segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5517: Votos de Feliz Natal 2009 e Bom Novo Ano 2010 (16): Pedrada no charco a bem dum Natal introspectivo… (António Matos)

1. O nosso camarada António Matos, ex-Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790, Bula, 1970/72, enviou-nos a seguinte mensagem:

Camaradas,

Uma vez mais a minha pedrada no charco a bem dum Natal introspectivo sem esquecer as crianças que nas aldeias, de mãozitas roxas, tolhidas pelo frio, que esperam desça pela chaminé o duende que lhe trará o chupa-chupa, o pião, quiçá uma malga de sopa quente....

Se os discursos sarassem feridas;

Se as nossas compaixões não se esfumassem em inócuas retóricas;

Se a nossa caridadezinha não fosse pornográfica;

Se a nossa solidariedade se mantivesse no anonimato que engrandece corações;

Se as nossas acções fossem tidas de mãos dadas com um país solidário;

com governantes que não se babam ao serem apelidados de homens mais sexy do mundo;

se não vestissem tão caro;

se não fossem tão arrogantes;

se não fossem mais bem pagos do que os seus congéneres de estatuto verdadeiramente multinacional;

se não fossem tão terrivelmente sucateiros;

quantas vezes palhaços;

se, se, se ....

Então sim, poderíamos apelar a que o Natal fosse todos os dias e a alegria de viver fosse um must!

Até lá, não sejamos ingénuos a pensar que isto vai lá...

Debitem-se menos palavras, quantas vezes ditas sem qualquer sentido que não circunstancial!!!

Mas o Natal tem essa capacidade transformadora e regeneradora das consciências pesadas...

Do vil ladrão ao execrável assassino, do mais medalhado ex combatente ao mero soldado desconhecido, todos nos desfazemos em votos de boas festas que o não são para tantos e tantos a quem a sorte abandonou...

Calemo-nos por uma vez perante o autêntico sofrimento dos infelizes e aplaudamos os voluntários das boas vontades que dão o corpo ao manifesto calcorreando as ruas e os recônditos esconderijos onde se ESCONDEM os abandonados e os esbanjados de tudo onde a dignidade se perfila na 1ª linha dos bens a perder!

Façam os possíveis por serem felizes.

António Matos
Alf Mil Minas e Armadilhas da CCAÇ 2790
__________
Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em:


18 comentários:

José Marcelino Martins disse...

Caro António Matos

Permite-me que te acompanhe nesta "pedrada no charco".
Abraço solidário

Anónimo disse...

As pedradas no charco fazem sempre falta e a tua é bem oportuna.Gostei do texto.Desculpa talvez má leitura por parte de um simples "exigrado",mas em algumas das tuas mais nuanceadas frases julguei encontrar menos apreciacao pelos altos-ególatras-que hoje conduzem a Nacao. Um abraco.

Anónimo disse...

Obrigado por este texto verdadeiramente de Natal.

Natal só não é todos os dias por egoísmo, maus instintos e ganância.

Mais palavras para quê?
BS

António Matos disse...

Caro José Belo, infelizmente somos (des)governados por um conjunto de ególatras que não me merecem qualquer apreciação positiva.
Este blog não privilegia assuntos de índole política ( impossível de cumprir pois uma guerra é sempre política !!! ) mas deixo para futura intervenção, em forum mais apropriado, o zurzir neles !
Um abraço

Anónimo disse...

Espero sinceramente que o Camarada e Amigo Editor do Blogue aprecie este "cheirinho Queirosiano" que o termo EGÓLATRA traz aos nossos comentários.Diria mesmo,um quase "Primo Basílico"....comprimido! Um grande abraco.

António Matos disse...

