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quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27182: Felizmente ainda há verão em 2025 (30): A "política de terra queimada": a guerra peninsular (1807-1814) e a guerra colonial no CTIG (1963/74) - II (e última) Parte



PAIGC > "O Nosso Livro 2ª Classe".  Reprodução da Lição nº 8 - Morés, pp. 28-29. O manual era também um instrumento de propaganda e doutrinação política.  É óbvio que o PAIGC nunca poderia ter, a céu aberto, um tabanca no Morés (ou no Cantanhez ou no Fiofioli)....Mas a lição era também para ser "lida" pelos amigos suecos e outros... E quem elaborava estes manuais não tinha verdadeiro conhecimento do terreno nem da luta de guerrilha, procurando sobretudo glorificar o Partido (sic) e dar um retrato idealizado, heróico e até romântico da vida nas "áreas libertadas"...  

Sabemos, infelizmente, como eram "as escolas, os hospitais e os armazéns do povo" nas áreas sob controlo IN... Mas também sabemos que a guerra de contraguerrilha (ou antissubversiva) era implacável... A palavra de ordem era sempre, para nós, operacionais: (i) aniquilar o inimigo; (ii) destruir todos os seus meios de vida; e (iii) recuperar/ aprisionar a população sob o seu controlo... Como em todas as guerras, em todos os tempos...


Um exemplar deste manual escolar do PAIGC, "O Nosso Livro - 2ª Classe", foi-nos remetido em 2007,  pelo correio, pelo Paulo Santiago (ex-alf mil, comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72).  O livro foi elaborado e editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)...  (Só faltava o SPM, quer dizer, o código postal.)

A  primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares, tendo sido impresso em Upsala, Suécia, em 1970, por Tofters/Wretmans Boktryckeri AB.

Não é novidade para ninguém que a Suécia (a par da Noruega,  Holanda e outros países da Europa do Norte) foi o país ocidental que mais apoiou o  PAIGC, durante a guerra de guerrilha, não só política e diplomaticamente, como em termos financeiros e logísticos  (nomeadamente, no campo da educação, saúde, alimentação, transportes e comunicação).

Foto: © Luís Graça  (2007). Todos os direitos reservados. Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Na Guiné-Bissau, as queimadas faziam (e ainda fazem)  parte de uma prática ancestral: eram utilizadas sobretudo para renovar a fertilidade dos solos e criar novas zonas de pastagem para o gado. Era uma técnica agrícola comum em várias regiões de África, adaptada ao clima de estação seca e às necessidades das comunidades locais.

Todavia, durante a guerra colonial (e em especial entre 1963 e 1974), essa prática assumiu um carácter diferente. Tanto o PAIGC como o Exército Português recorreram à chamada “política da terra queimada”. 

Nada, afinal,  que não se tenha visto antes em outras guerras do século, ou até mesmo no passado (como a guerra peninsular, 1808-1814) (*).

No caso da Guiné, as práticas de "terra queimada", utilizadas pelos dois contendores,  incluíam:
  • Fogo posto no capim (ervas altas e secas), no tempo seco, dificultando a movimentação, aproximação e/ou ocultação do inimigo, eliminação de possíveis pontos de emboscada, etc ;
  • Bombardeamentos (recorrendo inclusive a bombas, granadas e balas  incendiárias) que destruíam aldeias, plantações e meios de subsistência (de um lado e do outro);
  • Criação de zonas devastadas para privar o adversário de apoio logístico e alimentar (por exemplo bolanhas, esconderijos, hortas ou pontas, poços, cais acostáveis, pontões, poços, linhas de telefone...);
  • Abate indiscriminado de gado vacum,  suino e caprino  bem como de todos os animais de criação (galinhas e até cães);
  • Destruição de culturas (mancarra) e de  todas as reservas alimentares (arroz) ...
Este uso da terra queimada teve consequências graves:
  • Ambientais e geográficas: destruiu importantes extensões de savana arbustiva, floresta e biodiversidade;
  • Sociais e demográficas: obrigou populações inteiras a deslocarem-se; riscou do mapa muitas tabancas (veja-se as cartas militares elaboradas na década de 50, antes do início da guerra; compare-se as tabancas que existiam e as que desapareceram com o início da guerra);
  • Económicas: dificultou a agricultura, com o abandono de bolanhas, e limitou a criação de gado, levando à desnutrição e à fome.

Algo que era uma prática tradicional de uso agrícola, já de si devastadora para o ambiente, com  degradação dos solos, etc.,  transformou-se, no contexto da guerra, numa estratégia militar destrutiva.

O uso do napalm (e/ou outras bombas incendiárias como o fósforo branco), por parte da FAP, terá sido limitado.   Contrariamente ao que aconteceu, por exemplo,  na Argélia e no Vietname... De resto, a escala era outra.

Mas também temos falado aqui pouco do tema, o uso de napalm e outras bombas incendiárias na Guiné, no contexto da política  de "terra queimada". 

O assunto está, de resto,  mal documentado e prestou-se no passado  (e ainda hoje) a relatos fantasiosos e propagandísticos.

 (i) Contexto histórico

O nosso blogue,
 outros testemunhos de antigos combatentes, bem como fontes académica reportam que tanto os guerrilheiros do PAIGC quanto as forças portuguesas recorriam ao fogo, tanto através de bombardeamentos aéreos (FAP) e artilharia  como pela queima deliberada de capim e vegetação seca, para dificultar as movimentações adversárias e destruir infraestruturas. 

O ataque a tabancas fulas, com balas incendiárias, por exemplo, era vulgar por parte do PAIGC no meu te,mpo (1969/71).
  
 
(ii)  Destruição de recursos e animais domésticos

Além das queimadas e bombardeamentos, tanto o Exército Português como o PAIGC recorreram a métodos que visavam privar o inimigo e as populações civis de recursos básicos.

Entre essas práticas destacavam-se:

  • abate indiscriminado de gado bovino, suino e caprino,além de criação doméstica ( galinhas, etc.) que representavam a riqueza e sustento das tabancas  (nas chamadas "áreas libertadas");

  • destruição de arrozais, "pontas" (hortas) e palmeirais,  pilares da subsistência alimentar;

  • O incêndio de celeiros e depósitos de arroz, essencial na dieta guineense.

(iii) Consequências imediatas
  • Fome generalizada, desnutrição: ao destruir  o gado e os alimentos, a guerra atingia diretamente os mais vulneráveis, mulheres, crianças e idosos;
  • Deslocações forçadas: aldeias inteiras foram obrigadas a abandonar as suas terras para procurar sobrevivência noutras zonas;
  • Colapso económico local: ao destruir os animais e colheitas, a base produtiva da sociedade rural guineense foi desmantelada.
(iv) Exemplos e relatos

Testemunhos de ex-combatentes portugueses e relatórios de operações como a Op Lança Afiada, lembram que as operações de “limpeza” incluíam não só a queima do capim, mas também o abate sistemático de animais e destruição de outros víveres, como arroz, deixando as tabancas devastadas.

Um antigo guerrilheiro do PAIGC relatou que muitas vezes, depois de uma ofensiva da tropa, regressavam às tabancas e encontravam os celeiros queimados e os animais mortos, como forma de pressão psicológica para afastar a população do apoio à guerrilha.

Nas memórias orais recolhidas em comunidades guineenses, ainda hoje se recorda o período da guerra como “o tempo da fome e do fogo”.
 

