Olá, uma boa tarde a todos,
Acabo de ler o poste P9823 referente à mensagem do amigo Carlos Jorge Marques Pereira, Ex-Fur Mil IOI / COP 3, Bigene / Guidage 72-74, conhecido entre o pessoal de Transmissões de Guidaje e Cop 3 por “Lobo”. Assim como li o poste P9751: FAP na guerra da Guiné, do também amigo António Martins de Matos (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74, actualmente Ten Gen Ref).
O ex-Ten Pilav António Martins de Matos participou no desenrolar do assédio do PAIGC a Guidaje, alargando eu ao período de 6 de Abril a 29 de Maio de 1973. Não digo que esteve presente em todas as idas da FAP à zona operacional, não disponho de dados que o confirme…
Foto aérea, de SW, de Guidaje - 1971 numa altura em que o reordenamento já estava pronto. À direita, em primeiro plano, a Tabanca Nova. Para lá da pista de aviação é a bolanha e a parte acastanhada clara, é terreno a subir, do Senegal.
Foto gentilmente cedida por Cap. Carlos Ricardo - CMDT da CCAÇ 3 ao Blogue SPM0018, de JMF Dias Fur Mil SAM - Guidage / Binta). Com a devida vénia.
Guidaje, Junho de 1972 > Eu, 1.º Cabo Op. Cripto, com o Protocolo, livro de registo das Mensagens. Pé em cima de pedaço de pedra “calcária” que uma granada de morteiro 82 despedaçou. Atrás, um dos bidões de combustível, que estavam espalhados pelo quartel, vislumbrando-se ainda, a cerca de 4 metros, o cabo de sustentação da antena do Posto de Transmissões.
A FAP EM GUIDAJE
A FA esteve presente, além de outros, nos momentos críticos e decisivos na batalha de Guidaje, apesar do alto risco:
O ex-Ten Pilav António Martins de Matos participou no desenrolar do assédio do PAIGC a Guidaje, alargando eu ao período de 6 de Abril a 29 de Maio de 1973. Não digo que esteve presente em todas as idas da FAP à zona operacional, não disponho de dados que o confirme…
Foto aérea, de SW, de Guidaje - 1971 numa altura em que o reordenamento já estava pronto. À direita, em primeiro plano, a Tabanca Nova. Para lá da pista de aviação é a bolanha e a parte acastanhada clara, é terreno a subir, do Senegal.
Foto gentilmente cedida por Cap. Carlos Ricardo - CMDT da CCAÇ 3 ao Blogue SPM0018, de JMF Dias Fur Mil SAM - Guidage / Binta). Com a devida vénia.
A FAP EM GUIDAJE
A FA esteve presente, além de outros, nos momentos críticos e decisivos na batalha de Guidaje, apesar do alto risco:
- No dia 6 de Abril, são alvejadas com mísseis Strela cinco aeronaves, tendo sido abatidas duas, um DO 27 e um T-6G. Morreram: dois Majores (1 Maj Pilav e 1 Maj Inf), dois Fur Pil, um Alf Mil médico, um 1.º Sarg da CCaç 19, um 1.º Cabo Enf e um ferido mandinga nativo de Guidaj. Oito mortos num só dia.
O ataque com armas ligeiras pelas 07h45 revelou-se ser um chamariz para o IN alvejar os nossos aviões. Apesar de logo no início se temer a forte possibilidade de ser atingida, a FA acorreu com 3 DO 27, 2 Fiat G-91 e 2 T-6G.
Nos dias 8, 9, 10, 16, 19, 23, 28 e 29 de Maio de 73. Onde actuou ou tentou ajudar, no Quartel, na estrada, nas colunas auto e apeadas, em Cumbamory. Mantendo uma avioneta no ar, servindo de apoio às NT no terreno. Tendo provocado baixas numerosas ao PAIGC no dia 8 de Maio em Guidaje e no dia 19 no Cufeu.
A seguir ao abate dos nossos aviões e às baixas sofridas, a Força Aérea não ia a Guidaje, ficou quase se diria inoperacional, houve feridos que morreram e lá ficaram enterrados.
Os soldados não compreendiam esta ausência e apesar de tentar dizer que era compreensível, até eles arranjarem uma solução, respondiam com a cabeça quente…
No dia 11 de Maio 73 ouve uma tentativa de “insubordinação” dos dois Pelotões da 38.ª CCmds, evacuarem num Unimog o seu camarada 1.º Cabo Filipe, decepado de um pé por mina, no dia 10 entre o Ujeque e Guidaje. Foi com dificuldade que o Ten Cor Correia Campos os conteve…
No dia 16 de Maio apareceram 2 Hélis, onde foi o Gen Spínola e evacuou os feridos graves.
