terça-feira, 28 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4259: (Ex)citações (26): Caba Fati: Nunca poderia ser amigo do peito, mas também nunca senti ódio contra ele (Miguel Pessoa)

1. Reacção do Miguel Pessoa, Cor Pilav Ref (ex-Ten Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74) ao teor do poste anterior (*):

Luís

Recebi esta tua notícia e não consigo encontrar um comentário adequado para te enviar. Bom, pensei 5 segundos e afinal cá vai este, só para ti:

Pelos vistos, ele teve mais sorte com os portugueses do que com os seus compatriotas...

Abraço. Miguel

PS - Devo dizer que nunca o encarei a ele como o "homem que me quis matar". Numa guerra muitas vezes nem há ódio envolvido nas acções que fazemos; trata-se, não de "querer matar alguém", mas sim de "querer evitar que alguém nos mate". Por isso nunca tive qualquer ódio ou ressentimento contra o Caba Fati, embora também não houvesse motivo para querer fazer dele meu "amigo do peito".

Por causa disto, lembrei-me daquela máxima que por vezes usávamos com ironia:

"Herói não é aquele que morre pela sua Pátria mas sim aquele que faz o inimigo morrer pela Pátria dele".

Quer-me parecer que, no nosso caso, mais do que heróis, houve mártires (que lá ficaram ou vieram estropiados ou traumatizados) e sobreviventes (que ainda andam por aí a tentar saber o porquê do sacrifício que lhes foi pedido). (**)

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 28 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4258: FAP (27): Miguel, já não poderás apertar a mão ao homem do Strela que te quis matar... O Caba Fati morreu em 1998 (Luís Graça)

(**) Vd. úktimo poste desta série > 25 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4246: (Ex)citações (24): Sinto-me feliz por ter vingado todas as injustiças que nos fizeram na Guiné (Salgueiro Maia)

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