1. De novo este ano, pode dizer-se que "Em Outubro o mundo inteiro cabe em Lisboa"... Mas esta 9ª edição é também a "mais africana" de todas...A organização é da portuguesa Apordoc - Associação pelo Documentário. A direção é de Anna Glogowski (franco-brasileira, n. 1960).
São 172 filmes (curtas, médias e longas metragens), de 33 países, selecionados de um total de 1350 títulos submetidos ao doclisboa2011, IX Festival Internacional de Cinema. O nosso destaque, aqui no blogue, vai para África e os africanos e a sua história recente, através nomeadamente de duas grandes retrospetivas.
(i) "Da retrospectiva dedicada a Jean Rouch, com curadoria de Philippe Costantini e em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, fazem parte filmes raríssimos como Baby Ghana, La Folie Ordinaire d'Une Fille de Cham e Le Foot Girafe ou L'Alternative". É a maior retrospetiva, organizada em Portugal, da obra do francês Jean Rouch (Paris, 1917; Niger, 2004), um mítico realizador que filmou África e os africanos como ninguém. Os 26 filmes de Jean Rouch passam na Culturgest e na Cinemateca.
Informação sobre a retrospectiva "Movimentos de libertação > Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique (1961-1974)" (vd. p. 49 e ss. do programa). São 15 filmes do chamado cinema militante. O nosso destaque, por razões óbvias, para a Guiné-Bissau.
Observações para os eventuais espetadores:
(i) todos os filmes do doclisboa2011 são legendados em português;
(ii) grande parte dos documentários desta retrospetiva (num total de 15) são inéditos ou pouco conhecidos em Portugal;
(iii) alguns têm cópia nova como o velho No pintcha!;
(iv) todos os filmes a seguir apresentados estão classificados como sendo para Maiores de 12 anos, com exceção de 3, que são para Maiores de 16)
Alguns dos títulos relativos à Guiné-Bissau (Procurámos complementar a informação da organização, com links sobre os realizadores; a sinopse é da responsabilidade da organização do doclisboa2011, de acordo com o programa oficial, nalguns casos com adaptações nossas)
A Group of Terrorists Attacked...
Realizador: John Sheppard [1940-2009]
Ano: 1968
País: Reino Unido
Duração: 38’
Sinopse: O cineasta britânico John Sheppard, recentemente falecido, passa várias semanas nas zonas controladas pelo PAIGC na Guiné-Bissau, para realizar este filme que "dá a ver a organização da vida nas regiões libertadas e explica o início da luta e a formação das tropas independentistas. Além da presença de vários destacados comandantes da guerrilha, apresenta uma importante entrevista com Amílcar Cabral" (Fonte: Programa do doclisboa2011, p.49).
Data/hora e local: 24 OUT – 21.00, Cinema São Jorge – Sala 3
[Classificação: Maiores de 16 anos]
En Nations Födelse / The Birth of a Nation
Realizadores: Lennart Malmer, Ingela Romare
Ano: 1973
País: Suécia
Duração: 48’
Sinopse: O sueco L. Malmer [n. 1941] "não se limita a seguir a marcha do tempo, dá-lhe uma dinâmica precisa através da montagem e do registo humano enquadrado no discurso da paisagem. O balbuciar de Spínola e a canção de Adriano Correia de Oliveira sobre as imagens do ataque à tropa portuguesa contrastam com o congresso em que o PAIGC proclama a independência do país (1973)". (Fonte: Programa do doclisboa2011, p.50).
Data/hora e local: 26 OUT – 19.00, Cinema São Jorge – Sala 3
29 OUT – 19.30, Teatro do Bairro
Festival Panafricain d’Alger / The Algiers Pan -African Fes tival
Realizador: William Klein
Ano: 1969
País: Argélia
Duração: 112’
Sinopse: Em Julho de 1969, "a Argélia está em festa, sete anos após a independência". O Festival Panafricano de Argel é palco de uma grande manifestação cultural e política que envolve quase todo o continente,com destaque para os novos países recém-independentes. "Recorda-se a caminhada da África, denuncia-se o colonialismo e exaltam-se as independências". Depoimentos do angolano Mário de Andrade e e do guineense Amílcar Cabral. (Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 50).