2. A Operação Lança Afiada (8–19 de março de 1969, Setor L1, Bambadinca)

(i) Contexto e Objetivos

Operação Lança Afiada foi uma das grandes operações de “limpeza” executadas pelo Exército Português no setor Leste (L1), região de Bambadinca, em março de 1969. Contou com cerca de 1 300 efetivos (incluindo oficiais, sargentos, praças, milícias e carregadores)  sob comando do coronel Hélio Felgas blogueforanadaevaotres.blogspot.com.

O objetivo declarado era eliminar, capturar ou expulsar o IN (inimigo), aprisionar a população sob o seu controlo,  e também destruir os recursos de vida com os quais as populações ali se sustentavam, forçando seu retorno sob controle português.

(ii) Impacto sobre gado e arroz

Durante a operação, foram destruídas numerosas tabancas,  queimados arrozais e mortos milhares de animais,  incluindo gado e animais domésticos, como parte da estratégia de terramoto na subsistência.

(iii) Condições e consequências humanas

A operação decorreu sob calor extremo ( entre 39 °C e 44 °C à sombra, e até 55–70 °C ao sol) com os soldados frequentemente revoltados com as rações fornecidas (classificadas como "intragáveis"), gerando uma sede extrema e problemas alimentares sérios; após o segundo dia, muitos já não conseguiam comer, e havia sinais de desnutrição e esgotamento.

Muitos soldados foram evacuados:  110 foram retirados por desidratação, desnutrição, esgotamento físico ou stress psicológico.

(iv) Resultado tático e retaliações

Combatentes do PAIGC e populações civis conseguiram atravessar o rio Corubal juntamente com um mínimo de víveres  (como cães, porcos e galinhas), escapando da operação (não havia tropa na margem esquerda do rio, nomeadamente fuzileiros e paraquedistas, como tinha sido recomendado pelo cérebro da operação, o cor inf Hélio Felgas).

Além disso, conforme relatos posteriores, o PAIGC retaliou com flagelações, embora a distância e furtando-se ao contacto directo,  mostrando desse modo que a operação esteve longe de  neutralizar os seus bigrupos ( o número de baixas foi escasso face aos meios utilizados pelas NT). E dois meses e meio depois, em 28 de maio de 1969,  o quartel de Bambadincs, sede do BCAÇ  2852, foi atacado em força. 

Resumo sintético: abate de gado 
e destruição de arroz


Aspecto | Detalhes

  • Abate de gado e animais: morte em massa de bovinos e outros animais domésticos, visando destruir os meios de sustento das comunidades

  • Destruição de arrozais: arroz, celeiros e culturas queimadas, comprometendo gravemente a produção local de alimento. (Foram destruídas muitas toneladas de arroz.)

  • Condições extremas: altas temperaturas, rações de combate inadequadas, esgotamento e elevada necessidade de água resultaram em evacuações de soldados (cerca de 15%) .

  • Resposta do IN: populações fugiram com alguns dos seus parcos haveres, atravessando o Rio Corubal para a região de Quinara, e o PAIGC manteve, no essencial, a mobilidade e a capacidade de reação.

Conclusão

A Operação Lança Afiada, em março de 1969, foi um marco na guerra colonial e um exemplo claro de como a política de "terra queimada" se manifestou de forma devastadora. 

Ao dizimar  o gado e destruir dezenas de toneladas de arroz, as NT militares visavam desestruturar a base económica e alimentar das populações. 

De qualquer modo,  as dificuldades enfrentadas pelas NT,  aliadas à resiliência da guerrilha e população sob o seu controlo (estimada em alguns milhares) demonstraram os limites transversais dessa estratégia. Deixaram-se, de resto, de fazer  grandes operações como esta,  pelo menos no sector L1 e no meu tempo.

Tratou-se de uma operação onde se foi a lugares míticos (ou mitificados desde o início da guerra, como a mata do Fiofioli, junto ao Corubal), mas ninguém encontrou médicos e enfermeiras cubanas... Hospitais (?) de campanha, sim (ou melhor, pequenos postos e toscos postos sanitários),  mas já abandonados, uns meses antes. 

Destruíram-se muitas toneladas de arroz, mataram-se milhares de animais, queimou-se tudo o que era tabanca e "barracas"... 

Em contrapartida, houve 24 flagelações do IN, mas os guerrilheiros seguiram a regra básica da guerrilha: primeiro, retirar quando o inimigo, ataca: segundo, e quando possível, atacar, quando o inimigo retira...

 O autor do relatório, irritado, queria que os tipos do PAIGC se apresentasse de peito feito às balas e dessem luta...

O mais caricato (e hilariante, se fosse caso para rir) desta operação é que o pessoal deitou fora... as intragáveis rações de combate e desatou a comer... leitão assado no espeto!... E até poupou algumas vacas, que trouxe para os seus aquartelamentos...

Este é um cínico relato da dura condição da guerra da Guiné, vista pelo lado da hierarquia militar. O relatório tem a chancela do então Cor Hélio Felgas, já falecido como maj gen ref, Torre e Espada, considerado um dos mais brilhantes oficiais da sua geração.  

Tem  críticas veladas, se não mesmo picardias,  ao Comandante-Chefe, ao Quartel General, à Marinha e à Força Aérea...

 O seu relatório é uma peça de antologia.  Dizia-se que o Hélio Felgas sempre se batera ao lugar de Spínola. O desastre de Cheche, em 6 de fevereiro de 1969, manchou a sua reputação.  O falhanço da Op Lança Afiada foi outra machadada no seu prestígio.  Tornou-se um azedo crítico do spinolismo. 

 
 (Revisão / fixação de texto: LG)
 
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Guiné 61/74 - P27181: Parabéns a você (2414): Armor Pires Mota, ex-Alf Mil Cav da CCAV 488 / BCAV 490 (Mansoa, Bafatá e Jumbembém, 1963/65) e José Câmara, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Brá, Mata dos Madeiros, Bassarel e Tite, 1971/73)


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Nota do editor

Último post da série de 3 de Setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27178: Parabéns a você (2413): Luís Gonçalves Vaz, Amigo Grã-Tabanqueiro, ex-Fur Mil PE (EPC, 1983/84)

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27180: Historiografia da presença portuguesa em África (495): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa, primeiros meses de 1940 (51) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Março de 2025:

Queridos amigos,
Estamos em guerra,há´restrições, preparam-se as comemorações dos Centenários, estreou-se a Mocidade Portuguesa em Bissau, a aviação sobrevoa diariamente os Bijagós, não se sabe exatamente para quê (parece existir a lenda que havia bases de submarinos alemães, infraestruturas criadas à socapa por comerciantes dessa nacionalidade), inaugura-se o monumento à pacificação de Canhabaque, lê-se no despacho do governador que o dito monumento foi pago pela população Bijagó, os processos disciplinares continuam e estou certo e seguro que o leitor lerá com espanto o processo disciplinar do Dr. Petronilho, tomada a decisão pelo Conselho Disciplinar, o governador Carvalho Viegas quis dar a volta ao texto, o ministro das Colónias, Vieira Machado, não aceitou parte da argumentação do governador e explica categoricamente porquê, é prosa que merece reflexão.

