segunda-feira, 1 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4447: PAIGC - Quem foi quem (7): Luís Cabral (1931/2009) (Virgínio Briote)



Luís Cabral (1931/2009), por Virgínio Briote 

 Quando o pai morreu, Luís Cabral tinha 20 anos e há dois que trabalhava nos Serviços de Estatística, em Cabo Verde. Com várias propriedades no interior da ilha de Santiago, as secas prolongadas tinham deixado a família sem grandes possibilidades para o manter a estudar. 

 Com a morte do pai e irmãos mais novos para criar, a situação tornou-se ainda mais difícil para o Luís. A seguir aos funerais, um próspero comerciante da Praia, grande amigo do pai dos tempos da Guiné, ofereceu-lhe um emprego nos seus escritórios, com um salário superior ao que vinha auferindo nos Serviços de Estatística. 

  Em Bissau, na Casa Gouveia 

 Os contactos com o irmão mais velho, Amílcar, foram produzindo frutos. Na Guiné, removidas as dificuldades levantadas pela Polícia quanto à sua permanência no território, Amílcar prometeu arranjar-lhe um emprego. Seduzido pelas ideias do irmão, que afinal eram as suas, Luís deixou a mãe e os irmãos em Cabo Verde. 

 Chegou a Bissau, numa manhã de Abril de 1953, disposto a começar uma nova vida. A Guiné, de onde tinha saído com cerca de um ano de idade estava sempre presente, nas conversas, em casa com os pais e nas visitas que recebiam. Amílcar e a Maria Helena, sua mulher, levaram-no a viver com eles, em Pessubé, nos arredores de Bissau, onde se situava a Granja Experimental, de que Amílcar era o director. 

Dadas as relações e conhecimentos não foi difícil a Amílcar arranjar-lhe emprego nos serviços de contabilidade da Casa Gouveia. Nos primeiros tempos da estadia na Guiné, Luís Cabral via com impaciência o irmão não o convidar para as reuniões que, sabia, Amílcar fazia regularmente com camaradas da luta que se estava a forjar. Nem tão pouco Amílcar lhe dava conta do que estava a fazer. 

 Luís Cabral, entretanto, não perdia tempo. Enquanto progredia na Casa Gouveia, mandara vir de Cabo Verde a mãe e os irmãos. E continuou a estudar, para completar o 5º ano dos liceus. Visitava regularmente o irmão, mas era através da cunhada que Luís se mantinha a par dos movimentos de Amílcar. Segundo a cunhada, Amílcar queria que, se lhe acontecesse alguma coisa, Luís ficasse como retaguarda da família. 

  As conversas de Amílcar Cabral com o Governador-Geral 

 Amílcar já tinha provado o sabor da denúncia. Alguém que estava a par das suas actividades, deu conta delas à polícia. Um dia, Amílcar foi chamado ao governador, o oficial da Marinha Diogo de Melo e Alvim. Segundo contou mais tarde, o governador ter-lhe-á perguntado: - Ó engenheiro, então o senhor é que é o chefe dos "Mau-Mau" cá da terra? - Desculpe-me, senhor governador, mas parece-me que os "Mau-Mau" só existem na África Oriental! - Olhe, engenheiro! O senhor não me lixe! Mas seja um homem da actualidade! Viva a sua época! 

  Na fundação do PAIGC 

 Luís acabou por se integrar no grupo a que pertenciam Aristides Pereira, Fernando Fortes, Abílio Duarte e outros. É nesta altura que conhece a Dr.ª Sofia Pomba Guerra, uma farmacêutica portuguesa, que tinha sido desterrada para a Guiné, acusada de ser membro do PCP em Moçambique. É a Dr.ª Sofia que, mais tarde, lhe dá aulas de Inglês, quando Luís Cabral se propõe completar o 7º ano do liceu. 

 Os rumores da actividade que Amílcar persistentemente desenvolvia, acabaram por ser de tal forma públicos que o governador se viu na necessidade de o chamar novamente para lhe dar uma alternativa: ou Amílcar cessava tais actividades ou então, ele governador, deixava-o cair. Amílcar não teve outro remédio senão sair da Guiné, mas em condições de poder voltar de tempos a tempos. 