Data/hora e local: 23 OUT – 17.00, Cinema São Jorge – Sala 3
[Classificação: Maiores de 16 anos]
Madina Boé
Realizador: José Massip
Ano: 1968
País: Cuba
Duração: 38’
Sinopse: José Massip [um veterano do cinema cubano] rodou este documentário em 35 mm nas "áreas libertadas" da Guiné-Bissau. O filme, realizado em 1968, "segue as actividades do Exército Popular para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde", procurando sobretudo documentar "a educação política dos combatentes, as técnicas de guerrilha e o treino físico". Inclui igualmente "uma entrevista rara" com Amílcar Cabral, o histórico líder do PAIGC. (Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 52).
Data/hora e local: 24 OUT – 21.00, Cinema São Jorge – Sala 3
[Classificação: Maiores de 16 anos]
No Pincha! [com nova cópia]
Realizadores: Tobias Engel, René Lefort, Gilbert Igel
Ano: 1970
País: França
Duração: 65’
Sinopse: "No auge da luta armada na Guiné-Bissau, o filme foi decisivo para dar a conhecer ao mundo e às instâncias diplomáticas a realidade no terreno. A visão de uma sociedade organizada e participativa, com as suas instituições e instrumentos de cidadania, fez mais pela causa do PAIGC do que muitos discursos e ajudou a cimentar a palavra dos seus líderes". (Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 52).
Data/hora e local: 25 OUT – 19.00, Cinema São Jorge – Sala 3
Labanta Negro!
Realizador: Piero Nelli [, recentemente homenageado no seu país]
Ano: 1966
País: Itália
Duração: 39’
Realizador: Piero Nelli [, recentemente homenageado no seu país]
Ano: 1966
País: Itália
Duração: 39’
Sinopse: "O filme pretende ser um testemunho da guerra de libertação da Guiné-Bissau, a partir das áreas já libertadas, onde a guerra e a actividade militar convivem com a criação das estruturas de uma sociedade civil que se organiza na floresta, aldeias e savanas. Inclui
imagens de um comício do PAIGC , onde intervém Luís Cabral sobre a luta de libertação".
(Fonte: Programa do doclisboa2011, p. 51).
Data/hora e local: 25 OUT – 19.00, Cinema São Jorge – Sala 3
(iii) "Mesa Redonda > Movimentos de Libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau (1961-1974)". Data/horal e local: 28 OUT - 21h30, Cinema São Jorge - Sala 2.
(iv) BAR DOCLISBOA: "Situado no foyer central, junto ao Grande Auditório da Culturgest: é o ponto de encontro informal do público e convidados do festival.
"O Bar doclisboa convida a beber uma bebida com a apresentação da acreditação ou do bilhete para uma das sessões da noite.
21 a 30 OUT - das 18h00 às 21h30
(v) Videoteca – Culturgest: "Situada em frente ao Grande Auditório da Culturgest, é de acesso público e gratuito. Estão disponíveis para visionamento cerca de 1350 títulos, enviados para o doclisboa 2011 (salvo raras excepções).
"Neste espaço é estritamente proibido o uso de qualquer câmara de filmar ou outro meio de captura de imagens. Os filmes seleccionados só estão disponíveis após a sua última passagem em sala. 21 a 30 OUT - Culturgest. Dias úteis - das 11h00 às 21h00 / Fins de semana - das 14h00 às 21h00".
2. O doclisboa é já um simpático local de encontro de alguns de nós, membros da Tabanca Grande, leitores do blogue, e outros amigos, residentes na área da Grande Lisboa, uns mais cinéfilos do que outros, uns reformados, outros não, uns antigos combatentes, outros não... Desde 2007, por ocasião da estreia do filme As Duas Faces da Guerra, de Diana Andringa e Flora Gomes.
A título sempre meramente informativo, direi que o preço do bilhete por sessão é de 3,5 euros, mas pode comprar-se um "voucher" de 25 euros para 10 sessões, como no ano passado. Na Culturgest cada bilhete dá direito a uma bebida.
Eu gosto de cinema documental, gosto do doclisboa, gosto de Lisboa, gosto de ir à Culturgest. À noite pode estacionar-se o carro, de borla, na garagem do edifício-sede CGD, mediante a apresentação do bilhete da sessão dessa noite. Mas há sessões ao longo do dia e por vários cinemas da cidade (do São Jorge à Cinemateca). Na Culturgest, pode ainda utilizar-se, durante o dia, e à borla, a fabulosa videoteca do doclisboa2011.
