sábado, 2 de maio de 2009

Guiné 63/74 – P4275: Tugas - Quem é quem (4): João Bacar Jaló (1929-1971) (Magalhães Ribeiro)

Já muito se disse no blogue sobre um dos maiores Heróis da Guerra na Guiné, o Capitão Graduado João Bacar Jaló (JBJ), Comandante da 1ª Companhia de Comandos Africanos (1970/71).







No entanto, creio que o documento que hoje aqui anexo (cuja única indicação é que é uma publicação do SPEME - Serviços de Propaganda do Estado Maior do Exército, Bissau, Junho de 1971), onde se apresenta uma sua pequena biografia, ajudará, com certeza, a complementar o nosso conhecimento daquele homem, que serviu exemplarmente mais de 22 anos o nome de Portugal e o Exército Português, tendo falecido em combate, em 16 de Abril de 1971.

Gostava de fazer um apelo a quem melhor conheça o modo como ele morreu, para que nos ajude a esclarecer se o que me contaram é verdade, e que é a seguinte: O JBJ quando saía para uma missão levava, habitualmente, várias granadas presas no suspensório ao nível do peito. Nesse dia 16 de Abril, tal como diz na brochura, ele acorria em socorro de um dos seus homens feridos, progredindo em sua direcção e, ao passar sob uma árvorezita, um dos seus galhos engatou-se numa das argolas das granadas, acabando por a despoletar.

Ao aperceber-se do clique da espoleta da granada, e da eminente explosão da mesma, o JBJ gritou para os homens que o rodeavam: - CUIDADO! – tendo-se lançado de imediato para o solo e tentado abafar sob o seu corpo a consequente explosão.

Mais me contaram que todas as outras granadas que ele transportava, explodiram também por “simpatia”, tendo-lhe mutilado horrivelmente o corpo.

Será esta a Verdade?

Na foto de Jorge Caiano (Post P3879), podemos ver o malogrado JBJ, em Fá Maninga, em 1970, no dia do juramento de bandeira da 1ª Companhia de Comandos Africanos. É o 5º homem de pé, na segunda fila, da esquerda para a direita.

Na foto à esquerda (Post 2569), JBJ em Catió, em 1967, ainda Tenente de 2ª linha (a que fora promovido por distinção em 1965) .

Foto e legenda: © Benito Neves, ex-Fur Mil da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67). Direitos reservados.

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Nesta foto (à direita) de Abril de 2006, do Virgínio Briote (Post 2569) vê-se a lápide funerária de JBJ no Cemitério em Bissau.

Reprodução de um folheto, datado de 1971, da responsabilidade do SPEME - Serviços de Propaganda do Estado Maior do Exército, CTIG, Bissau, Junho de 1971 (pp. 9-13):










Magalhães Ribeiro,

Ex-Fur Mil Op Esp/RANGER, Mansoa, 1974. 

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 Notas de MR:

Ver artigos de:

20 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2569: Tugas - Quem é quem (3): João Bacar Djaló (1929/71) (Virgínio Briote)

10 de Dezembro de 2007> Guiné 63/74 - P2340: Pami Na Dondo, a Guerrilheira, de Mário Vicente (5) - Parte IV: Pami e Malan são feitos prisioneiros (Mário Fitas) 

 4 de Novembro de 2007> Guiné 63/74 - P2239: Tugas - Quem é quem (2): António de Spínola, Governador e Comandante-Chefe (1968/73) 

 23 de Outubro de 2007> Guiné 63/74 - P2207: Tugas - Quem é quem (1): Vasco Lourenço, comandante da CCAÇ 2549 (1969/71) e capitão de Abril 

 Ver também: 20 de Maio de 2007> Guiné 63/74 - P1769: Estórias do Gabu (4): O Capitão Comando João Bacar Jaló pondo em sentido um major de operações (Tino Neves) 

 8 de Fevereiro de 2007> Guiné 63/74 - P1502: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (8): Com Bacar Jaló, no Cantanhez, a apanhar com o fogo da Marinha 

 30 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCCXIX: Do Porto a Bissau (23): Os restos mais dolorosos do resto do Império (A. Marques Lopes) 

31 de Maio de 2006> Guiné 63/74 - DCCCXXVII: A 'legenda' do capitão comando Bacar Jaló (João Tunes) 

11 de Junho de 2005>  Guiné 63/74 - P103: Comandos africanos: do Pilão a Conacri (Luís Graça)

3 comentários:

arcanjo disse...

Gostaria de saber se o corpo (ou o que restava dele)do Capitão João Bacar Djaló, esteve em câmara ardente na capela de Bambadinca. Se sim, eu fui um dos que lhe prestou guarda de honra, enquanto ele lá permaneceu.

Um abraço
GG

Luís Graça disse...

Olá, GG, Gabriel Gonçalves, mais conhecido(em Bambadinca) por Arcanjo (o nosso camarada Gabriel Gonçalves foi 1º Cabo Cripto, da minha companhia, CCAÇ 12, Bambadinca, Junho de 199/Março de 1971))

Apareces a perguntar se o corpo do João Bacar Jaló, morto em ciircunstâncias que não ficam esclarecias neste folheto do SPEME, esteve exposto em cârama ardente na capela de Bambadinca...

É possível que sim, o João Bacar morreu em Abril de 1971, ainda estavas tu, em Bambadinca, à espera do teu "periquito"... Por outro lado, é possível que não, já ele foi enterrado em Bissau.

De qualquer modo, o que te lembras deste acontecimentos ? O João Bacar esteve em Fá Mandinga, à frente da 1ª CComandos Africanos durante 1970... E foi a Conacri... Ia mutas vezes a Bambadinca...

Lembro-me do 1º morto dos Comandos Africanos, um furriel, o corpo - também cortado ao meio por uma fiada de granadas (que os comandos africanos iam para o mato euipados da cabeça aos pés) esteve em câmara ardente na nossa capela... Mas isto deve ter sido em meados de 1970... Não sei se não estarás a confundir as cerimónias fúnebres do Bacar Jaló com as deste furriel comando, a que já me referi aqui no blogue...

Anónimo disse...

Caros amigos da Tabanca Grande.

Conheci o João, era assim que tratáva-mos o Alferes de 2ª. Linha João Bacar Djaló.

A C.CAÇ. 763 entrou com ele e a sua Mílicia nos Acampamentos de Cufar Nalu, Cabolol e Caboxanque.

Assaltá-mos Cadique Ialá e Nalu. Já escrevi em "Putos Gandulos e Guerra" e "Pami na Dondo a Guerrilheira" sobre ele e a sua gente.

Escreverei mais, porque só quem o acompanhou, poderá confirmar o seu valor.

Hoje deixo aqui uns nomes que muitos conhecerão da gente do João:

Carlos Queba, Gibi Baldé, Amadu Djaló, Alfa nan Cabo, Indrissa, Tui na Defa.......

Alguns morreram antes, do seu Capitão, Que terá acontecido aos outros? Ao Gibi Baldé sei que cortaram as mãos! E ao meu velho Alfa nan Cabo a quem a vida devo?

Gostaria de saber, porque eles vivem na minha memória, como vivem os meus valentes soldados.

Desculpem o desabafo!

Foi assim! Assim recordarei!

Obrigado camarada Ranger, por trazeres aqui o Capitão (do Exécito Português) o Guiniense João Bacar Djaló.

O abraço de sempre do tamanho do Cumbijã,

Mário Fitas