 Um ano depois, Amílcar estava de novo em Bissau. Aproveitando a estadia, reuniram-se em 19 de Setembro, numa casa onde moravam Aristides Pereira e Fernando Fortes, o nº 9-C da Rua Guerra Junqueiro. O grupo era composto por Amílcar, Luís Cabral, Júlio Almeida, Élysée Turpin e, naturalmente, o Fernando Fortes e o Aristides. Foi nesta data que oficialmente nasceu o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, com a divisa Unidade e Luta. Mais tarde, a designação do Partido viria a simplificar-se, passando a chamar-se PAI (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. Luís Cabral foi-se envolvendo em várias actividades. 

Nas eleições para o Sindicato dos Empregados de Comércio e Indústria da Guiné fez parte de uma lista que tomou conta da direcção. Filiou-se no Benfica de Bissau e, na modalidade de volei, teve a oportunidade de conhecer, numa das viagens a Dakar, Lucette de Andrade que se veio a tornar a sua primeira mulher. 

 Em Março de 1958, dispondo de uma licença de 6 meses, resolveu deslocar-se a Lisboa, com passagem por Dakar para se casar. Aproveitou para se apresentar a exames do 5º ano no Liceu Pedro Nunes e para conhecer Portugal, na companhia de Lucette e de Amílcar, mulher e filha. 

  Pidjiguiti 

 No seu livro Crónica da Libertação, Luís Cabral conta: 

  "A situação das equipagens das lanchas e outras embarcações das empresas coloniais era, em 1959, bastante deplorável. Os salários variavam entre 150 e 300 escudos, o capitão da embarcação ganhava ainda menos do que o motorista, pois este em geral sabia ler e gozava do estatuto de 'civilizado'. Os restantes membros da tripulação, sendo considerados 'indígenas', tinham de contentar-se com um salário de miséria, sem quaisquer regalias. Para cada viagem, o tripulante recebia, para a alimentação, uma determinada quantidade de arroz e mais 15 escudos por mês. Havia já muitos meses que os marinheiros vinham pedindo uma melhoria da sua situação, sem qualquer resultado. Faziam-lhes promessas, é certo, mas a situação mantinha-se e os trabalhadores não viam, na verdade, nenhumas perspectivas de mudança. Encorajados com o descontentamento crescente dos trabalhadores das docas, cuja situação também era má, os marinheiros fizeram saber às empresas que estavam decididos a parar o trabalho, se as reivindicações não fossem atendidas. As respostas das direcções das empresas, já concertadas, continuaram a ser promessas sem quaisquer garantias. A partir da noite do dia 2 de Agosto, as embarcações que chegavam ao porto de Bissau eram cuidadosamente arrumadas nas cercanias do velho cais de Pidjiguiti. 

(…) Os chefes das empresas, encabeçadas pelo sub-gerente da casa Gouveia, mandaram um ultimato aos grevistas: ou regressavam às suas embarcações e aos seus postos de trabalho em terra, ou pediam a intervenção da polícia. 

(…) A vida em Bissau parecia ter parado para seguir os acontecimentos. Apenas se viam passar nas ruas os carros da polícia, até ao momento em que as forças militares e paramilitares avançaram para o porto. Os trabalhadores em greve fecharam o portão de acesso aos cais de Pidjiguiti, apanharam tudo quanto podiam para se defenderem e aguardaram. 

(…) Poucos minutos depois ouviam-se os primeiros tiros: os soldados e a polícia tinham acabado de romper a frágil barragem do portão e penetravam no recinto do cais, atirando contra os grevistas, que, a princípio, ainda tentaram defender-se. Cedo, porém, depois de verem cair muitos companheiros, compreenderam que, diante da cruel realidade, a única solução era procurar fugir do cais, para escapar à morte. Uns caíam mortos ou feridos, outros procuravam por todos os meios alcançar a saída mais livre e a única que parecia segura, tentando, enquanto ainda era tempo, atravessar a estreita passagem que conduzia ao rio Geba, portanto às embarcações que ali estavam ancoradas. À medida que os homens conseguiam alcançar a ponta do cais iam-se atirando às águas do rio e nadavam desesperadamente para alcançar as embarcações. A horda colonialista com os sucessos alcançados, também avançou para a ponta do cais de Pidjiguiti. Fazendo dali calmamente a pontaria, conseguiram ainda matar ou ferir vários homens entre os que se tinham atirado desesperadamente ao Geba. E não eram só militares e polícias, os que atiravam. Também se juntaram a eles elementos civis com as suas armas pessoais, que depois se vangloriavam da sua participação na caça selvagem aos homens do 3 de Agosto. Saímos cedo do trabalho. Os escritórios da Casa Gouveia ficavam perto do cais do Pidjiguiti e não era possível trabalhar com o barulho terrível do tiroteio, tendo às portas tão criminoso espectáculo, sem precedentes nos nossos dias. Ficámos de pé no passeio, mesmo em frente do grande edifício onde trabalhávamos. (…) 

