domingo, 22 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10180: Tabanca Grande (351): Guilherme Gabriel da Costa Ganança, ex-Alf Mil da CCAÇ 1788/BCAÇ 1932 (Cabedú, Catió e Farim, 1967/69)

1. No passado dia 11 de Julho de 2012 o nosso camarada Guilherme Ganança dirigiu ao nosso Blogue a seguinte Mensagem:

Caro Camarada 
Acabo de ler no blogue um pedido de informação sobre o capitão Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes, o sogro de um camarada do António Teixeira Mota(1).
Estou a tremer!... Ele que entre em contacto comigo, através do meu endereço de mail.
Sei tudo o que se passou.

Com um grande abraço.
Não sei se conseguirei dormir esta noite.
GCG


2. A pedido do nosso editor Luís Graça, José Martins enviou a 15 de Julho a seguinte mensagem ao nosso camarada Ganança:

Bom dia
Os mail abaixo caíram na minha caixa de correio e, como sempre, cá estou a tentar encontrar o "fio da meada", ou seja, ajudar a construir a nossa memória colectiva.
Poderia deslocar-me ao Arquivo Histórico Militar para consultar a história da unidade, mas, por experiência adquirida, encontraria alguma menção, vaga, sobre o acontecido com o nossa camarada de armas Capitão Geraldes Nunes, se por acaso estivesse lá mencionada.
Como leitor do blogue, que parece ser, em nome dos mais de quinhentos membros da mesma e, na qualidade de colaborador, estou a fazer um convite formal para "entrada directa e imediata" para a Tabanca Grande, a um preço simbólico: duas fotos, uma dos nossos tempos de "mininos" e outra actual, assim como uma breve referência para nos localizarmos o tempo e espaço da Guiné, e a primeira de muitas histórias, creio, que a memória nos vai trazer. 
Permito-me sugerir que a "história de apresentação" fosse essa história que, apesar de passados mais de 40 anos, ainda "tira o sono". Cada um de nós temos uma história dessas, que temos de exorcizar e seguir em frente.
Somos contemporâneos da Guiné. Estive no Leste (Nova Lamego e Canjadude) entre Junho de 68 a 70, na CCaç 5, uma companhia de africanos, formada em 1961 e que foi desactivada em 20 de Agosto de 1974, após a entrega do aquartelamento ao PAIGC. 
Esperamos pois, dar as boas vindas a mais um membro, que já tem provas dadas, e acolher mais um camarada à sombra do poilão da nossa Tabanca Grande.

Até lá, aqui vai um fraterno abraço do
José Martins


3. Ainda no mesmo dia recebemos esta mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Guilherme Gabriel da Costa Ganança, ex-Alf Mil da CCAÇ 1788/BCAÇ 1932, Cabedú, Catió e Farim, 1967/69):

Caro camarada José Martins.
Confesso que não sou muito dado aos blog's. Por isso, ainda não entrei para a Tabanca. Esta é uma fase da vida em que preciso levantar a moral, de novo!...
Na semana que findou, vi partir a minha irmã. Completara 69 anos, na véspera da "grande viagem". Mas, como acontecia na Guiné, temos de levantar a cabeça, encontrar energia no fundo das entranhas e prosseguir a luta pela sobrevivência daqueles que estão ao nosso lado e confiam em nós!...

No Blog do Luís Graça, já mora a solução para o "enigma" do António Teixeira Mota. Lá está um comentário do camarada Mário Beja Santos, sobre um romance publicado no ano passado: "Do Cacine ao Cumbijã - 67 Guiné 68"(2). Sou o autor e, conforme suspeitava o Beja Santos sou o "alferes Gabriel Silva".

Os nomes são fictícios, mas o livro é mesmo autobiográfico. Lá está tudo, timtim, por timtim, sobre a Ccaç1788 (de código: 78081), sobre o carinho especial que todos tinham (e mantêm) pelo capitão Geraldes Nunes (de Código: Germano Neves). É só ler este romance, que já vai para a 2.ª edição!

