagem decorreu sem incidentes. O navio tocou o porto de Angra de Heroísmo para proceder ao desembarque das CCAÇ 2421 e CCAÇ 2422, ambas mobilizadas pelo BII 17, e que regressavam de Moçambique.
De seguida foi escalado o porto de Ponta Delgada onde embarcaram as CCAÇ 2789 e CCAÇ 2790, ambas do BII 19.
Foi ainda feita uma escala técnica, na ilha de São Vicente, Cabo Verde.
O T/T Carvalho Araújo chegou à Guiné em 2 de outubro de 1970, 13 dias depois da partida em Lisboa (normalmente a viagem marítima Lisboa-Bissau demorava cinco dias).
A CCAÇ 2792 foi encaminhada para o CIM de Bolama, onde realizou a IAO, integrada no BART 2924.
No dia 22 de outubro de 1970, ainda em plena IAO, é transferido, por motivos disciplinares, o seu único alferes, de operações especiais (de apelido Quinta).
Entretanto, são aumentados aos efetivos da Companhia, no último trimesttre de 1970, très alferes milicianos, atitradores de infantaria, um em 10 de novembro, outro em 24 de novembro e um terceiro a 22 de dezembro (respetivamente, António Carlos Monteiro Martins, Francisco Chaves Moura e Jorge Manuel Gomes Paiva, este último c0mo recomplemento; veio subtituir o alferes mil op esp Quinta),
Em 22 de maio de 1971, há o aumento (complemento) de um quarto alferes, também at inf (José Francisco Alonos).
A Companhia era composta por 5 oficiais, 17 sargentos e 144 praças, num total de 166 militares.
Houve naturalmente outros aumentos (complementos e recomplementos) e abates de pessoal, tanto de praças como de sargentos, ao longo da comissão, que não detalhamos aqui, porque seria fastidioso, embora essa informação pudesse ter algum interesse estatístico...
Há pelo menos 24 anexos (alterações à composição ao capítulo I), indiciando uma elevada taxa de rotação de pessoal. Infelizmente, falta-nos cópias de alguns anexos relativos aos meses de janeiro, março de julho de 1971, bem como ao ano de 1972 (só temos os meses de março, abril, junho e setembro), impossibilitando-nos de calcular o índice de "turnover" do pessoal, a partir do número de efetivos inicias e finais, bem como do número das entradas (aumentos) e saídas (abates) ao longo da comissão.
As razões dos abates são diversas: transferência por motivos disciplinares, morte, evacuação para o Hospital Militar Principal por ferimento em combate ou doença, etc. Há um caso, que nos parece pouco vulgar: o de um soldado at inf, que em 20 de novembro de 1970 é abatido ao efetivo por ter sido "desnomeado do Ultramar por despacho de S. Excia. o Secretário de Estado do Exército" (sic) (pág. 39/I).
Em todo o caso, em 16 anexos contámos 23 abates (de 1 alferes miliciano, de 6 furriéis milicianos e os restantes 16, de praças). Mas os aumentos (complementos e recomplementos) são mais: 26, sendo de 4 alferes milicianos, 1 primeiro sargento, 6 furriéis milicianos e os restantes, praças (15).
De qualquer modo, esse problema (a rotação de pessoal) era comum a muitas unidades e subunidades (se não a todas) que foram mobilizadas para a Guiné. No final do capítulo I, da história da CCAÇ 2792, o problema é posto em evidência:
(...) No aspeto de pessoal, a Companhia começou a sua vida na Guiné bastante mal, dada a falta de três oficiais com que embarcou na Metrópole, situação agravada posteriormente por o único subalterno presente ter sido transferido por motivo disciplinarEm consequéncia a Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO) decorreu sem subalternos. Estes só começaram a chegar quando a subunidadaes entrou em Sector.
Felizmente o espírito de corpo e de disciplina das praças era bastante forte e os sargentos chamados ao comando dos Grupos de Combate revelaram-se competentes para o cargo. A Compamhia, apesar das dificuldades por que passou no início, manteve-se coesa e disciplinada.
(...) Ao longo da comissão a Companhia foi sendo privada de furriéis quer, pelas suas suas qualidades, foram colocados em diligência em subunidades africanas. Para ocupar as suas vagas foram chegando furriéis recém-vindos da Metrópole, sem contacto com tropas e que colocados de repente no comando de militares já com meses de comissão, afetariam necessariamente o ritmo da atividade da Companhia. (...) (pág. 61/I).
(*) Vd. poste de 3 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24447: Casos: a verdade sobre... (34): A CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72), comandada pelo cap inf Augusto José Monteiro Valente (1944-2012), e depois maj gen ref, que embarcou para o CTIG sem três alferes (que terão desertado) e durante a IAO ficou sem o último, por motivos disciplinares...
6 comentários:
Era curioso saber os motivos das deserções e a razão disciplinar das transferências.Eu conheci oa capitão.
Carlos Martins Pereira
Carlos, essa informação é omissa na história da unidade...Na composição inicial da companhia só vêm, entre os oficiais, os nomes do capitão e do alferes, ambos de operações especiais, e este é logo transferido da companhia, "por motivos disciplinares", com menos de 3 semanas de Guiné, em plena IAO. (No caso de punições, temos por norma não publicar aqui no blogue o nome dos militares.)
Na história da unidade não há qualqiuer referência explícita a "deserções" ou "desertores"... Usa-se um "eufemismo": à partida, no embarque, faltaram 3 oficiais... Em nota manuscrista é que se diz, entre parênteses, "que desertaram"... Nas eu não sei de quem é a letra, pode ser do Monteiro Valente... ou não.
As CCaçs 2789 e 2790 eram oriundas do BII18 e fizeram a sua comissão de serviço em Bula.
Na chegada das CCaç 2421 e 2422, oriundas do BII17, eu estava de Sargento de Dia à Unidade.
A CCaç 3327 fez a Guarda de Honra às tropas que chegaram.
Abraço transatlântico.
JC
A título de curiosidade, a CCaç 2422/BII17 sofreu 9 baixas mortais. Foi condecorada por Portaria do Exército, 10 militares foram agraciados com Cruz de Guerra e um com Medalha de Valor, Cobre, c/Palma. Dados em “Unidades Açorianas” do nosso falecido amigo Dr. Carlos Cordeiro.
Assinei o comentário anterior como JC. Peço desculpa.
José Câmara
Conheci o pessoal da 2422, DIACA, batalhão caçadores 15, Mueda. Dos sobreviventes do rebentamento de minas AC, um deles era o Alemão, açoriano.
Conheci também o Carlos Cordeiro no CISMI, Tavira. Ele na recruta e eu na especialidade.
Joaquim Silvério
Zé Camara, que grande seca apanhou o pessoal das CCAÇ 2421 e 2422,regressando de Moçambique via Metrópole... Ficaram a conhecer ao menos a capital do Império... Outro braço transatlântico...
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