Um abraço do
Mário



A Província da Guiné Portuguesa
Boletim Oficial da Colónia da Guiné, primeiros meses de 1940 (51)


Mário Beja Santos

O ano anuncia-se com as festas da Restauração de dezembro e a chegada da Mocidade Portuguesa a Bissau, assim se escreve no Boletim Oficial n.º 1, de 2 de janeiro, e escreve Carvalho Viegas:
“No dia primeiro de dezembro último, data em que na Colónia foi celebrado com vibrante entusiasmo e patriotismo o aniversário da Restauração de Portugal, foi-me dado o prazer de apreciar a exibição de vários pelotões da Companhia de Polícia Indígena e das classes de ginástica infantil e de adultos da Mocidade Portuguesa numa magnífica parada que empolgou, mostrando-se à altura dos objetivos das respetivas organizações, pelo garbo primoroso da sua apresentação;
Considerando que os exercícios militares efectuados no campo de jogos da cidade de Bissau pelos referidos pelotões revelaram, pela correcção, disciplina e desenvoltura na execução dos variados números do programa, apreciáveis cuidados, zelo e dedicação dos graduados dessa formação e bem assim boa vontade dos indígenas que assim vêm adquirindo hábitos de disciplina e amor pela defesa da Bandeira de Portugal;
Considerando que o desfile nas ruas e no mencionado campo de jogos e os exercícios de ginástica rítmica executados pelas referidas classes da Mocidade Portuguesa suscitaram a atenção geral do público e provocaram aplausos do público unânimes e sinceros, devido ao entusiasmo que despertaram nas populações juvenis pelos exercícios de cultura física, pelo que é justo pôr em relevo que esses resultados foram alcançados pelo esforço e dedicação do funcionário Adolfo de Oliveira, determino: que sejam louvados os oficiais, sargentos e praças, da companhia de polícia indígena e Adolfo de Oliveira.”


Ponto curioso, é até agora não esclarecido, sabendo nós que estavam a ser tomadas medidas de vigilância das fronteiras, dá-se a informação que estava a ser sobrevoadas quase diariamente o arquipélago dos Bijagós, impunha-se a maior moderação no gasto de combustíveis.

No Boletim Oficial n.º 11, de 26 de fevereiro, voltamos às medidas disciplinares, emanam do gabinete do governador. Escreve-se que em 7 de novembro do ano anterior, o funcionário Odorico Gomes de Pina fora punido com doze meses de inatividade por se terem verificado, na sua gerência, como encarregado da Circunscrição Civil do Gabu, sobretudo quanto a emendas e rasuras nos livros de contabilidade e ainda à falta de concordância entre documentos e lançamentos a eles respeitantes; e ainda mais, falta de encerramento de contas da cobrança de impostos de palhota, falta na prontidão na entrega dos fundos do Estado, etc., etc. O arguido vem agora recorrer com novos elementos de prova e o Governador Carvalho Viegas tece a seguinte crítica:
“Mais uma vez sou forçado a registar a forma deficiente como os funcionários defendem nos processos disciplinares que lhes são instaurados, alguns certamente de má fé o fazendo, para depois, julgados os processos apenas com os elementos de prova que oportunamente ofereceram, virem apodar de injusta a decisão da entidade que puniu. No recurso, Odorico Gomes de Pina não terá dado respostas satisfatórias, e o inspetor dos serviços da fazenda considera que havia para ali muita desorganização, escrituração feita à pressa e por quem não tem a obrigação de conhecer os serviços administrativos, etc., etc., não substituindo nenhuma dúvida acerca da irresponsabilidade do recorrente. Dá-se em parte provimento ao recurso alterando-se a pena."


No Boletim n.º 31, de 29 de julho, voltamos a Canhabaque, vai-se falar no monumento construído pelos indígenas, é uma narrativa de glorificação:
“Tendo sido colocado interinamente como chefe de posto de Canhabaque, em 10 de agosto de 1939, José d’Assenção Júnior, o qual inteligentemente tem desenvolvido uma política de atracção fundada na justiça, bondade e interesse pela vida indígena, demonstrando assim uma nítida compreensão de qual deve ser a nossa atuação e finalidade sobre povos ainda num atrasado estado de civilização;
Considerando que o mesmo funcionário manifestou um claro conhecimento dos seus deveres e ainda pôs uma absoluta lealdade e disciplina nas directrizes recebidas do governador da colónia, quanto à orientação da política indígena, a bem do aperfeiçoamento da sua vida material e psíquica;
Considerando, ainda, que tendo os indígenas patenteado o desejo de realizarem qualquer acto que ficasse ligado às suas crenças religiosas e que perdurasse aos olhos de todos como afirmação segura de início de uma era de amizade perpétua com o Governo português, o mesmo funcionário soube traduzir essa mesma ideia e desejo numa feliz representação material que à crença do indígena se impusesse, dando-lhe assim um ambiente de religiosidade.”


Tudo isto para dizer que foram os Bijagós que pagaram o monumento onde se glorifica a ação militar das operações realizadas em 1936. E o governador louva José d’Assenção Júnior. O monumento foi inaugurado no lugar de In-Orei, Canhabaque em 31 de março de 1940, muita gente presente, coube ao governador descerrar o referido monumento que se achava coberto com a bandeira nacional.

Neste mesmo Boletim Oficial se volta às questões disciplinares, desta vez após um recurso entreposto pelo médico Dr. António dos Santos Petronilho. Indo aos factos, o administrador da circunscrição civil de Bafatá participara que o delegado de saúde procedia sem consideração pela sua profissão em detrimento de pessoas cuja saúde lhe está entregue e que abandonou, aos cuidados do enfermeiro indígena, o chefe de posto Eiras, atacado de pneumonia, recusando-se a ir vê-lo apesar da insistência do doente e do administrador. O Dr. Petronilho requereu um inquérito aos seus atos como delegado de saúde. Diz a acusação que o médico se recusara a visitar o chefe de posto Cruz Eiras e que por motivos da sua recusa o doente foi obrigado a solicitar os socorros médicos de Bissau, apenas entregue ao cuidado do enfermeiro, o doente veio a falecer; o delegado não cumpria com zelo e assiduidade os seus deveres profissionais, tinha um feitio por vezes ríspido e ganancioso, cobrando pelas suas visitas.

Na defesa, alega que no mesmo dia em que recebera o telegrama lhe chegara a notícia de um outro caso através do sírio Jamil, faltava em Bambadinca óleo canforado, eletrargol e linhaça, e só após ter entregue ao portador esses medicamentos é que o dito Jamil lhe disseram eu tinha vindo chamar o arguido para ir ver um chefe de posto Eiras, ora o arguido estava com a temperatura de 38ºC e acessos palustres, respondeu que não podia ir ver o doente mas que no dia imediato viesse buscá-lo, iria então visitar o doente e regressar a tempo de presidir à mesa eleitoral de Bafatá… E porque torna e porque deixa, e até porque o arguido, por motivos que brigam com a sua dignidade está e estará de relações cortadas com o pessoal do administrador, este, sem nenhuma consideração pelo médico pretendia requisitar para seu uso o carro que se pusera à disposição do arguido.

O instrutor do processo, ponderados todos os argumentos, não deixa de frisar que a circunstância do arguido estar de relações cortadas com o administrador não pode anular o sentimento do dever profissional, acresce que estava provado que o Dr. Petronilho tinha mostrado pouco zelo e assiduidade no exercício da sua profissão, daí a proposta de aplicação do castigo de 181 dias de inatividade. O governador manteve o castigo em recurso, diz que há duas partas distintas na acusação: uma, diz respeito ao caso do Chefe de Posto Eiras e a outra trata do procedimento em geral do recorrente. Quanto a não ter ido socorrer o chefe de posto, há divergência de opiniões; analisando o telegrama, não se vê que fosse pedida urgência ao recorrente e não se explica porque é que o administrador, em vez de regressar o carro de Bambadinca a Bafatá para levar o recorrente, pediu, para Bissau, a ida de um médico.

