Lisboa > Mesquita Central de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015) > Da esquerda para a direita, (i) Cor Ferreira A A Silva, (ii) sobrinho e (iii) filho do Amadú [que vive em Londres], (iv) José António A Pereira (da 38ª CCmds), (v) filho mais do Amadú [que vive em Lérida, Espanha], (vi) neta do Amadu, (vii) Saiegh (do BCCmds Africanos), (viii) Mário Dias, (ix) Virgínio Briote e (x) um outro guineense não identificado.
Foto (e legenda): © Giselda Pessoa (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e kegendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Lisboa > Mesquita Central de de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló > Da esquerda para a direita, Jaquité (fur cmd BCmd da Guiné), cor cmd Raul Folques (cmdt BCmds da Guiné), Amílcar Mendes e José António Pereira, ambos da 38ª CCmds, Virgínio Briote.
Foto (e legendagem): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e kegendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Capa do livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada)
[1] Nos 8 tomos do 5º volume da CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) (...) , não existe referência à referida condecoração.
Lisboa > Mesquita Central de de Lisboa > 20 de fevereiro de 2015 > O último adeus ao Amadu Bailo Jaló > Da esquerda para a direita, Jaquité (fur cmd BCmd da Guiné), cor cmd Raul Folques (cmdt BCmds da Guiné), Amílcar Mendes e José António Pereira, ambos da 38ª CCmds, Virgínio Briote.
Foto (e legendagem): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e kegendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Capa do livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada)
O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)
1. Ainda com base no manuscrito, digitalizado, do livro do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) (*), vamos publicar os "Anexos" (pp. 287-299)
O nosso camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra , facultou-nos uma cópia digital. (O Virgínio, com a sua santa paciência e a sua grande generosidade, gastou mais de um ano a ajudar o Amadua a pòr as suas memórias direitinhas em formato word, a pedido da Associação dos Comandos, a quem, de resto, manifestamos também o nosso apreço e gratidão...).
O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem cerca de 120 referências no nosso blogue. Tinha um 2º volume em preparação, que a doença e a morte não lhe permitaram ultimar. As folhas manuscritaas foram entregues ao Virgínio Briote com a autorização para as transcrever (e eventualmente publicar no nosso blogue). Desconhecemos o seu conteúdo, mas já incentivámos o nosso coeditor jubilado a fazer um derradeiro esforço para transcrever, em word, o manuscrito do II volume (que ficou incompleto). E ele prometei-nos que ia começar a fazê-lo, "para a semana"...
I. Algumas Notas sobre o Amadu Bailo Djaló (pp. 288/289)
(i) Amadu Bailo Djaló nasceu em Bafatá, em 1940;
(ii) filho de Cherno Iaia Djaló e de Ana Condé;
(iii) aos 14 anos, o irmão mais velho levou-o para Boké, para casa de um tio, de onde era natural a mãe; o pai era de Fulamorie, também da República da Guiné-Conakry.
(iv) um ano depois regressou a Bafatá; aos 16 anos conheceu, pela primeira vez, Bissau e um ano depois Bolama;
(v) desde muito jovem quis ganhar dinheiro e ser independente: começou por organizar bailes e festas, juntamente com um primo, para a juventude de Bafatá, a quem cobrava as entradas; as meninas de então chamavam ao Amadu Mari Velo;
(vi) enquanto não foi incorporado, foi trabalhando na construção civil, primeiro no Gabu, como capataz, um pouco mais tarde em Bafatá (estávamos em 1958);
(vii) nos princípios de janeiro do ano seguinte, regressou a Bafatá; como sabia ler e escrever, foi para a campanha da mancarra; aos 20 anos quis dar um salto, tornar-se verdadeiramente independente: conseguiu abrir uma banca para negociar no Mercado de Bafatá;
(viii) mas a incorporação estava à porta: recenseado pelo concelho de Bafatá, sob o nº 21 em 1962, foi alistado em 04jan62, como voluntário, no Centro de Instrução Militar;
(ix) depois da recruta em Bolama, seguiu-se o CICA/BAC, em Bissau, depois Bedanda na 4ª CCaç, a 1ª CCaç em Farim;
(x) regressou à CCS/QG, depois os Comandos de 1964 a 1966, voltou à CCS/QG, depois os BCav 757, BCac1877, BCav1905 e BCac2856, todos sediados em Bafatá;
(xi) em meados de Jul69foi transferido para a 15ª CCmds, seguindo-se então a 1ª CCmds Africanos, o BCmds da Guiné e a CCaç21 (base em Bambadinca) até ao 25 de Abril de 1974;
(xii) foi promovido a 1º Cabo em 1Jan66 e louvado pelas actuações em operações no ano de 1966; novamente louvado em 1967, em OS do BCaç1877, de 30Set67, pelo seu comportamento em acções de combate durante o ano de 1967 (07Jan/24Set67);
(xiii) foi graduado em furriel em 6Fev70 e 2º Sargento em 7Nov71, tendo sido louvado pelas acções em que participou durante o ano de 1972. Condecorado com a Medalha de Cruz de Guerra de 3ª Classe em 1973[1].
