1. Hoje dia 10 de Fevereiro de 2010, está de parabéns o nosso camarada José Brás* que foi Furriel Miliciano na CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, nos anos de 1966/68).
Não podia a tertúlia deixar de vir desejar-lhe um feliz dia de aniversário, pleno de saúde e alegria, junto dos seus familiares e amigos.
Desejamos ao nosso camarada Brás uma longa vida para podermos, todos nós, comemorar esta data muitas vezes.
Postal alusivo à data comemorativa, de autoria de Miguel Pessoa
José Brás que muitos de nós têm o prazer de conhecer pessoalmente, vive no Alentejo, mais propriamente na bonita cidade de Montemor-o-Novo. É autor do romance "Vindimas no Capim", Prémio de Revelação de Ficção de 1986, da Associação Portuguesa de Escritores e do Instituto Português do Livro e da Leitura, assim como de poemas, alguns dos quais publicados no nosso Blogue.
Gosta de argumentar, e fá-lo como poucos, mesmo quando os temas são fracturantes e levam a diálogos intensos. Mantém sempre um elevado nível de cordialidade e respeito pelas divergências do opositor de ocasião. Tive o prazer de o ter como companheiro de mesa no último Encontro em Ortigosa, pena foi que não pudessemos conversar mais, mas o ambiente não era o melhor. Algum burburinho e muitas solicitações a ambos, que interrompiam sistematicamente os diálogos.
O nosso camarada Brás tem colaborado intensamente no nosso Blogue. Uma série a destacar, "Vindimas e Vindimados", baseado no seu livro "Vindimas no Capim", infelizmente interrompida há muito tempo. O último poste, 4696, data de 16 de Julho de 2009, pelo que desde já lhe lanço um apelo para que retome a publicação dos textos desta série.
Navegando pelo Blogue, consegui encontrar 33 postes deste nosso camarada que aconselho a ler. Desde histórias, poesia, argumentação, de tudo se pode encontrar, com qualidade garantida.
Entretanto, apreciem esta não poesia, na pespectiva de José Brás, seu autor
Anéis
Dedos apontados à secura da terra
acusavam-lhe a falência genética
do seu ventre parideiro
de diamantes, de minas
e de morte
olhos vitri-fixos diziam
mundos-nada-amargura
saudade já
de outros eu
fantasmas-frustração
coval marcado no espaço sideral
bocas-protesto-quase-renúncia
gritavam imagens-desejo
de um encéfalo criador
de novos cosmos
e seios negros-flácidos-lacerados
eram a denúncia-prova
de cordões umbilicais
que ligam ainda
o símio-escravo-jeová
à terra-mãe
ARCAS
Do Homem
guarda
o silex
o gesto
e nas marcas do sangue
se guardam
as ânsias
de infinito
Espantosa Visão
Corriam os olhos
na imagem
de um desfiladeiro de pedra
cinzenta
e os gritos colados
nas asas
de pássaros dourados
rasando os tufos
raros
de verde azeitona
impunham
na paisagem vazia
um pesado irreal
e a solidez
do alerta.
Pressa
Urgente
seria
que as palavras
cruzassem
o espaço
(fechado)
da memória
e no seu eco
se rompessem
as cadeias
do tempo
e do sangue
na terra da morte
e dos olhos
parados
Memória de fogo
Eruptiva terra
vermelha e retorcida
vulva aberta
múltipla
e imprevista
teu quente orgasmo
da periódica
orgia vem
arrefecendo
solidifica
em ferro
e flores
nos corpos
de crianças
fardadas
O nosso aniversariante dirigiu-se ao nosso Blogue pela primeira vez em 27 de Janeiro de 2009. Relembremos as suas palavras:
Caro Luís Graça
Enviei a 19.01.09 (ou penso que enviei) o texto abaixo junto com carta aberta a J. Mexia Alves sobre intervenção sua e editada no blogue acerca da chamada “batalha de Guilege”.
Acompanhavam tal texto duas fotos, uma antiga e outra actual, forma que julgo suficiente para ser considerado um novo “camarada” da Tabanca Grande.
Entretanto novos textos foram aparecendo sobre o mesmo tema, uns, como o de JMA, deambulando por caminhos de análise puramente militar e hipermetrópica, própria do contrário da história, outras que, como eu, não negando a análise militar (tudo é analisável), não arredam a parte mais interessante da visão universal do direito dos seres humanos a disporem da sua vida e da sua liberdade num mundo que sempre se sonha melhor no futuro.
Estive com alguns problemas no meu computador e, no exemplo do que aconteceu com outras mensagens para outros destinatários, temo que não tenha chegado ao teu correio o texto que refiro acima como enviado.