 (…) Da varanda do meu apartamento que estava situado frente ao porto, pude presenciar a parte final do monstruoso crime da caça ao homem no rio Geba. O sol desaparecera nessa tarde dos céus de Bissau; a atmosfera pesada e escura parecia gritar com o povo. A tarde sangrenta de 3 de Agosto fizera mais de cinquenta mortos e muitas dezenas de feridos entre os marinheiros pacíficos que mais não queriam que viver um pouco melhor. Na noite de 3 de Agosto, reuni-me com o Aristides e o Fortes. Este, na sua qualidade de chefe da Estação Postal, tinha podido meter no correio, que devia partir na manhã seguinte, cópias de um comunicado elaborado rapidamente sobre os acontecimentos, endereçadas às principais emissoras escutadas em Bissau. Lembro-me bem que a Rádio Brazzaville, a BBC, a Rádio Conakry e a Rádio Dakar, estavam entre aquelas que receberam e difundiram a notícia que os colonialistas não queriam que saísse da Guiné. Simultaneamente, foi também enviado um primeiro relatório ao Amílcar que se encontrava nesse momento em Angola." 

A saída da Guiné 

 No seguimento dos acontecimentos do Pidjiguiti, como era de esperar, foram efectuadas numerosas detenções. Luís Cabral era o guarda-livros da Casa Gouveia e, por altura da inauguração do novo edifício da Associação Comercial, Agrícola e Industrial de Bissau, teve conhecimento que o Administrador da Casa Gouveia pedira a Lisboa que fosse recrutado um novo guarda-livros, uma vez que o actual ia ser preso. Decide, então, sair da Guiné. Ajudado pelo madeireiro português Fausto Teixeira, Luís saiu de Bissau, por Mansoa, em direcção à fronteira com o Senegal. Perto de Fajonquito transpôs a fronteira a pé, tomou um autocarro para Koldá e rumou a Dakar. 

 Algum tempo depois recebeu a companhia da mulher e do filho. Conseguiram trabalho sem grandes dificuldades, Luís na Shell e Lucette, sua mulher, numa companhia de seguros. Viviam sem grandes problemas materiais e os seus dinheiros ainda chegavam para ajudar as actividades do Partido em Dakar, enquanto em Conakry, Amílcar como conselheiro do Ministério da Economia, e Helena, mulher de Amílcar, como professora do Liceu de Conakry, se serviam dos seus recursos para subsidiar o Lar do Combatente. Deste Lar partiram para a República Popular da China os primeiros militantes do PAIGC para receberem treino militar. 

  As primeiras acções armadas 

 Um ano depois de terem chegado a Dakar, Luís e a mulher deixaram os empregos, rumaram a Conakry e decidiram dedicar todo o tempo à luta. As primeiras acções armadas em que alguns elementos do PAIGC se viram envolvidos correram mal. Em plena fase de explicação das razões da luta às populações, nem sempre estas guardaram segredo. Em mais que uma ocasião foram cercados e atacados a tiro pelas tropas portuguesas. Vitorino Costa, armado apenas com uma pistola, foi morto numa destas situações. As armas que o PAIGC tinha num armazém em Conakry demoravam a ser libertadas pelas autoridades. Os jovens guerrilheiros, sem armas, depois dos fracassos iniciais, refugiaram-se nas fronteiras com o Senegal e com a Guiné-Conakry, reclamando armas. Amílcar conseguiu colocar a questão ao governo marroquino, que acedeu prontamente fornecer armamento. 