Esta obra levou "os minino" para a guerra e deixou-os lá...

Os leitores ficaram sem saber como de lá sair. Isso aconteceu porque o autor, o alferes Gabriel Silva, teve de travar um novo combate decisivo, sem saber se de lá saía vivo. E, antes que o comandante dos Corsário se "evaporasse", colocou a boina preta na cabeça e providenciou a publicação da parte da obra que já estava escrita. "Cavalgou para o fim", conforme se "queixou" o camarada Beja Santos. Felizmente para o "alferes corsário" e para todos os que desejavam saber o fim daquela "viagem pelas matas da Guiné", o autor, de nome completo Guilherme Gabriel da Costa Ganança, saiu vivo da Operação "IPO-2011".

Foram seis meses de combates e "bombardeamentos" sucessivos ao inimigo.
O "desgraçado" rendeu-se sem condições e o velho combatente "corsário" voltou às memórias para escrever e publicar "O Corredor de Lamel - 68 Guiné 69".

Não tenho o contacto do camarada Beja Santos. Gostaria de lhe dizer como o entusiasmo que coloquei na publicação da obra Do Cacine ao Cumbijã me ajudou a eliminar "O bandido".

Bem... Vamos agora ao que interressa:
O passaporte para a nossa Grande Tabanca.
Envio algumas imagens.
Numa pesquisa em "Guilherme Costa Ganança" encontra as sinópses das duas obras, que podem ser os textos do "passaporte" para a Grande Tabanca.

Com um grande abraço,
Guilherme Ganança


4. Sinopses dos livros referidos:

"Do Cacine ao Cumbijã"
Autor: Guilherme da Costa Ganança
Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 342
Editor: Chiado Editora
ISBN:9789896971625
Coleção: Viagens na Ficção

As acções ocorreram, realmente, no espaço e no tempo da narrativa.
A acção decorre desde Outubro de 1967 a Março de 1968 e transporta um jovem de 22 anos para um ambiente repleto de incertezas, audácia e desespero, nas matas da Guiné.
São as memórias de um alferes, salpicadas de momentos de pura ficção. É o desenrolar de sentimentos e emoções. Juventude e generosidade, medo e coragem, dor e amor, tragédia e sobrevivência misturam-se numa exótica amálgama com o bálsamo das amizades e uma inveterada cultura da auto-estima.
Paisagens, ambientes e interacção com as tradições e gentes locais povoam a narrativa. A marca do tempo, que custa tanto a passar, é mitigada com nostálgicas recordações e ilusórios propósitos de vida. Na miragem, os «devaneios» adoçam-se com o carinho de uma geração generosa de «madrinhas de guerra».
Gabriel despede-se da sua cidade, da sua família e dos amigos e é levado a mergulhar nas teias da guerra.
Valoriza o rigor e o saber, como os melhores aliados da «sorte». Os «tempos livres» revelam-se marcantes para a concretização dos seus próprios desígnios.


"O CORREDOR DE LAMEL - 68 GUINÉ 69"
Autor: Guilherme da Costa Ganança
Colecção: Ecos da História
Páginas: 414
Data de publicação: Junho de 2012
Género: Romance Histórico
ISBN: 978-989-697-525-8

Entre Abril de 1968 até finais do ano de 1969, um jovem e tenaz alferes, imerso nas teias da guerra da Guiné, dá meia volta ao seu destino e radica os seus horizontes no ambiente de Lisboa. A sua alma suplicava "Tirem-me daqui!". Se outrora pensara que "podia morrer", naquele momento só pensava "quero viver".
Mesmo na guerra, Gabriel perseguia um norte, que lhe movia a esperança e espicaçava a fé... Sonhava "entrar na Universidade". Pela frente, muitos meses de vitórias e desânimos, de crenças e incertezas, de relações humanas complexas, em teatros de guerra.
Contava com a sua "Santa mãe", a sua Padroeira e as "madrinhas-de-guerra" por quem nutria afeição especial.
Trazer os seus rapazes, vivos, para o seio das famílias era o propósito do alferes Gabriel Silva. O destino, por vezes, seria cruel. Perante a ameaça permanente dos ataques inimigos, tudo fazia para domar o fantasma de um acidente fatal. Reforçava a auto-estima e nem o fogo hostil o faria esmorecer.