Indicia tal situação o facto de não lhe ter visto mais qualquer referência no blogue, nem ter recebido eu a acusação da recepção.
Desse modo o reenvio agora com um abraço de cumplicidade a todos os que mantém o interesse na discussão plural e aberta sobre uma página da nossa história que, como todas as histórias, individuais ou colectivas, não se fazem apenas de glórias e heroísmos mas também de muitas misérias e cobardias.
José Brás
Ortigosa, 2009 > Conversa animada de Mexia Alves e José Brás com...
Ortigosa 2009 > Vasco da Gama e José Brás
Ortigosa 2009 > José Brás e José Rocha
__________
Notas de CV:
(*) Para encontrar os postes de José Brás, recorrer aos marcadores "José Brás" e "Vindimas e Vindimados"
Vd. último poste da série de 6 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5773: Parabéns a você (77): José Belo, se o calor da nossa amizade chegasse a Kiruna, a tua Lapónia era o Alqueva (Os Editores)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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36 comentários:
Das belezas do meu Monte Real, menina dos meus olhos, o meu abraço camarigo de parabéns para ti neste dia.
É um pouco deste Monte Real que hoje te dou de presente envolto numa bela quadra de António Correia de Oliviera
Ó Monte Real, ó monte
Que Deus te ponha a virtude
Não há monte sem ter fonte
Nem fonte como a saúde.
É com todo o gosto que me associo àquele grupo da página ao lado que não se esqueceu de te dar os parabéns.
Mário Migueis
Meu caro Zé Brás
Neste dia vou-te desejar muitas felicidades, na companhia dos que te são queridos.
Bebe um copo, sente o perfume, estala a lingua, que a vida é feita de pequenos nadas.
Um abraço
Juvenal Amado
José Brás,
Parabéns e votos que contes muitos mais, felizes, na companhia dos que te são queridos.
Saudações Especiais,
João Carlos Silva, MMA, 2ª/79
Caro José Brás
Juntamo-nos a todos aqueles que hoje te desejam um feliz aniversário. Que continues a partilhar conosco os teus pensamentos por muitos e bons anos.
Giselda e Miguel Pessoa
Caro Zé Brás
A amizade é mais forte quando cimentada pela participação em causas, em princípios, em coisas...
Para além disso é também justo reconhecer o talento e a capacidade para tornar a prosa fluída, para a poesia e para elevação do nível através de discussões francas mas firmes.
Hoje é então o dia do teu aniversário..., pois bem, aqui vai um brinde à tua saúde, com votos de longa vida e bons textos.
Parabéns!
Hélder S.
Caro José Brás!
Parabéns pelo teu aniversário!.
Que este dia te seja o mais feliz possível, na companhia dos teus mais que tudo.
Nós, teus camaradas e amigos, à distância, mas perto quanto baste, brindamos por ti, eu concerteza com um bom tinto alentejano, que, espero, tambem alinhes.
E continua a escrever, com as tuas convicções,(que eu na maior parte das vezes subscrevo), pois isso faze-lo tu( e penso haver quase total unaminidade no Blogue quanto a isso) muito bem.
Um abraço
Francisco Godinho.
Caro José Brás.
Um grande abraço de parabéns, passa um dia feliz e desejos de longa vida com muita saúde, na companhia de quem te é querido.
Manuel Marinho
Meu caro Zé Brás
Um abração enorme e dez mil parabéns.
António Graça de Abreu
AMIGO E CAMARADA DE GUINÉ ZÉ BRÁS, MAIS UM ANO.
PARABÉNS PARA TI
NESTA DATA QUERIDA
MUITAS FELICIDADES
MUITOS ANOS DE VIDA
HOJE É DIA DE FESTA
CANTAM AS NOSSAS ALMAS
PARA O AMIGO ZÉ BRÁS
UMA SALVA DE PALMAS.
ZÉ BRÁS E QUE DAQUI A UM ANO EU TE ESTEJA CANTANDO MAIS UM TEU ANIVERSÁRIO.
UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA TI E TUA FAMÍLIA.
Amigo e camarada. Foi para mim um grato prazer conhecer-te pessoalmente na festa de inauguração da Tabanca do Centro.
A imagem que tinha de ti através dos teus escritos, ficou mais rica. És um homem que luta por valores. Gostei de te conhecer. É um previlégio ter-te como amigo. Quero estar contigo neste dia em que comemoras o dia em que começaste a mamar.
Deixo-te com um pequeno poema que um dia escrevi quando estava em Mampatá Forreá.
