segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24784: Notas de leitura (1627): "Dos Sonhos e das Imagens, A Guerra de Libertação na Guiné-Bissau", por Catarina Laranjeiro; Outro Modo Cooperativa Cultural, 2021 (1) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 21 de Fevereiro de 2022:

Queridos amigos,
Reconheça-se a abordagem original desta tese de doutoramento sobre as representações históricas e políticas dos homens e mulheres que vão aparecer na filmografia que tanto impressionou todos aqueles que apoiavam a luta anticolonial, mostravam-se infraestruturas de educação e saúde, um povo que era encenado como homogéneo e totalmente representativo de todas as etnias, eram uma Nação na forja, um quase-Estado, um incontestável líder com reputação internacional, enfim filmografia apologética a uma nova sociedade, eram estas as imagens que circulavam pelos auditórios e que correspondiam, na íntegra, à estratégia diplomática idealizada por Cabral.

A pesquisa de Catarina Laranjeiro é de ir ao fundo da questão, saber se estes homens e estas mulheres estavam e ficaram cientes da uniformidade do projeto político que o PAIGC propunha implementar. Como veremos, há respostas assustadoras, e veremos que os horrores e pesadelos que esta propaganda do PAIGC atribuía aos portugueses era inteiramente vivida e sofrida pelas crueldades perpetradas nas chamadas zonas libertadas, logo com os recrutamentos forçados. Peço ao leitor que acompanhe o desenvolvimento do trabalho da Catarina Laranjeiro, deixa uma ampla margem de reflexão, abre espaço para novas investigações.

Um abraço do
Mário



A construção e a desconstrução das imagens sobre a Guerra de Libertação da Guiné-Bissau (1)

Mário Beja Santos

O livro Dos Sonhos e das Imagens, A Guerra de Libertação na Guiné-Bissau, por Catarina Laranjeiro, Outro Modo Cooperativa Cultural, 2021, baseia-se na tese de doutoramento da autora, é um misto de inventário historiográfico, análise sociocultural da imagem e trabalho etnográfico que a autora realizou em Unal, no Sul da Guiné, entre setembro de 2015 e abril de 2016, aqui voltou entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020.

A investigadora esclarece:

“A montante do trabalho etnográfico, esta investigação propus analisar os filmes realizados durante a guerra em tabancas das zonas libertadas, entre as quais o Unal foi escolhido como arquétipo (…) Este livro é sobre as imagens produzidas no decorrer da luta da Libertação da Guiné-Bissau e particularmente sobre os filmes documentais. 

Genericamente, estes filmes mostram como o PAIGC desenvolvia uma ação militar eficaz contra o exército colonial português enquanto construía uma nova sociedade, nas zonas libertadas, precursora da nação por vir. Enquanto instrumento de Luta, o cinema tinha por missão primeira construir uma memória documental e, em última instância, um arquivo; isto é, o que deveria ser dito no futuro sobre o presente quando este se tornasse passado (…) 

Esta investigação é movida pela vontade de compreender como uma imagem provoca outra, dispositivo fundamental da linguagem cinematográfica. Concretamente, como as sucessivas crises e a instabilidade política procederam uma Luta de Libertação particularmente promissora que assegurava estar a ser construída uma auspiciosa sociedade nas zonas libertadas. Para tal, importa considerar quem é que, antes e depois da independência, reclamou o poder de construir todas estas representações, quer as de sucesso, quer as de fracasso. Trata-se de debater a legitimidade e a autoridade que os processos históricos adquirem quando se tornam visualmente percetíveis”.

A autora quis ir mais longe, trabalhou em Unal, bastião do PAIGC, obteve inúmeros testemunhos.

“Com estes testemunhos, levei a cabo um exercício de contrastes com as narrativas fílmicas, de forma a aceder a outras narrativas, em particular as ligadas à cosmologia, enquanto arena de resistência política, cultural e militar. Através deste exercício, examinei como a história da Luta da Libertação tem sido instrumentalizada para legitimar ou confirmar versões dos acontecimentos que carecem de discussão”.