Mesmo limitado, fisicamente, este ano, por causa da minha cirurgia ao joanete (ainda estou no pós-operatório...) , conto marcar presença numa ou noutra sessão e rever alguns de vocês... Na Culturgest, porque tem elevador. São Jorge e outras salas de cinema, para mim, será difícil ou mesmo impossível por causa dos acessos... Boas sessões. Um abração. Luís Graça
PS - A informação sobre o conteúdo dos filmes é retirada do programa do doclisboa2011. Utilizo as aspas para as citações. Esta informação, selecionada e aqui divulgada por mim, é também a pensar em todos os nossos leitores do mundo da lusofonia, quer estejam ou não em Lisboa, e que gostem de cinema documental.
Fotos: cortesia do doclisboa2011.
_____________
Nota do editor:
Último poste da série > 12 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8895: Agenda cultural (165): 1ª Feira do Livro da APTCA/SNPVAC, Lisboa, de 6 a 22 de Outubro (José Brás / Luís Graça)
12 comentários:
Copio agora, como comentário, o texto que ontem, a quente, enviei ao Luís Graça.
Eu, de direita? Ou haverá um esquerda reaccionária, completamente ultrapassada pelas realidades e sabedoria do tempo, que continua a procurar brilhar, perante o pasmo e subserviência de uns tantos?
Aí vai o texto:
Oh, meu caro Luís, os documentários, pelas sinopses que li, são todos
filmes datados, panegíricos acríticos, propaganda barata do PAIGC.
Eles os bons, os muito bons, nós, os maus, os muito maus.
Um deles até se chama Madina do Boé quando hoje todos sabemos que
O PAIGC nem sequer esteve em Madina do Boé para declarar a independência em 1973.
E também sabemos todos o que os homens bons têm feito pela sua Pátria, pós independência.
Abraço amigo,
António Graça de Abreu
****Oh, meu caro Luís, os documentários, pelas sinopses que li, são todos
filmes datados, panegíricos acríticos, propaganda barata do PAIGC.
Eles os bons, os muito bons, nós, os maus, os muito maus.****
copy/paste do A.G.de Abreu
Podia ir ver um um documentário destes.Podia e até devia. Saía de lá aborrecido. Eu estive em zonas ditas libertadas e, muitos Camaradas nossos, muito mais vezes do que eu.
Propaganda.
Porque não nos dizem, documentário
com os relatos do pós independência e, mais pertinente como vivem hoje.
Pedro Pires, Comandante do Paigc, foi agraciado como grande dirigente Africano.Gostei. pertenceu aos estudantes da Casa do Império...á Lusofonia...
As melhoras Luís Graça. Eu amanhã volto aos HUC para acompanhar mais um tratamento de alguém.
Abraço T.
(no blogue existem pessoas,uma pelo menos, que esteve em Angola 61/74 -creio eu - pelo menos assistiu a um golpe na Guiné...difícil falar? Certo. Em off... e ficava-se a saber o internacionalismo de muitos, o colonialismo, descolonização, neo-colonialismo e etc)
Não sabia que estavas a escrever e não li
Torcato
1. Meu caro António:
Já que trazes, para este espaço público, a opinião que me manifestaste em privado (ou noutro espaço mais restrito, mais tertuliano, que é o correio interno da nossa Tabanca Grande), tomo também a liberdade de publicar, a contragosto, o que te respondi:
Meu caro António: eles ainda têm filmes feitos por cineastas europeus, ingleses, italianos, suecos, franceses... Datados ? É uma retrospetiva... Panegíricos ? Mas com certeza... Nós, nem isso, temos, para mostrar aos nossos netos... Veja-se a pobreza franciscana do arquivo da RTP...
Limito-me a dar informação, não faço juízos sobre os conteúdos, não influencio... Sou "very open-minded", nestas coisas... É a vantagem de nunca ter tido jeito para "militar" em movimentos ou partidos... Obrigado pelo teu "feedback"... "But war is over"... Abraço. Luis
2. Quanto à tua pergunta de estupefacção: "Eu, de direita ?"... Não é seguramente dirigida a mim... As regras do blogue e as nossas relações de cordialidadfe e amizade, que já têm uns aninhos, nunca me permititiriam entrar nesse jogo de insultos e insinuações...