O documento é longo, o governador considera que há para ali acusações vagas e genéricas e observa cabalmente:
“Ter este ou aquele feitio não é infração, as infrações ou omissões influenciadas pelo mau feitio é que podem cair sob a sanção disciplinar. Se o recorrente infringiu as disposições da tabela dos honorários, é indispensável dizer-se-lhe quais os casos em que as infringiu, para eu poder ou justificar-se ou convencer-se de que errou e deve corrigir-se.”


O governador pede a anulação do teor de algumas alíneas, mas dá como comprovadas certas irregularidades, havendo que reformular a instrução. Acontece que o ministro das Colónias, Vieira Machado, exara o seguinte despacho:
“Tenho muita pena não poder estar de acordo com o Conselho, mas não posso admitir que por questiúnculas pessoais um médico não cumpra o seu dever. O médico podia muito bem ir no automóvel com o administrador e não falar com este, com quem estava de relações trocadas. O facto de utilizar o mesmo meio de locomoção, sobretudo em África e nas circunstâncias que constam no processo, não implicava um reatamento de relações. Pelo critério seguido pelo médico, não tomava ele assento num carro elétrico ao lado de um desconhecido, porque o simples facto da vizinhança aplicaria relações pessoais. Isto não quer dizer que aprove o procedimento do administrador, antes pelo contrário, entendo que lhe deve ser instaurado um processo disciplinar. Anulo o processo quanto às acusações de duas alíneas desde a audição do arguido para poderem ser feitas as averiguações propostas que afinal se julgar qual a pena que se deve aplicar, é ponto assente para mim que o médico não pode deixar de ser castigado.”

Monumento à Pacificação de Canhabaque, onde se lê “Àqueles que tombaram pela civilização”, fotografia de Francisco Nogueira, publicada no livro Arquitetura dos Bijagós, Tinta da China, com a devida vénia

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 27 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27157: Historiografia da presença portuguesa em África (495): A Província da Guiné Portuguesa - Boletim Oficial da Colónia da Guiné Portuguesa, 1939 (50) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P27179: Casos: a verdade sobre... (54): Napalm, fósforo branco e outros incendiários no CTIG - Parte I: O que diz a IA / ChatGPT



Guiné (? ) > 1969 > Uma das célebres fotos de István Bara (1942-2025)  o fotojornalista húngaro, da agência estatal MTI (Magyar Távirati Iroda),  que esteve alegadamenmte  embebbed com forças do PAIGC, no mato, em 1969/70, em "áreas libertadas". 

Nesta imagem, da sua fotogaleria, mostram-se "os efeitos do napalm"... Pelo menos, a legenda (em húngaro) é isso que diz explicitamente: " István Bara: Napalm áldozata. Guinea-Bissau, 1969" (em português: "István Bara: vítima de napalm. Guiné-Bissau, 1969").

O fotojornalista (?) não diz  onde foi  exatamente tirada a foto (podia ter sido na Guiné-Conacri). E julgamos tratar-se de uma imagem copyleft, isto é, do domínio público... (A sua página foi descontinuada, e entretanto capturada pelo Arquivo.pt; o fotógrafo morreu recentemente aos 83 anos.) 

Numa análise mais atenta e detalhada da imagem, com a ajuda da IA, concluimos que estamos perante um caso aparentemente de má fé, manipulação ou grosseira ignorância (clínica): tudo indica que se trataria de um caso de vitiligo (perda de pigmento, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas), confundida intencionalmente ou não com queimaduras por napalm (que em geral atingem também outras partes do corpo, com o peito, o pescoço, a cara, o coro cabeludo...) e não apenas as mãos... E deixam marcas profundas...

A ser assim, estaríamos perante uma descarada manipulação ou encenação fotográfica para efeitos de propaganda "anticolonialista"...  Não há almoços grátis, camaradas...

Foto: Foto Bara (com a devida vénia...)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Acampamento Osvaldo Vieira (reconstruído) >  2 de Março de 2008 > Pretensos restos de bombas de napalm, largadas pelas NT no Cantanhez, e expostos, toscamente, no topo de um  baga-baga.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados. Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Mata do Cantanhez > Acampamento ("Barraca") Osvaldo Vieira (reconstruído),  nas proximidades de Madina do Cantanhez, na picada entre Iemberém e Cabedu > Simpósio Internacional de Guiledje > Domingo, de manhã, 2 de março de 2008 > Visita guiada e animada por antigos guerrilheiros e população local, ao Acampamento ("Barraca") Osvaldo Vieira  >
 Foto do cor art ref Nuno Rubim, mostrando em mais pormenor os restos de bombas (de napalm ?) da nossa Força Aérea. Nem eu nem o saudoso Nuno Rubim (1938-2023) nos deixámos convencer pela encenação...

(...) "Há outro mistério que ficou sem resposta. No meio da clareira do acampamento estavam os restos de duas bombas de Napalm (ver foto). Podiam, naturalmente, ter sido trazidos de outro local, e colocados nos montes de baga-baga, mas eu procedi a uma pequena escavação e notei que parte delas estava parcialmente embebida no terreno. Mas isto também pode ser um sinal dos tempos, numa zona onde há grande precipitação. O facto é que, se as bombas caíram lá (ou onde quer que fosse), os estragos teriam sido consideráveis. Também não tive tempo de aclarar o assunto" (...) (*)

Foto (e legenda): © Nuno Rubim  (2008). Todos os direitos reservados. Edição e legendagem complementar:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
  

1. O uso do napalm na Guiné-Bissau durante a guerra colonial não está devidamente documentado... Julga-se o seu uso era irregular, ocasional, pontual.  (Por exempplo, no princípio da guerra, 1963/64,  ou então em grandes operações, como a Op Tridente, ilha do Coko, jan-março de 1964.)

 Portugal não fabricava napalm... Nem podia dar-se ao luxo de praticar, no CTIG, uma "política de terra queimada"... 

Fotos alegadamente de vítimas de napalm são uma manipulação fotográfica, como a do fotógrafo húngaro Bara István (que analisaremos em próximo poste), que intencionalmente, por má fé, ou por ingorância, terá confundido, em 1969, numa "área libertada" do PAIGC,  um caso de vitiligo (perda de pigmento, comum em pessoas de pele escura, deixando manchas brancas) com queimaduras (profundas) por napalm.
O uso do napalm durante a guerra colonial  é um tema delicado e ainda hoje com contornos pouco claros. Foi,  e tende ainda a ser, um arma de arremesso político (do PAIGC contra Portugal, ou entre nós, nos debates sobre a guerra colonial / guerra do ultramar).  A arma, de qualquer modo, só passou a ser "proibida" a partir de 1980...
Confesso que, em 1969/71, quando estive no TO da Guiné,  não vi devastações feitas por napalm, na bacia hidrográfica dos rios Geba e Corubal. Embora se falasse do uso de napalm nas ZLIFA (Zonas Livres de Intervenção da Força Aérea). Quando estive em Sare Gana, em agosto de1969, "ouvi" os Fiat G-91 bombardearem a "barraca" de Sinchã Jpbel... M´~ao me chegou ao nariz o cheiro de napalm pela manhã...
Não creuo que o general Spínola recorresse a essa arma de maneira sistemática... Poderia ter condenado o PAIGC e as populações sob o seu controlo à fome, queimando todos os campos de arroz (as "bolanhas"). O que não fez, era incompatível, de facto,  com a sua política "Por uma Guiné Melhor". A verdade acima de tudo (**).
No caso da Guiné, pouco ou nada se tem  falado do tema no nosso blogue. Temos uma escassa dúzia de referências a este marcador, "napalm". E  nem sempre o termo "napalm" quer dizer "napalm", sendo facilmente usado como sinónimo de outras bombas incendiárias. Temos, pois, que ser cautelosos quando os "infantes" fala(va)m do que não sabem (sabiam)...
Eis, entretanto, o que se sabe (recorrendo a fontes na Net), neste caso o ChatGPT (considerado o melhor assistente de IA):