Dando primazia ao quadro colonial e à luta pela independência, Catarina Laranjeiro dá-nos uma síntese da presença portuguesa, a alvorada dos movimentos emancipalistas, o crescente predomínio do PAIGC na Luta de Libertação, é indiscutível que leu algumas das obras mais relevantes, isto sempre num quadro convencional em que infelizmente cai a generalidade dos historiadores, nem uma palavra sobre o hiato que vai entre o início da guerra e a chegada de Spínola, é o tal buraco que só será preenchido quando os doutos investigadores se lembrarem que existem arquivos da Defesa Nacional e do Ultramar que, no caso vertente, superam o que possa constar no Arquivo Salazar ou documentação existente noutros arquivos idóneos, como a documentação de Amílcar Cabral na Fundação Mário Soares e Maria Barroso. Paciência, melhores tempos virão.

A autora destaca, e reconheçamos vem a propósito, o papel dos Balantas na guerrilha, o papel das mulheres na Luta, a questão animista com a qual Cabral contundia com cuidado, tratando-a por “liquidação progressiva dos restos de mentalidade tribal”, ele suponha que a cultura da Luta superasse o sistema religioso da grande maioria da população guineense, devota a espíritos que em crioulo se designam de Irãs, reconheça-se que a autora prima no campo da inovação das investigações trazendo para a mesa da discussão estas forças religiosas que não vão aparecer na filmografia propagandística que percorreu mundo.

Ainda dentro desta síntese histórica, a autora dá-nos um quadro sumário sobre a violência política pós-independência, as propostas ideológicas de Cabral para a descentralização e para a participação das populações vão sendo sucessivamente ignoradas, as populações rurais acabaram entregues à sua sorte, viraram as costas aos comités das tabancas, isto enquanto o país avançava para o colapso económico e a miséria recrudescia, dá-se o golpe de Estado de 14 de novembro de 1980, é a separação da Guiné de Cabo Verde, não abranda o clima de violência política, vai ser retomada a questão Balanta, que terá o seu ponto alto nas execuções de Paulo Correia e outros, temos seguidamente o conflito político-militar, e a autora anota bem que “Finda a Luta de Libertação, a rebeldia e a resistência da população guineense deixaram de ser valorizadas quer pelas vanguardas políticas que apoiaram o PAIGC, quer pelo próprio partido”

Gradualmente, o farol revolucionário que era atribuído à Guiné-Bissau apagou-se e a Guiné foi incluída nos circuitos do narcotráfico e tratada até hoje como um Estado falhado.

A segunda vertente do trabalho de Catarina Laranjeiro é da interpretação das imagens, como hoje se vê aquele passado, imagens muitas vezes encenadas, muito ao gosto do que via ser passado para emocionar as plateias, sobretudo aquelas que apoiavam a luta anticolonial, a autora revela-se bem conhecedora da história das imagens e do seu desempenho e o papel do mito, os seus significados sociais, a nossa perceção pelo visual, a dupla temporalidade da imagem e da memória, a representação das cenas de combate ou daquela atividade humilde de transportar à cabeça munições ou alimentos, mostrar esses anónimos como figurantes do entusiasmo da luta. 

E essa representação cénica até pode vir a incluir as imagens dos encontros entre as tropas portuguesas e o PAIGC, as iniciais revelando um misto de desconfiança e acanhamento, posturas rígidas, mesmo quando alguns dos protagonistas conversam com o semblante ameno, os outros em expetativa, mesmo fugindo com o olhar à objetiva.

Esta reflexão sobre a imagem é uma inovação nos estudos, abre a porta ao questionamento do que se pretendia passar para o exterior e vir a utilizar o interior como apêndice histórico. E daí o mergulho que a autora procede no Cinema de Libertação na Guiné-Bissau, indo mesmo aos acervos existentes no INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, onde se guardam imagens da administração colonial, buscando a sua utilidade: 

“O grande propósito destas imagens era promover, na sociedade metropolitana, sensações de proximidade e pertença, tornando próxima e aparentemente segura uma guerra que acontecia numa terra que, supostamente, lhe pertencia”

Em contrapartida, o PAIGC criava a sua máquina de propaganda, dava a sugestão das atrocidades cometidas pelo Exército Português, desvelavam-se as infraestruturas nas zonas libertadas, afluíram à Guiné cineastas estrangeiros, vieram nomeadamente da Argélia, Suécia e Cuba.