Caro José Belo,
Numa altura em que Portugal discute e aprova temas altamente fracturantes e dos quais "depende" (?!?! ahahahah) o desenvolvimento (in)sustentado da nossa balança do deve-e-haver, não será totalmente descabida uma incursão a conceitos Queirosianos ( ou outros ) onde o Basílio assume uma postura tipicamente ególatra na despudorada apreciação que faz de Luísa quando esta adoece ( " bem podia ter trazido Alphonsine ..." ) não chegando, no entanto, ao estatuto de narcisista, tão pouco de autofilista.
Contudo, português !
Macho latino !
Uma referência !
Um abraço e obrigado pela pedrada cultural a pedir bis.
António Matos

MANUEL MAIA disse...

CARO ANTÓNIO MATOS,

SUBSCREVO O QUE DIZES.
AQUI HÁ UNS ANOS ATRÁS BARATA MOURA CANTAVA " VAMOS BRINCAR À CARIDADEZINHA"...

SERÁ QUE ELE HOJE ,DO ALTO DO SEU DESTAQUE DE REITOR (NÃO SEI SE AINDA TERÁ A "MORODOMIA"...) SE ATREVERIA A CANTÁ-LA DE NOVO?


UM BOM NATAL CHEIO DE SAÚDE E QUE O ANO, QUE SE APROXIMA, SEJA DE MENOS ESPEZINHAMENTO E VAIDADES,
E MAIS HUMANIZAÇÃO DAS PESSOAS.

SEI QUE ESTOU A PEDIR MUITO, MAS ,QUE DIABO,NÃO PODEREMOS SER SEMPRE COMEDIDOS.
A PEDIR QUE SEJAMOS OUSADOS E DESMEDIDOS...

UM ABRAÇO

MANUEL MAIA

Anónimo disse...

Olá,Matos

Não será uma "pedrada no charco",diria antes, uma pedregulhada no charco!

No entanto,ao menos nesta quadra Natalícia as Almas sentem-se um tanto mais solidárias e tantas e tantas vezes um "DESEJO DE BOM NATAL" é um grito de ESPERANÇA que que pode renovar a força da vida.

Abraço
Luis Faria

António Matos disse...

Meu caro Luís Faria, eu só me insurjo contra os votos de boas festas que são reflexo incontornável de caridadezinhas ou solidariedadezinhas !!!!
Irmos para um qualquer meio de comunicação social ou para um blog, propagandearmos as boas festas a um sem abrigo, debaixo dum monte de cartão, estendido perto das grades do metropolitano para ver se "agarra" um pouco do ar quente que de lá vem, ou de um despojado de tudo quanto a vida lhe nega, sem que com isso mais não façamos que mero exibicionismo, convenhamos que não renovamos a força a ninguém ! Pelo contrário, se ainda houver uma réstea de dignidade, apenas achincalhamos um pouco mais a pessoa !
E se bem que a sociedade civil pode e deve ajudar a minorar o sofrimento alheio, de pouco vale criarmos a falsa expectativa de um dia menos horrível perante o dia de amanhã onde tudo voltará à estaca zero !
Tiro o meu chapéu às oganizações de voluntários ( vê o Teixeira ! ) que põe as mãos na massa, e desenvolvem acções continuadas !
O estado não se pode abster da sua obrigação de cuidar dos desprotegidos ! Também é para isso que pagamos os impostos ! E afinal de contas, esse estado, a quem anda a tentar "animar" neste natal ? Os banqueiros ? Os sucateiros ? Aquela gentalha da AR que apenas lá estão a esmifrar um vencimento e nada fazem ?
Não me lixem !
Fora deste contexto estão as boas festas que te desejo ( e à restante tabanca )bem como a toda a família !
Não estou a pensar ir aí ao Porto tão cedo mas da próxima vez voltarei a convidar-te para um cafezinho no Bom Dia como faço habitualmente.
Um grande abraço,
António Matos

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro camarada
António Matos

As pedradas no charco que tu pretendes introduzir neste contexto de introspectiva de caridade, posso dizer-te com cunhecimento de causa que a tua análise falha por desconhecimento duma acção benemérita exercida felizmente por muita gente de boa vontade.

Os ególatras termo por ti utulizado, não são nem mais que os MESSENAS, que apesar de todos os adjectivos que queiras impregar ainda são eles que pagam a factura de auxilio aos desprotegidos da Sorte.

