sábado, 1 de dezembro de 2007

Guiné 63/74 - P2320: Massacre do Chão Manjaco (12): O resgate dos corpos (Virgínio Briote)

Fotografia dos três majores e do alferes miliciano, portugueses, vítimas mortais, em 20 de Abril de 1970, do chamado Massacre do Chão Manjaco. Com eles, morreram também três guineenses, ao serviço das NT (1).

Fotos: © Afonso M. F. Sousa (2007). Direitos reservados.


1. Nota do co-editor Virgínio Briote:

Falamos da guerra da Guiné, não pela visão e habilidade dos historiadores, mas pelos olhos, pelas mãos, pelos poros do suor que escorria por nós abaixo como água, pelas veias do sangue de quem por lá passou.
Não é "poesia". Quem deixa aqui os seus relatos, escreve sobre o que passou e o que viu. Por outras palavras, quem por aqui vai escrevendo é o historiador de si próprio.

Ainda a propósito do Caso dos Majores no chão Manjaco (1), transcrevemos na íntegra o relatório (na altura classificado como secreto) da operação sobre o resgate dos corpos. É mais uma achega para a "reconstituição do puzzle das nossas memórias".

A cópia do relatório, em papel, foi-me enviada pelo correio, sem o endereço do remetente. Ponderada a oportunidade da sua publicação pública e não me parecendo, neste caso, que o interesse público seja de menor interesse por um facto ocorrido há quase 40 anos, optei pela transcrição do referido documento.

Sei que ainda é doloroso falar deste episódio horrível da guerra da Guiné, porque há familiares (vivos) dos nossos camaradas que morreram naquelas matas, mas infelizmente para eles - e para todos nós - os pormenores macabros do seu fim já são sobejamente conhecidos, são do domínio público. Recordo que o nosso camarada Afonso M. F. Sousa organizou, para todos nós, um completíssimo dossiê sobre O Massacre do Chão Manjaco. E obteve inclusivamente o depoimento (oral) do ex-Fur Mil Lino, da CCAÇ 2585 / BCAÇ 2884, um dos homens que integra o Grupo de Combate que ainda na noite de 20 de Abril de 1970 parte, do destacamento de Jolmete, para uma missão de reconhecimento, junto à estrada Jolmete-Pelundo.

Mais uma vez, e em especial neste dia, 1 de Dezembro, que tem ainda um grande significado patriótico para todos os portugueses, queremos honrar a memória destes nossos compatriotas, que foram brilhantes e corajosos militares, e convencermo-nos que a sua morte não foi de todo inglória e inútil...

Revisão e fixação do texto: vb
__________

SECRETO

COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DA GUINÉ
COMANDO DO AGRUPAMENTO OPERACIONAL

Directiva Nº 1

1.SITUAÇÃO

-Situação Geral:

A definida por Sua Ex.ª o General Comandante-chefe na última reunião de comandos.

-Situação Particular:

Os elementos do CAOP têm desenvolvido intensa acção psicológica sobre os comandos dos grupos IN no chão Manjaco o que tudo levará a crer que possa conduzir a fins positivos no concernente à sua apresentação.

2. MISSÃO

Os Exmºs Majores CEM Passos Ramos, de Art Pereira da Silva, de Inf Magalhães Osório e Alf Mil Cav Joaquim Mosca, acompanhados dos nativos Mamadu Lamine Djuare, Patrão da Costa e Aliu Sissé, efectuam na Estrada Pelundo-Jolmete uma reunião com chefes do grupo IN do chão Manjaco em cumprimento de ordem verbal superiormente recebida.

Duração provável da Missão: das 12h00 às 21h00 de 20 de Abril.

Quartel em Teixeira Pinto, 19 de Abril de 1970.

O Comandante, Intº

Romão Loureiro
Ten Cor
__________

Batalhão de Caçadores nº 2884
Companhia de Caçadores nº 2586

RELATÓRIO DA ACÇÃO RECOLHA MISSÃO ESPECIAL
Realizada em 21 Abril de 1970 na Região Pelundo Jolmete

Referências: Carta 1/50.000 Pelundo

1. Situação

Situação Geral:

- A definida por Sua Ex.ª o General Comandante-chefe na última reunião de comandos.