A autora resume a principal filmografia e interroga-nos sobre o que se mostrava externa e internamente: a construção de um Estado por vir. Vale a pena ter em consideração os comentários tecidos pela autora.


(continua)
Amílcar Cabral
Casal de combatentes
Preparação do canhão

Três imagens retiradas de Os esboços da nação guineense em Madina Boé (1968), de José Massip

Um dos primeiros cineastas guineenses, Sana Na N’hada, fotografia é retirada do Jornal O Democrata, Guiné-Bissau, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE OUTUBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24775: Notas de leitura (1626):"Portugueses em África, Uma Breve História, Da Conquista de Ceuta à Descolonização", por Pedro Rabaçal; Marcador Editora (Editorial Presença), 2017 (Mário Beja Santos)

18 comentários:

Anónimo disse...

O Mário Beja Santos continua a vender-nos estas maravilhas: Diz ele:

"Estes filmes mostram como o PAIGC desenvolvia uma ação militar eficaz contra o exército colonial português enquanto construía uma nova sociedade, nas zonas libertadas, precursora da nação por vir."

A nação nunca veio, após os grandes combatentes se terem morto quase todos uns aos outros,continua, tantos anos após a independência, de mão estendida.

Lindo...

Abraço,

António Graça de Abreu

Hélder Valério disse...

Apenas para situar....
O Beja Santos não diz
O que está escrito é:

A investigadora esclarece:

“A montante do trabalho etnográfico, esta investigação propus analisar os filmes realizados durante a guerra em tabancas das zonas libertadas, entre as quais o Unal foi escolhido como arquétipo (…) Este livro é sobre as imagens produzidas no decorrer da luta da Libertação da Guiné-Bissau e particularmente sobre os filmes documentais.

Genericamente, estes filmes mostram como o PAIGC desenvolvia uma ação militar eficaz contra o exército colonial português enquanto construía uma nova sociedade, nas zonas libertadas, precursora da nação por vir. Enquanto instrumento de Luta, o cinema tinha por missão primeira construir uma memória documental e, em última instância, um arquivo; isto é, o que deveria ser dito no futuro sobre o presente quando este se tornasse passado (…)

Trata-se, portanto, de escrito da investigadora e não do Beja Santos.

Mas isso o que importa?

Hélder Sousa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Vd. a nossa série "Rivoluzione...fotogenica"

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Rivoluzione...%20fotogenica

Anónimo disse...

Patricio Ribeiro (by email)

22 out 2023 10:05

Fogo no lodo, filme que"recomendo"

Caros,

Recomendo, verem no cinema, Culturgest dia 25, realizado pela Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, o comentário feito no sul da Guiné sobre a tabanca de UNAL, a sul de Buba.

Sobre a realidade atual da tabanca, o que passaram a guerra colonial, e a cultura do arroz de bolanha.

Ontem tive oportunidade de o ver no cinema S. Jorge em Lisboa

Abraço


Patricio Ribeiro


impar_bissau@hotmail.com

Morais Silva disse...

Pela primeira vez venho a terreiro louvar e destacar a participação de Beja Santos no blogue, salientando o quanto tenho aprendido com os seus escritos sobre o passado da Guiné. Escritos esses que revelam muito trabalho de pesquisa que, confesso, bem merece maior reconhecimento.
Quanto a esta errada apreciação de António Abreu, se bem julgo este, tratou-se de lapso de leitura apressada. Todos lamentamos que a terra a que ficamos ligados, apesar do sacrifício suportado, não tenha tido o futuro que os guineenses e, em particular, a minha POP amiga de Gadamael bem merecia.

Anónimo disse...