Fraterno abraço de parabéns e deixa-me ser um pouco egoísta. Quero abraçar-te muitas mias vezes neste dia
ESTA VIDA
Esta vida é um sonho de criança.
Esta vida é como o fumo que se esvai.
Esta vida é como uma manhã que amanhece
E desaparece.
Se nela nada constróis
Não passa de um pequeno "ai"
E rapidamente a vida te esquece.
Esta vida pode ser um pôr do Sol.
Esta vida pode ser uma noite de luar.
Uma criança a nascer. A esperança renovada.
Um Rio que corre para o mar.
Esta vida pode ser Primavera em Flor,
Se da vida fores obreiro
E a quiseres transformar
Numa grande fonte de amor.
Esta vida, vida minha.
Esta vida a correr.
Esta vida foge, foge.
...E eu a vê-la desaparecer.
Zé Teixeira
Amigo José Brás,
Parabéns pelo seu aniversário.
Votos de um dia bem passado na companhia de todos os que lhe são mais queridos.
Espero continuar a ler por muitos anos os seus escritos e os seus comentários, os quais para mim têm sido uma mais valia.
Um abraço
Filomena
JOSÉ BRÁS
PARABÉNS!
O dia de hoje a repetir-se pelos anos fora e tu, Caro Amigo; a viveres tua Vida com Felicidade, Saúde, junto de quem e do que gostas.
Ah , e mantendo as tuas convicções fortes mas, aprendendo sempre em cada dia que passa...
Abraço forte e fraterno do,
Torcato
Aproveito o teu aniversário para expressar a admiração pelo escritor premiado, pelo poeta excelente e pelo camarada porreiro, sempre na primeira linha da sã convivência.
Um abraço amigo de parabéns, esperando que no dia 26 lá estejas com mais uns poemas novos para deleite de todos.
Até sempre, camarada
Vasco A.R. da Gama
Caríssimo José Brás,
Não tenho o prazer de te conhecer pessoalmente, mas não posso deixar passar este dia sem te mandar um grande abraço com os votos de um feliz aniversário, longa vida e muita, muita saúde.
Do camarada e amigo,
ADRIANO MOREIRA -EX-FUR.ENF.CART.2412 -SEMPRE DIFERENTES - BIGENE,BINTA,GUIDAGE E BARRO 68/70
Caro Camarada
Para o Homem que um dia calcou terras de Ald. Formosa e Mejo e teve a coragem de escrever um livro como "Vindimas e Vindimados" tem todo o meu apreço e admiração.
Neste dia de Festa não poderia deixar de desejar-te um Feliz Aniversário e muitos Parabens.
Um abraço
Mário Pinto
Caro camarada
Peço desculpa pelo lapso o livro que pretendia referir era "Vindimas no Capim".
Um abraço
Mário Pinto
Zé,
Até para te dar os parabéns tenho que ir para o fim da fila. Mas aguardo, com todo o gosto. Por um Cadavalense prendado espera-se o que for preciso.
Tenho que lamentar não atenderes o tlm., mas reconheço a sabedoria de quem não quer partilhar o almoço com este pobre esfomeado.
Desejo-te um dia pleno de felicidade, e que a contagem se prolongue por muitas vezes.
Um abraço
JD
Zé,
Até para te dar os parabéns tenho que ir para o fim da fila. Mas aguardo, com todo o gosto. Por um Cadavalense prendado espera-se o que for preciso.
Tenho que lamentar não atenderes o tlm., mas reconheço a sabedoria de quem não quer partilhar o almoço com este pobre esfomeado.
Desejo-te um dia pleno de felicidade, e que a contagem se prolongue por muitas vezes.
Um abraço
JD
José Brás,
parabens e um abraço
Antº Rosinha
Caro José Brás,
Se me desses metade do teu talento para a escrita eu ficava bem mais rico, e tu não ficavas mais pobre.
Parabéns por mais um aniversário. Que eles se repitam por muitos e bons anos, com muita saúde
José Câmara
Caro Zé,
Esperei só para o ZD não ficar triste, mas virão mais de certeza.
Para ti homem de trabalho, amante da natureza!
Para ti bigamo, amante da Lezíria e da Planície!
Aí vai do grande Algavio Aleixo:
"Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém;
Quemnão ganha o pão que come
Come sempre o pão de alguém."
Um dia feliz, e que contes muitos mais.