Sem as verbas e géneros que os mesmos desponibilizam atravez das suas empresas ou a titulo meramente
pessoal, não era possivel prestar assistencia a quem dela precisa.

Não te esqueças que no terreno existem pessoas com qualificação acima da média e bem inseridos na sociedade e nem por isso deixam de ajudar quem precisa.

Digo: MÉDICOS, PSICÓLOGOS, PSIQUIATRAS e outos que poderiam estar muito bem confortavelmente num sofá a dizer metáforas de imbecilidades e não ao frio á chuva e ao vento todo ANO prestando auxílio na rua a quem precisa.

Deste contexto excluo os nossos Politicos e Governantes, porque esses sim, são os verdadeiros altos- ególatras da Nação.


Um abraço e BOM NATAL


Mário Pinto

Zé Teixeira disse...

O grande drama do homem é que "ninguém consegue ser feliz sozinho", com escreveu o Raoul Floureaux.O apóstolo dos leprosos a par do Padre Damião.
Muito mal estávamos se não houvesse uns "alguens", sem nome e sem imagens na TV ou nas revistas da moda que se dão, sem esperar recompensa, que não seja um sorriso de um momento de felicidade. O tal Natal de todos os dias, que tanto se comenta, nesta altura do ano e se torna snob e para o qual tantos apelam, mas nada fazem.
Quanto lamento, ter aceite falar para a RTP.
Estava tão bem no meu silencioso trabalho que ninguém vê, ou não quer ver, mas que me realiza profundamente.
Deixemo-nos de "bocas" tiremos as pantufas, que tanto custam a tirar e partamos à aventura do Servir quem precisa.

Um abraço de BOM NATAL
Zé Teixeira

Anónimo disse...

Caro Mário Pinto. Sem me querer intrometer mas a paternidade dos "altos-ególatras" é minha.Ou melhor,do Sr.Eca de Queirós. Mas no respeitante á MALVÁCEA BICÚSPIDE de alguns Excelentíssimos Srs.Políticos estamos todos de acordo!

António Matos disse...

Caro Mário Pinto, não que eu não esperasse reacções como a tua mas para elas estou preparado.
Assim tu estejas para a réplica pois, mais uma vez, há que dar esclarecimentos.
Não basta mandar bocas descabidas, sem nexo, pondo na boca dos outros algo que não se disse ! É preciso ter cuidado, meu caro.
vamos por partes :
1º - O seu a seu dono e felizmente o José Belo já "reinvindicou" o ególatra. Lamento, portanto, corrigir-te em tão perentória crítica que me fizeste ;
2º - O ególatra, parece-me, nada tem a ver com messenas mas aproveito para te pedir que esclareças o que é que os messenas têm a ver com o que eu disse;
3º - Vou recordar-te o apreço que tenho por organizações de solidariedade ao copiar a frase que escrevi em comentário anterior :"Tiro o meu chapéu às oganizações de voluntários ( vê o Teixeira ! ) que põe as mãos na massa, e desenvolvem acções continuadas" !;
4º - Já agora esclarece lá quem diz as metáforas de imbecilidades que referes.
Obrigado.

Caro José Belo, vês o que dá as preocupações culturais ? Para a próxima usa mais as expressões de Bocage que são mais perceptíveis e ferem menos susceptibilidades. Será ??

Caro Zé Teixeira, não fui suficientemente lestro a decifrar a quem te diriges no teu comentário mas já o disse, e volto a dizê-lo que acções como a tua que tive ocasião de ver num excerto de reportagem que apareceu aqui no blog, merecem os meus mais entusiasmantes aplausos.
Concordo contigo quando referes a dificuldade de tirar as pantufas e partir para servir quem necessita.
Sabes porquê ? Porque tal como tu, também me dedico a acções de apoio a crianças carenciadas e portadoras de deficiência.
Poucos são neste blog os que o sabem e a eles peço que fiquem calados e não divulguem.
Também dou de mim o que posso dar !
Também sei do que falo !

