Boa noite companheiro.
Já noutra altura enviei para vós e publicaram, duas palavras sobre a CCAÇ4740.
Hoje e após as inúmeras visitas feita ao Blogue, penso que não posso continuar só pelas visitas, talvez tenha chegado o tempo de mais alguma coisa, participar.
Assim vou juntar aqui um texto que dedicarei a todos aqueles que connosco partilharam o pão e os sabores da vida que nos foi “oferecida”.
A todos vós,
Um abraço do tamanho do Cumbijã.
Armando Faria,
ex-Fur Mil da CCAÇ 4740 – Cufar – Guiné
2. Tempo de recordar amigos de sempre
Companheiro, amigo, camarada, irmão…
Muitos poderiam ser os adjectivos e os nomes chamados e bem merecidos a cada um de vós/nós, porém a todos nós basta saber que um dia, algures em algum lugar, fomos irmanados, não pelo nosso querer ou vontade própria, mas pelas circunstâncias do momento que a todos chamou, a PÁTRIA precisou de nós.
O nosso caminho vai sendo percorrido ao sabor deste tempo que nos é concedido, pachorrentamente na companhia daqueles que nos acolheram como família, dos amigos e das memórias que habitam todo o nosso ser.
Foi e será assim, as memórias do tempo que para lá ficou, dos amigos ‘deixados’ pelo caminho da vida, das alegrias e tristezas então vividas, não nos deixaram jamais.
Foi tempo de ser herói, sim, porque todos à nossa maneira o fomos, tempo de dar o melhor que tínhamos, a nossa juventude, tempo de fazer dos medos a nossa maior arma de combate e assim ganharmos a ‘guerra’ do nosso próprio medo, em suma, ser herói.
Desse tempo resta uma nostalgia de gente que connosco viveu e de uma ou outra forma nos marcou para sempre.
Gente que fomos, vida que vivemos, terras que visitamos, lugares lindos que se ficaram e da nossa memória não se esbatem, amigos que partiram para junto das suas famílias, mas que hoje queremos rever e com eles reviver as alegrias de então, não pela saudade de algo que ficou, mas pela amizade que aí se construiu.
Hoje, aqui no meu canto, sou assaltado por essas memórias e pelo que então foi um pouco a nossa vida, não pelo que alguém possa pensar de saudoso desse tempo de alguma desventura, mas, como disse, da amizade aí encontrada em pessoas nunca antes conhecidas e que se vieram a revelar de muito valor, no tempo e agora, pois é com essas memórias e ‘essas’ pessoas que hoje estamos aqui em contacto, não fora isso e nunca teríamos tido a ventura de conhecer gente que se veio a tornar tão importante para nós neste momento da vida.
Sois, como então, parte da família que me orgulho de ter, fomos heróis, vencemos os medos, conseguimos alcançar a liberdade para viver a vida que nos foi proposta viver, juntamo-nos à família e juntos hoje vivemos a alegria de sermos livres.
Somos feitos de uma massa que já não se usa muito por cá, fomos temperados na vida e para a vida por outras experiências e vivências que não nos envergonha, tivemos pais que da vida nos ensinaram o melhor e temos filhos, os que têm, que são o nosso orgulho, afinal «os filhos são a coroa de glória de seus pais» e somos o que somos porque trabalhamos para o merecer.
Hoje é tempo de reencontrar esses ‘velhos’ companheiros, É este o tempo escolhido, a hora chegada a quem dedico este momento de fim de tarde, para aqui e agora fazer minhas as palavras do poeta. Saudade.
Por aqueles que desta vida já tiveram que se ‘despedir’ elevo a Deus a minha Oração.
Um abraço, até sempre, ou para alguns de vós, até ao dia 19 Junho em Fátima, onde espero poder fazê-lo pessoalmente.
Armando Silva Faria,
Ex-Fur Mil
C CAÇ 4740
Cufar – Guiné 72/74
3. Comentário de CV:
Caro Armando Faria
No teu caso, nem precisas de boas-vindas uma vez que estás instalado na Tabanca já há algum tempo.
Apresentado que estás oficialmente, tomaste a responsabilidade de contribuir para o pecúlio deste Blogue com as tuas memórias e fotografias.
No lado esquerdo da nossa página poderás certificar-te das nossas normas de conduta, além de, através dos diversos marcadores, acederes às numerosas publicações do nosso Blogue. Clicando por exemplo no marcador CCAÇ 4740, terás acesso ao que se publicou já sobre a tua Companhia.
Posto isto, cabe-me enviar-te, em nome da tertúlia, um abraço.
O camarada e amigo
Carlos Vinhal
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Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
30 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5730: Blogues da nossa blogosfera (33): Site da CCAÇ 4740 (Armando Faria)
e
4 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6311: Convívios (143): Encontro Anual da CAÇ 4740, dia 19 de Junho de 2010 em Fátima (Armando Faria)
Vd. último poste da série de 10 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6365: Tabanca Grande (217): Alcides Silva, ex-Sold Cond Auto, amigo do Madragoa (Júlio Tavares), CCS / BART 1913, Catió, 1967/69
4 comentários:
Caro camarada Armando Faria
Comigo também se passou um pouco assim. Descobri o blogue, acompanhei-o em silêncio, rememorei lugares, gentes e cheiros, revi-me em alguns textos ou passagens, ri com alguns, deixei rolar gotas quentes pela face ao ler outros e, um dia, fiz como tu: 'apresentei-me'.
É bom estar aqui. É como uma família. Concordamos, discordamos, discutimos, aprendemos.
E somos solidários!
Gostei de ler a tua apresentação.
Um abraço
Hélder S.
Que bom ver-te, de corpo inteiro,no blogue! Com a tua 4740, os cufarianos de que eu também faço parte. Estive onze meses convosco em Cufar, até 20 de Abril de 1974.
Conta histórias da tua companhia, há muito para contar.
Forte abraço, e até 19 de Junho, no encontro em Fátima.
António Graça de Abreu
Caro Armando,
Da tua companhia falo muitas vezes com o António Salvador o enfermeiro da "injecção sem dor".
Também do teu tempo falo com o Manuel Brita Churra das autometralhadoras.
Conversa expecialisada, tenho com o Graça de Abreu do COP1.
Pelo teu escrito, mais uma vez confirmo, que quem passou por Cufar, lá deixou um pedacinho de saudade por aquela terra e gentes bonitas.
Se ainda tens na memória algo do pessoal da milícia fala e conta dá-me notícias desses valentes homens: Carlos Quêba, Gibi Baldé, Alfa nan Cabo etc. Como é possível a esses homens, fazerem comissões de 13 anos?
Nós os esquecemos e deixámos abandonados, sem lhe garantirmos o direito ao seu "Chão".
Nós por cá também vão esperando que desapareçamos. Enfim vamos vivendo com gratas recordações e as amizades que criámos numa guerra sem razão.
Um abraço dum "Cota" da 763 que reconstruiu Cufar.
Mário Fitas
Por muito que se goste de Cufar (hoje),o desejo maior (de então) era realmente deixar Cufar.
Esse ensejo foi-me proporcionado com a chegada da tua companhia que rendeu a minha (2797). Aqui estou eu, quase 40 anos depois, a enviar um abraço de agradecimento e saudação.
Luis de Sousa
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