O abraço amigo,
Mário Fitas
AMIGO ZÉ BRÁS,
QUE PODERÁ DIZER-SE NESTE DIA A UM HOMEM VERTICAL,INTEGRO,ESCRITOR DE QUALIDADE,POETA EMÉRITO,HOMEM SOLIDÁRIO,SER VIVO PENSANTE QUE NÃO ABDICA DESSA ESTRAORDINÁRIA QUALIDADE?
CONTINUA ASSIM,DIGNO,LHANO,HOMEM GRANDE!
PASSA UM BOM DIA DE ANIVERSÁRIO COM MUITA SAÚDE.
UM GRANDE ABRAÇO
MANUEL MAIA
A PROXIMIDADE DO S RELATIVAMENTE AO X,ALIADA AO MEU PROBLEMA DE VISÃO,IMPLICARAM NO SURGIMENTO DA "NOVA PALAVRA" ESTRAORDINÁRIA,AO INVÉS DA UNICA E CORRECTA EXTRAORDINÁRIA.
MAS PELO MENOS SOBROU A POSSIBILIDADE DE TE MANIFESTAR OS VOTOS DE UM DIA PRENHE DE ALEGRIA.
Abraço
manuel maia
Caro José Brás
Neste dia em que comemoras mais um ano de vida, não podia deixar de me associar a tantos camaradas-amigos que já o fizeram, enaltecendo entretanto as qualidades que todos reconhecem possuíres, pelo que mais não me resta de te desejar muitos anos de vida, com saúde e mantendo sempre a tua verticalidade e honestidade intelectual que demonstraste.
Um abraço de parabéns
Jorge Picado
Nao me perguntes porquê,mas associo o teu Aniversário com o...."Traz outro Amigo também" do José Afonso. CAMARADA e AMIGO...PARABÉNS!
Um Abraço.
Uma Vida longa e Feliz!
Jorge Cabral
Amigo e camarada José Brás:
Já pouco há para dizer que não tenha sido dito.
Vai um abração de parabéns e o desejo que a data se repita, para ti, por muitos e bons anos.
Manuel Reis
Caro José Brás,
Um Abraço de parabéns e votos de muitas felicidades, nas Vindimas, no Capim, ou onde quer que te encontres, mas que estejas escrevendo...
Manuel Amaro
Caro José Brás,
O meu grande abraço de parabéns.
Ficas a dever um copo, vou beber sem a tua presença, mas fica registado.
Que continues a dar-nos o prazer da tua lucidez escrita por muitos e bons anos.
Um abraço
BSardinha
Sem vindimar o capim,
nem capinar a vindima,
aqui vai um fraterno abraço de parabens.
José Martins
"Espelho no mar tem a terra
espelho de barco é arado
quem pelo mar se desterra
m terra fica cercado"
Do poema “Jogo de espelhos”,
In "Fado Contraditado", de José Brás (inédito, reproduzido com a devida vénia...)
Zé:
Eu queria escrever-te, não uma letra de fado (para o que não tenho o teu jeito, o teu talento),
mas um simples texto poético
em que evocasse a nossa dupla condição de tugas e de estremenhos
e sobretudo de cidadãos do mundo,
que ambos, julgo eu, prezamos de ser…
Estive a reler, a espreitar, o teu tal caderninho perdido e achado na Ortigosa no nosso último (e teu primeiro) encontro, em Junho passado. Felizmente ficou em boas mãos, as do Juvenal.
Queria roubar-te um desse poemas,
para publicar na série Blogpoesia,
em homenagem a ti, camarada e poeta, no dia dos teus anos…
Não tenho certeza de qual desses poemas está prometido ao Carlos do Carmo, para além do belíssimo "Povo Contraditado" (que dizes, expressamente, vir a ser incluído no "próximo disco do C. do C."…
Não quis arriscar, não quis abusar da tua magnanimidade e da tua boa fé, mesmo sabendo que tenho (ou tinha, na altura) o teu OK… (Como diz o Hipócrates, o pai da medicina ocidental, os nossos humores também são voláteis, mas infelizmente em Lisboa nem sangria má nem purga boa)...
Em contrapartida, pensei na tua poesia, e na dialéctica mar/terra
que, como bons estremenhos e portugas, está na nossa massa de sangue…
Alguns camaradas bloguistas pensam que tu és chaparro, alentejano dos quatro costados… Se calhar a confusão até foi minha,
que propalei a falsa notícia…
Mas não, és estremenho, e até meu vizinho... E ouvias na tua infância a banda da minha terra,
a banda do Toca o Bicho…
Lembras-te ? Em 11 de Agosto de 2009, mandaste-me um mail que me divertiu e que rezava assim:
"Desculpa a intromissão no descanso. Goza esse Oeste solarengo com alguns nevoeiros à beira-mar. Já não sei se era da Lourinhã ou da Aldeia Grande a Banda de Música que acompanhava a procissão dos Passos na minha Freguesia e à qual chamávamos a banda do toca ao bicho porque teria espantado uma raposa acoitada numa meda de trigo.