Abraços
António Matos

Zé Teixeira disse...

Caro António Matos, fico feliz por seres mais um dos tão poucos que tem a coragem de se dar.

Também estou contigo na "pedrada no charco" às vezes é preciso ter coragem.
Abraço fraterno
zé Teixeira

Joaquim Mexia Alves disse...

Caro António Matos e caro Zé Teixeira

Felizmente, graças a Deus, julgo quer há mais gente, anónima, a fazer o bem, do que nós pensamos.

Infelizmente o poder olha apenas para o poder e pelo poder, e por isso mesmo não só Portugal mas o mundo está como está.

Santo Natal para os dois e para todos.

Um abraço camarigo

mario gualter rodrigues pinto disse...

Caro camarada

O texto que escreves falando de caridade, ingloba muita gente de vários escalões sociais que se desponibizam como MESSENAS de causas e não com o egoismo que alguem insinuou empregando a palavra (egolatra).

As tuas palavras não podem ser intendidas como sendo recados aos Governantes, porque na intrerpretação do texto elas podem ser vistas doutra maneira, como foi o meu caso.

É um facto que tu tiras o chapéu ás organizações voluntarias, mas esqueces os que com Bens e Dinheiro BANQUEIROS ou SOCATEIROS permitem esse voluntariado.

Hostilizas a meu ver uma camada de Benfeitores. Independente do que possam ser ou representar, são eles como já afirmei que pagam a maior parte da factura do auxílio prestado.

Está descansado que não me feres a susceptilidade porque o que ouvimos nas ruas nessas acções, são piores que ao que possas imaginar.

4.º ponto exclareço que ele não te era dedicado, mas, ( Outros que confortavelmente no sofá a dizer metáforas de imbelecidades)assim escrevi, como vez a interpretação ás vezes tem disto.

Não encares isto como ataque pessoal, mas sim o descarregar emocional duma situação que nós Voluntariamente fazemos e ás vezes reagimos a contextos mal interpretados.

Um abraço e FELIZ NATAL

Mário Pinto

António Matos disse...

Camarada Mário Pinto,
Com o intuito final de renovar os votos dum Natal tão óptimo quanto possível, deixo-te a reflexão de quantos desses benfeitores sairiam da lista se não tivessem benefícios fiscais com a solidariedade(zinha) !!!!
Apelando ao espírito natalício, coíbo-me de te questionar sobre conclusões precipitadas que continuas a fazer.
António Matos

JD disse...

Camaradas,
O texto do António, sendo sucinto, diz o essencial para caracterizar uma sociedade egoista, e modelos de auto-governo (egolatras, que se governam em vez de servir) que perpetuam a desgraça alheia. Refiro auo-governo, porque votamos sempre nas cúpulas). Também deve servir de reflexão para o atraso geral da sociedade portuguesa, que ainda transige com a caridade, que é como quem diz, não a combate, conferindo trabalho e dignidade a quem precisa.
O Mário terá feito uma interpretação errada da intenção do texto. E parece continuar a fazer, pois o mecenato, tem a ver com a protecção das artes por banda de gente rica,que apresenta essas verbas para dedução fiscal.
Também não devemos confundir a corruptela de donativos que certas entidades proclamam com excessiva publicidade. Por um lado, porque a capacidade dessas entidades para dar, resulta muitas vezes da capacidade que têm para enriquecer de forma menos clara; por outro, porque dando e publicitando o que dão, mais não fazem do que esperar novos dividendos para o negócio, pessoal ou institucional.
Não sejamos ingénuos, o Natal transformou-se em negócio, até de atitudes. Quanto vale uma imagem de uma pessoa culta e abonada a oferecer um cabaz de compras a um pobre? Ou a pagar os estudos ao filho de um empregado?
Mas depois do cabaz é o regresso à fome. É nisto que os egolatras se marimbam. Já agora, ponham algumas reservas aos mecenas, pouco têm a ver com a solidariedade.
Para vós, queridos Camaradas, um grande abraço.
José Dinis