1. Portugal e o Napalm:

  • Portugal não produzia napalm; 

  • as suas forças armadas dependiam de material fornecido sobretudo pelos EUA até ao início da guerra colonial (1961), e depois pela  França, Alemanha Ocidental e África do Sul, através de canais indiretos;

  • napalm era de fabrico norte-americano; foi usado em larga escala no Vietname, mas a sua exportação era controlada;

  • a FAP podia eventualmente recorrer oa fabrico de um sucedâneo de napalm (que, no fundo, é gasolina, ou um outro combustível altamente inflamavável, combinado com um espessante...).

2. Na Guiné-Bissau:

  • há testemunhos de militares portugueses  (incluindo pilotos da FAP) e de dirigentes do PAIGC (com destaque para o seu líder, Amílcar Cabral) que referem o uso de bombas incendiárias (algumas descritas como “napalm” ou “bombas de fósforo”, facilmente confundíveis);

  • contudo, parece que o seu uso foi muito mais limitado do que no Vietname;  pontual, não sistemático;

  • Em termos documentais:

    • PAIGC denunciou repetidamente em fóruns internacionais (ONU, OUA) e na imprensa europeia o uso de "napalm" contra populações civis indefesas, nas "áreas libertadas"; 

    • em Portugal, há relatos dispersos em memórias de militares, mas poucos documentos oficiais, possivelmente porque se tratava de armamento sensível e politicamente embaraçoso;

    • alguns investigadores (como o João Paulo Borges Coelho,  Carlos Matos Gomes, John Cain) admitem que possa ter havido emprego de napalm  e/ou bombas incendiárias fornecidas por aliados ocidentais, mas sem prova de fornecimento regular de napalm.

3. Possível confusão:

  • muitas vezes, as tropas no terreno chamavam “napalm” a qualquer bomba incendiária (por exemplo, bombas de fósforo branco ou de gasolina gelatinizada artesanal);

  • o PAIGC, por sua vez, tinha todo o interesse em maximizar o impacto propagandístico, denunciando o uso de  “napalm” à opinião pública internacional e  associando, deste modo,  Portugal às práticas mais condenadas da guerra do Vietname; e, com isso, conseguia maior ajuda humanitária dos "amigos suecos" e outros;

  • o tema estava, infelizmente, na moda: o horror dos bombardeamentos com napalm no Vietname entrava-nos  pelas casas adentro através da televisão  

4. Comparação com outros teatros:

  • em Angola e Moçambique, há também relatos de uso de fósforo branco e e bombas incendiárias, nomeadamente no início da guerra (em Angola, em 1961) mas não há indícios fortes de fornecimento sistemático de "napalm" (que ninguém sabia exatamente o que era);

  • a Guiné-Bissau, pela sua dimensão reduzida, pelas florestas-galeria e pela intensidade da guerra, seria o lugar mais provável para uso experimental ou ocasional de "napalm", em áreas de maior implantação do PAIGC (bacia hidrográfica do rio Corubal, Cantanhez, Oio, Boé...);

  • mas, nomeadamente durante o consulado de Spínola (meados de 1968 / meados de 1973), o uso de "napalm" seria contra-producente, contrário à política "Por uma Guiné Melhor".


Conclusão provisória:
  • Está documentado em testemunhos e denúncias, mas não há provas inequívocas de fornecimento regular de "napalm" a Portugal por parte dos EUA.

  • O mais provável é que o seu uso tenha sido ocasional e talvez até confundido com outras bombas incendiárias (fósforo, gasolina, termite).

  • Na versão oficial,  Portugal nunca teria usado o napalm.  

O uso de armas incendiárias contra populações civis passou a ser proibido pelo Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais de 1980

O  uso contra alvos militares é ainda, todavia,  uma área controversa do direito internacional humanitário. 

Entre as armas incendiárias as duas mais conhecidas são o napalm e o fósforo branco. Mas há outras:  termite (ou termita), ligas de magnésio, líquidos inflamáveis espessados (diferentes do napalm). 

Vamos perguntar aos nossos leitores se tiveram conhecimento do uso de algumas destas armas no CTIG, no seu tempo, antes, durante e depois do "consulado de Spínola"... 

No meu tempo (maio de 1969/março der 1971), não me lembro de ver grandes extensões de terreno, vítimas de bombardeamento por napalm ou outras incendiárias. No Sector L1 (Leste 1, Bambadinca)... 

Tenho ideia que as NT (a infantaria e a artilharia) dispunham de granadas incendiárias (inlcuindo fósforo branco)... Nuna usámos (a CCAÇ   12) "lança-chamas", nem sei se os haviua no CTIG no meu tempo... Mas os infantes não sabiam o que se passava na FAP nem tinham acesso â BA 12 (Bissalanca)... "Nunca vi" a nossa aviação largar bombas incendiárias...  (o que também era difícil, porque os alvos IN não estavam propriamente  em cima de nós ou ao alcance da nossa vista...) 

Estava na moda falar-se do napalm, sobretudo por causa da guerra do Vietname. Mas Portugal, em princípio,  não fabricava napalm nem podia importar grandes quantidades. Portanto,  o seu uso, na Guiné, a ter ocorrido,  foi pontual e datado.  Ou não ?

Comecemos por saber a diferença entre o napalm e outras bombas incendiárias (de fósforo, etc.). E façamos um comparação entre eventual uso de napalm e outras bombas incendiárias, nas guerras de Argélia, Vietname e Guiné-Bissau, nos anos 60/70.

O assistente de IA (o ChatGPT) respondeu à pergunta, organizando a resposta em três partes: (i) diferenças técnicas, (ii) casos de uso, e (iii) perceção pública/política. Veremos, depois, noutros postes a abordagem do problema feita por outros assistentes de IA (Gemini, Perplexity, Deep Seek).


O napalm e outros incendiários nas guerras dos anos 60/70 (Vietname, Argélia, Guiné-Bissau)

1. Diferenças: napalm vs. fósforo branco e outras incendiárias

  • Napalm

    • é uma mistura de gasolina (ou querosene) com espessantes (sabões de ácidos nafténicos e palmíticos, daí o nome "napalm"),;

    • cria um gel combustível que adere a superfícies (corpos, vegetação, edifícios);

    • queima lentamente, a temperaturas de 800–1200 ºC;

    • o efeito é prolongado e praticamente impossível de apagar com água;

    • Usada sobretudo em bombardeamentos aéreos (bombas de napalm lançadas por caças-bombardeiros).

  • Fósforo branco

    • Substância química que inflama espontaneamente em contacto com o oxigénio.

