1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Agosto de 2010:
Queridos amigos,
Este livro de Oleg Ygnatiev é um exercício propagandístico de pechisbeque.
Como é possível demonstrar sem provas é segredo que este jornalista tem bem guardado.
Um abraço do
Mário
O assassínio de Amílcar Cabral: uma conspiração indecifrável
Beja Santos
Mandaria a lógica de que a análise das confissões dos agentes materiais de Amílcar Cabral, assassinado em 20 de Janeiro de 1973, em Conacri, cruzadas com os ficheiros da PIDE/DGS e outras investigações posteriores, permitissem que houvesse uma clara elucidação sobre quem esteve por detrás dessa morte, quais as motivações reais de quem concebeu e executou a conspiração.
O que acontece é que passadas estas décadas se mantém o mais cerrado nevoeiro. Como escreveram Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso no volume n.º 17 de “Os Anos da Guerra” (Quidnovi, 2009) são conhecidas as condições da morte, sabe-se quem são os autores materiais, de acordo com os interrogatórios aos conspiradores (cujos dossiês e gravações desapareceram estranhamente, na totalidade), a origem do plano terá tido em Lisboa e acção não pretendia a eliminação de Cabral mas sim a liquidação do PAIGC. Um dos conspiradores, Valentino Mangano, referiu que as autoridades portuguesas tinham assegurado que Portugal estava pronto a conceder a independência aos negros da Guiné-Bissau na condição do PAIGC ser eliminado e de todos os cabo-verdianos serem excluídos do movimento nacionalista. Como não existe um só documento nos arquivos da PIDE (serviços centrais e delegação de Bissau) que refira, insinue ou estabeleça qualquer ligação concertada entre a polícia política de Caetano, Spínola e os conspiradores, temos de admitir que todas as teorias em torno desta conspiração cobrem todas as possibilidades.
Não vale a pena explorar quem ganhou com a morte de Cabral. Os relatórios militares apontavam, desde Janeiro de 1973, para uma nova escalada da guerra, já ninguém encobria a chegada de armas sofisticadas, a URSS oferecera ao PAIGC aviões MIG, iniciar-se-ia, dentro de meses, a preparação de pilotos. O Governo de Lisboa foi forçado a procurar armamento compatível e a preparar especialistas. Num contexto desta natureza, e no puro campo das especulações, é dificilmente aceitável que Spínola quisesse outro interlocutor que não Cabral. Como se comprovou, os seus sucessores não tinham dimensão de estadistas, nenhum deles esteve à altura de corresponder aos desafios da criação de um novo Estado. Poderá fazer sentido ter-se urdido um complô de gente vingativa, castigada por Cabral, e ressentida com o “cabo-verdiano”. É sabido que os conspiradores eram esmagadoramente naturais da Guiné e durante os tais julgamentos que Vítor Saúde Maria disse mais tarde terem decorrido numa atmosfera desumana, os acusados referiram-se amiúde ao perigo da Guiné ficar nas mãos de dirigentes cabo-verdianos. Numa investigação rigorosa, o jornalista José Pedro Castanheira destacou que nos arquivos da PIDE/DGS se encontraram relatórios de autêntica espionagem, esses espiões tinham acesso directo às reuniões da direcção do PAIGC. Não obstante, nenhum desses relatórios alude a qualquer operação para liquidar Cabral.
“Três Tiros da PIDE”, de Oleg Ygnatiev, jornalista soviético amigo de Cabral e que várias vezes, antes da independência, acompanhou Cabral e visitou o território, apareceu traduzido em português em 1975 (Prelo Editora). É espantoso, mesmo sabendo-se que estávamos ainda em plena guerra fria, como é que se escreve um livro de propaganda de incriminação gratuita, dando automaticamente como demonstrado que os assassinos de Cabral estavam a soldo da PIDE/DGS.