10 de Maio de 1966 > Guilherme Ganança > Cadete da EPI > Mafra


Sobre Guilherme da Costa Ganança
Nasceu no Funchal em 1945.
O nome de Família, Ganança, que se diz de origem nórdica, remonta há mais de três séculos, época em que o seu antepassado se radicou na Ponta do Sol.
Concluiu o Ensino Secundário no Liceu de Jaime Moniz, do Funchal.
De 1967 a 1969, prestou Serviço Militar na Guiné e passou à disponibilidade com o posto de Tenente.
Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa e, mais tarde, acrescentou ao currículo académico o Bacharelato em Engenharia Civil, pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Casou e radicou-se na cidade albicastrense, onde exerceu intensa actividade.
Foi professor no Ensino Secundário e no Politécnico, Vereador e Director do Departamento de Desenvolvimento, Educação e Cultura, da Câmara Municipal. Foi, também, Director de Produção de uma empresa de cablagens, a «Cablesa», hoje, «Delphi». Exerceu cargos políticos, a nível concelhio e distrital, mas sentiu que não era esse o seu universo e renunciou.


Cabedú, 31 de Janeiro de 1969

Lamel > Farim > 22 de Março de 1969

Brá > Bissau > 15 de Agosto de 1969


5. Comentário de CV:

Caro camarada Guilherme Ganança, bem-vindo à Tabanca Grande.
Estou a receber-te em nome dos editores e da tertúlia depois de o camarada José Martins nos ter feito chegar a tua mensagem de apresentação.

Começas por dizer que não és "muito dado" a blogues, mas este não sendo este melhor nem pior do que os demais, é diferente na medida em que se tornou um repositório de memórias dos ex-combatentes da Guiné, onde alguns textos deram já origem a livros sobre o tema Guerra Colonial, como é o caso do nosso camarada Mário Beja Santos que já lançou três obras com textos publicados no Blogue. Temos esperança de que outros camaradas lhe sigam o exemplo.

A tua colaboração nesta página, que a partir de hoje também te pertence, pode ser em texto ou em fotos mas, oiro sobre azul seria enviares as tuas histórias, ou memórias como lhes queiras chamar, ilustradas com fotos a propósito. Fica ao teu critério o modo e a frequência da tua colaboração que esperamos seja regular.

A tua correspondência deverá ser enviada para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com (caixa de correio do editor principal Luís Graça) e para um dos co-editores cujos endereços encontrarás no lado esquerdo da página.

Não queria terminar sem te pedir para não estranhares o tratamento por tu, que é o modo como nos relacionamos, já que ser camarada da Guiné nesta tertúlia elimina todas as barreiras sociais e culturais, assim como a particularidade de se ter sido na vida militar Praça, Sargento ou Oficial.

Quero que recebas um abraço de boas-vindas em nome de toda a tertúlia onde se inclui naturalmente os editores.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
____________

Notas de CV:

(1) Vd. poste de 29 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3813: Em busca de... (62): Referências à CCAÇ 1788/BCAÇ 1932, Guiné, 1967/69 e à morte do Cap Artur Nunes (José Martins)

(2) Vd. poste de 3 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8850: Notas de leitura (282): Do Cacine ao Cumbijã, 67 Guiné 69, de Guilherme da Costa Ganança (Mário Beja Santos)

Vd. último poste da série de 16 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10156: Tabanca Grande (350): Bernardino Cardoso, ex-fur mil, Pel Rec 2024 (Bula, jan 1968/dez 1969), grã-tabanqueiro nº 567

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