Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
domingo, 31 de dezembro de 2023
Guiné 61/74 - P25024: Manuscrito(s) (Luís Graça) (242): De que nos servem os "anjos da guarda" se os que estão de serviço ao presépio deixam roubar o Menino Jesus em Vila Nova de Cerveira ? Não tenho nenhum alibi, mas juro que não fui eu que o roubei...
Guiné 61/74 - P25023: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XLII: ten art Ernesto Luiz Lemonde de Macedo (Lisboa, 1892 - Quelimane, Moçambique, 1918)
Posto: Tenente de Artilharia
Naturalidade: Lisboa
Data de nascimento: 23 de Maio de 1892
Incorporação: 1914 na Escola de Guerra (nº 39 do Corpo de Alunos)
Unidade: Regimento de Artilharia de Montanha
Condecorações: Promovido a Capitão por distinção, a título póstumo
TO da morte em combate: Moçambique
Data de Embarque: 31 de Março de 1917
Data da morte: 22 de Julho de 1918
Sepultura: Quelimane - Moçambique
Circunstâncias da morte: A força de segurança afastada de Quelimane, posicionada na zona de Nhamacurra, foi atacada pela guerrilha alemã pelas 15 horas de 1 de Julho tendo como primeiro objectivo a posição das bocas de fogo de artilharia comandadas pelo Tenente Lemonde que as defendeu com bravura e destemor até ser gravemente ferido. Evacuado para Quelimane faleceu em 22 de Julho.
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Guiné 61/74 - P25022: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XLI: ten inf Viriato Sertório da Rocha Portugal Correia de Lacerda (Oeiras, 1887 - Serra de Mecula, Moçambique, 1917)
Posto: Tenente de Infantaria
Naturalidade: Oeiras
Data de nascimento: 2 de Janeiro de 1887
Incorporação: 1909 na Escola do Exército (nº 38 do Corpo de Alunos)
Unidade: Regimento de Infantaria n.º 21
Condecorações: Promovido a Capitão por distinção (a título póstumo)
TO da morte em combate: Moçambique
Data de Embarque: 7 de Outubro de 1915
Data da morte: 8 de Dezembro de 1917
Sepultura: Alto da serra de Mecula
Circunstâncias da morte: Morreu numa trincheira combatendo bravamente na serra de Mecula ao 5º dia de combate intenso com as tropas alemãs. No assalto final foi atingido por fogo inimigo quando tentava inutilizar a sua metralhadora. Assim morreu o famoso chefe dos sipaios do Niassa.
Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.
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Guiné 61/74 - P25021: Bombolom XXX (Paulo Salgado): Como a Guerra é (re)contada
Meus Caros Camaradas,
Desejo a todos os editores do nosso Blogue, e a todos os que nele participam, Bom Ano de 2024.
Uma saudação de camaradagem e o pedido de bombolarem o meu bombolom.
Paulo Salgado
O meu Bombolom
Como a Guerra é (re)contada
- Eh pá, pelo que ouço nestes nossos encontros, dá-me a impressão que não estivemos na mesma guerra, no mesmo local, que percorremos os mesmos caminhos, que sofremos as mesmas emboscadas, que estivemos sujeitos aos mesmo bombardeamentos, sofrendo as mesmas vicissitudes!
Perante o meu espanto, prosseguiu:
- Não te admires, camarada. Participei, como te lembras, numa grande operação, houve barafunda, tiroteio forte, confusão, no meio da mata, feridos, alguns graves, evacuações. Pois bem, chegados ao aquartelamento, ouvi diferentes versões, inclusive sobre o que decidi, sobre as ordens que dei, sobre a minha intervenção. E aqui, nestes encontros, dezenas de anos depois, ouço versões diferentes, por vezes contraditórias. Isto é do caraças…!
Calado fiquei por breves instantes. Porém adiantei:
- Claro que me aconteceu uma situação similar, alguns meses despois, ao episódio que focaste. Um camarada lembrava que teria havido uma manobra mal feita pelo grupo (a que eu pertencia) que fazia a segurança ao grupo que retirava do golpe de mão, e que teria deixado passar o IN. E falava com uma certeza impressionante. Foi contraditado na altura, mas ainda hoje, mantém a mesma versão… Até posso afirmar que os camaradas que habitualmente seguiam à frente comigo nos patrulhamentos contarão os factos diferentemente uns dos outros, e de mim, naturalmente... sempre que o perigo era pressentido ou quando havia contactos…
Ouvindo a conversa nesta amena cavaqueira, logo um outro veio afirmar:
- Não foi assim que se passaram as coisas. É preciso lembrar que o IN sabia muito bem contornar as situações… o grupo que fazia a segurança (os “aguentas”), procedeu da forma correcta. Obviamente, ambos não chegaram a acordo, e cada qual ficou com a sua.