(xiv) foi novamente graduado em alferes em 28Jun73; pela sua actuação nas operações durante o ano de 1973 recebeu novo louvor.
(xv) Passou à disponibilidade em 01Jan75, devido à independência do território da Guiné.
A carreira militar de Amadu Bailo Djaló em datas:
O nosso camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra , facultou-nos uma cópia digital. (O Virgínio, com a sua santa paciência e a sua grande generosidade, gastou mais de um ano a ajudar o Amadua a pòr as suas memórias direitinhas em formato word, a pedido da Associação dos Comandos, a quem, de resto, manifestamos também o nosso apreço e gratidão...).
O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem cerca de 120 referências no nosso blogue. Tinha um 2º volume em preparação, que a doença e a morte não lhe permitaram ultimar. As folhas manuscritaas foram entregues ao Virgínio Briote com a autorização para as transcrever (e eventualmente publicar no nosso blogue). Desconhecemos o seu conteúdo, mas já incentivámos o nosso coeditor jubilado a fazer um derradeiro esforço para transcrever, em word, o manuscrito do II volume (que ficou incompleto). E ele prometei-nos que ia começar a fazê-lo, "para a semana"...
Anexos
I. Algumas Notas sobre o Amadu Bailo Djaló (pp. 288/289)
(i) Amadu Bailo Djaló nasceu em Bafatá, em 1940;
(ii) filho de Cherno Iaia Djaló e de Ana Condé;
(iii) aos 14 anos, o irmão mais velho levou-o para Boké, para casa de um tio, de onde era natural a mãe; o pai era de Fulamorie, também da República da Guiné-Conakry.
(iv) um ano depois regressou a Bafatá; aos 16 anos conheceu, pela primeira vez, Bissau e um ano depois Bolama;
(v) desde muito jovem quis ganhar dinheiro e ser independente: começou por organizar bailes e festas, juntamente com um primo, para a juventude de Bafatá, a quem cobrava as entradas; as meninas de então chamavam ao Amadu Mari Velo;
(vi) enquanto não foi incorporado, foi trabalhando na construção civil, primeiro no Gabu, como capataz, um pouco mais tarde em Bafatá (estávamos em 1958);
(vii) nos princípios de janeiro do ano seguinte, regressou a Bafatá; como sabia ler e escrever, foi para a campanha da mancarra; aos 20 anos quis dar um salto, tornar-se verdadeiramente independente: conseguiu abrir uma banca para negociar no Mercado de Bafatá;
(viii) mas a incorporação estava à porta: recenseado pelo concelho de Bafatá, sob o nº 21 em 1962, foi alistado em 04jan62, como voluntário, no Centro de Instrução Militar;
(ix) depois da recruta em Bolama, seguiu-se o CICA/BAC, em Bissau, depois Bedanda na 4ª CCaç, a 1ª CCaç em Farim;
(x) regressou à CCS/QG, depois os Comandos de 1964 a 1966, voltou à CCS/QG, depois os BCav 757, BCac1877, BCav1905 e BCac2856, todos sediados em Bafatá;
(xi) em meados de Jul69foi transferido para a 15ª CCmds, seguindo-se então a 1ª CCmds Africanos, o BCmds da Guiné e a CCaç21 (base em Bambadinca) até ao 25 de Abril de 1974;
(xii) foi promovido a 1º Cabo em 1Jan66 e louvado pelas actuações em operações no ano de 1966; novamente louvado em 1967, em OS do BCaç1877, de 30Set67, pelo seu comportamento em acções de combate durante o ano de 1967 (07Jan/24Set67);
(xiii) foi graduado em furriel em 6Fev70 e 2º Sargento em 7Nov71, tendo sido louvado pelas acções em que participou durante o ano de 1972. Condecorado com a Medalha de Cruz de Guerra de 3ª Classe em 1973[1].