Situação Particular:

- Desde 7 de Feveiro de 1970 não houve contactos com armas entre as NT e o IN.
- O CAOP tem desenvolvido intensa acção psicológica sobre elementos IN que tudo levaria a crer conduziriam a fins positivos.

2. Missão

- A Companhia de Caçadores 2586 (-) recebeu a missão de patrulhar a estrada Pelundo-Jolmete.
- Detectar a presença de duas viaturas tipo Jeep que se deviam encontrar nessa área.
- Detectar vestígios da presença do IN e de sete entidades (NT e colaboradores).

3. Força executante

a) Comandante: Cap Inf Eugénio Baptista Neves

b) Comandantes das subunidades: Alf Mil Carlos A. Vasconcelos Miranda

c) Meios: Dois grupos de combate (48 homens no total); Três viaturas Unimog 404; uma viatura Unimog 411.

d) Articulação da força

Durante o percurso auto um Gr Comb ocupou duas viaturas tipo 404 e o outro Gr as duas viaturas restantes. O Comandante da força seguia na primeira viatura e o Comandante do Gr Comb na penúltima.

Na coluna apeada, o Gr Comb a duas secções seguia na frente, uma secção de cada lado da estrada e fora dela, a outra secção seguia nos intervalos das viaturas. As duas secções de reforço seguiam na retaguarda.

O Comandante da força deslocava-se em segundo lugar num dos lados da estrada e o Comandante do Gr Comb em primeiro lugar do outro lado (justifica-se esta disposição com os dois comandantes na frente para que todos os vestígios fossem detectados e analisados).

Alterações à Organização Regulamentar

1) Pessoal: Nada
2) Armamento: o orgânico
3) Equipamento: o orgânico
4) Munições: dotação normal. Nas viaturas seguiam 50 granadas de morteiro 60, 30 granadas de LGFog, 3 cunhetes de GMO, 2 de GMD e 5 cunhetes 7,62m/m.
5) Material especial: picas para detecção de minas, cordas, catanas e machados
6) Transmissões: dois ER-AVP 1
7) Viaturas: três Unimogs 404 e um 411 (dois com guincho)
8) Diversos: Nenhum pessoal nativo tomou parte na acção.

4. Planos estabelecidos para a acção

Desde que o Cmtd da Companhia recebeu a ordem para efectuar o patrulhamento, cerca das 1h30 doo dia 21 até às 1h50 a que a coluna saiu, foram feitos os seguintes planos:

Deslocamento auto até Changalene (Pelundo 2F8). A viatura da frente com luzes nos médios para permitir observar qualquer vestígio. As restantes de luzes apagadas.
A partir daí a coluna apeada deslocar-se-ia com duas secções na frente tanto quanto possível fora da estrada mas de maneira a poder detectar qualquer vestígio que nela existisse.
Seguiriam depois as viaturas com luzes apagadas, escoltadas por uma secção; e, por último, seguiriam as restantes duas secções.

Presumia-se que qualquer vestígio ou indício fosse encontrado até Pelundo 5 a 9.
Se nada de anormal tivesse acontecido, a coluna deslocar-se-ia até Jolmete. Em caso de surgir qualquer incidente seria tomada a decisão na altura que as circunstâncias impusessem.
Em caso de necessidade esta coluna seria apoiada por forças de Jolmete e de Teixeira Pinto.

Devido ao pouco tempo disponível não foram feitos outros planos e todas as ordens posteriores seriam dadas pela rádio pelo comandante do CAOP, presente em Pelundo e as decisões tomadas em face dos acontecimentos.

5. Desenrolar da acção

A coluna-auto saiu de Pelundo em 21 de Abril às 1h50, em viaturas auto. A estrada Pelundo-Jolmete estava cheia de pó e os rastos deixados pelos pneus das viaturas das colunas anteriores estavam bem marcados.

cópia do Anexo A

Em Pelundo 2F7 (ver anexo A) estava marcado um trilho transversal ao eixo da estrada. Depois de examinado, verificou-se ter sido deixado pela população de Pelundo.

A partir desse ponto, a coluna tomou o dispositivo previsto para o deslocamento apeado. Os trilhos dos Jeeps eram nítidos no pó. A coluna passou a deslocar-se com a máxima precaução, mas com andamento em boa velocidade. A noite estava clara e permitia ver qualquer indício suspeito.