Em termos de estrutura, o livro (com uma tradução hedionda) até tem interesse, suporta-se nas páginas do diário do autor, desde que chegou a Ziguinchor, em 18 de Janeiro de 1973, entremeia com episódios ficcionados de uma vastíssima operação gizada por Ferreira da Silva, um pide de Bissau, de colaboração com Silva Pais em Lisboa e Fragoso Allas, em Bissau. A ficção passa pela operação “Rafael Barbosa” (nome do presidente do Comité Central do PAIGC, uma das figuras mais intrigantes que se conhecem, digna de um grande romance histórico) envolve militantes que estiveram presos no tarrafal como Mamadu Touré (Momo) e Aristides Barbosa, a conspiração chega a Conacri onde, por artes mágicas, os conspiradores cumprem à risca os ditames da PIDE, chega-se ao cúmulo de estarem 24 barcos portugueses à espera dos presos trazidos por Inocêncio Kani e outros...
Desconhece-se o valor jornalístico de Oleg Ygnatiev. O que se apura é que tem uma capacidade inventiva transbordante. O conhecido episódio do massacre de três majores e um alferes na região de Canchungo, em 20 de Abril de 1970, é transformado num acontecimento heróico, dezenas de militares foram mortos por rajadas de metralhadora e rebentamento de minas, tudo isto devido ao prodigioso sentido táctico de André Gomes. A propaganda de Oleg Ygnatiev desce aos níveis mais baixos. Quanto, por exemplo, fala de Madina do Boé, refere a destruição das fortificações e guarnições inimigas depois de um cerco de quase nove meses. A generalidade dos conspiradores, segundo Ygnatiev, era composta por delinquentes, gente venal, traidores baratos. Há mesmo um radiotelegrafista, Nené, que troca mensagens com a PIDE. Como é evidente, há limites para a fantasia e ficamos sem saber como é que estas dezenas de pessoas se conluiaram e puseram em prática um plano que passava por capturar altos dirigentes e, após o êxito do complô, ir anunciar os resultados a Sekou Touré...
É uma leitura útil só para se perceber que a propaganda (sobretudo a de má qualidade) não pode responder às exigências da história. Está ainda tudo por esclarecer, não adianta sair das probabilidades enquanto não aparecerem as provas documentais que iluminem a verdadeira autoria moral da conspiração.
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Nota de CV:
Vd. poste de 4 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P6930: Notas de leitura (142): Amílcar Cabral, textos políticos (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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16 comentários:
Mário, até parece que os dirigentes do PAIGC/PAICV, eram analfabetos para ser necessário ser um Russo a escrever o assassinato de Amilcar.
E continuaram todos os dirigentes do PAICV, mudos e calados (mi ká sibi nada), quando o irmão de Amilcar, Luis Cabral foi derrubado.
E o sonho de Amilcar e irmão, foi deitado para o lixo como uma coisa sem préstimo.
Porque o sonho deles não era sonho de mais ninguem?
Amilcar não vi morrer, mas Luis vi cair.
E os russo e cubanos estavam ao meu lado a assistir.
Já escrevi sobre este espectáculo!
Caro Beja Santos
Já depois da independência conheci em Bissau um padre italiano, creio que se chamava Lino Bicari, que estava ligado a um departamento cultural do governo guineense. Em conversa com este sacerdote - o único, que eu saiba, que esteve ligado ao PAIGC durante a guerra, embora numa situação de não-combatente - foi-me dito que a intenção dos assassinos de Amilcar não seria a de o eliminar, mas sim de o raptar. E que, para o efeito, uma embarcação, não sei se portuguesa, estaria a pairar, ao largo, para levar Cabral para Bissau, de acordo com as instruções de Spínola.
Ainda segundo o padre Lino, a morte do líder guineense ter-se-á verificado devido à confusão gerada por ordens dadas em crioulo..qualquer coisa ligada a palavras que, com sons semelhantes,tinham significados contraditórios.
Sei que este padre acabou por fixar residência em Portugal, mas nunca consegui encontrá-lo.
