Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Uma foto, algo invulgar, que me deixou agradavelmente surpreendido, recolhida do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão: tudo o que chegava a Bambadinca, por terra, ar ou rio, e que não se destinasse à Intendência, passava pelas mãos do Lopes, ou mesmo era dizer, era do pelouro do Lopes).
1. Na foto vê-se, acima das cabeças de um grupo de militares, a célebre Cilinha, a Cecília Supico Pinto (1921-2011), histórica fundadora e líder do Movimento Nacional Feminino (MNF), em visita ao setor L1, Bambadinca. Ainda não descobriu em que data é que isso foi, mas só pode ter sido no final do segundo semestre de 1968 ou no primeiro semestre de 1969. Quando estive em Bambadinca, com a minha companhia, em intervenção ao setor L1, de julho de 69 a março de 71, nunca dei conta da visita de nenhuma dirigente, metropolitana ou local, do MFN. Por sua vez, o comando e a CCS do BCAÇ 2852 foram para Bambadinca em finais de setembro de 1968, depois de dois meses en Brá. O BCAÇ 2852 foi substituir o BART 1904.
Telefonei ao camarada Lopes (, estivemos juntos em Bambadinca, de julho de 1969 a maio de 1970, ), e ele já não pode precisar em que data é que foi tirada a fotografia. Pessoalmente inclino-me mais para a hipótese de ter sido na época seca, ou seja, nos primeiros meses de 1969. Não estou a ver a senhora a andar na Guné na época das chuvas...
No lado esquerdo, vê-se um militar com os galões de major. O Lopes acha que era o major de operações Viriato Amílcar Pires da Silva que será substituído, em setembro de 1969, pelo célebre "major elétrico", o António Augusto Cunha Ribeiro.
Peço aos camaradas de então que me completem ou corrijam a legenda.
Foto: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editada e legendada por L.G.)
2. Comentário de L.G.:
Pela consulta do livro de Sílvia Espirito Santo (Cecília Supico Pinto: o rosto do Movimento Nacinonal Feminino. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2008, p. 117), pode concluir-se que a Cilinha esteve na Guiné em 1969, e nomeadamente em Maio:
"O tempo, o treino e o reconhecimento transformaram-na num soldado - o soldado Pinto. Teve direito a um camuflado, a uma arma e, dada 'a relevância dos actos de bravura em combate', em Bula, ma unidade do brigadeiro Henrique Calado, foi promovida de soldado Pinto a primeiro-cabo Pinto.
"Apesar de ter anunciado que não queria mais promoções, e desejava 'passar à disponibilidade' como primeiro cabo, em Maio de 1969, em Olossossato, a Companhia de Caçadores [...] 2402 nomeou-a 'Capitoa honorária'. Essa foi a patente máxima da sua 'carreira' militar' " (....).
2. Comentário de L.G.:
Pela consulta do livro de Sílvia Espirito Santo (Cecília Supico Pinto: o rosto do Movimento Nacinonal Feminino. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2008, p. 117), pode concluir-se que a Cilinha esteve na Guiné em 1969, e nomeadamente em Maio:
"O tempo, o treino e o reconhecimento transformaram-na num soldado - o soldado Pinto. Teve direito a um camuflado, a uma arma e, dada 'a relevância dos actos de bravura em combate', em Bula, ma unidade do brigadeiro Henrique Calado, foi promovida de soldado Pinto a primeiro-cabo Pinto.
"Apesar de ter anunciado que não queria mais promoções, e desejava 'passar à disponibilidade' como primeiro cabo, em Maio de 1969, em Olossossato, a Companhia de Caçadores [...] 2402 nomeou-a 'Capitoa honorária'. Essa foi a patente máxima da sua 'carreira' militar' " (....).
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6 comentários:
Caro Luís
Deves estar certo relativamente à data da foto da Cilinha em Babadinca.
Digo isto porque ela esteve em Jolmete em Janeiro de 69 e lembro-me porque tivemos um morto no fim do ano de 68 mais ou menos um mês antes e então ela tentou animar-nos, contou anedotas, cantou o fado, distribuiu uns presentes pelo pessoal, mas não conseguiu ver-nos os dentes e lá foi pregar a outra freguesia porque nós não estava-mos naquela onda.Julgo que tenho uma fotografia dessa visita.Portanto é muito provável que ela tenha visitado outras localidades.
Um grande abraço
Manuel Carvalho
Obrigado, Manuel Carvalho... De qualquer modo, não encontro, na história da unidade, qualquer referência à visita da Dona Cecília Supico Pinto a Bambadinca em Dezembro de 68 ou Janeiro de 69.
A Dona Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto (Lisboa, 30 de Maio de 1921 — Cascais, 25 de Maio de 2011), está com bom aspeto físico na foto, impecavelmente penteada, embora de rosto aparentemente tenso (talvez devido ao cansaço das viagens e do clima). Nesta altura estaria já com 49 anos, ou seja, com idade para ser mãe daqueles homens todos...
