quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10990: Efemérides (116): 50 anos anos da guerra colonial no CTIG ? 23 de janeiro de 1963, o fim do princípio ou o princípio do fim (José Martins / Carlos Silva)


Guiné > 1964 > PAIGC > Cassacá > I Congresso.do PAIGC, Quinta, 13 de Fevereiro de 1964 - Segunda, 17 de Fevereiro de 1964, Da esquerda para a direita,Abdulai Barry, Arafam Mané, Amílcar Cabral, Domingos Ramos e Lai Sek.


Fonte: (1964-1964), "Abdulai Barry, Arafam Mané, Amílcar Cabral, Domingos Ramos e Lai Sek durante o I Congresso.do PAIGC, em Cassacá", CasaComum.org, Fundação Mário Soares, Disponível HTTP: http://www.casacomum.org/cc/visualizador?pasta=05224.000.056 (2013-1-22)


1. Passam hoje 50 anos sobre o "início da guerra colonial" na Guiné, segundo uma certa historiografia (por ex., a do PAIGC e seus "simpatizantes"). Alguma imprensa portuguesa (Correio da Manhã, por exemplo) vai dar algum destaque à efeméride. A questão não é pacífica, nem este dossiê está fechado: a guerra (colonial) na Guiné começou, de facto, em 23/1/1963, com o ataque ao quartel de Tite, liderado pelo Arafan Mané (versão do PAIGC) ou ainda antes (1961, 1962) ? 

Em 1962, por exemplo, o exército, a  par da PIDE e da polícia administrativa,  está já envolvido em operações de repressão mais de natureza policial do que militar. Destacados dirigentes da guerrilha, ainda em organização, são aprisionados ou abatidos em 1962. [ Por exemplo, Vitorino Costa, irmão de Manuel Saturnino da Costa  é morto, numa emboscada em 1962, antes do início oficial da guerra, por um grupo da CCAÇ 153, comandado pelo Cap Inf José Curto, na região de Darsalame; Vitorino e Manuel Saturnino são dois dos históricos militantes enviados para a China para receber treino político-militar, juntamente com João Bernardo Vieira (Nino), Francisco Mendes, Constantino Teixeira, Pedro Ramos, Domingos Ramos, Rui Djassi, Osvaldo Vieira  e Hilário Gomes, tendo sido recebidos pelo "grande timoneiro", Mao Zedong, em 1961]

Enfim, já demos para este "peditório". O nosso camarada Carlos Silva sobre esta questão (o ataque a Tite, descrito pelo seu amigo Gabriel Moura,) já deu, aqui, em tempos um valiosíssimo contributo (*). Não temos entretanto  dados novos. Não fazemos de investigação de arquivo, não somos historiógrafos, publicamos de preferência os materiais que nos chegam às mãos, inéditos, da autoria dos nossos camaradas, ex-combatentes da Guiné. Isso não nos impediu de pedir ao José Martins, nosso colaborador permanente, bem como ao Carlos Silva, um pequeno apontamento sobre esta data. Aqui vão duas pequenas notas.

2. Mensagem de José Martins [ foto à esquerda]: 

23 de Janeiro de 1963: o Fim do Principio ou o Principio do Fim

50 anos depois... O ataque ao aquartelamento de Tite é considerado quer pelo PAIGC quer pela Comissão de Estudos das Campanhas de África 1961-1974, como o inicio da “guerra na Guiné”, pelo que esta data marcará, na nossa opinião, o “Principio do Fim”, dado que a partir dela as acções, de parte a parte, só vieram a terminar após o 25 de Abril de 1974.

Ainda apareceram “teses” de que o inicio das confrontações se reportavam a 3 de Agosto de 1959, o massacre de Pidjiguiti, ou ao ataque ao aquartelamento de São Domingos, na noite de 20 para 21 de Julho de 1961.

À época a localidade de Tite estava guarnecida com o Batalhão de Caçadores nº 237, apenas com comando reduzido, pelo Pelotão de Morteiro nº 19, pelo Destacamento de Manutenção de Material nº 245 e, provavelmente, um pelotão da Companhia de Caçadores nº 275.

No cinquentenário deste combate, lembremos três homens que ficarão ligados a este acontecimento: (i) Arafan Mané (,comandante do PAIGC, vd. foto acima); e os militares portugueses (ii) Gabriel Moura, e (iii) Veríssimo Godinho Ramos.

Arafan Mané (nome de guerra, "Ndajamba"), militante do PAIGC, destacado Combatente da Liberdade da Pátria, é considerado o “responsável” pelo inicio das hostilidades na Guiné, ao ter disparado a primeira rajada de metralhadora e comandado a ofensiva.  Teria na altura menos de 20 anos. Veio a falecer em 2004, em Espanha, de doença prolongada, com o posto de coronel.



Guiné > Região de Quinara > Setor de Tite >  1961/63 >  Gabriel Moura, do pel Mort 19, junto a um cavalo de frisa.