Sempre em boa velocidade, a coluna atingiu o ponto Pelundo 5 A 9 (ver anexo A) que era o local onde terminava a zona marcada para a reunião. Nada fora encontrado. Os vestígios dos rodados continuavam. Os Exmos Comandantes do CAOP e Batalhão eram informados dos pontos que a coluna ia atingindo. Tomaram-se mais precauções sem prejuízo da velocidade, a noite tornara-se escura, sendo difícil distinguir um objecto médio a mais de três metros.

A coluna foi avançando e em Pelundo 6 C 9 35, o alferes Miranda que seguia no lado direito da estrada, viu que os trilhos dos Jeeps se afastavam do meio da via e se dirigiam para a mata.
A coluna parou instantaneamente a fim de permitir examinar em pormenor o terreno e imediatamente o Comandante da coluna distinguiu um vulto que lhe pareceu ser um Jeep.

Todo o pessoal tomou posições para resistir a uma possível emboscada. Os motores foram parados. Noite escura. Silêncio. Não restam dúvidas, são mesmo os Jeeps. Nada se move. Tudo é silêncio e escuridão. São quatro horas e dez minutos. É necessário esperar que comece a clarear. O silêncio pode ser uma armadilha.
Os Exmos Comandantes do CAOP e Batalhão são informados do achado e que se vai esperar pelo raiar da manhã. A tensão aumenta. Cinco horas. Começa a clarear.

O comandante da coluna deixa o pessoal todo instalado, entrega o comando ao alferes Miranda e aproxima-se das viaturas com a máxima cautela. A escuridão ainda é grande, os pés são apoiados com a máxima cautela e em lugares onde se procurou minas.
De repente bate-se numa coisa mole. É um corpo estendido. Parece ser o do Exmo Major Passos Ramos (era o do alferes Mosca). Ao lado outro, era o do Exmo Major Pereira da Silva. Não restam dúvidas, dois estão mortos. Dos outros nada se sabe. Informa-se Pelundo via rádio.

A tensão nos homens diminui, aumenta o assombro. Os homens encaram os factos com serenidade. Mais claridade. O Comandante da coluna procurou em volta e descobriu mais quatro vultos. Estão mortos.

É informado Pelundo. Os homens estão assombrados mas calmos. Mantêm-se nos seus lugares. São informados do achado. Começa a ver-se bem e surge a cena macabra e horrível. Os corpos estão mutilados e todos apresentam tiros na nuca, cortes de catana e punhal.

Os homens são informados e mantêm-se serenos e na expectativa. Pensam que o tiroteio vai começar. Ninguém acredita que não seja uma cilada. Monta-se a segurança circular e começam as viaturas a ser retiradas. Uma tem os dois pneus do lado esquerdo furados de balas. Procuram-se armadilhas e nada é encontrado.

A primeira viatura MG-93-55, com os pneus furados, é trazida para a estrada. Novo achado e desta vez mais macabro. O nativo Lamine (o que dele resta) está no lugar antes ocupado pela viatura. Tiro na nuca, muito mutilado.

Retira-se a segunda viatura para a estrada. Os corpos são carregados num Unimog.
A coluna está pronta a regressar. Em todos os rostos, uma decisão firme, lábios mordidos.

A visão anterior era demasiado horrível. São cerca de sete horas. Dois helicópteros sobrevoam a zona. Monta-se segurança, um deles aterra. Dele sai Sua Excelência o General Comandante-chefe, o Excelentíssimo Comandante do CAOP, Ten Cor Romão Loureiro, o Excelentíssimo Major P. Costa e o capitão Almeida Bruno. Examinam o local e partem.

Às 7h10 a coluna põe-se em movimento agora com dois Jeeps a reboque. O dispositivo é o mesmo da aproximação. A coluna chega ao quartel cerca das 9h00.

6. Resultados obtidos

Foram recuperados os corpos:

- Exmo Major CEM 50275711 Raul Ernesto Mesquita Costa Passos Ramos
- Exmo Major Inf 50972511 Alberto Fernão Magalhães Osório
- Exmo Major Art 50692711 Joaquim Pereira da Silva
- Sr Alf Mil Cav 19516168 Joaquim João Almeida Mosca
- Nativo Mamadu Lamine Djuare
- Nativo Aliu Sissé
- Nativo Patrão da Costa

Foram ainda recuperadas duas viaturas [ilegivel]. Desconhece-se qual o material e documentos capturados pelo IN.