 As primeiras armas foram levadas para Conakry por via aérea em malas, sacos e caixotes, levadas pelo próprio Amílcar Cabral, pelo Vasco Cabral e outros, como se de bagagem pessoal se tratasse. Aquino de Bragança, que vivia no mesmo prédio de Amílcar, foi um dos que ajudou a descarregar caixotes do Volkswagen. Depois, o transporte do material de guerra de Casablanca para Conakry passou a ser feito por via marítima. As embalagens eram dissimuladas. Os volumes com granadas vinham em embalagens de medicamentos, em que na parte superior, quando abertas, mostravam fileiras muito arrumadas com pequenas embalagens de medicamentos. 

  A grande ajuda de Marrocos 

 As primeiras pistolas-metralhadoras, levadas de Marrocos, em sacos e malas, foram transportadas por Manuel Saturnino e José da Silva, dois guerrilheiros escolhidos para esta missão. O material era depois novamente embalado no secretariado do PAIGC em Conakry e a seguir levado nos transportes colectivos para Colaboi, onde era descarregado, para evitar o controle policial em Boké, a pouco mais de 80 kms da linha de fronteira. A partir daqui, os volumes eram levados à cabeça por homens que os introduziam nas zonas da guerrilha. O primeiro grande volume de material de guerra foi obtido por Luís Cabral junto do governo marroquino. Dezenas de carabinas, de PPSH e milhares de balas foram carregadas num camião civil, no pátio do Ministério da Defesa marroquino e foram entregues ali, ao portão, sem qualquer formalidade. 

  Preso por Sekou Turé 

 Este material veio a ser descoberto no porto de Conakry e Luís Cabral, Aristides Pereira, Vasco Cabral, Pedro Ramos, Armando Ramos e Fidelis Cabral, foram acusados de contrabando de armas e detidos pelas autoridades guineenses. Amílcar só não foi preso porque se encontrava na altura em Rabat. Sekou Turé libertou-os quase um mês depois, e a partir desta altura, depois de uma reunião entre Turé e Amílcar Cabral, o transporte de material de guerra pela Guiné-Conakry passou a ser feita com a autorização das entidades governamentais. “De Morés, a luta no Norte tinha-se alargado à área de Biambi e dali até Canchungo (T. Pinto), a oeste do país. No centro do Chão dos Manjacos, nome que o povo dava à circunscrição de Canchungo, ficava a floresta de Jol. Era ali que se encontrava o lugar sagrado onde o Irã de Cobiana, consultado pela população e pelos combatentes, proclamava que a luta do PAIGC era irreversível e que conduziria à libertação total do país. 

 Citações do livro "Crónica da Libertação", de Luís Cabral. 

  Luís Cabral nasceu em Bissau em 1931. Fez os estudos em Cabo Verde e na Guiné, para onde foi trabalhar na Casa Gouveia. Desde muito jovem interessado nas actividades políticas contra o governo português, colaborou com Amílcar Cabral e com outros militantes na fundação do PAIGC. Após os acontecimentos de Pidjiguiti saíu da Guiné, primeiro para Dakar e, depois para Conakry, onde participou na preparação e no desenvolvimento da luta armada que se prolongou por mais de uma dezena de anos. Fez parte do Bureau Político e foi membro do Conselho de Guerra do PAIGC. Em 1973, no decorrer do 2º Congresso do PAIGC que proclamou unilateralmente a Independência da Guiné-Bissau, foi eleito secretário-geral adjunto do partido e Presidente do Conselho de Estado da República, cargo para que foi reeleito, já depois do reconhecimento por Portugal, em 1974. 

 Luís Cabral foi presidente da Guiné-Bissau entre 1974 e 1980, ano em que foi destituído pelo golpe militar protagonizado por Nino Vieira. Esteve preso cerca de 13 meses na fortaleza de Amura, seguindo depois para Cuba e Cabo Verde, vindo a fixar-se mais tarde nos arredores de Lisboa, onde residiu até morrer em 30 de Maio de 2009, com 78 anos.

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 Notas de vb: Subtítulos da responsabilidade do editor 










13 comentários:

MANUEL MAIA disse...

