terça-feira, 5 de outubro de 2010

Guiné 63/74 – P7082: FAP (53): Estatística das minhas missões em DO-27 e FIAT G-91 (Miguel Pessoa)


1. O nosso Camarada Miguel Pessoa (ex-Ten Pilav da BA 12, Bissalanca, 1972/74, hoje Coronel Pilav Ref), enviou-nos a seguinte mensagem, com data de 3 de Outubro de 2010:

Camaradas,

Achei interessante a ideia do meu amigo e camarada António Martins de Matos de passar para um gráfico os registos da sua actividade nos ares da Guiné, de tal modo que resolvi tirar o pó à minha caderneta de voo e construir a minha "declaração de rendimentos 72-74" da actividade de voo durante a minha comissão naquele território.

Vou ser um pouco menos abrangente, resumindo a minha apresentação ao total de missões que ali efectuei em DO-27 e Fiat G-91, não incluindo algumas outras missões em que estive envolvido (AL-III e C-47), mas em que não era o "dono da máquina".
Os resultados parecem não necessitar de grandes comentários, apenas deixando eu aqui uma ou duas notas complementares:

Naturalmente há um hiato de 4 meses (de Abril a Julho de 1973, inclusive) que coincide com o período em que estive nos estaleiros, em trabalhos de recuperação do chassis e da carroçaria. Nesse ano não gozei férias pois havia bastante trabalho para fazer e já me chegavam os 4 meses de recuperação...

Nota-se o decréscimo acentuado nas minhas missões em DO-27 a partir do aparecimento do Strela, aumentando em compensação as missões realizadas no Fiat G-91.

Há um número reduzido de missões em Abril e Maio de 1974, que corresponde ao período de férias que tive nesse ano. Aqui esperava-me uma surpresa pois falta-me o registo das minhas missões nos primeiros 20 dias de Abril, antes de vir de férias. Estou em crer que a euforia do 25 de Abril poderá ter contribuído para esta falha dos registos (porque voar, tenho a certeza que voei...). Aliás esse trabalho não era feito por mim mas sim na secção de cadernetas de voo. Só agora é que dei conta desta falha...

De realçar também a redução drástica de missões a partir do 25 de Abril. Aliás, foi um período em que realizávamos "missões de soberania" e alguns transportes, não tendo sequer ordem para atacar alvos.

Com este gráfico pretendo apenas contrariar algumas vozes que por vezes referem o decréscimo da actividade da Força Aérea após o aparecimento do Strela. Posições que aliás já tinham sido rebatidas pelo António M. Matos no seu Poste.

Um abraço,
Miguel Pessoa
Ten Pilav da BA 12 (1972/74)
____________

Notas de M.R.:

1. O MEU VIVA À FORÇA AÉREA E AO SEU ESTIMADO, COMBATIVO E CORAJOSO PESSOAL
Não resisto à tentação de registar aqui (perante todos os demais portugueses que se orgulham de o ser, apesar de todas as vicissitudes que temos vindo a passar neste pobre e mirrado país), a minha extrema admiração e satisfação pessoal, pela assídua e extraordinária colaboração neste blogue destes dois nossos heróis do ar, citados neste poste, da nossa frente da guerra, o António Martins de Matos e o Miguel Pessoa.
Não só pela qualidade e categoria colocadas em todas as suas intervenções, como pela invulgar amizade, camaradagem, gosto, disponibilidade e frontalidade como o fazem.
Mais registo, o meu especial Abração Amigo para estes dois Homens Grandes e Camaradas, que creio será extensivo de muitos milhares de outros nossos Camaradas Veteranos da Guerra da Guiné.

2. Aproveito esta oportunidade para demonstrar o meu desgosto, ao verificar o silêncio da malta da destemida e heróica Marinha Portuguesa, em não nos contarem as suas histórias.
Será que os seus protagonistas pensam que essas suas histórias são pouco, ou nada, interessantes?
Continuamos à espera dos seus testemunhos, pois esta sua falta cria uma grande lacuna nesta catarse, que pretendemos fique perpetuada, para os estudiosos desta causa e para satisfação futura da curiosidade e garantia da lealdade factual, que podemos e devemos, através dos nossos depoimentos, prestar às gerações vindouras, neste espaço cibernético.

3. Vd. último poste da série em:

3 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 – P7072: FAP (52): Estatística das minhas missões em DO-27 e FIAT G-91 (António Martins de Matos)

4 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Se consultarem o blogue no seu início e até há uns dois anos e meio atrás, vão encontrar muitas referências à força aérea que, pós Strella, "deixou de voar", "já não houve apoio aéreo", ficámos em inferioridade e zás, fomos militarmente derrotados pelo PAICG.
Saltei a terreiro, ainda bem antes do Miguel e do António entrarem no blogue, apenas com a intenção de repôr a verdade histórica e fazer justiça aos nossos pilotos 1973/74, a todos os militares que aguentaram valentemente em 73/74.
Lembram-se da polémica com o Mário
Beja Santos que acreditava mais nos Migs do PAICG do que nos nossos Fiats?
Bem hajam, Miguel Pessoa e António Coimbra de Matos.

Forte abraço,

António Graça de Abreu

Torcato Mendonca disse...

Meu Caro Homem do Ar

Sem o vosso apoio a guerra seria feita... mas não seria igual...
Brinco. Mas a FAP foi fundamental para as "forças rastejantes", leia-se, pode alguém não gostar os que andavam cá por baixo. Não só no apoio em bombardeamentos mas, e fortemente nas evacuações aos feridos. "Tecto baixo" e a malta sentia-se mais incomodada.
Ao lado o Amigo Graça de Abreu fala de outro querido Amigo, o Beja Santos, que fez operações comigo. Oh António ele gostava do conforto da aviação...

Um abraço de um rastejante que utilizou muitas vezes os Serviços do AR

Abraço, para ti meu caro Miguel Pessoa tem que ser duplo e outro para o Antº Graça de Abreu e a todos do Torcato

Anónimo disse...

Este Miguel era doido!
Atiraram-no cá para baixo, e passados quatro meses, já andava a reincidir em voos estrelados. Seria para praticar perícias, do género a passar pelos intervalos da chuva; ou à espera de oportunidade para treinar o pára-quedismo em excelentes condições?
Definitivamente, com tão poucos pilotos e aviões, devia haver ocasiões muito dificeis para acorrer a todos os chamamentos.
Um grande abraço
JD

Anónimo disse...

Sim senhores, ora aqui está um óptimo regresso a interessantes "posts" (postais, em português corrente).

Parabéns ao narrador pilav e ao editor ranger; e, já agora, ao atento comentador dos CAOP...

Cpts,
João dos Santos