3. Quanto à informação que transmiti sobre o doclisboa2011, que fique claro, para não haver dúvidas sobre eventuais "conflitos de interesse", da minha parte: (i) não tenho qualquer responsabilidade na programação; (ii) não pertenço à organização nem sequer sou sócio da APORDOC: (iii) sou de há uns anos a esta parte um mero espetador que compra o seu bilhete para ir ver cinema documental (que também me interessa por razões académicas e profissionais, como sociólogo); (iv) não vi (nem poderei ver, por razões de saúde), nenhum dos filmes da retrospetiva "movimentos de libertação", que passm todos no São Jorge, com maus acessos para mim); (v) e como não vi (nem verei) não posso ter (nem emitirei) opinião sobre esses filmes (sobre a guerra colonial na Guiné); (vi) irei ver seguramente dois ou três filmes do etnólogo e realizador de cinema Jean Rouch (que está mais próximo da minha formação); e, "last but not the least", (vii) como editor deste blogue, acho-me no direito de poder informar, com toda a liberdade, potenciais interessados no docliosboa2011, tal comno aconteceu em 2010, 2009, 2008 e 2007...
4. Tu, meu caro António estás no teu pleníssimo direito, como membro identificado, registado, estimado, apaparicado e proactivo deste blogue (coletivo), de dar a tua opinião sobre o conteúdo destes filmes. E está dada...
... Claro que eu terei todo o gosto em beber um copo contigo no BarDocLisboa, na Culturgest, um dia destes, se as melhoras da "minha pata esquerda" o permitirem, e se tu estiveres interessado em dar lá um salto... (Desde o dia 12, em que fui operado ao maldito joanete, "impera a lei seca" na minha morança; estou mesmo com vontade de beber um copo com um bom camarigo como tu...).
Um Alfa Bravo. Luis
É pena que ao fim de tantos anos, mais de 40 anos, que se iniciaram os processos de independência dos paises (maquiavelicamente) arquitetados pela europa, não apareçam africanos genuinos, (oriundos da tabanca)tipo Cherno, a falar e expressarem o que querem com os seus paises que lhe "impuseram".
Eles sabem muito bem quem são, e a sua opinião é que era bom ouvi-la, mas aparecem constantemente os "benfeitores" a falar mais alto que eles.
Muitos desses benfeitores tambem se chamam cooperantes e dadores e doadores, uma confusão, e fazem tanto barulho que nunca ouvimos a voz dos africanos.
(Já fui cooperante)
Pois era a isso, á tua passagem por África que eu me referia.
Há outros Camaradas nossos aqui que poderiam relatar as suas experiências.
Angola antes, durante os acontecimentos de 1961 e posteriormente até 74.
Fico por aqui era pedir muito.
Depois os Cooperantes, os Povos que "ajudam", o quotidiano de governação pós independência. Nas Colónias todas, todas. O que pensarão hoje muitos deles...???
Na Guiné,o Povo das Tabancas, os homens com a força e saber do Cherno versus os dirigentes de...
Sabes meu caro eu tenho um (muitos)
defeitos não consigo esquecer certos elementos do Paigc e perdoar nunca. Nós, a minha Companhia teve oito mortos e meia centena de feridos e, desses, alguns graves, muito graves. Depois temos os fuzilados africanos e eram nossos camaradas, etc.
Abraço Torcato
Meus amigos,
Nenhum trabalho sério, muito menos de uma guerra como aquela que mantivemos nas antigas províncias ultramarinas, pode ser visto só de um lado. Infelizmente, a avaliar pelas sinopses, é isso que irá acontecer. É pura propaganda, ao fim de todos estes anos, como aqui foi afirmado.
O nosso blogue, ao apresentar as sinopses da maneira que o fez, também tem a sua parte de co-responsabilização de lesa história. Para além disso, julgo que se pode e se deve ter mais cuidado com pormenores que mexem com a sensibilidade de muitos dos nossos camaradas.
Quem for às sessões e não souber melhor ou for precavido de certeza que sairá com uma história totalmente destorcida das realidades daquela guerra. Em suma, irão assistir à perpetuação da mentira.
Ao Torcato,
Na verdade, a dignidade é de quem a tem. Bem hajas por isso.