PESE EMBORA O SEU EMPENHAMENTO NA CAUSA QUE ABRAÇOU,NÃO COLHEU OS ENSINAMENTOS DO IRMÃO AMILCAR E UMA VEZ CHEGADO AO PODER( FOI O PRIMEIRO PRESIDENTE DA REPUBLICA DA GUINÉ/BISSAU )ACABARIA POR SER O RESPONSÁVEL MÁXIMO PELOS ASSASSÍNIOS(FUZILAMENTOS,AOS MILHARES),DE GUINÉUS EX-MILITARES DO EXÉRCITO PORTUGUÊS, BEM COMO MILÍCIAS E ATÉ MUITOS FAXINAS (CRIANÇAS QUE TRABALHAVAM NOS AQUARTELAMENTOS DO MATO A TROCO DE COMIDA E UNS MÍSEROS PESOS).

ESTA CONOTAÇÃO COM A REVANCHE E O ÓDIO NUNCA A TERIA AMILCAR.

COM O DESAPARECIMENTO DE ALGUMAS FIGURAS EMBLEMÁTICAS, COMO NINO VIEIRA,ANSUMANE MANÉ E AGORA LUIS CABRAL,OS GUINÉUS TERÃO FORTES RAZÕES PARA SE DAREM AS MÃOS E FAZER DA "NOSSA GUINÉ" UM PAÍS QUE SE DESEJA MAIS FRATERNO, MAIS SOLIDÁRIO, MENOS CORRUPTO...

OXALÁ POSSAMOS UM DIA DIZER QUE SE LÁ CHEGOU.

Unknown disse...

De facto o sr. ex-Fur Mil, Manuel Maia, grita muito alto. Já agora explico porquê; escreveu tudo em maiusculas, o que manifesta qualquer tipo de personalidade que me é absolutamente estranha, a não ser que o seu comentario, não faz qualquer referência a um acontecimento ou um dado histórico.
Pelo seu último parágrafo concluo que será bom que as "figuras emblemáticas" desapareçam para fazer da ""NOSSA GUINÈ"" um país...
Em lugar de se ajudar a criar um estado democrático com uma justiça efeciente e com prisões, opta-se por que quantos mais cairem melhor.
Para só falar na questão da corrupção e narcotráfico. Porque os problemas da Guiné não são só estes.
Recordando um Post seu; quando numa operação militar são capturados livros escolares (sejam vermelhos ou amarelos) é um forte indicio que havia crianças e que por algum motivo tiveram de fugir, se vivas.Digo eu, claro.
Daqui a necessidade de ponderar naquilo que dizemos ou escrevemos.
Por fim para terminar lamento que o sr ex-Fur Mil Manuel Maia, tivesse feito este RUIDOSO comentário num Post que mais não é que a história do caminho politico de Luis Cabral não contendo qualquer apreciação ou valorizaçao e muito menos qualquer comentário. Por isso um Post insusceptivel de se comentar.
Carlos Filipe
ex CCS BCaç3872 - Galomaro/71

Anónimo disse...

Mensagem do Torcato Mendonça, com data de 31 de Maio, às 18h59:

Meus Caros Editores:

Faleceu Luís Cabral, vitima de doença prolongada.

Desaparece assim um dos fundadores do PAIGC que, após a independência, foi o primeiro Presidente da Républica da Guiné- Bissau.

Derrubado por um golpe de estado, em 1980 comandado por Nino Vieira. Nada ganhou a Guiné com isso. São considerações despropositadas hoje.
Exilou-se em Portugal em 1984.

Respeito a sua memória.

Faço esta breve nota porque nada vi no blogue. Certamente merece uma nota dos Editores, se porventura assim o entenderem.

Abraços do Torcato

António Matos disse...

Das duas uma : ou o adiantado da hora ( quase 4 da madrugada ) fez verter os fígados do camarada Carlos Filipe e vai daí veio zurzir em quem escreveu um comentário em maiúsculas com a conclusão naïf da presença duma elaborada teoria da conspiração ( mas como hoje é o dia da criança ... ) ou definitivamente este blog está desvirtuado do seu objectivo !
AH! ainda há a hipótese de a esta hora "tardia" desta solarenga manhã de 1 de Junho o defeito ser da minha incapacidade de interpretar o ímpeto desta revolta.
Espero que não se esqueçam que o tratamento por estas bandas é o tu-cá-tu-lá e o seu desuso produz comportamentos cerimoniais não consentâneos com "as regras do jogo".
Quanto ao resto, continuo a rir-me de mim, e muito de e com alguns de vocês !