Não liguei muito ao caso sobre o foco de cada um. Nem ligo, hoje. Por duas razões.
Primeira: vivi intensa e criticamente o tempo em que estive na guerra, esforcei-me por dar o meu melhor em contribuir para todos regressarmos, o que infelizmente não sucedeu: dois mortos e alguns feridos. Escrevi notas, escrevi cartas, poetei alguma coisa, li alguns livros, comandei a companhia durante alguns meses, bem ou mal, construímos um jornal, jogámos futebol, passámos fome e sede, até fizemos operações helitransportados, fiz exames da quarta classe aos jovens, contactei e respeitei a população dentro da filosofia que o capitão imprimiu... Colaborei na feitura da História da Companhia. Fui louvado.
Segunda: por convite e convicção, fui cooperante na República da Guiné-Bissau vinte anos depois do 25 de Abril. Ao revisitar o “local” (por diversas vezes, uma delas com o cabo Moura Marques (grande soldado, meu convidado no Bairro da Cooperação, cerca de 35 anos depois), fui reconhecido pelos soldados feitos milícias. Calcorreei grande parte daquele País, acompanhado pela minha mulher, namorada na altura da guerra. Vi homens e mulheres, alguns eram crianças…! – agora libertos do jugo colonial e da força das armas. Pelo serviço prestado, foi-me concedido um diploma de honra ao mérito pelo poder instituído no País. Poucos haverá que tenham sido louvados pelos dois lados – já agora.
Para trás, os detalhes, as histórias narradas que me deram lastro para escrever (narrativa histórica ficcional) sobre alguns momentos e episódios. Sem falar da guerra, propriamente. As cartas, as abundantes cartas, que a minha mulher guardou, raramente falavam de episódios de guerra… Estão conservadas para a memória dos meus descendentes, se tal lhes aprouver.
A História é assim: cada um rememora-a como a sentiu e viu e viveu. Desta guisa, fizeram Cadamosto, Tristão da Cunha, Nola, Diogo Cão, Bartolomeu Dias… E, em especial, os cronistas, que vale a pena ler: Zurara, Rui de Pina, o grande Damião de Góis... Também Albuquerque, Duarte Menezes, entre outros, no Oriente. Em pleno século XIX, Livingstone, Serpa Pinto, Silva Porto (que foi espezinhado pelo inglês…) e outros exploradores narraram as suas andanças pelo continente africano. De forma diversa. Basta compulsar os livros. Até hoje. Repare-se: se perguntarmos aos soldados que estiveram em cima das chaimites, comandados por Salgueiro Maia, cada um conta à sua maneira o que viu no Largo do Carmo… Cada um conta a história à sua maneira, ou, se quisermos, como a viveu, e de acordo com a sua perspectiva. É a força da emoção e da percepção havida no momento, camaradas.
Nos meus livros, as crónicas são ditadas de acordo com o que e como eu vivenciei ou me contaram… mas sempre baseado em factos e personagens verídicos.
Ora, envolvermo-nos em histórias orais da natureza que introduz este desabafo é sinal de pouca clarividência, de pouca lucidez: não foi assim, dirão uns; não, estás enganado, responderão outros… Em História, podemos afirmar o seguinte: os historiadores baseiam-se em fontes, que podem ser de natureza diversa: escritas, orais, materiais… O narrador é a voz que narra os acontecimentos, faça ou não parte, como personagem, da trama.
Nós, que participámos no “teatro” (designação tão interessante esta!) da Guerra Colonial, somos narradores personagens, em primeira pessoa, portanto, relatamos os factos como participantes dos acontecimentos. E descrevemo-los segundo perspectivas que são diferentes, muitas vezes enviesadas, distorcidas, não adrede, claro.
Mas é bom que fiquem as memórias – a chamada Literatura Memorialista.
