Guiné > Bissau > s/d > Vista aérea parcial de Bissau e o Ilhéu de Rei, ao fundo. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 142". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).
Colecção: Agostinho Gaspar / Digitalização / edição: Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).
1. Comentário de Carlos Silva [, foto à direita], ao poste P7088 (*):
Data: 7 de Outubro de 2010
Meu Caro Amigo Gil e Grande Piloto:
Gostei de ler o teu testemunho que corresponde ao que tenho ouvido de outros camaradas, incluindo o nosso camarada Cor Miguel Pessoa, então Ten Pilav quando foi abatido para os lados do Sul da Guiné, e outros camaradas da Aviação.
Ainda no passado dia 2 na Tabanca da Linha ouvi pessoalmente, da boca do nosso camarada Miguel Pessoa, em resposta a outro nosso camarada do Exército, e outros arautos da verdade que botam faladura na Tabanca Grande, [a contestação da tese da] inoperância da FAP.
Esses camaradas estavam em todo o território da Guiné como controladores aéreos e, como tal, são os senhores da verdade absoluta, até porque, além de controlarem todo o território, também são especialistas da força aérea...
A rapaziada do PAIGC é que eram os valentes e, enquanto possuidores de pouco mais de meia dúzia de mísseis, já controlavam a FAP, o território, enfim, ocupavam efectivamente toda a Guiné e nós, tropa-macaca, estávamos encurralados no Ilhéu do Rei.
Não quero com isto dizer que a tal arma [, o Strela,] não teve influência no comportamento da FAP, mas daí até ficarmos encurralados no Ilhéu do Rei para a partir daí sermos evacuados para navios fundeados no alto mar, vai muito longe.
Apesar de ter lido alguns testemunhos de camaradas da FAP no Blogue da Tabanca Grande, deveria haver mais, para ver se esses arautos da verdade e controladores de todo o território, de uma vez por todas, se convencem do contrário. São dos tais que actualmente reivindicam uma enfermeira, um médico, um polícia e outros mais técnicos à sua porta de casa.
Só quem não quer ver a realidade, é que não quer compreender o que efectivamente estava em causa. Haveria mais para desenvolver, pois o tema ainda não está dissecado, como tu dizes, porque são mais as vozes duvidosas do que a certeza das boas nozes.(**)
Gostei do teu Testemunho
Um abraço amigo
Carlos Silva
2. Comentário de L.G.:
Obrigado, Carlos, vou pôr este provérbio na minha colecção... com direitos de autor, claro, atribuídos à tua pessoa. Conhecia aquele outro, menos filosófico, mais sociológico: "Na boda dos pobres, são mais as vozes do que as nozes"... Pudera, que as nozes estão caras e, além disso, diz o povo, Deus dá nozes a quem não tem dentes... Com ou sem dentes, todos os tabanqueiros têm direito a botar faladura na Tabanca Grande, sem o receio de caírem... da nogueira abaixo. Ou melhor: do poilão... Gostei da metáfora do Ilhéu de Rei. Nunca lá fui. Nem tive curiosidade em lá ir. No meu (que foi também o teu) tempo (1969/71), ainda não havia o Strela, é verdade, mas nem por isso deixámos de contar, sempre, com a asa protectora dos nossos dos nossos aviões e dos nossos pilotos...
Ironia tua, à parte, viva o bom humor entre os tabanqueiros e viva sobretudo o bom senso e o bom gosto que fazem parte da sua/nossa cultura de tolerância. Se há provérbio que aqui não tem direito de cidadania, é aquele outro, que também poderias ter citado: "Com papas e bolos se enganam os tolos" ou "Quem não tem cão, caça com gato ou... com strela".
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Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 – P7088: FAP (54): O papel da Força Aérea na Guiné nos anos de 1972 e 1973 (Gil Moutinho)
(**) Último poste desta série > 30 de Setembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7057: (Ex)citações (98): Ninguém ama a sua Pátria por ser grande / Mas sim por ser sua! (António Botto / José Martins)
1 comentário:
Caros camaradas
Fico contente e mais tranquilo por saber da existência de uma cultura e postura de tolerância.
Ainda bem!
Abraço
Hélder S.
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