(xiv) foi novamente graduado em alferes em 28Jun73; pela sua actuação nas operações durante o ano de 1973 recebeu novo louvor.
(xv) Passou à disponibilidade em 01Jan75, devido à independência do território da Guiné.
A carreira militar de Amadu Bailo Djaló em datas:
- 1º Cabo em 1Jan66;
- Furriel Graduado em 6Fev70;
- 2º Sargento Graduado em 7Nov71;
- Alferes Graduado em 28Jun73, até à passagem à disponibilidade;
- Desgraduado (sem o seu acordo), por despacho de 18Nov86, com efeitos a partir de 1Jan75, regressando ao posto de 1º Cabo, posto que possuía antes das sucessivas graduações;
- Presente á JHI / HMP em 19Mar87, foi julgado apto parcialmente para o trabalho, com a desvalorização de 23,5% por agravamento de ferimentos em combate. [2]
Notas do autor ou do editor:
[1] Nos 8 tomos do 5º volume da CECA - Comissão para o Estudo das Campanhas de África, 1961-1974 - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) (...) , não existe referência à referida condecoração.
[2] Estes dois últimos parágrafos não constam da edição em papel (pág. 289). (LG)
(Revisão / fixação de texto: LG)
___________Nota do editor LG:
(*) Último poste da série > 8 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25147: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - XLIV (e última): Um "pária" na sua terra, humilhado e ofendido pelos novos senhores da guerra: "O povo não tem cor, nem medida, nem peso, é tudo falso" (pp. 280/286)
(*) Último poste da série > 8 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25147: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - XLIV (e última): Um "pária" na sua terra, humilhado e ofendido pelos novos senhores da guerra: "O povo não tem cor, nem medida, nem peso, é tudo falso" (pp. 280/286)
(**) Sobre a infância, adolescência e juventude antes da tropa, vd, os postes:
3 comentários:
É interessante relembrar aqui os "sonhos" que o pai do Amadu, emprego do Assado, libanês de Bafatá,
tinha para o filho... Os pais querem sempre "o melhor do mundo" para os filhos..
Queria vê-lo com os galões de oficial "francês"e não com as reles dívisas de cabo "português" ...
Pergunto-me: O que teria sido a sua vida ao serviço de Sekou Toure ou até do Amílcar Cabral ?
Temos de reconhener a grande "crueldade" das potências coloniais europeias da época que retalharam, a regua e esquadro, a África a seu bel prazer (neste caso a França, muito mais "imperial" do que Portugal
...).
Caros amigos,
Penso que com este Poste ficou bem claro que, no caso do Amadu Djaló, não se tratou de nenhum serviço obrigatório, mas sim de um alistamento voluntário e que já era do desejo do pai. O pai do Amadu Djaló, nascido em 1895, tivera certamente, conhecimento dos recrutamentos feitos por França nas suas colónias em África no decurso das duas guerras mundiais e ambicionava o mesmo para os seus filhos, embora estivesse equivocado no que respeitava aos "galões", pois do lado francês também o máximo que os "pretos" conseguiam era o posto de "Sergent", como foram os casos das tristes figuras de Bokassa ou Gnassingbé Eyadéma, utilizados para subverter e destabilizar os novos países "independentes" da França.
Outro aspecto que também aqui fica bem esclarecido é a tal ilusão de que todos eram portugueses e tal...
Quando os burocratas militares em Lisboa pressentiram que o sobrevivente Amadu Djaló tinha conseguido furar todas as barreiras, prováveis e improváveis e vinha pedir a reposição de eventuais direitos, resolveram cortar-lhe as asas com uma despromoção que o empurrava do Posto de Alferes para o de um Cabo, quase nada, tudo porque o país tinha mudado, mas ainda continuava a ser o mesmo Portugal dos pequeninos, dos mesquinhos, daqueles com aversão a respeitar os direitos adquiridos com suor e sangue dos pobres pretos que, ingenuamente, pensavam que a sua chegada a Portugal representaria o fim do calvário.
Cordialmente,
Cherno Baldé
É isso mesmo amigo Cherno!!
O que fizeram ao Amadu e o que não fizeram a todos os outros guineenses que combateram integrados no exército português, é simplesmente aviltante e vergonhoso.
Abraço
Eduardo Estrela
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