Um abraço
João Coelho
Assassinato de Amilcar Cabral/Queima de Arquivos
De facto, como bem frisa Beja Santos, com propaganda reles, do tipo do " Tres Tiros da Pide" do jornalista russo Oleg Ygnatiev nao se chega a ponta de novelo algum, do tao desejado esclarecimento dos contornos do assassinato de Amilcar Cabral.
Mas diga-se em abono da verdade que nem Oleg Ygnatiev, nem o jornalista portugues Jose Pedro Castanheira, no seu " Quem Mandou Matar Amilcar Cabral", por sinal autores das duas unicas obras a induzirem uma eventual clarificacao dos factos, esclarecem coisa alguma !
Limitam-se simplesmente a uma postura de refens-quais autenticas caixas de ressonancia de versoes oficiais de um e outro lado...
O primeiro vale-se da enviesada e conveniente versao oficial do PAIGC em Conacri, o segundo mergulha-se no que por conveniencias alheias a verdade historica , se entendeu poupar dos arquivos da actividade da PIDE na Guine, para dar corpo a um emaranhado de hipoteses conspiratorias - a da ala guineense do PAIGC,a de Sekou Toure e a da PIDE- que entretanto peca por nao arriscar uma relacao causa/efeito entre as mesmas…
A tal “estoria” do ovo e da galinha –quem vem primeiro !
Se no seu “Tres Tiros da Pide”, Oleg Ygnatiev zela por um “ inocentar” de determinados sectores dirigentes do PAIGC, na morte do seu lider , no “Quem Mandou Matar Amilcar Cabral”, de Jose Pedro Castanheira,o proposito roca ao branqueamento da alegada responsabilidade do general Antonio de Spinola e da DGS no complot !
O consciente destino dado em Bissau e em Conacri ,a praticamente toda a documentacao/informacao referente,por exemplo a Operacao Mar Verde e aos interrogatorios dos implicados no assassinato de Amilcar Cabral…so para citar estes...atestam o quao sabia e o adagio popular guineense…”bardadi e sima malgueta-I ta yardi !” *
Nelson Herbert
USA
* A verdade e que nem a malagueta, arde !
Caro "Mais Velho" Rosinha
A equidistancia dos russos e dos cubanos no golpe de estado de "14 de Novembro de 1980 " na Guine Bissau, esta por assim dizer, pela mesma equidistancia demonstrada por Moscovo e Havana durante os acontecimentos de 27 de Maio de 1977 em Angola... o conhecido fracassado golpe militar de Nito Alves...
Por conseguinte, nenhuma ! Tal neutralidade nao existiu !
Pelo peso que o assessoria cubana e russa tinha no seio das entao estruturas castrenses nao seria de se prever nenhuma inocencia de Moscovo e Havana perante o desfecho do processo "reajustador" como entenderam os seus entao lideres, designa-lo !
O proprio Luis Cabral nunca ilibou os cubanos da responsabilidade da sua entrega de bandeja, ao entao Conselho da Revolucao de Nino Vieira.
A rendicao de Luis Cabral foi mediada pelo entao embaixador cubano em Bissau...a meio do percurso com destino ao aerodromo da ilha de Bubaque, onde fora supreendido pelo golpe militar , o ex presidente guineense, acompanhado pelo embaixador cubano seria retirado do veiculo daquele diplomata e entregue aos militares golpistas !
Por conseguinte, factos a deitarem por terra a alegada equidistancia cubana !
Esta e outras revelacoes a proposito do 14 de Novembro, constam de uma entrevista /audio (gravada) a mim concedida em tempos, pelo falecido presidente guineense, Luis Cabral !
Mantenhas
Nelson Herbert
USA
Sem qualquer tipo de reserva estou de acordo com a introdução que Beja Santos faz sobre o livro apresentado.
Sobre o conteúdo do livro, nada posso dizer porque não o li, tal como não li, um outro também do mesmo autor, sobre Humberto Delgado.
Da mesma maneira partilho da conclusão final do post. feita por o amigo Beja Santos.