Saudações, camaradas. Bom ano. Com calor humano. Calor humano, tal como o recebi do povo nas minhas andanças em tempo de liberdade. E, também, em tempo de guerra, quando, sabem Deus e Alá a razão, as mulheres e as crianças sofriam tanto, quando o grande Suleiman me livrou de ter pisado duas minas antipessoal e me protegeu tantas vezes! A minha paga foram as vezes que o visitei no Olossato e quando o procurei ajudar no Hospital Nacional Simão Mendes, onde assisti à sua morte, serena morte, a morte de um soldado que lutou por uma Pátria (?!) que não o soube tratar como devia, a ele e a tantos…
Paulo Salgado
28.12. 23
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Nota do editor
Último poste da série de 29 DE NOVEMBRO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21591: Bombolom XXIX (Paulo Salgado): "Dezasseis anos depois", um poema meu, que li em Santarém, no encontro anual da CCAV 2721, em Abril de 1986, onde esteve presente no final do almoço o Salgueiro Maia (1944-1992)
Guiné 61/74 - P25020: No céu não hã disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (44): Bombons de Aguardente DOC Lourinhã e Tarte D. Isabel, da marca "Doce Lourinhã"
A tarte Dona Isdabel, um dos ex-libris da doçaria da Lourinhã .... Neste Natal trouxemos meia-dúzia de tartes para os fãs do Norte...
Os Bombons de Aguardente DOC Lourinhã... São de "morrer e chorar por mais"...
Imagens: cortesia de www.docelourinha.pt
1. Em matéria de "comes & bebes" (*), nada como acabar o amargo ano de 2023 com uma fatia da tarte D. Isabel e um bombom "Doce Lourinhã"...
Tel.: +351 910 121 280 (pastelaria) | Tel.: +351 918 710 871 (garrafeira).
- Os Bombons Artesanais “Doce Lourinhã” são confecionados com produtos de excelência. Como o Chocolate “VALRHONA”, considerado o melhor chocolate do mundo, e a “Aguardente DOC Lourinhã”, única em Portugal.
- Tarte D. Isabel | Esta saborosa tarte é confecionada com farinha selecionada, ovos frescos, Abóbora de qualidade e uma cobertura de Pevides que lhe dá um sabor único, original e inconfundível.
2. A Tarte D. Isabel concorreu, em 2019, às "7 MARAVILHAS DOCES DE PORTUGAL"
Lê-se na páginma do Facebook da Doce Lourinhã, em postagfem de 19 de março de 2019
Intitulado 7 Maravilhas Doces de Portugal, o programa e a sua organização destacam como factores distintivos o produto endógeno, a marca da terra, a preservação da qualidade dos ingredientes, promovendo assim a capacidade que o país tem de inovar e de se reinventar nas suas tradições. Tendo como base estes critérios, está inscrita para a concurso na categoria Doces de Inovação.
* A Tarte D. Isabel resulta na boca num estaladiço inicial dando valor justo à pevide de abóbora tostada, caramelizada obtendo várias emoções na sua consistência e sabor equilibrado. No final um suave doce adequado da sua massa areada com recheio de abóbora.
* Segundo as estatísticas das 44 mil toneladas de abóboras produzidas na Região Oeste, cerca de 74% é armazenada e comercializada por empresas localizadas no concelho da Lourinhã, sendo o concelho com maior importância nacional ao nível da produção de abóbora. Existem cerca de 1500ha de abóbora na região, cerca de mil ha estão na Lourinhã. Esta é uma das razões pela qual o desafio de utilizar a Abóbora no seu todo na confeção da Tarte D. Isabel.
Além disso o seu nome foi em homenagem a Isabel Mateus. Co-fundadora da associação que criou o Museu da Lourinhã, que em Paimogo, Lourinhã descobriu e estudou um dos maiores e mais antigos ninhos de dinossauros do mundo, com ovo e embriões, colocando assim a Lourinhã no mapa mundo da paleontologia. Autora do primeiro esboço para a construção de um novo museu que vinte anos mais tarde culminou na criação do DinoParque Lourinhã. Eleita personalidade do ano 1997 (Revista Expresso). Recebeu também um prémio de reconhecimento em 2017 (ADL- Associação Desenvolvimento Lourinhã) e medalha municipal de Honra, classe Ouro em 2018 (Câmara Municipal da Lourinhã)"
Nota do editor:
Guiné 61/74 - P25019: In Memoriam (491): O Nuno Rubim (1938-2023) que eu conheci nos Comandos do CTIG, de junho a dezembro de 1965 (Virgínio Briote)
Capitão Art Nuno Rubim, o "cvapitrão fula" o tempo da CCAÇ 726 (Guileje, Mejo, Cachil, Catió, Out 1964/Jul 1966). Esta subunidade teve quatro comandantes, o último foi o cap art Nuno José Varela Rubim.