7. Serviços: nada a assinalar

8. Apoios: nada a assinalar

9. Ensinamentos colhidos

A Companhia foi posta à prova no cumprimento da missão que lhe foi dada. Soube reagir com calma e serenidade à macabra cena de ver sete cadáveres mutilados, quando esta cena não estaria na imaginação do mais pessimista. Crê-se que esta calma e serenidade é fruto da mentalização e da preparação da Companhia e ainda de na altura todos os militares irem sendo informados, com verdade, dos acontecimentos que se estavam a viver.

10. Diversos

cópia do Anexo B

Como se verifica pelo croqui do local (Anexo B) os corpos foram encontrados em dois grupos distintos. Num, os Excelentíssimos Majores Passos Ramos, Osório e os nativos Aliu Sissé e Patrão da Costa. No outro, o Excelentíssimo Major Pereira da Silva e o Senhor Alferes Mosca.O nativo Lamine parece não fazer parte de nenhum dos grupos.

Todos os corpos se encontravam de costas (face voltada para o céu) e estendidos, com excepção do nativo Lamine que se encontrava de bruços e enrolado sobre ele mesmo.
Os Excelentíssimos Majores Passos Ramos, Osório e Pereira da Silva, Sr Alferes Mosca e o nativo Patrão da Costa apresentavam o aspecto de não se terem apercebido de nada de anormal até ao momento de serem assassinados. O nativo Aliu Sissé apresentava um aspecto misto de terror e assombro, como se uns momentos antes de ser assassinado tivesse visto alguém que era seu inimigo e perigoso.

O nativo Lamine deve ter-se apercebido de que algo de anormal se ia passar pois deve ter fugido para debaixo de uma viatura, onde foi morto. A viatura apresenta diversos impactos. Nesse lugar foi depois mutilado.

As viaturas já se encontravam na posição em que foram encontradas pois uma delas (dois pneus furados) dificilmente se deslocaria sem deixar qualquer marca e estas não existiam.

Não foram vistos sinais de luta. Com excepção do nativo Lamine e do Excelentíssimo Major Passos Ramos, desconhece-se como foi morto, se com um tiro que lhe arrancou a parte posterior do crânio, se com uma catanada que lhe separaria a mesma região. Neste caso, a sua morte levaria mais tempo e o seu aspecto seria de mais sofrimento.
Julga-se também que todos foram assassinados no local em que se encontravam devido ao sangue existente no chão.

A não existência de sinais de luta e de nenhum, com excepção do nativo Lamine, ter tentado fugir leva a supor que não teriam sido mortos pelas pessoas com quem possivelmente conversavam.

O grupo assassino deve ter surgido de repente e assim se explicaria o aspecto do Aliu Sissé e a fuga do Lamine. Provavelmente retirou na direcção ESE.

Desconhece-se se houve outros mortos. A havê-los foram levados do local. Calcula-se que o morticínio bárbaro e inqualificável se tenha dado cerca das 16h00 do dia 20.

DISTINGUIRAM-SE

Todos os elementos da Companhia que tomaram parte na acção e dentre eles:

- CCAÇ 2586 1º Cabo António José da Silva
- CCAÇ 2586 Soldado José Pinto de Sousa
- CCS Soldado António Manuel Duarte Cardoso

Para os quais foram apresentadas propostas de louvor.

DISTRIBUIÇÃO

Exemplares 1 e 2 / Rep/OPER
3 / 1ª Rep
4 / 2ª Rep
5, 6 e 7 / CAOP
8 / BCAÇ 2884
9 e 10 / CCAÇ 2686 (Arqº)
11 e 12 / Processos de Pensão de Sangue

O Comandante de Companhia
Eugénio Baptista Neves
Cap Inf
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(1) Nota do co-editor vb:

1) Vd. posts de:17 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1436: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F.Sousa) (1): Perguntas e respostas

18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1445: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F.Sousa) (2): O papel da CCAÇ 2586 (Júlio Rocha)

19 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1446: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M. F. Sousa) (3): O depoimento do 1º sargento da CCAÇ 2586, João Godinho

27 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1465: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (4): Os majores foram temerários e corajosos (João Tunes)

6 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1500: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (5): Homenagem ao Ten-Cor J. Pereira da Silva (Galegos, Penafiel)

8 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1503: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (6): Fotografia dos três majores (Sousa de Castro)

12 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1519: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (7): Extractos da entrevista de Ramalho Eanes ao 'Expresso'

25 de Fevereiro de 2007 >Guiné 63/74 - P1549: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (8): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte I

6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1566: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (9): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte II

17 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1603: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (10): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte III (Fim)

(2) Vd. post de 27 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2004: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (Anexo A): Depoimento de Fur Mil Lino, CCAÇ 2585 (Jolmete, 970)

2 comentários:

Pardete Ferreira disse...