Um abraço,
José Câmara
Informação adicional para quem estiver interessado nesta retrospetiva sobre a guerra colonial, vista do "outro lado da barricada". (LG)
________________________
Reproduzido com a devida vénia:
Fonte: TVi24
http://www.tvi24.iol.pt/cinebox/doclisboa-filmes-anna-glogowski-tvi24/1290360-4059.html
Filmes sobre os movimentos de libertação no Doclisboa
Directora diz que já não se fazem filmes como na Guerra Colonial
Por: Redacção / ACS | 18- 10- 2011 13: 0
Os filmes sobre os movimentos de libertação que vão ser mostrados no Doclisboa não são só uma lição de História, mas também a recordação de um cinema que nunca mais se fez,
reflecte a directora do festival.
Em entrevista à agência Lusa a propósito da nona edição do Doclisboa, que começa na quinta-feira, Anna Glogowski destacou da programação o ciclo 'Movimentos de Libertação em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau (1961-1974)', que não é só "interessante» para quem aprecia a História, e a história do cinema em particular, mas também reflecte «um certo tipo de cinema que se fazia naquela época, a que se chamava cinema militante».
A propósito do 50.º aniversário do início da Guerra Colonial, a programação do DocLisboa decidiu reunir alguns filmes, oriundos de vários países, «que nunca mais foram vistos» e trazer a Lisboa os seus realizadores («há pessoas que nunca mais se viram desde aquela época, vai ser muito emocionante»).
«Foi muito complicado conseguir reunir esses filmes, porque foram filmados em 16 milímetros, em formato totalmente diferente, há umas cópias que estavam estragadas», revela Anna Glogowski. «Têm um arzinho meio antiquado», mas ao mesmo tempo lembram à juventude de hoje um contexto de «ditaduras e guerras».
«Nunca mais se fez cinema assim», considera Anna Glogowski, referindo que entre os 15 filmes que vão ser mostrados há um «ponto comum», que é «uma espécie de presença por trás das fronteiras da guerrilha».
Os filmes em causa, que mostram «a guerra de dentro», revelam que «já havia uma tentativa de organização da sociedade ali, naquelas condições em que eles viviam, no mato», com «escolas, enfermarias, serviço médico».
«Filmavam em condições de trabalho muito difíceis. Iam sozinhos, com câmaras muito mais pesadas do que as de hoje, com som separado», recorda Anna Glogowski.
Os filmes do ciclo serão incluídos na programação diária do Doclisboa, passando a meio da tarde, a pensar em estudantes e investigadores. No último fim-de-semana do festival, nos dias 29 e 30, alguns dos documentários serão repostos à noite, no Teatro do Bairro.
Queridos camarigos, todos sem exceção:
Sou sensível aos vossos reparos. É com críticas construtivas dos nossos leitores que se faz, todos os dias, se não um mundo melhor, pelo menos um blogue melhor, de todos e para todos.
Agradeço essas críticas e, mais, manifesto o meu apreço pela elevação de espírito com que o fazem.
1. É difícil esquecer, é difícil recordar, é dífícil perdoar... Sobretudo aos que, como nós, fizeram uma guerra onde se matou e se morreu...
Certo... Mas não é disso que se trata aqui. Trata-se apenas de um "festival de cinema documental" que, seguno a organização, quis associar a 7ª arte (e em particular o cinema documental) à celebração dos 50 anos do início da guerra colonial...
Podemos criticar é a organização por não incluir filmes (portugueses e outros) que viram, na época (1961/75) a guerra, em África, "do outro lado da barricada" (neste caso, do "nosso lado").
Quanto aos filmes selecionados para a dita "Retrospetiva Movimentos de Libertação"... são filmes de "cinemateca" que hoje ninguém mais vê, a ser neste tipo de festivais... Mas que podem interessar a um público heterogéneo (antigos combatentes, historiadores, gente do cinema, estudantes...).
Podemos desprezá-los, mas não podemos ignorar a sua existência nem muito menos destrui-los... Se algum de vocês tiver que fazer uma tese de doutoramento sobre o "cinema militante",pro exemplo, tem que ver estes filmes, e muitos outros, independentemente da sua qualidade...
2. Sou igualmente sensível ao reparo do José Câmara, que vive nos EUA:
(...) "O nosso blogue, ao apresentar as sinopses da maneira que o fez, também tem a sua parte de co-responsabilização de lesa história. Para além disso, julgo que se pode e se deve ter mais cuidado com pormenores que mexem com a sensibilidade de muitos dos nossos camaradas.