Foto: © Nuno Rubim (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legenbdagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]Foto: © Virgínio Briote (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Lamento a perda do meu antigo comandante que conheci em maio de 1965, e com quem privei até dezembro do mesmo ano.
Ambos fizemos parte de um grupo de cerca de 25 militares dos Cmds do CTIG, constituído por oficiais e sargentos e alguns militares guineesnses, entre os quais o Marcelino da Mata, o Abdulai Djaló, o Djmanca e talvez mais um ou dois militares.
Gostei de o ter conhecido, de ter privado com ele, e, naturalmente, a notícia da morte do cor Rubim não me pode deixar indiferente.
V. Briote | 30 de dezembro de 2023 às 16:15 | (*)
Os primeiros grupos, os 'Fantasmas', 'Camaleões' e 'Panteras', percorreram a Guiné de uma ponta a outra. Com o entusiasmo inicial, superaram tudo o que fossem dificuldades, empregaram-se a fundo, os resultados ultrapassaram as expectativas e eram vistos com muito apreço pelo Comandante Militar e pelo próprio Governador-Geral.
Olha vão ali os gajos dos Comandos, a maralha a olhar para eles. Sabe-se como é, ganharam fama e respeito pelo trabalho que fizeram e por aquilo que contaram também. As comissões individuais e as baixas em combate ou por doença, começaram a fazer estragos, os grupos ficaram mais pequenos, era necessário começar novo curso de quadros, aproveitar os resistentes e formar novos grupos.
O major Dinis fora entretanto promovido e regressou a Lisboa. Depois o capitão Rubim tomara conta do Centro e foi o que se sabe. Não por incompetência militar, operacionalmente até era bem competente. Talvez uma certa dificuldade ou falta de paciência no jogo diplomático dos corredores do QG. As questões prendiam-se com a logística e com o emprego operacional dos grupos.
Promessas e mais promessas. Resolveu bater com a porta, sem estrondo como era da sua maneira. Não se entenderam também uns com os outros, a história da Associação Comercial, os problemas disciplinares e os alferes também não ajudaram muito, a verdade tem que se dizer.
De baixa estatura, o corpo maciço escondia uma robustez física incomum. Espantava num tipo daqueles, o jeito que tinha para o desenho, para as pinturas, para tudo que metesse mãos. O tempo vago passava-o a montar modelos de peças de artilharia, carros de combate, aviões de sonho, militares e civis, navios de guerra, desde patrulhas a porta-aviões. Tudo pintado nas cores dos originais, os nomes e tudo. Na saída, deixou-lhe ficar um porta-aviões, as outras maravilhas levou-as todas.
Dois meses depois de ter tomado posse, o novo comandante de companhia estava a ver a história toda para trás, relatórios e actas nas mãos.
Analisara a organização, o quadro orgânico, os efectivos, o sistema de recrutamento, as instalações, a alimentação, a administração, fardamentos, cargas. O estado moral, físico e disciplinar do pessoal. Os oficiais, sargentos e praças, os materiais, a instrução durante e depois do curso, as operações em que intervieram, antes e depois da sua tomada de posse, a forma como os grupos estavam a ser utilizados, tudo a pente fino.
Apesar de ter poucos anos ainda como oficial, achava que, atendendo às circunstâncias próprias do povo português, o pessoal, entenda-se cabos e soldados, era quase sempre bom. Quando surgiam problemas, normalmente deviam-se à organização, frequentemente mal montada ou aos graduados, algumas vezes as duas coisas juntas. Neste caso dos Comandos da Guiné, os oficiais eram cruciais na organização, não se cansava de insistir.
Saía com eles para o mato, acompanhava-os na instrução, fazia-lhes ver a importância do papel deles na organização, moralizava-os, até os tempos livres aproveitava para os acompanhar.
Os alferes tinham colaborado e também neles sentiu a necessidade de falarem com ele. A agressividade incrível com que tinham sido formados e treinados, jovens de 20 e poucos! Como é possível que possam ter dois comportamentos tão distintos, no mato em contacto com o IN e umas horas depois com a PM (Polícia Militar) e a população civil na cidade?
E seria mesmo adequado que estivessem tão próximos de Bissau? Não seria mais sensato, e mais proveitoso até, que estivessem em Mansabá, em Nova Lamego, em Buba, ou num sítio desses? De quem fora a ideia, tê-los a meia dúzia de passos da cidade?