Caro Bino,
Desta vez sou eu o chato: na fotografia em que aparecem os três Majores e um Alferes, salvo erro o Alferes que nela costa é o Alferes Giesteira, que depois teve uma firma de Medicina do Trabalho e que andava a estudar Medicina em Coimbra antes de ser mobilizado. Vê melhor! O trabalho está bem feito, mas lê-se mal, o que é pena. Na s fotografias individuais é o Alferes Mosca que aparece. Penso. Revê o trabalho porque vale a pena.
Um dia destes mando-te uma foto que vais apreciar.
Alfa Bravo
José Pardete Ferreira

Pardete Ferreira disse...

Caros Bino e Carlos Vinhal,
Agradeço os esforços que fizeram para melhorar o trabalho, porque foi um trabalho, e dou-vos os meus parabéns pelo resultado alcançado.E possível que a deficiência fosse minha ou do meu equipamento.
No entanto, e apenas com a intenção de procurar esta nossa memória colectiva e neste e em tantos outros casos afinal, dolorosa.
Se me permitem, três comentários:
1 - E se deixássemos o pobre do Alf. Mil. Ranger Mosca descansar em paz: primeiro, aparece como sendo eu; depois, em minha opinião e não só, como sendo Alf. Mil. Giesteira; na 1º versão deste vosso trabalho aparece, e bem, na minha opinião, como Alf. Mil. Mosca, trajando camuflado nas quatro fotografias. Só me resta concordar. Nesta última correcção, nas quatro fotografias volta a aparecer transformado em Alf. Mil. Giesteira!
Que Deus o guarde! Deixêmo-lo descansar em Paz. Ele bem o merece.
2 - Quanto ao Major Osório: nunca o tendo visto antes de chega a Teixeira Pinto... mas ele não era um desconhecido para mim: sabia que tinha feito uma 1ª comissão em Tite (65/67, como Capitão e, por pura coincidência, O Cap. Morujão de Oliveira, meu Comand. de Compª no COM em Mafra e, várias vezes falamos do então Cap. Osório.
Nessa mesma Unidade, o meu primo direito António Pardete da Fonseca, era o Alf. Mil. "pelrec", como penso já vos disse... e as informações continuavam a fluir relativamente ao seu perfil psicológico e outros.
Mais tarde e após os infaustos acontecimentos, conheci o Alf. Mil Serra, que mora em Setúbal e era o marido da Técnica de Anatomia Patológica do Hospital de São Bernardo... só a título de curiosidade e a confirmar com as datas de emissão do programa televisivo Zip-Zip, o Alf. Mil Carlos Cruz... acho pouco provável que ele se arriscasse a ir para um missão daquelas sem armas. Será que não a passaram depois para o Major Passos Ramos, como consta nas versões oficiais? é que não estou nada a vê-lo tomar esta precaução.
3 - Para terminar e gostando de conversar sobre o tema com o Alf. Mil. Médico, Dr. Azevedo Franco, Ortopedista, que terminou a sua carreira no Hospital da Prelada, à primeira vista, parece-me de privilegiar a morte do Major Passos Ramos à catanada, tendo em vista a limpeza, sem hematomas nem equimoses aparentes e a serenidade que a sua face apresentava na "janela" do caixão.
Não quis trazer achas para a fogueira, antes pelo contrário: Foram Três Ten-Cor. a Título Póstumo e distanciando-se, de longe de alguns que para aí andam e na Academia Militar, a seguir aos nomes deles aparece o do Capitão Borges, meu colega, mais novo, de Liceu, cujo óbito na Guiné, foi motivado por uma complicação de uma ferida pleuro-pulmonar por estilhaço de RPG.
Alfa Bravo aos dois, principalmente.
José Pardete Ferreira