Luís Graça disse...

Meu caro Filipe:

Venho também lembrar a nossa regra de ouro, que é o tratamento por tu, o único que é aceitável entre camaradas... Aqui não há senhores... Quanto ao resto, podemos discordar, saudavelmente, uns dos outros, sempre com "fair play"... Um bom dia para ti. Luís Graça

Anónimo disse...

Camaradas
Façam o favor de utilizar o blogue com parcimónia, isto é, com respeito pelos restantes, tolerância e bom senso.
É verdade que na guerra, alguns tinham mais intuição que outros, mas passados estes anos e continuar à fogachada, agora a partir de trincheiras particulares, não me parece a melhor maneira de abordar e comentar os diferentes assuntos.
A serenidade e a cordialidade podem evitar baixas irreparáveis!
Que ninguém aqui se sinta dono da verdade, pois, parece, se prosseguirmos de erro em erro, certamente não chegaremos a qualquer porto de abrigo, e o naufrágio será inevitável.
A desejar cuidados na manobra, e com abraços fraternos
José Dinis

Anónimo disse...

Podemos admirar o trabalho de Amilcar Cabral e a capacidade de manobra com que utilizou os seus seguidores, entre eles o irmão LUIS CABRAL.

Mas não será pela admiração que possamos nutrir pelo "CABRALISMO", que o apoiemos ou concordemos com ele.

Havia uma maioria caboverdeana muito grande que pensava e pensa isso mesmo. Sem falar naquilo que pensava o povo sacrificado da Guiné.

Temos que esperar que o povo um dia comece a falar e se calem as "elites". Mas vai demorar!

Antº Rosinha

Anónimo disse...

Leio, penso e concluo.
Esta Tabanca é tão grande, tão vasta, tão abrangente, que não é possível haver unanimidade, sobre qualquer tema que se discuta.
E exemplifico: uma noite destas estava a seguir um debate na TV com três intervenientes.
Enquanto falaram de política eu concordava com o tipo gordo, de óculos e discordava dos outros dois. De repente o rapaz da TV muda de assunto e passam a falar de futebol. Mistério... a partir daí passei a concordar com os outros dois e a discordar do tipo gordo, de óculos.
Portanto, conforme o tema da conversa, nós podemos ver no Luís Cabral, um lutador pela liberdade do seu POVO, ou um mandante e executante de fuzilamentos.
Eu, lamento a morte do Luís Cabral. Paz à sua ALMA... Ponto final.

Manuel Amaro

Unknown disse...

Amigo Luís Graça e restantes companheiros, creio que devo uma explicação.
A minha designação de "Sr. ex-Fur Mil", ao autor do primeiro comentário deste Post, pretendeu manifestar o meu desacordo em absoluto com a forma, conteúodo e oportunidade do mesmo neste Post, tornando claro que esse desacordo, não era susceptivel de outra interpretação.
Para António Matos, saiba o amigo que ainda me sinto livre de escrever às horas que desejo e não escrevo com o "fígado" mas com o cérebro, talvez auxiliado dentro do possivel pela consciência de homem livre de se expressar e pensar.
Por isso o meu anterior comentário.
Chegados aqui fico a conhecer uma nova filosofia ou corrente politica a do "CABRALISMO",e a pelos visto extradionária capacidade de Amilcar Cabral utilizar os seus seguidores. Mas como regras são regras; amigo Antº Rosinha permita-me que lhe sugira que consulte mais sobre os povos de CVerde e da Guiné, no minimo desde o Est. Novo. Aqui neste mesmo BLOG de que parece que todos temos orgulho encontram-se muitos e bons trabalhos de forma, talvez, a estruturar melhor os seus pontos de vista.
Um Abraço para todos e para cada um de quem nunca achincalha as ideias de outros e tão somente as confronta ou discute.
Carlos Filipe
ex- CCS BCaç 3872 - Galomaro/71

Luís Graça disse...

