Texto do Afonso M. F. Sousa (ex-furriel miliciano de transmissões, CART 2412, Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70)
Caro senhor e amigo Lema Santos (1):
A propósito deste seu interessante descritivo: "...os RPG (lança-granadas do IN) no Cacheu, a montante de Barro (Porto Coco, Jagali, Tancroal) e antes de Binta, também eram aperitivos a evitar..."
Deixe-me transmitir-lhe isto:
Quando ainda periquitos (Agosto de 1968), subimos o Cacheu, de LDG (2), rumo a Bigene. Lembro-me que antes de chegarmos a esse ancoradouro que servia Ganturé, com a lancha a navegar quase encostada à margem esquerda (tecnicamente não sei o porquê), fomos saudados por rajadas de armas que alguém apelidava de costureirinhas que vinham (suponho) dos lados da densa mata do Oio.
Foi o nosso primeiro contacto com o som de armas de fogo do IN. Dentro da LDG, o silêncio imperou e quase continhamos a respiração.
Um abraço.
Afonso Sousa
______________
Notas de L.G.
(1) Meu caro Afonso: Desculpa fazer-te o reparo mas o tratamento por tu é, à boa maneira romana, uma das regras de convívio na nossa caserna...
(2) Vd post de 4 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXXI: A Marinha, as LDG e as LFG (Lema Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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