Maus tempos esses. Mas, estranhamente, recordo-os com ternura e nostalgia.
Um abraço
José Brás"...
Pois é, era um tempo, o do nossa infância, em que o mundo era perfeito (ou quase): eramos (e)ternamente meninos…
(Continua)
(Continuação)
Zé:
Deixo-te aqui tens dois poemas meus, coisas de poeta para poeta… Bebo um copo à tua saúde e longevidade (fazendo cruzes canhoto ao provérbio popular que diz: Muita saúde, pouca vida, porque que Deus não dá tudo!)...
............
"SOS, Mare Nostrum"
Poderei não suportar
O dia em que o mar
Se retirar da minha praia.
Poderei adoecer
Ou até mesmo morrer
Se me tirarem o mar
Da minha rua.
E o pôr do sol
Sobre a linha do horizonte da minha janela.
E o cheiro a maresia
No meu almofariz de cheiros.
E as neblinas matinais
Lavando os meus olhos.
Não sei se conseguiria fazer o luto
Do Mar Morto.
Emigrarei para o hemisfério sul
Quando me tirarem o mar do Norte,
O mar do Serro,
O Mare Nostrum,
As Berlengas ao fundo,
O vento nos canaviais
Na Praia do Zimbral.
Posso gostar das tuas montanhas
E das tuas albufeiras
E das tuas florestas de carvalhos,
Da gente rude e franca do Norte,
Mas preciso de regressar ao Sul,
De vez em quando,
Para respirar como as baleias.
Um exército de lapas
Move-se de rocha em rocha
Como sinal premonitório
Da transmigração do mar.
Praia da Peralta,
8 de Setembro de 2007
http://blogueforanadaevaodois.blogspot.com/2007/09/blogantologias-ii-47-sos-mare-nostrum.html
....................
"Obsessivamente o mar"
Obsessivamente o mar
da tua infância.
E as criaturas que o povoavam:
A Sereia
e a sua melopeia,
o seu canto de cigana,
fatal,
a sua rede,
onde afogava os seus pobres amantes,
depois de os arpoar com o seu tridente,
como se fossem lagostas suadas
nas mãos da chefe de cozinha;
A Baleia Azul, com a sua enorme bocarra,
que te transportava no ventre,
qual submarino,
até os mais recônditos e inóspitos lugares
do centro da terra em fogo;
O monstro, o terrível Adamastor,
que aterrorizava os teus pobres patrícios e parentes,
os Maçaricos de antanho,
marinheiros e pescadores,
agrilhoados ao cavername das caravelas;
A feiticeira Atlântida,
a cidade de som e luz,
que sempre fascinou os pobres povos ribeirinhos;
O Pirata de Perna de Pau e Cara de Mau,
que desembarcava na costa,
incendiava, estripava, matava, violava…
Ou comes A sopa
ou Eu chamo o Pirata de Perna de Pau…;
A Passarola Voadora
que te catapultava para o Novo Mundo,
para os paraísos tropicais,
os canibais,
os praias de palmeirais e de corais,
os macacos e os leões;
O Búzio Gigante,
que podia ser o teu ursinho de peluche,
mimado,
e que era também o teu carrocel marinho,
alucinante
e alucinado;
E por fim o Moínho do Tio Xico Marteleira
que te fazia mover as ondas
e regulava as marés…
e os teus sonhos de criança
e os teus pesadelos
nas noites de invernia.
Ah!, como o mundo era perfeito
Na tua infância.
http://blogueforanadaevaodois.blogspot.com/2007/11/blogantologias-ii-60-obsessivamente-o.html
José Brás
Gosto de como escreves.
Bastas vezes gosto do que escreves.
Que contes muitos e muitos anos para que o continues a fazer como tão bem sabes.
Para(muitos)bens
Jorge Narciso
Caro Zé Brás:
Camarada escritor e poeta.
Desde Monte Real, onde estivemos mais próximos, um ABRAÇO do tamanho do Mundo.
Continua a escrever e a ser FELIZ.
CMSantos
CART 2339 - Mansambo 68/ 69.
Até ao dia 26 em frente a um Bacalhau na Brasa.
José Brás
Com um pouco de atrazo mas com votos de muitos anos com saúde que dê continuidade ao que queres e a essa "Veia" que te faz pensar e transcrever o pensamento
Um abraço
Luis Faria
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