Não querendo questionar nem sub-estimar a análise social e política e a evolução da realidade guineense (que não conheço), não entendo as referências repetidas a "zonas libertadas" que os novos escreventes referem continuamente, entendendo-as como zonas onde havia uma estrutura político-social e militar inexpugnável, com governação própria, onde a tropa portuguesa "não punha o pé". (Atenção, que fui e sou contra a guerra colonial).
Já discuti isto com uma moça natural da Guiné, nascida depois da independência e acho que ficou esclarecida, como sendo propaganda BEM FEITA, mesmo antes da própria independência pelo próprio PAIGC. Fizeram até constar que a declaração de independência (antes do 25 de Abril) foi feita numa zona libertada e ainda hoje não é certo onde tenha sido feita.

Mantenhas
Alberto Branquinho

JB disse...

O primeiro comentário a este texto termina:

“….continua,tantos anos após a independência,de mão estendida.”

Sendo a humildade virtude recomendável, não se deverá escamotear a existência de outras nações ,mais próximas em tudo que a referida Guiné ,pelas vicissitudes que muitas das historiografias nacionais acarretam,continuam de “mão estendida” após (ao contrário da mesma Guiné) muitos séculos de independência decorridos.

Terá que admitir-se a possibilidade,nos juízos e critérios valorativos do comentador,diferenças de “sensibilidade”quanto às mãos estendidas.
Os auxílios de sobrevivência(!) economica,e outros subsídios,por parte da União Europeia e outras instituições da finança internacional sofrem ,nos seus pragmatismos, intrínsecas dificuldades quanto a distinções “de forma” entre pobres envergonhados e…..pobres desenvergonhados!

Mas haverá virtudes (ou subjetividades) financeiras internacionais?

Um abraço do JBelo

Eduardo Estrela disse...

Para o Mário Beja Santos o meu agradecimento pelo extraordinário trabalho que tem desenvolvido na recolha de elementos sobre a Guiné que, colocados no blogue das nossas memórias, o enriquecem e dignificam.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela

Carlos Vinhal disse...

Caro Hélder, sinceramente, estou estupfacto por o nosso amigo e camarada Graça de Abreu ainda não ter percebido que os textos em itálico são transcrições dos autores e não comentários do outro nosso amigo e camarada Mário Beja Santos. Compreendo que a ânsia de fazer fogo é tanta que qualquer pretexto é válido. Todos nós, os antigos operacionais, sabemos que o fogo para ser eficaz tem de ser certeiro e feito com calma para não desperdiçar munições.
Carlos Vinhal

Joaquim Luis Fernandes disse...

Seria interessante saber se esta investigação se debruçou sobre quanto de verdadeiro e falso, com as realidades desse tempo, estava subjacente nas narrativas encenadas nos filmes de propaganda do PAIGC. Exemplos:
Os dois terços do território da Guiné como zonas libertadas; Dotadas de postos administrativos, escolas, hospitais e centros de saúde, armazéns do povo, etc.
À falta de melhor e irrefutável informação, a minha perceção é que o estado da Guiné Bissau foi erigido sobre alicerces falsos e daí o seu descalabro passados poucos anos após a sua criação.
Agora juntam-se os cacos tentando construir algo sólido e duradouro, Assim seja.

Eduardo Estrela disse...

Todos nós que na Guiné largámos a pele e a alma, sabemos que a história dos dois terços de área libertada não correspondiam à realidade.
A propaganda funcionava num e noutro lado da barricada tal como agora, esgrimindo números adulterados pela ânsia de fazer crer.
Numa das colunas que comandei de Cuntima a Farim, accionámos numa delas uma AC. Felizmente só houve danos materiais. Mas à noite e durante a emissão da rádio do PAIGC, foi noticiado que as forças de libertação tinham causado naquele itinerário três mortos e vários feridos às forças colonialistas. Não sei se terá sido o comandante do PAIGC que enviou a notícia já adulterada ou se foi em Conakri que a fabricaram.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela

paulo santiago disse...

Subscrevo os comentários do Helder Sousa, Morais da Silva,e Vinhal.
O Abreu destila ódio ao BS...ele abandonou o maoismo,mas o maoismo continua nele.