Sobre os trágicos acontecimentos do Pidjiguiti (e um dos 'mitos fundadores' do PAIGC), leia-se também a versão do nosso camarada, o Sargento Comando Reformado Mário Dias, testemunha e protagonista dos acontecimentos, publicada na I Série do nosso blogue:

15 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXXXV: Pidjiguiti, 3 de Agosto de 1959: eu estive lá (Mário Dias)

http://blogueforanada.blogspot.com/2006/02/guin-6374-dxxxv-pidjiguiti-3-de-agosto.html


(...) Da narração destes tristes acontecimentos podemos realçar os seguintes factos:

- O PAIGC não esteve por detrás da ocorrência. Ela foi inteiramente da responsabilidade dos marinheiros e trabalhadores do cais pertencentes à Casa Gouveia, por motivos meramente laborais. Os marinheiros das outras empresas não estiveram envolvidos, pelo menos no início dos acontecimentos. É possível que, por solidariedade, alguns se lhes tenham juntado. O PAIGC aproveitou-se inteligentemente deste movimento, como sempre fez - o que só nos merece admiração - para conquistar mais uns tantos seguidores.

- Não se pode considerar o ocorrido como uma simples greve, conforme é vulgarmente referido. Foi mais do que isso. Tendo começado por greve, rapidamente se transformou numa revolta violenta cujas consequências são difíceis de prever se não tivesse sido travada. Se a referida revolta era ou não justificada, é-me difícil concluir. Sim, atendendo à injustiça de que estavam a ser vítimas. Não, pelas proporções que lhe deram.

Antes de concluir, parece-me que o termo massacre, aplicado aos acontecimentos do Pidjiguiti, é um pouco exagerado, não por o número ser muito inferior aos 50 habitualmente referidos, mas porque o conceito que a palavra implica, se refere à chacina indiscriminada, a uma carnificina injustificada do género descrito nos livros de história como passar tudo a fio de espada. (...)

Anónimo disse...

Camaradas
Na sequência deste comentário do Luis, quero associar à justificação dada para a greve, o facto de os trabalhadores ganharem apenas entre 150 e 3oo escudos, o valor salarial de um trabalhador rural de minas durante os anos 72, 73 e 74, em Angola, que faziam o desmonte de terras a pá, pica e barra-mina, e que ganhavam menos de 400 escudos angolares. Mesmo assim, essa remuneração era bastante superior ao que se praticava na maior parte do território. Depois do 25/4 tive ocasião de prpôr um aumento substancial àquelas remunerações, coisa que estava perfeitamente no alcance económico da companhia. O D-G, porém, concordando com o princípio, chamou-me a atenção para um eventual fluxo de populações das provincias vizinhas, para as quais não heveria trabalho, e, certamente, iriam provocar instabilidade social na região. Na época, na Guiné, aqueles salários que o L.Cabral refere, já seriam "bons", e seria interessante se os podéssemos comparar com os rendimentos dos pequenos agricultores portugueses.
A guerra de libertação em Àfrica, assentou em pressupostos e estímulos que depressa esboroaram, e resultaram em conflitos fratricidas, mas isso são longas conversas para os historiadores, o que não impede a abertura de uma rúbrica de opiniões no blogue.
Abraços fraternos
José Dinis

António Matos disse...

Caro Carlos Filipe, pelos vistos continuas com aquele tique das Exas. ...
Se bem que seja norma do blog ( já foi dito e redito várias vezes !)o tratamento do tu-cá-tu-lá entre todos, tu continuas estranhamente com "Para António Matos, saiba o amigo ..."
Não acredito que tal seja por excesso de deferência nem tão pouco com a intenção de se criar um clima tão parcimonioso que só apeteça fugir. Será ?
Aquando da vida militar activa, a liberdade de expressão tinha, no vernáculo, um conjunto de prosaicas palavras das quais tomávamos mão para manifestarmos o agrado ou desagrado para com o parceiro de caserna pela atitude ou dito que nos chegava aos ouvidos.
A vida civil, mais comedida nesse aspecto ( às vezes ), leva-nos, a nós, pessoas de bem, a tentar saber a razão das cousas, razão pela qual aqui venho gastar um pouco do meu latim para o cabal esclarecimento da falta do "s" no "saiba".
Um abraço
António Matos

Unknown disse...

Antonio Matos, creio que é mais um vicío de forma de me expressar com interluctores que não conheço pessoalmente. Espero conseguir corrigir.
Cumprimentos.
ex CCS BCaç3872 - Galomaro/71