No dia 25, a seguir à morte do ferido 1.º Cabo Pára Ap Met G42 Peixoto (de Gião, Vila do Conde) ouvi dizer que houve movimentação de viatura pelos páras para evacuar o seu ferido Melo, mas não resultou…
Mais uma vez o Ten Cor Correia de Campos os convenceu a não deixar o quartel de Guidage (atitude inglória, acabariam com minas, mais feridos e dificilmente chegariam a Binta…)
No dia 28 apareceram 2 Hélis, rente e por entre as árvores. Levaram medicamentos, etc., para evacuar os feridos em estado mais grave.
Fiquei com a sensação que lá foram devido à pressão dos Páras (?). Os soldados afirmavam: se vieram duas vezes, porque não vieram buscar os que morreram?
A FAP, sempre que os chamávamos, aparecia quase na totalidade, nas acções anteriores em Guidaje. Houve vezes, que me pareceu exagerado o seu chamamento, para acções do IN que não justificavam a sua actuação… A proceder em todo o território deste modo, quem beneficiava era o PAIGC, graças ao desgaste do material aéreo e cansaço dos pilotos…
O meu parecer: A actuação da FA foi bastante positiva no decorrer da guerra na Guiné.
Um abraço a todos,
José Pechorro
Ex-1.º Cabo Op Cripto
CCaç 19
Guidage - Guiné
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8658: (Ex)citações (146): Guidaje - 1973, um comentário e algumas interrogações (José Manuel Pechorro / Juvenal Amado)
Vd. último poste da série de 11 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9888: (Ex)citações (178): Estrutura do campo de minas (António Matos)
O ataque com armas ligeiras pelas 07h45 revelou-se ser um chamariz para o IN alvejar os nossos aviões. Apesar de logo no início se temer a forte possibilidade de ser atingida, a FA acorreu com 3 DO 27, 2 Fiat G-91 e 2 T-6G.
Nos dias 8, 9, 10, 16, 19, 23, 28 e 29 de Maio de 73. Onde actuou ou tentou ajudar, no Quartel, na estrada, nas colunas auto e apeadas, em Cumbamory. Mantendo uma avioneta no ar, servindo de apoio às NT no terreno. Tendo provocado baixas numerosas ao PAIGC no dia 8 de Maio em Guidaje e no dia 19 no Cufeu.
A seguir ao abate dos nossos aviões e às baixas sofridas, a Força Aérea não ia a Guidaje, ficou quase se diria inoperacional, houve feridos que morreram e lá ficaram enterrados.
Os soldados não compreendiam esta ausência e apesar de tentar dizer que era compreensível, até eles arranjarem uma solução, respondiam com a cabeça quente…
No dia 11 de Maio 73 ouve uma tentativa de “insubordinação” dos dois Pelotões da 38.ª CCmds, evacuarem num Unimog o seu camarada 1.º Cabo Filipe, decepado de um pé por mina, no dia 10 entre o Ujeque e Guidaje. Foi com dificuldade que o Ten Cor Correia Campos os conteve…
No dia 16 de Maio apareceram 2 Hélis, onde foi o Gen Spínola e evacuou os feridos graves.
No dia 25, a seguir à morte do ferido 1.º Cabo Pára Ap Met G42 Peixoto (de Gião, Vila do Conde) ouvi dizer que houve movimentação de viatura pelos páras para evacuar o seu ferido Melo, mas não resultou…
Mais uma vez o Ten Cor Correia de Campos os convenceu a não deixar o quartel de Guidage (atitude inglória, acabariam com minas, mais feridos e dificilmente chegariam a Binta…)
No dia 28 apareceram 2 Hélis, rente e por entre as árvores. Levaram medicamentos, etc., para evacuar os feridos em estado mais grave.
Fiquei com a sensação que lá foram devido à pressão dos Páras (?). Os soldados afirmavam: se vieram duas vezes, porque não vieram buscar os que morreram?
A FAP, sempre que os chamávamos, aparecia quase na totalidade, nas acções anteriores em Guidaje. Houve vezes, que me pareceu exagerado o seu chamamento, para acções do IN que não justificavam a sua actuação… A proceder em todo o território deste modo, quem beneficiava era o PAIGC, graças ao desgaste do material aéreo e cansaço dos pilotos…
O meu parecer: A actuação da FA foi bastante positiva no decorrer da guerra na Guiné.
Um abraço a todos,
José Pechorro
Ex-1.º Cabo Op Cripto
CCaç 19
Guidage - Guiné
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 11 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8658: (Ex)citações (146): Guidaje - 1973, um comentário e algumas interrogações (José Manuel Pechorro / Juvenal Amado)
Vd. último poste da série de 11 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9888: (Ex)citações (178): Estrutura do campo de minas (António Matos)