domingo, 10 de setembro de 2006

Guiné 63/74 - P1059: Estórias do Zé Teixeira (14): A Maria-tira-cabaço-di-branco (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)


Guiné > Ingoré > 1968 > O 1º cabo auxiliar enfermeiro Teixeira, da CCAÇ 2831 (1968/70), posando em cima de uma autrometralhadora Daimler, no início da sua comissão que o levaria do Cacheu (Ingoré) até ao Sul, às regiões de Quínara (Buba, Empada) e Tombali (Quebo, Mampatá, Chamarra).


Foto: © José Teixeira (2005)


Continuação das estórias do Zé Teixeira (ex-1º cabo enfermeiro, CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá, Empada, 1968/70) (1)


A Maria tira cabaço di branco


Quando chegamos a Empada (2), lá aparece a Maria, mais a irmã, a dar-nos as boas vindas. Rapidamente se soube da sua arte e mestria em tirar cabaço a branco e satisfazer as necessidades a quem já sabia da poda, para desgraça da nossa jorna, já de si tão pequena e que se esvaía na cerveja e agora tínhamos a Maria.

Um alferes, a quem não foi contada a história da pequena, tenta o engate e, záz!, arranjou namorada que até ia ao quartel, durante o dia, prestando-se para todo o serviço. Ninguém lhe podia tocar, era a namorada do alferes, durante o dia, mas, à noite, zumba que zumba com toda a gente que tivesse uns patacõezitos para gastar. Até faziam fila e a irmã dava uma ajuda.

Houve cenas engraçadas com a Maria-tira-cabaço. Um camarada e amigo encabaçado, tinha vontade e. . . inexperiência, vergonha, medo, falta de jeito, etc. Então foi meter uma cunha a outro companheiro para pedir à Maria para o atender bem. Este foi, meteu a cunha e gozou de borla. O outro pagou a dobrar, isso de tirar cabaço a branco tinha de ser bem pago !

Tanto quanto pude apreciar até o Nino sabia da sua vida, pois num célebre ataque ao cair da noite, as primeiras canhoadas foram para a casa da Maria, só que os brancos que lá estavam eram velhinhos e voaram ao sentirem o som das saídas do canhão.

O pobre do alferes é que, quando soube, rebentou de raiva. E foi uns dias depois, quando foi à sua procura na morança, um dia ao fim da tarde (talvez a fosse convidar para jantar): encontrou o lugar ocupado e gente à espera...
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Nota de L.G.

(1) Vd. post anteriores:

7 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1055: Estórias do Zé Teixeira (12): O Balanta que fugia do enfermeiro

4 de Setembro de 2006 >

Guiné 63/74 - P1042: Estórias do Zé Teixeira (9): camaleões, putos e cobras

Guiné 63/74 - P1043: Estórias do Zé Teixeira (10): O embalsamador amador

Guiné 63/74 - P1044: Estórias do Zé Teixeira (11): As vitaminas abortivas

(2) Vd. posts de:

1 de Janeiro de Guiné 63/74 - CDX: O meu diário (José Teixeira, CCAÇ 2381) (1): Buba, Julho de 1968

14 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCXXVI: O meu diário (Zé Teixeira) (fim): Confesso que vi e vivi

(...) O diário do Zé Teixeira foi já publicado, entre 1 de Janeiro e 14 de Março de 2006. É composto por 19 posts. Eis como o Zé Teixeira, no post de 1 de Janeiro de 2006, resumiu as saus deambulações por terras da Guiné:

"Fui enfermeiro de campanha na CCAÇ 2381. Fui para a Guiné em fins de Abril de 1968 e regressei em Maio de 1970. Estacionei cerca de 3 meses em Ingoré, no Norte, onde a companhia fez o seu treino operacional. Seguimos depois para Buba e fixámo-nos em Quebo (Aldeia Formosa), [no final de Julho de 1968].

"Aí a CCAÇ 2381 teve como missão fazer escoltas de segurança às colunas logísticas de abastecimento entre Aldeia Formosa/Buba e Aldeia Formosa/Gandembel, ao mesmo tempo que garantia a autodefesa de Aldeia Formosa, Mampatá e Chamarra.

"Regressámos a Buba, em Janeiro de 1969, para servirmos de guarda às equipas de Engenharia que construiram a estrada Buba/Aldeia Formosa. Face ao desgaste físico/emocional fomos enviados, a partir de 1969, para Empada onde vivemos os últimos meses de Comissão".

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