Porém no meu entender, neste como noutros casos, deve ser prevenido de que o mau trabalho de jornalistas, escritores, etç, não sirva de plataforma, para a "lavagem" de coniventes, colaboradores, ou o que queiram chamar, que constituíam uma e/ou várias estruturas do regime de que é legitimo colocar-se algumas questões.
Ou ainda os que actualmente ainda não compreenderam que a História não se apaga.
Muitos Lideres emancipadores ou libertadores, foram assassinados quando quem contra combatiam, já não tinha retrocesso, o que quase sempre correspondeu a uma falsa concepção de que abatendo o líder, desmembra-se a organização.
João Coelho, dá-nos um testemunho de um indivíduo, que no meu modesto entender, vai ao encontro dos acontecimentos, e ao perfil da política militar na Guiné, naquele tempo.
De seguida (des)comenta-se um facto que ocorreu num momento em que a situação já estava num beco sem saída para Spinola e para o Regime em Lisboa. Misturando a propaganda "reles" (definição que não foi utilizada por B. Santos) de um jornalista russo, com outro português, que se entende que o que escreveu se aproxima de um branqueamento da possível responsabilidade de Spinola e da Dgs.
De seguida um enigma sobre o "consciente destino dado em Bissau e em Conacri, a praticamente toda a documentação/informação referente..." ficamos sem compreender se o destino foi dado pelo Paigc ou pela Pide. Mas para acontecer em Conacri deduz-se o Paigc, porque não estou a entender como a Pide teria documentação/ informação em Conacri. Também lá em Bissau, como cá, a própria Pide (e não só), podia ter destruído documentação, quando viu que não tinha mais para onde fugir, ou quando a independência da Guiné era irreversível.
Ou seja misturar, baralhar e dar as cartas, escondendo o trunfo ou alguma outra carta não é um regular jogo.
Misturar russos, cubanos, datas e dirigentes de países diferentes, com percursos diferentes, com sujeição e luta contra o colonialismo tão diferentes entre si, para mim é uma forma de aumentar o volume do baralho, dificultando o jogo de encontrar a verdade, ou no mínimo aproximarmo-nos dela, e muito mais quando intencionalmente ou não, se exclui desse baralho, precisamente as cartas mais perceptivelmente evidentes.
Entendo que seria interessante saber-mos a data (aproximada, claro) de essa entrevista que diz ter-lhe sido concedida pelo falecido Luís Cabral, que concerteza de alguma forma "fundamentou" a sua opinião aqui expressa, facto com que concluío a mesma.
Como disse no principio, não li o livro em questão, mas com alguns livros sobre a Guiné, e entre outros, possuo um documento com 9 folhas A4, que foi distribuído pelo GADCG, em Lisboa e Porto e em Outubro de 1974; "Conspiração contra Cabral", que terei todo o prazer de enviar a quem mo pedir, tal como vou enviar para os Editores do Blog, caso entendam utilizá-lo para o mesmo. Referencio este documento, porque acho interessante o ser coincidente com alguns pormenores expostos ou referenciados por Beja Santos.
Um abraço para todos e para cada um
Anti-anonimato
Carlos Filipe
Ex CCS BCAÇ3872 Galomaro
galomaro@sapo.pt
Estimados camaradas, permito-me só lembrar que no processo da conspiração foram ouvidas largas dezenas de pessoas e estiveram envolvidos vários executores. Não há nos arquivos da Torre do Tombo, no que toca à PIDE/DGS um só documento que a comprometa na conspiração. A ser verdade que a PIDE concebeu a execução, estamos perante o segredo mais bem guardado da história. Agradeço muito ao Carlos Filipe o documento que ele promete enviar e que, como é óbvio, será inserido no blogue. Um abraço a todos do Mário Beja Santos
Spínola tinha muitos defeitos, mas não era burro. Não me custa nada imaginar que, de acordo com a estratégia que delineou para a Guiné-Bissau, visse Cabral como um homem com quem valeria a pena conversar, dada a sua dimensão cultural e o seu apego às coisas portuguesas. É conhecida, como traços caricaturais,a sua paixão pelo Benfica e o seu gosto por bacalhau com todos..