Em alguns casos, não tinha dúvidas, tinham sido mal orientados, deixados ao sabor da intuição de cada um, sem a mínima directiva. Até achava que o produto final era positivo e, se tivessem tido orientação, os problemas disciplinares que ocorreram não teriam existido.
Dos cinco alferes a que a companhia tinha direito, quatro comandantes de grupo e um adjunto, restavam-lhe agora dois, o sobrevivente dos chefes de grupo iniciais e o adjunto, o Caldeira, até então com mais experiência administrativa que operacional. E, pelo que tinha visto deles até agora, achava-os competentes, mereciam-lhe confiança, esperava que continuassem como até aqui na parte operacional, e se integrassem no seu estilo de comando. Contava com eles, eram as pedras base do edifício a reconstruir, dissera-lhes mais que uma vez.
No relatório inicial que fizera para o Comandante Militar, adiantara várias propostas, pensara até que com tantas dificuldades, de tanto lado, se calhar não seria má ideia extinguir os grupos. O Brigadeiro refutou com o argumento de que, apesar de todas as dificuldades, os grupos até então existentes eram os que mais contactos tinham tido com o IN e com mais material capturado até à data. Vira os resultados das tropas especiais que a 3.ª Repartição tinha preparado para o brigadeiro, comparou-os com os fuzos, os páras e com os anteriores grupos de comandos.
Contacto efectivo com o IN em mais de 80% das saídas para o mato. Ouvira o Brigadeiro dizer que não se podia esquecer que os Comandos, a maior parte das vezes, actuavam em áreas densas de IN, em grupos de 20 a 25 homens e às vezes menos, enquanto as outras forças não se metiam lá com efectivos inferiores a meia centena de homens.
Nem um por cento do efectivo total das NT na Guiné, quase 10% das baixas totais causadas ao IN. Extingui-los? Não, a saída deve ser outra, o Brigadeiro a decidir-se por outra solução, para aproveitar o pessoal que restava.
Concluíram a reunião assentando que deveria ser feito o recompletamento para manter o quadro orgânico, isolá-los em Brá, resolver a questão alimentar, ministrar o próximo curso e utilizar os grupos em operações específicas para Comandos e não para reforçar algumas guarnições em sector.
O capitão regressara encorajado, sentira o apoio que andava a reclamar. Depois mudou quase toda a organização administrativa, conseguiu mais praças para o recompletamento, arranjou cozinheiros, alimentação própria, obrigou-os a almoçar todos juntos, disciplinou as saídas, arranjou novas viaturas, melhorou as instalações, e conseguiu, o que não fora nada fácil, fazer aprovar as orientações e normas para o emprego dos grupos.
Agora, todo este tempo passado, achava que valera a pena, que tinha feito bom trabalho.
Os grupos melhoraram os resultados, os conflitos com a PM deixaram praticamente de ocorrer, nem um castigo fora necessário. (...)
(...) (xxvi) Uns continuaram nessas guerras, outros noutras
(...) O capitão Rubim fez 4 comissões, num total de 9 anos em África. Nos anos de brasa envolveu-se ou foi envolvido pelos acontecimentos do 25 de Novembro, esteve preso em Custóias e em Caxias.
(`) Vd. poste de 30 de dezembro de 202 Guiné 61/74 - P25016: In Memoriam (489): Morreu, no passado dia 25, o nosso "capitão fula", o cor art ref Nuno Rubim (1938-2023): fez duas comissões no CTIG, como capitão (CCAÇ 726, CCAÇ 1424, e CCmds, out 1964 / dez 1966) e como major (QG, Cheret, 1972/74)
sábado, 30 de dezembro de 2023
Guiné 61/74 - P25018: Os nossos seres, saberes e lazeres (607): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (135): Férias em região duriense, uma rota de aldeias vinhateiras (4) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Em dado momento deste passeio por Trevões, isto numa excursão que começou em Tabuaço, já se foi a Alijó, agora em S. João da Pesqueira, amanhã Salzedas, Pinhão, e por aí adiante, perguntei-me se terão andado também por aqui mestres Camilo Castelo Branco e Aquilino Ribeiro, andei a contemplar casas solarengas, algumas em manifesto estado de ruína, aqui tiveram preponderância, Caiados, Melos e Camelos, gente de abastança, porque nesta terra há ricas frutas, azeite, vinhos, até se instalou um jovem casal que montou empresa da amêndoa ecológica, o estado de alguns monumentos é deplorável, o monumento nacional, a igreja de Santa Marinha, cujo portal ainda mete respeito pelos tempos idos, e depois houve muito dinheiro para a imensa talha dourada e para aquele teto em caixotões que é de cortar a respiração. E gostei muito de ver esta população remar contra a maré, edificando museus que permitem contemplar glórias desaparecidas, e conservar recordações do trabalho humano, tudo instituído com tal carinho que nos faz deambular com profundo respeito por tão laboriosa imaginativa construção que resguarda a memória de tanto antanho. Por outras palavras, convido-vos a visitar Trevões.