    • Arde a temperaturas muito altas (até 1300 ºC).

    • Produz denso fumo branco (usado para criar cortinas de fumo e marcação de alvos).

    • Tem efeito incendiário e tóxico, com queimaduras químicas profundas.

    • Usado tanto em granadas, morteiros e projéteis de artilharia como em bombas aéreas.

  • Outros incendiários (ex.: termite (oiu termita),  bombas incendiárias de magnésio)

    • Geram temperaturas elevadíssimas (até 2500 º C), sobretudo para destruir material e infraestruturas (ex., aviões, veículos, depósitos).

    • Não eram tão usados contra pessoas em combate irregular, mas sim contra alvos materiais.

Resumindo:

  • Napalm → arma sobretudo aérea, efeito prolongado, terror psicológico.

  • Fósforo → mais versátil (artilharia, granadas, bombas), com uso misto tático (fumo/iluminação) e ofensivo.

  • Outras armas incendiárias → destruição de material e infraestruturas.

2. Casos de uso em conflitos coloniais/guerras de guerrilha
  • Argélia (1954/62)

    • A França foi acusada de usar napalm em bombardeamentos contra posições da FLN - Frente de Libertação Nacional (criafa em 1954) sobretudo em zonas montanhosas da Cabilia e Aurès.

    • O governo francês inicialmente negou, depois admitiu "experiências limitadas".

    • Também se usou fósforo branco em apoio de artilharia.

    • O napalm tornou-se símbolo da violência colonial francesa, denunciado na ONU e pela imprensa internacional.

  • Vietname (1961/75)

    • É o caso mais conhecido e documentado.

    • Os EUA usaram napalm em larga escala em ataques a aldeias suspeitas de apoiar o Viet Cong e para limpar vegetação (juntamente com desfolhantes como o “Agent Orange”).

    • Uso extensivo de fósforo branco também, para marcar alvos e provocar incêndios.

    • A imagem da menina Kim Phúc, vítima de napalm (1972), tornou-se ícone mundial contra a guerra.

  • Guiné Portuguesa (1963/74)

    • A FAP (Força Aérea Portuguesa) não dispunha oficialmente de napalm em larga escala, ao contrário dos EUA; a industrial militar portuguesa estava em condições de fabricar um sucedánio do napalm.

    • testemunhos contraditórios: (i) Alguns veteranos e dirigentes do PAIGC (como Amílcar Cabral) denunciaram o uso de napalm pela aviação portuguesa, sobretudo em zonas de mato denso (Tite, Boé, sul da Guiné); (ii) Portugal admitia o uso de bombas incendiárias (fósforo e napalm improvisado em pequena escala, adaptado em depósitos lançados por T-6 ou Fiat G-91).

    • Mais consensual: o uso de fósforo branco em morteiros e granadas pela tropa portuguesa, como em outras frentes coloniais (Angola, Moçambique).

    • Mesmo que o uso de napalm tenha sido limitado, a acusação tinha forte peso 
      político internacional, reforçando o isolamento de Lisboa.

3. Perceção política e psicológica
  • O napalm tornou-se um símbolo do terror aéreo, sobretudo porque: (i) era usado contra populações civis; (ii( causava queimaduras horríveis; (iii) era difícil negar ou esconder; (iv) por isso, teve maior repercussão mediática (Argélia, Vietname).

  • Fósforo branco, apesar de igualmente devastador, tinha a "cobertura" do uso legítimo como gerador de fumo ou sinalização, o que facilitava a defesa oficial dos governos.

Comparação  em 3 teatros de operações (1950/70)

Nos casos da Argélia, Vietname, Guiné-Bissau), as denúncias internacionais visavam mostrar a brutalidade das potências coloniais ou imperialistas, e as armas incendiárias eram vistas como instrumentos de guerra desproporcionada contra povos em luta de guerrilha.

Aqui está um resumo comparativa das bombas incendiárias (napalm, fósforo, etc.) nos três teatros de guerra (Argélia, Vietname e Guiné-Bissau, anos 50/70).

(Por razões que não nos foram reveladas, o Blogger não nos autoriza a publicar este resumo. Presumimos que viole a sua política de contreúdos.)

Guiné 61/74 - P27178: Parabéns a você (2413): Luís Gonçalves Vaz, Amigo Grã-Tabanqueiro, ex-Fur Mil PE (EPC, 1983/84)

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Nota do editor

Último post da série de 1 de Setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27172: Parabéns a você (2412): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1419 / BCAÇ 1857 (Bissorã e Mansabá, 1965/67)

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27177: Ser solidário (287): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (15): Cancoran II, e Convite para a apresentação do projecto de construção de uma escola na Guiné-Bissau e jantar com prova de produtos da Guiné-Bissau, a levar a efeito no próximo dia 13 de Setembro, a partir das 16h30, na Associação Macaréu, Rua João das Regras, 151 - Porto (Renato Brito)

1. Mensagem com data de 30 de Agosto de 2025 do nosso amigo Renato Brito, voluntário, que na Guiné-Bissau integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa, trazendo até nós a Cartolina número 15:

Bom dia Carlos Vinhal,
Com a presente venho por este meio partilhar a “cartolina” que prossegue com a campanha de angariação de fundos para construir uma escola na aldeia de Sintcham Arafam – Guiné-Bissau.
Divulga a apresentação do projeto no Porto no dia 13 de setembro. Será dado ênfase ao modo de criar uma horta no terreno com 5.400 m2 doado ao projeto.
Todos bem-vindos!

Cumprimentos,
Renato Brito


Macaréu - Associação Cultural
Rua João das Regras, 151 – Porto
https://macareu.org/2019/03/09/apresentacao/
13 de Setembro de 2025 –16:30
Preço do jantar: 12 euros
Marcações através do seguinte mail:
macareu.porto@gmail.com

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Notas do editor:

Vd. post da série de 19 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26938: Ser solidário (285): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (14): Mercado de venda de produtos em segunda-mão no dia 21 de junho na cidade de Bressanone – Região Italiana do Alto Adige (Renato Brito)

Último post da série de 4 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27090: Ser solidário (286): Almoço-Convivio da Associação Anghilau, dia 14 de Setembro de 2025, às 12h30, no Restaurante da Quinta de Santo António, na Malveira (Manuel Rei Vilar)

Guiné 61/74 - P27176: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (5): Onde ficava Ganguirô ?... O delírio da IA que, quando não sabe, inventa...




Guiné > Região de Gabu > Mapa de Cabuca (1959) > Escala de 1/50 mil > Posição relativa de Canjadude e Ganguirô

Canjadude, aquartelamento guarnecido pela CCAÇ 5 ("Gatos Pretos"), era, na região de Gabu, a posição mais meridional das NT, depois da retirada de Madina do Boé, em 6/2/1969. Beli já tinha sido abandonado em finais de 1968. Na região do Boé, deixámos de ter unidades de quadrícula. A CCP 123/BCP 12 estava temporariamente instalada em Nova Lamego em abril de 1971.

Mas em novembro de 1967, a CART 1742 já tinha patrulhado a tabanca, abandonada, de Ganguirô.


Infografia: Blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné (2014)


1. Perguntar coisas ao "Sabe-Tudo" sobre a "nossa Guiné" (e a guerra de 1961/74), é sempre arriscado... Ele vai ao nosso blogue (é uma das fontes que privilegia), mas também é preguiçoso... Por exemplo, perguntar-lhe o que é que ele sabe sobre:

(i) Ganguirô, na Guiné-Bissau, a sudeste de Canjadude, próximo da margem direita do rio Corubal, já perto da região do Boé, carta militar de Cabuca (escala 1/50 mil):

(ii) e algo de relevante que lá se tenha passado durante a guerra colonial...


