terça-feira, 13 de março de 2007

Guiné 63/74 - P1589: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (5): David Guimarães / António Rosinha


1. Mensagem do David Guimarães:
Camaradas:

Li com bastante apreço este comentário de João Tunes (1) que emotivamente fala de um facto... Isso, sim, e em jeito de comentário parece-me bem. Aliás o que ele escreve, está correctíssimo e decerto que nos inclinamos sobre exemplos como esse... Mas a nível da proposta feita pelo Tunes, partilho exactamente da opinião do Vinhal - e concordo com a sua opinião pela negativa (2)...

João: O António Pinto, está no Blogue por ti e por quem o conheceu, mas que mereça estar é outra coisa... Não pelos princípios já aqui falados anteriormente - e com os quais estamos de acordo - mas pela injustiça que poderíamos eventualmente cometer para com outros que se baldaram à guerra e apareceram como heróis e alguns (heróis mesmo o foram) e outros que foram para a guerra e até foram mauzinhos...

Sabemos que nessa altura havia três hipóteses: (i) de alta voz dizer não vou - e ia ou ia preso; (ii) outra era fugir e tentar não ser apanhado; (iii) e a outra, que foi a da maioria, era ir mesmo e enfim ter sorte... (digo ter sorte porque no fim quem saiu das balas limpo, teve mesmo sorte)...

Agora havia uma subdivisão daqueles que fugiam, em duas classes: os que fugiam por convicções políticas; e os outros que fugiam porque a guerra era morte e havia medo... Não fomos nós os heróis que fomos para a guerra, não, mas decerto fomos porque muitos de nós não conseguimos fugir e outros tivemos medo das cadeias e represálias, sendo que outros foram por convicção de estarem certos e que efectivamente iam defender a Pátria...

Ainda havia outra classe que ia voluntariamente e os objectivos eram bem definidos: ganhar dinheiro. Infelizmente... Não é por acaso que se faziam quatro comissões na mesma colónia....

Entendo-te, João, mas quantos de nós não gostariam de ter amigos nossos e ex-combatentes - como tu queres colocar o Pinto - aqui junto de nós? Ai, João, vamos deixar estar tudo como está... Honrar, sim ... E se politizamos a situação, porque isso acontece, então alto, estragamos o belo que estamos a fazer... Apesar de sermos muito amigos na caserna...

Mais não sei dizer porque não necessito no momento - é a minha opinião...

Um abraço.
David Guimarães
Ex-Fur Mil At Artilharia Minas e Arm
CART 2716 / BART 2917
Xitole (Bambadinca)1970/72

Porto e Espinho

2. Mensagem do António Rosinh:
Luis Graça e tertulianos:

A rainha da Inglaterra viu um neto ir para a guerra do Iraque. Mesmo que seja um acto simbólico ainda é mais significativo.

Luis, espero que desistas de pedir um referendo.

António Rosinha

Ex-Fur Mil (Angola, 1961) / Ex-topógrafo da TECNIL (Guiné-Bissau, 1979/84)

___________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 3 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1560: Questões politicamente (in)correctas (25): O ex-fuzileiro naval António Pinto, meu camarada desertor (João Tunes)

(2) Vd. posts anteriores:

13 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1585: Debates da nossa tertúlia (I): Nós e os desertores (1): Carlos Vinhal / Joaquim Mexia Alves

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