Um abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (135):
Férias em região duriense, uma rota de aldeias vinhateiras (4)
Mário Beja Santos
O passeio começa em Trevões, aldeia vinhateira do concelho de S. J. da Pesqueira, zona de planalto, mas também zona de montanha e também com zona de escarpas montanhosas onde podemos desfrutar os típicos socalcos durienses. Já foi sede de concelho, tem um número impressionante de casas apalaçadas, ditas solares, há evidentes estados de ruína, a igreja matriz dedicada a Santa Marinha é monumento nacional, e veremos porquê, tem um Museu de Arte Sacra e um Museu Etnográfico que são um regalo para os olhos e para a memória. É pequena a superfície de Trevões, um pouco mais de 18 km2, a agricultura predomina, bem como a exploração de madeiras e, evidentemente os serviços. Um caminheiro dos mais habilitados e detentor de blogue, Alma do Viajante, Filipe Morato Gomes, veio aqui e ficou deslumbrado. Primeiro com os solares, um deles, o Solar dos Caiados, é referenciado nos manuais de arquitetura quanto a solares do Norte, houve famílias de grandes posses que aqui apostaram na agricultura e construíram casarões, daí o espanto de andar por Trevões e ver tantos sinais de um passado com riqueza e ostentação. É o que se procura mostrar a seguir.
Solar dos Caiados: edifício do século XVII, de planta longitudinal, estrutura-se em dois corpos com diferentes alturas devido à inclinação da rua onde está situado.
Solar dos Melos: também conhecido por Solar dos Caiado Ferrão, foi mandado edificar em 1671. Da construção primitiva já existia a capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Na segunda metade do século XVIII sofreu obras de vulto.
A Casa do Adro: mandada erguer em 1605 por Baltazar de Almeida Camelo. A fachada principal do edifício pontua 8 janelas, sendo as do andar nobre da sacada com gradeamento em ferro forjado.
Paço Episcopal: o estado em que se vê é de partir o coração. O Paço era pertença dos bispos de Lamego e foi mandado construir em 1777.
A igreja é de fundação medieval. O edifício, em excelente estado de conservação, apresenta uma fachada austera, onde se rasga grande portal de arco apontado, sobrepujado por janelão de traça setecentista. O interior é de uma imensa riqueza.
Citando Filipe Morato Gomes: “Ao observar o seu exterior, poucos imaginarão os tesouros guardados no interior da Igreja Matriz de Santa Marinha de Trevões. Lá dentro, no epicentro da aldeia de Trevões, o piso é lajeado com tampas sepulcrais; o tecto é lindíssimo e forrado a ‘caixotões de madeira pintados com motivos vegetalistas’; e o vistoso retábulo-mor de talha dourada impressiona desde o primeiro instante. E mal sabia o que se escondia para lá do retábulo…”
E daqui seguimos para dois eventos imprevistos, para grande assombro de todos os excursionistas, fomos visitar o Museu Etnográfico de Trevões e o Museu de Arte Sacra, é assunto que se abordará a seguir.
(continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 DE DEZEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24992: Os nossos seres, saberes e lazeres (606): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (134): Férias em região duriense, uma rota de aldeias vinhateiras (3) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P25017: In Memoriam (490): Nuno Rubim (1938-2023): alguns dos seus livros publicados na área da História Militar: "A Artilharia de Campanha Estriada Portuguesa", (2014); "A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580", (2013); "A Defesa Costeira dos Estuários do Tejo e do Sado: desde D. João II até 1640", (2011)
1 - A Artilharia de Campanha Estriada Portuguesa / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Nuno José Varela Rubim, 2014. - 158, [1] p. : il. ; 30
2 - A Organização e as Operações Militares Portuguesas no Oriente, 1498-1580 / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Comissão Portuguesa de História Militar, 2012-. - v. : il. ; 24 cm. - O 2º v. foi editado pelo Falcata - Editores, Unipessoal. - Contém bibliografia. - 1º v.: Geografia e viagens. - 306 p. 2º v.: Navios e embarcações. - 2013. - 210 p. - ISBN 978-989-95946-8-5
3 - A Defesa Costeira dos Estuários do Tejo e do Sado : desde D. João II até 1640 / Nuno José Varela Rubim. - Lisboa : Prefácio, D.L. 2011. - 130, [2] p. : il. ; 28 cm. - Bibliografia, p. 7-8. - ISBN 978-989-652-070-0
Lisboa, Campus da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP / NOVA) > 6 de Setembro de 2007 > Da esquerda para a direita, Nuno Rubim (1938-2023), Carlos Schwarz (Pepito) (1949-2012) e Luís Graça (n. 1947).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foram praticamente contemplados, na altura, todos os grã-tabanqueiros que manifestaram interesse, entre 23 e 31 de maio dce 2024 (**), em obter um exemplar autografado do livro.