Santiago

Valdemar Silva disse...

O que mais me preocupa, por já não fazer parte da nossa sociedade democrática, é haver como que um coronel do lápis azul a exigir, com observações de censura, todos os escritos publicados que falem mais ou menos do PAIGC e do colonialismo como no tempo salazarento.

A preocupação de pensar que nos transformamos em "que queridinhos que eles eram" tem por permissa que todos somos uns totós, e ainda pior manter a ignorância sobre a história colonial portuguesa.

Valdemar Queiroz

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas
Mais uma vez surgiu um(a) incletual a falar da Guiné e a louvar o PAIGC. Desta vez foi no cinema. Confesso que não tenho paciência ou resiliência para estas incletualices. Mas o pior é que nós vamos atrás das "exposições" que são feitas e pomo-nos a discutir uns com os outros. Enfim temos que os aturar pois também são criaturas de Deus!
Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...


PÓIS, PÓIS, Valdemar e Pereira da Costa!!!

Perspectivas modernaças que SÓ conseguem ver a "realidade" por uma via, NUM SÓ SENTIDO.
Até parece que ver no sentido do outro sentido (pelo menos de quem foi obrigado a sofrer aquela guerra e não pôde fugir-lhe) é matéria proibida.
E ASSIM SE FAZ HISTÓRIA E A LITERATURA PARA O FUTURO...

Eu não vou poder estar lá.

Mantenhas
Alberto Branquinho

Valdemar Silva disse...

Alberto Branquinho
Haver alguém que lhe passe pela cabeça, que nós em cima dos oitentas, achamos que os do PAIGC 'até' eram uns gajos porreiros ou os portugueses de quatrocentos não eram uns valentões e só queriam maltratar os pretos?
Se há, está a ver mal o filme e com tiques de coronel protector do portuguesismo salazarento(*).
Quanto não vale ver e perceber o filme, calado e a comer pipocas.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

(*)portuguesismo salazarento fez parte do sistema politico que em vez de aproveitar milhões de jovens no desenvolvimento do país preferiu envia-los para a guerra durante treze anos.

JB disse...

A maioria dos livros,com a análise e documentação neles contida,são resultante de pesquisa académica sistemática por parte de quem os publica.
Para alguns,estes livros a não serem resultantes de “infantibilidades”ingénuas,serão resultantes de agendas políticas mais ou menos escamoteadas.
Mas quem são os autores?
Qual o tipo de investigação histórica por eles realizada nos respectivos países?

Acabamos por verificar que os mesmos não fazem parte de conspiração internacional centralizada.
As “chafaricas” ideológicas que os poderão ter formado (deformado?) são profundamente díspares tanto nos conteúdos como
na ampla diversidade geracional.

A guerra na Guiné terá tido características e intensidade operacional muito distintas,tanto no início dos anos sessenta,meados dos mesmos anos,e início dos anos setenta.

Para a maioria de nós,nos seus tão curtos vinte anos de idade,a capacidade (ou possibilidade) de analisar e integrar observações e experiências pessoais num contexto militar abrangente, num contexto político nacional,e ainda menos num importantíssimo contexto político internacional…..eram bem limitadas!

As novas gerações de estudiosos interessados nos meandros daquela guerra dispõem hoje de acessos à vasta documentação nacional e internacional que lhes permite “olhar de cima para baixo”.
As gerações participantes na guerra estavam automaticamente limitadas por um “olhar de baixo para cima”.

Um exagero dos escritores quanto a análises e valorização do PAIGC?
Foram prioritariamente os êxitos do PAIGC (de então!) nos seus contactos e apoios internacionais que levam ainda hoje a este interesse por parte dos investigadores nacionais e internacionais.

Um abraço.
JBelo

antonio graça de abreu disse...

Peço desculpa ao Mário por ter citado como sendo do Beja Santos palavras que não eram directamente dele. Só agora dei por isso. Não tenho ódio a ninguém, limito-me frequentemente a não concordar com algumas análises do Mário. Vou tentar ter mais tento na escrita.

Abraço,

António Graça de Abreu