Ele vai dar um volta ao bilhar grande, fica a pensar... e, quando não sabe, inventa...E quando inventa, sai asneirada, como essa, a que já estamos habituados, de dizer que o PAIGC fez a proclamação unilateral da independência em 24 de setembro de 1973, em... Madina do Boé.

Vejamos a seguir três respostas mais ou menos delirantes dos assistentes de IA...

  • O ChatGPT é, apesar de tudo, o mais "inteligente" de todos, o mais aplicado, o mais "certinho",  faz o trabalho de casa mas também é capaz de trocar os pés pelas mãos (por exemplo, apresenta um excerto da carta do Xime como sendo de Cabuca...); tem uma coisa boa: não se limita a roubar a ideias dos outros, cita as fontes (incluindo o nosso blogue); e tanto me trata por tu como por você; não é lá muito bom em geografia, mas é prestável e didático;
  • O Gemini, por sua vez, gosta de títulos "poéticos", gosta de adjetivar e de mandar "bitaites" mas o resultado é "muita parra e pouca uva";
  • O Perplexity vê-se que também "não foi à guerra" e, como não foi à guerra, precisa do testemunho dos combatentes que lá andaram a penar...

IA / Gemini

Ganguirô: um Eco Perdido na Estratégica Região do Boé Durante a Guerra Colonial na Guiné-Bissau

A localidade de Ganguirô, situada na volátil e estratégica região do Boé, na Guiné-Bissau, permanece como uma nota de rodapé esquecida nos anais da Guerra Colonial Portuguesa. Pesquisas exaustivas em fontes históricas, mapas da época e testemunhos de combatentes não revelam eventos de grande magnitude ou a localização precisa de um povoado com este nome, sugerindo que se trataria de uma pequena aldeia ou um topónimo local de pouca relevância militar ou administrativa para as forças portuguesas e para o próprio PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde).

No entanto, a sua localização na região do Boé insere-a num dos palcos mais simbólicos e determinantes do conflito. O Boé, no leste da Guiné-Bissau, junto à fronteira com a Guiné-Conacri, foi uma das primeiras e mais importantes frentes de combate abertas pelo PAIGC no início da luta armada, em 1963.~

A geografia da região, caracterizada por um terreno acidentado, com densas florestas e uma complexa rede fluvial, oferecia condições ideais para a guerra de guerrilha, permitindo ao movimento independentista estabelecer bases seguras e áreas libertadas do controlo colonial.

Foi precisamente no coração desta região, em Madina do Boé, que o PAIGC proclamou unilateralmente a independência da Guiné-Bissau a 24 de setembro de 1973.

Este ato, de enorme alcance político e diplomático, consolidou o Boé como o bastião da luta de libertação e um símbolo da resistência contra o domínio português.

A escolha deste local não foi aleatória, refletindo o controlo efetivo que o PAIGC exercia sobre vastas áreas do território, onde as forças portuguesas tinham uma presença limitada e enfrentavam enormes dificuldades logísticas e operacionais.

Durante a guerra, a região do Boé foi palco de inúmeras operações militares portuguesas que visavam desmantelar as bases do PAIGC, cortar as suas linhas de abastecimento a partir da vizinha Guiné-Conacri e reafirmar a soberania portuguesa.

Estas operações, muitas vezes de grande envergadura, resultaram em violentos confrontos e pesadas baixas para ambos os lados. A vida das populações locais, como a dos hipotéticos habitantes de Ganguirô, foi profundamente marcada pela guerra, vivendo sob o controlo do PAIGC, mas sujeitas às incursões e bombardeamentos das forças portuguesas.

A ausência de Ganguirô nos registos históricos mais detalhados pode dever-se a várias razões. Poderá ter sido uma aldeia de poucas dezenas de habitantes, evacuada ou destruída durante o conflito, ou o seu nome pode ter sofrido alterações ou possuir uma grafia distinta da pesquisada. É também possível que fosse um nome utilizado apenas localmente, sem registo oficial nos mapas militares ou administrativos da época.

Em suma, embora a história de Ganguirô permaneça por desvendar, a sua localização na região do Boé significa que esteve, inevitavelmente, no epicentro de um dos capítulos mais decisivos da Guerra Colonial na Guiné-Bissau, uma área onde a luta pela independência atingiu o seu clímax político e simbólico.

A história de Ganguirô é, em essência, a história de tantas outras pequenas comunidades que, apanhadas no turbilhão da guerra, viram as suas vidas e o seu futuro irrevogavelmente alterados.


IA / Perplexity

Ganguirô, localizado na margem direita do rio Corubal, a sudoeste de Cabuca e próximo da região do Boé, foi uma área de relevância estratégica e operacional durante a Guerra Colonial, especialmente pela sua proximidade ao rio Corubal e às zonas de atuação frequente do PAIGC.


Geografia Militar de Ganguirô

Ganguirô aparece em registos e listas de posições militares, sendo referida como localidade de interesse para operações das forças portuguesas na região do Boé, reconhecidamente uma zona de intensa atividade guerrilheira.

Por estar na margem direita do rio Corubal, era ponto de passagem e, seringamente (?) (ou seguramente ?), de emboscadas, servindo também de ligação entre regiões controladas pelas diferentes facções envolvidas no conflito colonial.


Operações e Incidentes na Guerra Colonial


O rio Corubal foi palco de operações críticas e um dos cenários mais dramáticos da guerra, nomeadamente o chamado desastre do Cheche, em fevereiro de 1969, quando forças portuguesas tiveram de atravessar o Corubal em retirada, resultando em elevadas baixas.

Toda a região teve importância fulcral nos planos do PAIGC para isolar guarnições portuguesas e libertar território, principalmente entre Bafatá, Boé e as aldeias na proximidade de Cabuca, onde Ganguirô é referenciada como ponto de passagem estratégica.

Não existem relatos detalhados de grandes batalhas específicas em Ganguirô, mas o local e as zonas imediatamente vizinhas foram constantemente palco de escaramuças e operações de patrulha, tendo provavelmente visto ação militar associada às ofensivas de maior escala e à pressão sobre as guarnições portuguesas.


Cartografia Militar de Cabuca


As cartas militares da Guiné-Bissau à escala 1/50.000 que cobrem Cabuca e regiões adjacentes foram produzidas entre as décadas de 1950 e 1960, e usadas extensivamente para operações de reconhecimento e planeamento durante a guerra.

Tais mapas são essenciais para localizar com precisão localidades como Ganguirô e planear movimentações militares, mas parte da informação disponível é anterior à guerra, servindo como base cartográfica para os episódios posteriores e as memórias dos ex-combatentes.

Contexto Histórico

Entre 1972 e 1974, a pressão militar nas zonas do interior, como o Boé, intensificou-se devido ao esforço do PAIGC em consolidar posições, isolando o exército português e preparando a ofensiva final sobre a capital e outras regiões-chave, usando os rios como corredores logísticos e pontos de bloqueio operacional.

Após o fiasco da operação Mar Verde (1970), estas áreas tornaram-se ainda mais relevantes para as operações portuguesas e das forças libertadoras.