(*) Vd. poste de 30 de dezembro 2023 > Guiné 61/74 - P25016: In Memoriam (489): Morreu, no passado dia 25, o nosso "capitão fula", o cor art ref Nuno Rubim (1939-2023): fez duas comissões no CTIG, como capitão (CCAÇ 726, CCAÇ 1424, e CCmds, out 1964 / dez 1966) e como major (QG, Cheret, 1972/74)
Guiné 61/74 - P25016: In Memoriam (489): Morreu, no passado dia 25, o nosso "capitão fula", o cor art ref Nuno Rubim (1938-2023): fez duas comissões no CTIG, como capitão (CCAÇ 726, CCAÇ 1424, e CCmds, out 1964 / dez 1966) e como major (QG, Cheret, 1972/74)
O Nuno Rubim era um profundo conhecedor de Guileje. Recorde-se que ele comandou duas das unidades que passaram por Guileje: a CCAÇ 726 (Out 1964/Jul 1966) e a CCAÇ 1424 (Jan 1966/Dez 1966). Foi reconhecido e acarinhado pela população de Guileje, ainda em 2008, como o "capitão Fula"
1. Recebemos ontem, às 9:29, a noticia da morte do amigo e camarada Nuno Rubim, através de email do cor art ref Morais da Silva:
(...) "É com pesar que noticio o falecimento, no passado dia 25 de Dezembro, do meu camarada Cor Art Nuno José Varela Rubim. Que reste em Paz.
Abraço com o desejo de muita saúde em 2024.
Morais Silva".
Foi um histórico do nosso blogue. Entrou para Tabanca Grande em 10 de junho de 2006. Tem cerca de uma centena de referências.
Eis um excerto da sua apresentação aos amigos e camaradas da Guiné (que na altura ainda não ultrapssavam os cento e poucos):O que foi a minha vivência em Guileje fazem os amigos ideia... Foram de facto perto de 10 meses infernais, com mortos, feridos, estropiados, de ambos os lados, enfim o triste rosário de uma guerra que Portugal nunca devia ter travado.
Tinha também um Grupo de Combate em Mejo, de que pouco tenho ouvido falar. Quando terá sido desactivado esse pequeno aquartelamento? (...)
E ainda voltei à Guiné em 1972-74, mas isso é outra história..., que meteu o início da conspiração que levou ao 25 de Abril, entre outras coisas...
(...) Há 3 anos, depois de um processo desencadeado para a chamada reconstituição de carreira, destinadas aos militares que, como eu, foram vítimas de marginalização após o 25 Novembro de 1975, fui promovido a Coronel, já na situação de reforma! Por pouco era a título póstumo !!!...
(...) Finalmente quanto à Tertúlia, pois terei muito prazer em dela fazer parte." (...)
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
Guiné 61/74 - P25015: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte V: O CEP que partiu para França, em 1917, em barcos ingleses, mal equipado, mal calçado...
Legenda: "No cais de embarque: o chefe da missão militar inglesa conversando com um oficial português". ("Cliché": Benoliel)
Capa da "Ilustração Portuguesa", II Série, nº 581, Lisboa, 9 de abril de 1917. Edição semanal do jornal "O Século", Ed. lit: José Joubert Chaves. Com a devida vénia à Hemroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa.(*)
Último poste da série > 28 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25010: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte IV: as > mulheres que ficaram na retaguarda enquanto o CEP partia para França em 1917
1. Este "cliché" do grande fotojornalista Joshua Benoliel é uma preciosidade: os nossos militares do CEP (Corpo Expedicionário Português) partiram para a guerra, mal equipados, a começar pela inadequação do seu uniforme na guerra das trincheiras da Flandres: veja-se, a propósito, o artigo de Sérgio Vieira Coelho sobre o combatente português da grande guerra - fardamento e equipamento
COELHO, S.V. (2018). O combatente português da grande guerra fardamento e equipamento in Portugal na 1ª Guerra Mundial - Uma História Militar Concisa. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar. P.199-228. (Disponível em formato pdf: https://recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/12764/1/Art_S%C3%A9rgio%20Coelho_2018%20%283%29.pdf)
(...) "O calçado para os oficiais era geralmente composto por botas de montar compósitas, ou seja, um par de botins de couro negro a que eram sobrepostas perneiras do mesmo material, apertadas com fivelas ou cordões cruzados.
