quinta-feira, 26 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10197: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (6): Cabo Bigodes, o homem-macaco

1. Terceira e última estória dos Fidalgos de Jol enviada pelo nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), na sua mensagem de 15 de Julho de 2012:



ESTÓRIAS DOS FIDALGOS DE JOL (6)

Cabo “Bigodes” O Homem-Macaco

Esta passou-se numa daquelas noites em que, pela movimentação (ou não) da população, era esperada uma quase certa flagelação ao quartel. De tão cedo que era, quase não se via viva alma a circular pela tabanca, muito menos crianças, o que no mínimo era muito estranho. Assim, o indício era de uma quase certeza de que mais tarde ou mais cedo íamos mesmo “embrulhar”.

Recordo-me de que nessa noite de Abril de 1972 o Benfica jogava as meias-finais com o Ajax no antigo Estádio da Luz, para a então Taça dos Campeões Europeus, sendo o resultado final de zero a zero.

Calhou em sorte ser o meu grupo de combate a sair para fazer a segurança e denunciar possíveis movimentações do inimigo e, quando já estávamos todos convencidos de que nada se iria passar, lá rebentou o inevitável “fogachal”, precisamente do lado oposto onde nos encontrávamos para, de certa forma, a fuga do elementos do PAIGC se processar com menos hipóteses de confrontação. Era a táctica deles do bate e foge. Só que contámos com a rápida resposta do pessoal que ficou no interior do quartel juntamente com o apoio da artilharia de Bula para bater a zona, pelo que o ataque se reduziu (felizmente para nós) a poucos minutos e sem consequências de maior.

Mas esta introdução tem como objectivo contar o que de rocambolesco e caricato se passou nos primeiros momentos do ataque ao quartel, que se processou precisamente do lado da chamada porta de armas, onde estava de serviço/sentinela no posto mais elevado e com alguns bons metros acima do solo, o meu amigo Cabo Borges, mais conhecido por todos pelo Cabo “Bigodes”, que levou de muito perto com uma valente roquetada, a qual de imediato pôs o posto em chamas. Sem hipótese de ripostar fogo com a Breda que encravou, só teve como solução atirar-se do posto abaixo.

Chegado cá abaixo, como o ataque continuasse e sem arma de defesa, logo se lembrou que a sua G3 havia ficado lá em cima no posto, ao qual voltou a subir tão rápido quanto possível e, já de novo na posse da sua “amiga”, qual símio, voltou novamente a atirar-se para o solo daquela considerável altura.

Quem a tudo isto conseguiu assistir, dizia que o Borges parecia o autêntico homem-macaco.

Reposta a calma, o nosso amigo “Bigodes” nem queria acreditar no que tinha conseguido fazer, ainda por cima sem ter sofrido qualquer ferimento.


Jolmete, Junho de 1972 > O meu amigo Borges é o primeiro à direita, de pé

Jolmete, Julho de 1072 > Bolanha de Gel

Jolmete, Agosto de 1972 > O descanso do guerreiro na Bolanha de Gel

Jolmete, Agosto de 19072 > Estrada velha de Bula

Cumeré, Dezembro de 1972 > Com uma mascote
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10181: Estórias dos Fidalgos de Jol (Augusto S. Santos) (5): A emboscada das abelhas

4 comentários:

Anónimo disse...

Camaradas

Por sinal o Cabo Borges, o homem macaco é meu amigo desde os 14 anos quando ingressámos no BPA (Banco Português do Atlântico.Fomos colegas de secção antes de irmos à tropa. Hoje somos vizinhos no Pinhal Novo. Ainda há poucos dias estivemos na conversa.
Mantenhas

Luís Borrega

Anónimo disse...

Olá Amigo Luís Borrega,
Estive hoje à conversa com o nosso amigo Borges. Contei-lhe sobre esta publicação e das outras que tenho escrito sobre a nossa Compª de Jolmete. Ele não tem muito jeito para estas coisas de computadores, internet, etc. Se tiveres oportunidade de estar com ele, por favor tenta mostrar-lhe este post. Ele ficou com curiosidade.
Um Grande Abraço
Augusto Silva Santos

Anónimo disse...

Camarigo Augusto

Já hoje falei com o Borges, disse-me que lhe tinhas falado e que ía visualizar o Poste.
Mantenhas

Luís Borrega

Manuel Carvalho disse...

Caro amigo Augusto
O nosso posto de vigia ficava mais ou menos no mesmo sítio do vosso e também tinha a Breda, porque era o sítio mais provável de ataque, porque eles vinham e retiravam para o lado do Pelundo.O camarada que estava no posto ficou fora de combate ao saltar abaixo mas um outro que viu que a Breda não estava a funcionar num momento de acalmia subiu ao posto e começou a responder com a Breda.Como podes ver com um intervalo de mais ou menos três anos andamos a fazer as mesmas coisas.Envio daqui um grande abraço ao nosso camarada Borges porque ele não foi o primeiro nem será o último a saltar dum posto de sentinela e mais não digo porque quem está lá no local é que sabe o que deve fazer.
Muita saúde para todos
Manuel Carvalho CCaç 2366 Jolmete