"Quem for às sessões e não souber melhor ou for precavido de certeza que sairá com uma história totalmente destorcida das realidades daquela guerra. Em suma, irão assistir à perpetuação da mentira". (...)
José: esto terrível dilema verdade/mentira é um dos problemas com que se debate qualquer cientista ou metodólogo da investigação científica (uma das minhas áreas de ensino)... A questão é demasiada complexa para ser aqui debatida. Tal como a da "falsificação da história",já aqui levantada pelo AGA...
Tens razão quanto a um ponto: há que ter em conta "a sensibilidade de muitos dos nossos camaradas"...
Com este alerta teu, inclui posteriormente - mas devia tê-lo feito logo - a menção da classificação etária do espetáculo...
O poste não é um cartaz de cinema, não é publicidade comercial, tem apenas um objetivo informativo. Mas eticamente era mais correto. De facto, há 3 filmes, dos atrás citados, que são para "maiores de 16 anos".
Ora de acordo com a Comissão de Classificação de Espectáculos (CEE), e com os critérios legais que estão em vigor, em Portugal, o M16 significa "Para Maiores de 16 anos (...) espectáculos que explorem, em termos excessivos, aspectos da sexualidade e da violência física e psíquica". (*)
Quanto às "sinopses", escrevi e repeti que não são da minha responsabilidade - nunca vi os filmes em causa, tenho apenas informações parcelares sobre eles - pelo que a fonte de informação utilizada é o Programa do doclisboa2011... (como não podia deixar de ser)
Mantenhas para todos. Luís
(*) Vd. http://www.cce.org.pt/CRITERIOS1.htm
Isto vai acontecer em Lisboa, ex-Capital do ex-Império.
Somos mesmo uns gajos porreiros. Uns patuscos.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
Carlos: O doclisboa (agora em 9ª edição) também costuma "ir ver a paisagem" (leia-se: a província, não era assim que se dizia antigamente ?)...
Nos últimos anos, há filmes selecionados que chegam a outras salas de cinema fora de Lisboa...
Leio seguinte no sítio do doclisboa2011
"Extensões
"O doclisboa, após os 11 dias em Lisboa, está sempre presente em outras cidades do país e também no estrangeiro, com uma selecção de filmes da sua programação. O objectivo das extensões, a longo prazo, é o reforço de parcerias para a formação de um novo público (sessões especiais para estudantes) e fidelização (apresentações regulares, com periodicidade mensal, como já acontece em alguns casos). É muito importante levar o documentário às zonas do país onde precisamente não existe esta tradição. Para esta edição já estão confirmadas 12 extensões.
"Se quer ter uma extensão do doclisboa 2011 na sua cidade envie um email para jose@doclisboa.org".
http://www.doclisboa.org/2011/pt/edicao/extensoes/
2. Felizmente, meu caro Carlos, que Portugal já não é "só Lisboa" ...e o "resto paisagem"... Pode não ser uma efetiva e equitativa descentralização como a gente gostaria (e merecia) que fosse... Eu acho que, apesar de tudo, tens uma Norte a marcar pontos em matéria de produção cultural, desde Guimarães a Vila Nova de Cerveira, passando pelo Porto, Braga, Penafiel...
Há festivais que tu aí tens, e que eu não tenho...
3. Já agora não percas, no cinema comercial, a partir de 27, o "Crazy Horse", de F. Wiseman, filme de estreia do doclisboa2011... Já está esgotadíssima a sessão de amanhã... Vou também só poder vê-lo no circuito comercial...
Aqui fica um cheirinho, o respetivo "trailer":
http://www.doclisboa.org/2011/pt/edicao/programadetalhe/846
Dos 172 filmes em exibição em 11 dias e 7 salas, no doclisboa2011,
podes pelo menos, ver um fotograma ou um "trailer" (resumo em vídeo de 1 a 2 minutos), para além da sinopse:
http://www.doclisboa.org/2011/pt/edicao/programadetalhe/
Abraço solidário. Luis
JÁ OUVIRAM FALAR EM CONTRA-INFORMAÇÃO.
NÓS TÍNHAMOS A "PSICO".
NÃO TENHO NADA CONTRA A PASSAGEM DESTES "CICLOS DE CINEMA", OU LÁ O QUE É.
SÓ GOSTAVA DE SABER QUAL SERIA A REACÇÃO SE FOSSE AO CONTRÁRIO.
C.Martins
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