Para os comandos de batalhão deveria ser uma "carga de trabalhos" e uma "chatice" a organização de percursos e as operações de protecção e segurança a tão ilustre visita. Não sei se ela nesta altura visitou mais aquartelamentos e destacamentos do Setor L1 (Xime, Mansambo, Xitole, Saltinho)...
Espero que a rapaziada de Bambadinca nos dê mais pistas para completar a legenda... Atenção que o BCAÇ 2852 esteve dois meses em Brá (agosto / setembro de 1968), antes de ser colocado no Setor L1, substituindo o BART 1904... A foto pode ser dessa altura (?)...
Olá Contemporâneos da Guiné, Saudações e Recordações.
Se bem me lembro, quanto à foto apresentada afigura-se-me a outra situação idêntica e que pessoalmente presenciara em Aldeia Formosa, nos finais de 1968.
Lembrando que o Comando da minha Companhia Ccaç. 2381, encontrava-se aquartelado na dita localidade e no período entre Julho a Dezembro de 1968.
À data foram feitas ofertas de:
Maços de cigarros "negritas"?;
Isqueiros marca MNF, que acendiam em torcida embebida em gasolina;
Esses celebres isqueiros MNF, não eram Ronsons, "Mas Nunca Falhavam".
Com Um Abraço Amigo
Arménio Estorninho
Cecília Supico Pinto esteve em Bula, sem margem para dúvidas, no primeiro semestre de 69. Não sei precisar o mês. Mas eu estava lá e já por aqui, ao correr da pena, foi contado, pelo camarada Bernardino Cardoso (567),um episódio "afadistado",ocorrido entre mim e a senhora, que depois confirmei numa troca de comentários com o camarada Luís Graça.
Só me intriga que da consulta que o L.G. fez ao livro que biográfa a vida daquela senhora no MNF, ele escreva, "...pode concluir-se que a Cilinha esteve na Guiné em 1969, e nomeadamente em Maio". Depois faz aquela que eu considro ser a intrigante passagem do livro, que cito "...dada 'a relevância dos actos de bravura em combate', em Bula, ma unidade do brigadeiro Henrique Calado...".
Ora, se foi em Maio que "Cilinha" esteve na Guiné, logo, foi em Maio que esteve em Bula, logo, no tempo em que eu lá estava. Sucede que a minha Unidade era o BCAÇ 2861, comandando pelo Ten.cor Cesar Cardoso da Silva, e não havia lá nenhuma unidade do Brigadeiro Henrique Cardoso.
Pergunto:
1 - terá sido em Bula que esteve a unidade do referido Brigadeiro ou foi confusão da biografa?
2 - Ou Cecília Supico Pinto esteve em Bula que não no periodo de Fev/Agos/69, que foi quando eu lá estive?
armando pires
Armando:
A autora da biografia, que é antropóloga (, se não erro,) baseia-se em entrevistas que fez à Cecília Supico Pinto (CSP), uns anos antes dela morrer (o livro é de 2008, e a senhora morreu em 2011, com quase 90 anos). Outra fonte de informação foram as publicações periódicas do MFN (revistas)...
Ela, a CSP, viajou muito pelos três TO, esteve na Guiné em épocas diferentes... É natural que ela (ou elas) tenha(m) "baralhado" as cassetes...
Com tempo, vou esclarecer esse ponto. Hoje tenho aulas até tarde, até às 22h. Não te posso dar mais pormenores.
O Henrique Calado esteve em Bula muito antes de ti... Comandava o BCAV 790, batalhãoq ue
(i) Foi mobilizado pelo RC 7;
(ii) Partiu para a Guiné em 23/4/1965 e regressou 8/2/67;
(iii) Esteve sediado em Bula;
(iv) Unidades orgânicas: CCAV 787 (Bissau, Có, Teixeira Pinto), 788 (Bissau, Bula, Ingoré) e 789 (Teixeira Pinto, Binar).
No excerto que eu transcrivi (, sobre a CSP), há três informações a reter:
(i) Na Guiné, ao que parece, a CSP foi promovida a "soldado" Pinto;
(ii) Em Bula, provavelmente em 1966, foi promovida a "1º cabo" Pinto, pelo então ten cor Henrique Calado, comandante do BCAV 790, e co9nehcida figura do desporto ollímpico;
(iii) Em maio de 1969, no Olossato, é promovida por fim a "capitoa" Pinto, pelo comandante (?) do CCAÇ 2402, unidade a que pertenceu o nosso camarada Raul Albino (que tem de resto um excelente história da unidade; estou à espera que ele me confirme ou desminta essa história da "capitoa")...
Um abaração e vê-se (a)mandas mais um croniqueta... Um abração, Luis
... relativamente à sucessão de comentários relacionados com "as idas da Cilinha" ao TO-Guiné, no intuito de ajudar à reconstituição de memórias, sugere-se leitura de um texto - publicado sob a epígrafe ««A todas "as Cilinhas" que nunca regatearam apoios às tropas... » -, desde 31Mai2011 disponível online, aqui...
ultramar.terraweb.biz/CeciliaSupicoPinto
Cpts,
Abreu dos Santos
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