"As restantes tropas eram dotadas de botins de couro negro ou castanho cuja qualidade era baixa, principalmente em termos de impermeabilidade, o que se veio a verificar nas trincheiras, constantemente cheias de lama pútrida e húmida.
"Com este tipo de botas, que apodreciam rapidamente naquele tipo de ambiente, os soldados começaram a padecer de uma enfermidade designada de pés frios: pela exposição prolongada dos pés naquele tipo de solo insalubre, começavam a sofrer de micoses, viroses e lacerações, que culminavam em gangrenas e invariavelmente em amputações. O problema viria a ser parcialmente resolvido com a dotação de calçado britânico". (...)
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P25010: Capas da Ilustração Portuguesa - Parte IV: as > mulheres que ficaram na retaguarda enquanto o CEP partia para França em 1917
Guiné 61/74 - P25014: Natal 71, documentário de Margarida Cardoso (1999, 52 min)
Ficha técnica:
Realização: · Margarida Cardoso
Argumento: · Margarida Cardoso
Sinopse:
Cancioneiro do Niassa é o nome que foi dado a uma cassete áudio, gravada clandestinamente por militares ao longo dos anos de guerra, em Moçambique.
Era o tempo em que Portugal era um grande império colonial pelo menos era o que eu lia nos livros da escola - e para que assim continuasse, o meu pai e grande parte da sua geração combateu nessa guerra, que durou treze anos.
Hoje transportamos, em silêncio, essas memórias. Olho para trás e tento ver.
Guiné 61/74 - P25013: Facebook...ando (48): No tempo em que passava na televisão o "Natal do Soldado" (A. Marques Lopes, autor de "Cabra Cega", livro de memórias, 2015, 582 pp.)
– Esses filhos dum cabrão deviam era ver esta miséria que a gente come.
E espetava o garfo na massa com grão onde se escondia uma lasca de bacalhau.
Assomaram umas lágrimas aos olhos da mãe.
– A culpa é da guerra, e eu ando apoquentada porque os meus filhos ainda vão lá parar.
O pai ficou sério e baixou a cabeça para meter uma garfada à boca. O irmão não dizia nada, porque sempre que falava era sempre sobre o Tarujense, onde era guarda-redes, ou sobre as partidas de bilhar que disputava no salão do Jardim Cinema. A guerra não lhe dizia nada. Era mais novo dois anos e ainda não lhe dava para pensar nisso.
– Felizmente o Antero já está livre disso.
A irmã não sorriu mas tinha os olhos brilhantes de satisfação. Era verdade que o namorado dela, mais velho que eu uns três anos, já tinha feito a tropa como escriturário no Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro, em Campo de Ourique. Já saíra sem ir para o Ultramar.
– Não sei, rapariga, não sei.
Ela ficou séria e os olhos sem brilho:
– O que é que o pai quer dizer com isso?
– Sabes lá ele se não vai lá parar. Se esta porra continuar vai como os outros. A miséria já existia antes da guerra e a guerra é para a miséria continuar porque interessa aos ricos. Eles é que mandam e querem que ela continue.
– Credo, homem, não digas isso que ainda me afliges mais.
Mas ele não ligou.
– Mas agora estamos melhor, até temos uma casa só para nós.
– Uma casa uma merda. Nem a porra duma retrete temos quando nos vamos agachar. E estás aqui porque tu e os teus irmãos trabalham em vez de andarem na escola, e eu nunca tive férias porque vou no verão trabalhar com tractores lá prós montes daquele cabrão de Ervidel. Se não fosse isso ainda estavas numa parte de casa. (...)
Último poste da série > 19 de dezembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24973: Facebook...ando (47): José Claudino da Silva, "o Puto de Senradelas": o novo livro de memórias, apresentado no passado dia 15, na sua terra natal, Penafiel