Gazeta das Colónias, Ano I, nº 20,Lisoa, 12 de março de 1925 (Com a devida vénia à Hemeroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa)
1. Timor, tal como a Guiné, ocupava pouco espaço (e tempo) na cabeça dos "colonialistas" da I República e na imprensa de temática colonial.
As "joias da coroa" continuavam a ser para tanto para monárquicos como republicanos Angola e Moçambique, as duas grandes colónias, com potencialidades como "terras de povoamento", que despertavam "a cobiça dos nossos rivais" europeus. Mesmo depois da I Grande Guerra, e da criação da Sociedade das Nações, a soberania portuguesa sobre estes territórios estava longe de estar assegurada. Daí a República se ter tornada uma acérrima defensora do "império colonial".
Além disso, tanto a Guiné como Timor vão continuar a ser, nos anos 20 e 30, os piores lugares de desterro (para deportados políticos e presos de delito comum), pelo mau clima, pela lonjura e pelo isolamento (**).
Nos 38 números da "Gazeta das Colónias", publicados em dois anos e picos (entre 19/6/1924 e 25/11/1926) e disponíveis em formato html e pdf na Hemeroteca Digital de Lisboa, não encontrámos nenhum cuja capa exibisse um motivo guineense (monumento, topónimo, paisagem, etnia...). E sobre Timor, encontrámos apenas esta a capa que publicamos acima publicamos, da edição nº 20, de 12 de março de 1925.
Recorde-se que a "Gazeta das Colónias" teve por diretores os majores Oliveira Tavares (que foi também seu administrador até ao n.º 2), António Leite de Magalhães (1878-1944) — a partir do n.º 21, de 25 de abril de 1925 — e José Veloso de Castro (1869- 1930) — do n.º 37 (10 de setembro de 1926) em diante; foram seus editores Maximino Abranches e, a partir do n.º 6 (7 de agosto de 1924), Joaquim Araújo — resumindo-se a este pequeno núcleo a sua estrutura 'fixa', composta à vez por duas pessoas, onde não não havia corpo de redatores." (...)
Em contrapartida, tinha um vasto leque de colaboradores, muitos deles "africanistas" e "colonialistas", com experiência de administração colonial.
A publicação vai encerrar com o nº 41, de 25 de novembro de 1926, já em plena Ditadura Militar, instaurada com o golpe militar de 28 de maio de 1926.
Neste pequeno artigo, o autor, F. C. da Silveira Fernandes (administrador colonial. de quem não sabemos mais nada) fala das "potencialidades agrícolas" da pequena colónia do sudoeste asiático (nomeadamente em culturas como a do arroz e do café), e não deixa de fazer comparações com os "rivais holandeses".
Um dos pontos fracos do território era as comunicações (interna e externas), tal como h0je. E o autor dá como termo de comparação a ilha de Java, colónia holandesa, com os seus 4 mil quilómetros de caminhos de ferro, as suas infraestruturas portuárias, etc.... A prosperidade de Java é aquela que o autor sonhava para Timor. E pergunta: "Têm porventura os outros mais valor e capacidade colonizadora do que nós?"... Resposta pronta e patriótica: "Não, não têm porque o muito que eles sabem aprenderam connosco"...
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Nota do editor:
5 comentários:
Veja-se a foto de "Dilly", a baía de "Dilly" (era assim que se escrevia em 1925)... A cidade devia ser o palácio do Governador (!) e pouco mais...
".. Resposta pronta e patriótica: "Não, não têm porque o muito que eles sabem aprenderam connosco"..."
Esta é boa, aprenderam como, se não há nada que possa servir para aprendizagem.
Valdemar Queiroz
Mark Rutte Pede Desculpas À Indonésia Pela Violência Usada Durante a Revolução Nacional Da Antiga Colónia
Portugueses na Holanda 18.02.22
https://portuguesesnaholanda.blogs.sapo.pt/mark-rutte-pede-desculpas-a-indonesia-379754
Na tarde de quinta-feira, o primeiro-ministro Mark Rutte ofereceu as suas "profundas desculpas" ao povo da Indonésia em uma resposta inicial à investigação sobre a violência usada pelos militares holandeses durante a Revolução Nacional da Indonésia (1945-1949). Rutte também acha que as desculpas são apropriadas para "todos na Holanda que têm que conviver com as consequências, incluindo os veteranos".
O relatório apresentado na quinta-feira mostra que o exército holandês usou violência estrutural e extrema em larga escala durante a Revolução Nacional da Indonésia (1945-1949). A violência foi deliberada e os responsáveis em Den Haag teriam aprovado isso como táctica de dissuasão.
Rutte considera as conclusões de "difíceis e inevitáveis" e acredita que a Holanda "deveria encarar a verdade". "A Holanda travou uma guerra colonial em que a violência extrema foi sistemática e amplamente utilizada, até a tortura, que na maioria dos casos ficou impune", disse o primeiro-ministro.
"A cultura predominante era de olhar para o lado, esquivar-se e um sentimento equivocado de superioridade colonial. Essa é uma observação dolorosa, mesmo depois de tantos anos, e temos que levar isso em conta", disse Rutte.
O primeiro-ministro sublinha que a responsabilidade não recai sobre os soldados individualmente ou outros militares, mas "em primeiro lugar" com as autoridades (o governo, o parlamento, as forças armadas como instituição e as autoridades judiciárias) da época.
A Nova Posição Do Governo
As conclusões do relatório não estão de acordo com a posição anterior do governo holandês, que remonta a 1969, disse Rutte. Nesse chamado memorando de excessos, afirmava-se que não se tratava de atrocidades sistemáticas. Actos excessivos de violência foram a excepção.
"Mais de meio século depois, temos que nos distanciar dessa conclusão", disse o primeiro-ministro na quinta-feira. Ele também se desculpou pelo "desinteresse dos governos anteriores".
O primeiro-ministro não quer classificar a "violência extrema" como crimes de guerra. "Essa é uma qualificação legal e uma questão para o Ministério Público", disse Rutte.
Em Março de 2020, o rei Willem-Alexander já tinha pedido desculpas pela violência durante uma visita oficial à Indonésia.
Em 2005, durante uma visita ao país, o então ministro das Relações Exteriores, Ben Bot, disse que a Holanda estava "do lado errado da história" com as tentativas de impedir à força a independência da Indonésia.
Não sabia que o termo "pico" designava, segundo o Dicionário de Língua Portuguesa Priberam, uma antiga unidade de peso da China.
Vejo pelo texto que um pico eram 62 quilos, em 1925. A antiga colónia holandesa de Java (a principal ilha da Indonésia onde fica hoje a capital, Jacarta) produzia 500 mil picos de café nos anos 20 do século passado, ou sejam, 31 mil toneladas de café...
A luta pela independência da Indonésia também não foi pera doce...
https://en.wikipedia.org/wiki/Indonesian_National_Revolution
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