Em suma, Ganguirô foi um ponto de referência operacional numa das zonas mais disputadas junto ao rio Corubal, com relevância indireta nos grandes acontecimentos da guerra, servindo primariamente como cenário de movimentações táticas e de confrontos pontuais, refletidos na cartografia militar de Cabuca à escala utilizada pelas forças portuguesas.


IA / ChatGPT


Onde fica


Ganguirô aparece como uma pequena tabanca/localidade com as coord. aprox. 12.0333 N, 14.1500 W, a escassos km do rio Corubal e dentro da área administrativa do Boé.

Os gazetteers (GeoNames/Mapcarta) listam-no com esses nomes alternativos, confirmando a localização na margem direita (norte) do Corubal. Mapcartageonames.org

Sobre cartografia militar: a Carta Topográfica 1:50 000 da Guiné (IGeoE, 72 folhas levantadas entre 1949–1962) cobre esta área; a folha “Cabuca” integra essa série (mencionada em catálogos e no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné). igeoe.pt | blogueforanaevaotres


O que se passou ali na Guerra Colonial (1963–1974)


Zona de guerrilha intensa ao longo do Corubal: entre Bambadinca/Xitole e Boé, a margem direita do Corubal tinha várias posições/abas PAIGC (p.ex., Ponta do Inglês, Ponta Luís Dias, Mangai, Mina/Fiofioli, Galo Corubal/Satecuta). Ganguirô não surge como base principal, mas fica no corredor usado para infiltrações, emboscadas e apoio às posições referidas. blogueforanadaevaotres

Registo concreto de combate em Ganguirô: em 15-04-1971, o soldado Carlos Alberto Ferreira Martins morreu em Ganguirô (região Liporo/Canjadude), vítima de ferimentos em combate decorrentes de uma emboscada — um dos raros apontamentos nominais que referem a tabanca explicitamente. ultramar.terraweb.biz

Memórias de campanha: depoimentos reunidos no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné descrevem Ganguirô como “antiga tabanca, ligada a Canjadude por uma velha picada”, num troço remoto e duro do teatro Leste. Embora “anódino” do ponto de vista dos grandes mapas da guerra, entra nos itinerários de patrulhas e colunas, com risco de emboscadas. blogueforanaevaotres

Contexto regional: o Boé (Madina do Boé) — poucos quilómetros a montante no mesmo eixo do Corubal — foi palco de combates frequentes e, mais tarde, da declaração de independência pela PAIGC em 24-09-1973, sublinhando a relevância estratégica do setor. Encyclopedia Britannica

Em resumo

Ganguirô era (e é) uma pequena tabanca na margem direita do rio Corubal, a sudoeste do eixo Cabuca/Canjadude, inserida num corredor operacional muito ativo durante a guerra. Não aparece como base de 1ª linha do PAIGC ou como quartel português, mas há registo de emboscadas e baixas ali (pelo menos em 1971), e a toponímia surge em relatos de patrulhamento e nas listas de topónimos do espólio de memórias de veteranos. Mapcarta | ultramar.terraweb.biz | bogueforanadaevaotres

Se quiser, posso tentar localizar a folha “Cabuca” da Carta 1:50 000 e marcar Ganguirô/Canjadude/Boé numa cópia para referência — ou compilar outros testemunhos (diários, relatórios de operações) que mencionem a tabanca.



Aqui tens uma visualização aproximada da área da folha “Cabuca” (escala 1:50 000) da carta militar da Guiné-Bissau, com realce para o contorno do rio Corubal e algumas rotas próximas — que abrange, portanto, a região onde se localiza Ganguirô, próximo de Boé.


Onde encontrar a carta “Cabuca” (1:50 000)


A série de Cartas Topográficas 1:50 000 da Guiné-Bissau foi elaborada por Portugal entre 1953 e 1959, sob responsabilidade do IGeoE (Instituto Geográfico e de Engenharia Militar), e foi depois integrada no Projecto cartAFRICA do CIGeoE, que trata do acervo cartográfico das ex-colónias portuguesas igeoe.pt | Dobrar Fronteiras.

A folha “Cabuca” (1959) cobre um troço do rio Corubal e faz parte desta série Blogue Fora Nada Evaotres | Dobrar Fronteiras.

O blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné menciona explicitamente esta folha entre as disponíveis nessa coleção Blogue Fora Nada Evaotres.

Como aceder a esta folha:

Cartoteca do CIGeoE (Instituto Geográfico do Exército)

Através da Cartoteca do CIGeoE, é possível consultar e adquirir cópias das cartas originais – por vezes digitalizadas – em escala 1:50 000. Muitos veteranos obtiveram os seus mapas desta forma igeoe.pt | Reddit.

Blogue “Luis Graça & Camaradas da Guiné”

Embora o blogue liste as cartas disponíveis e algumas ligações, o acesso direto à folha “Cabuca” pode exigir contato com o autor ou colegas do projeto para solicitar o ficheiro ou impressões.

Próximos passos recomendados


1. Contactar o CIGeoE

Acede ao site do CIGeoE / IGeoE (Cartoteca) para verificar disponibilidade da folha “Cabuca”.

Você pode obter uma cópia digital ou até uma impressão em alta resolução, com topografia, rede hidrográfica, caminhos, toponímia (incluindo Ganguirô, Canjadude, Boé, etc.) — exatamente o que procura.

2. Explorar o blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”


Talvez valha a pena deixar uma mensagem ou comentário no blogue, a solicitar especificamente a folha Cabuca (1959). O autor ou outros veteranos podem dispor de uma cópia digital que aceitariam compartilhar.

3. Utilizar a carta geológica atualizada (escala 1:400 000)

Como alternativa complementar, está disponível gratuitamente a Carta Geológica da Guiné-Bissau (escala 1:400 000), editada pelo LNEG em cooperação com a DGGM da Guiné-Bissau.

Embora de menor detalhe, esta carta usa como base as 72 folhas topográficas 1:50 000 (incluindo “Cabuca”), e pode ser visualizada via WMS ou descarregada como parte de um conjunto de dados geológicos, topográficos e georreferenciados Dados Abertos | geoportal.lneg.pt+1.

Conclusão

A folha “Cabuca” (1959) em escala 1:50 000 existe, cobre a zona do rio Corubal e é referida na literatura cartográfica especializada da Guiné-Bissau Blogue Fora Nada Evaotres | Dobrar Fronteiras.

O CIGeoE, através da Cartoteca do exército, é o local indicado para obtenção desta carta com nível de detalhe, incluindo topografia e toponímia — ideal para marcar Ganguirô, Boé, Canjadude, etc.

Também podes explorar contactar o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné para ver se têm cópias digitalizadas.

Como recurso adicional, a Carta Geológica (LNEG) funciona como base topográfica agregada, útil para confirmação de traçado geográfico e análise mais ampla Dados Abertos | geoportal.lneg.pt+1.

Se quiseres, posso ajudar a redigir uma solicitação formal dirigida ao CIGeoE ou ao blogue, ou até procurar mais fontes digitais disponíveis. É só dizer!

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(Pesquisa: LG | IA (Gemini, Perplexity, ChatGPT)

(Revisão / fixação de texto, negritos, realce a amarelo: LG

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Nota do editor LG:


(*) Último poste da série > 12 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26912: Diálogos com a IA (Inteligência Artificial) (4): A Canção dio Cherno Rachide (tr. e adapt. de Manuel Belchior): quem teria sido a o sábio Logomane ? Um figura histórica ou uma personagem lendária ou alegórica ?