Neste quadro, faria sentido que Cabral fosse raptado, evitando o embaraço que uma aceitação de diálogo, negociado, traria ao líder africano.
Agora, como podia isto acontecer sem que, até hoje, nada se soubesse? Tantos anos decorridos,nada..nunca ninguém da "entourage" de Spínola na Guiné falou sobre isto..Não sabiam também, de tão secreta que era a ideia? Não faz sentido. Mas também não se entende como continua a morte de Amilcar tão envolta em mistério. É pena.
Dessa "queima de arquivos",em Conacri ( os depoimentos dos varios executores da conspiracao interrogados pelo PAIGC)e em Bissau (os arquivos da actividade da PIDE com toda e qualquer eventual informacao que a comprometesse na conspiração)alguem saiu decerto, incolume !
Pessoalmente nao acredito, pelas razoes acima expostas, que um dia se chegue a verdade sobre a morte de Amilcar Cabral !
Nelson Herbert
USA
PS: Ah ...a entrevista com o ex presidente Luis Cabral. Caro Filipe com um pouco de paciencia quica encontre extractos da mesma (inclusive em audio)neste blogue (pelo menos a parte que diz respeio aos fuzilamentos dos ex comandos africanos em Bissau) Por ai ser-lhe-a decerto facil chegar a data aproximada, se e do seu interesse.
Caro Joao Coelho
Cabral a ter que conversar a proposito da independnecia da Guine Bissau, fa-lo-ia com o entao poder na "Metropole", por razoes obvias. E nao com Spinola que o poder em Lisboa, teimava em tolher um aval para tal...
Esta e pelo menos a conviccao dos lideres nacionalistas guineenses e caboverdianos.
E como bem diz de "burro" o Spinola nada tinha..mas de controverso... a historia dira !
Nelson Herbert
USA
Comentou o Nelson Herbert:
"Dessa "queima de arquivos",em Conacri ( os depoimentos dos vários executores da conspiração interrogados pelo PAIGC)e em Bissau (os arquivos da actividade da PIDE com toda e qualquer eventual informação que a comprometesse na conspiração)alguém saiu decerto, incólume ! "
Exactamente. Estou de acordo, mas não se pode descurar outros elementos, como os possíveis traidores internos ao Paigc, estes forçosamente movimentar-se-iam facilmente fora de fronteiras e com possível conivência local de pessoas e/ou autoridades. Neste caso, forçosamente, teriam que ter uma retaguarda na Guiné Bissau. Quem ??.
Se o objectivo era só prende-lo, não o iriam levar para as “zonas libertadas” pelo menos de imediato, e nas outras “zonas” estava-mos nós. A quem interessaria a pessoa de A Cabral vivo ???
Não sendo de excluir que a própria Pide (mesmo que não estivesse na iniciativa ou orientação) do acontecimento, é de todo para mim impossível que não fosse conhecedora do decorrer ou preparação do mesmo. O que se torna estranho ou no mínimo insólito, é que não haja documentação alguma produzida por ela, mesmo do tipo "informação interna".
Considerando o assassinato de A. Cabral, um acto da maior relevância, e que não pode ser praticado pela sua complexidade, como de um vulgar assalto se tratasse, também podem terem sido intervenientes de alguma forma as facções militares pró ou contra a política militar de Spinola.
Ainda no meu entender, há outras Entidades das quais deviria existir (desconheço se) alguma informação, como os próprio serviços militares de intelligence (?) portugueses,
(não havia ?, então andavam a dirigir uma guerra somente baseados nas informações da população ou de desertores do Paigc, Bem !!!... no mínimo deviam ter o apoio de outra “intelligence” de qualquer nacionalidade).
Não acredito, ou não quero acreditar, que não haja nada que nos leve ao “filme” da morte de Amilcar Cabral. Acredito que haverá alguma coisa guardada algures, protegida dos ainda existentes “devoradores” da história da guerra colonial.
