Caro Lema Santos:
Tenho lido os teus posts sobre as lanchas (1) e tenho-me lembrado de um episódio. Tenho grande apreço por todo o pessoal marinheiro e pelo seu papel relevante na Guiné.
Este é um episódio que encarei, na altura, com normalidade e que, se calhar, não era assim tão fora do normal. Conto-o agora: a meio do dia 28 de julho de 1968, andava eu com o meu grupo de combate da CCAÇ 3 pela margem esquerda do Cacheu, por entre o tarrafe e outra vegetação, entre Barro e Ingoré, fazendo correr os craques em todas as direções, com o objectivo de descobrir (mais) uma passagem dos abastecimentos do PAIGC.
Eis senão quando surgiu uma lancha, viram os meus nharros e começaram a disparar para a margem, de G3 e metralhadora pesada. Felizmente não acertaram à primeira. Alguns dos meus ainda levantaram os braços para alertar que era gente amiga. Mas eu vi a determinação dos homens da lancha e dei ordem de cavanço e internámo-nos na mata.
Contei o facto, é claro, e mais tarde vim a saber que o pessoal da lancha tinha pensado que eram turras... Mas, felizmente, não morreu ninguém com o fogo amigo.
Abraços
A. Marques Lopes
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Nota de L.G.
(1) Vd. poste de 25 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXC: Os marinheiros e os seus navios (Lema Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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