Caro Nelson, sobre a dita entrevista e “comandos africanos”, a estória é outra que dá para uma acesa troca de opiniões de que Portugal, também não sai de todo incólume.
Ou não tivéssemos abandonado anarquicamente os guinéus que serviram no exército português.
Um abraço para todos e para cada um.
Carlos Filipe
ex CCS BCAÇ3872 Galomaro
galomaro@sapo.pt
Peço imensa desculpa aos amigos, por lapso coloquei o meu comentário em local errado, porque tinha várias janelas do Brwser aberta e "falhei o alvo"
Desculpem
Caro Nelson
Spínola fez muita coisa na Guiné-Bissau à revelia do poder central e pode muito bem ter entendido que, para o seu projecto,(e julgo que ninguém dúvida de que ele tinha um projecto, melhor ou pior concebido) a solução seria ser ele a "meter as mãos na massa".
Quando referi a conversa tida com o padre Lino e a questão do rapto
, não quis sugerir que Cabral estivesse alinhado com a ideia.
Penso é que para Spínola ( e para o poder de então na metrópole ) seria sempre uma grande jogada prender Cabral e tê-lo à mão para "conversar". Como se viu mais tarde,em pleno, Spínola não era só um militar, tinha ambições politicas. E na sua "corte" em Bissau havia um homem que, para além dos pretorianos que rodeavam o general, tinha um profundo conhecimento da Guiné, e que, ao contrário dos Almeida Bruno, António Ramos e outros, não dava muito nas vistas; refiro-me a Carlos Fabião, infelizmente já falecido. Fabião era um elemento que poderia ter lançado luz sobre muitas coisas ocorridas na Guiné, durante o consulado de Spínola, mas, tanto quanto sei, nunca "abriu o livro" enquanto vivo.
Enfim, acabo por entrar em especulações que não passam disso mesmo: especulações. Espero que os mentores do blogue não levem a mal as minhas incursões por esta matéria, mas confesso que tenho grande admiração por Amilcar Cabral. Considero-o, aliás (é uma opinião, vale o que vale..)o maior líder africano nosso contemporâneo, com uma visão superior aos Habib Bourguiba, Kaunda, Kenyata, Touré, Senghor, Mondlane, Neto, ec...
Um abraço
O que acontece é que passadas estas décadas se mantém o mais cerrado nevoeiro. Como escreveram Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso no volume n.º 17 de “Os Anos da Guerra” (Quidnovi, 2009)
Não será o volume 14?
A colecçao tem 16 volumes.
Agradeço info!
Caro Joao Coelho
Duvido que haja militar algum, que tenha passado pela Guine, com um conhecimento tao prpfundo da realidade daquele territorio, a dimensao do que Spinila tinha...
A politica de " Por Uma Guine Melhor " resulta por conseguinte desse conhecimento profundo que Spinola tinha da Guine-particularmente das suas fragilidades e vulnerabilidades etnicas e tribais...
Soube com mestria agitar os Fulas, contra os Balantas, os negros guineenses contra os guineenses de origem mestica...e por ai fora... e da situacao tirar partido...
E nao se pode ignorar de forma alguma o impacto que uma tal politica acabaria em certa medida por ter nas hostes nacionalistas
(repare que nao me refiro exclusivamente ao PAIGC...) no proprio complot que culminaria no assassinato de Amilcar Cabral... com laivos a se estenderem aos dias de hoje na Guine.
Dai que me custe pessoalmente acreditar na "INOCENCIA" de Spinola no complot que culminou no assassinato de Amilcar Cabral.
Confesso que tenho dificuldades em compreender essa dita neutralidade !
Alias ja durante a operacao "Mar Verde" a residencia daquele lider do PAIGC foi metralhado e alvejado e profundamente destruida..mas no fundo, na altura alegara-se que a intencao era sim,abater Sekou Ture e levar Cabral com vida, para Bissau...
Como diriam os nossos irmaos brasileiros, Como eh que pode ?
Mantenhas
Nelson Herbert
USA
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