Foto: ©  Gabriel Moura / Carlos Silva (2008). Todos os direitos reservados.


Gabriel Moura, natural de Gondomar (tal como o Carlos Silva, seu amigo, ) foi mobilizado pelo Regimento de Infantaria nº 6, do Porto, para o Pelotão de Morteiros nº 19. Foi o primeiro militar português, quando se encontrava de guarda ao aquartemanento, a responder ao fogo da força que atacou as instalações de Tite. Na reacção ao fogo de que foi alvo, consumiu todas as munições de que dispunha, provavelmente três carragadores, assim como utilizou as duas granadas que lhe estavam distribuídas para o serviço. Faleceu em 2004,  dois anos após ter editado as suas impressões sobre o acontecimento, e por coincidência no mesmo ano da morte de Arafan Mané.

Veríssimo Godinho Ramos [na foto, à esquerda, é o do meio], Soldado Condutor Auto Rodas nº 834/59, da Batalhão de Caçadores nº 237, mobilizado no Regimento de Infantaria nº 6, no Porto,  era solteiro, Filho de Joaquim Ramos e Ricardina Joaquim Godinho. Natural da freguesia de Vale de Cavalos, concelho de Chamusca, faleceu no dia 23 de Janeiro de 1963 durante o ataque a Tite, vitima de ferimentos em combate. Foi inumado no Cemitério de Vale de Cavalos. Há ainda dúvidas dúvida se a causa dos ferimentos foram ou não de “fogo amigo”, dada a surpresa do ataque e a forma da reação das NT.

Por falta de mais elementos  novos sobre o acontecimento de 23 de Janeiro, "imaginei" criar um texto que se apresentasse uma visão mais global, ainda que resumidamente, do que se passou desde 1446 [, descoberta da Guiné pro Tristão da Cunha,] até Janeiro de 1963.

Quando li ou reli o texto do Moura, senti-me "muito pequeno", pelo que estava a ler. É um texto que emociona qualquer um. quer tenha ou não experiência de combate. É realista e, para mim, muito credível. Proponho que o seu nome passe a figurar, entre os "grã-tabanqueiros que da lei da morte se foram libertando". Seria uma forma de honrar a sua memória.

Pelo exposto, e pensando "com os meus botões", achei oportuno lembrar os que se tinham distinguido, para o bem ou para o mal, o facto de que se vai ao perfazer os 50 anos: Quem atacou, quem reagiu e quem tombou. Daí a sugestão de (re)leitura dos  postes do Carlos Silva/Gabriel Moura (*).

 José Marcelino Martins

19 de Janeiro de 2013 (**)

3. Mensagem do Carlos Silva [, foto à esquerda,com o António Camilo, no Saltinho, 2008]:

A brochura que o meu falecido amigo e conterrâneo [Gabriel Moura,]  escreveu com textos também do meu diário e fotos minhas, fala de algo mais.

Já li dezenas de livros e tenho mais dezenas para ler, que já não leio nem na cova e não há absolutamente nada escrito sobre o tema tão desenvolvido como o Gabriel fez.

Eu acompanhei-o pessoalmente nessa tarefa em busca de camaradas do pelotão dele quer em Lisboa quer em Porto de Mós e falámos pessoalmente com eles para ele escrever a história que tanto ansiava e praticamente nada ouvi da boca deles. Não se lembravam de nada.

Aliás, até um Ten Cor creio que do BCaç 237, do qual não existe História da Unidade, não se lembra de nada ao responder a uma pergunta sobre o tema ao AHM.

Do lado do PAIGC nada, apenas umas alusões ao início da guerra

O jornalista José Carlos Marques, do Correio da Manhã (companheiro de route no Simpósio de Guiledje) vai publicar um artigo, falou comigo ao telefone, e eu  enviei-lhe as fotos que tinha. Ele disse-me que iria publicar o artigo invocando o meu site, disse-lhe para não publicar tretas, pois já tenho visto muita coisa com a ganância de publicar (...).

Poucas testemunhas deve haver relativamente a tais factos, mas devem estar um quanto chés-chés, pois segundo  me contava o Gabriel que bem se esforçou porque tinha formação académica (, era economista,) e tem outros escritos, eles diziam que não sabiam, não se lembravam etc etc. O costume.

Zé, quanto a idade do Arafan (...), não se sabe que idade tinha, nem os do PAIGC sabem e basta ler vários (poucos) livros que se contam pelos dedos de malta do PAIGC que nada sabem, nem o Aristides Pereira, tal como ele revela nos 2 livros, apenas o Amilcar Cabral era o detentor da informação, isto afirmado por ele Aristides, irmão Luís e mais um ou outro.

Portanto, meus amigos, nada se sabe e estou curioso por ver o artigo do Zé Carlos, que admito possa acrescentar algumas lérias se encontrou alguém dessa altura do pelotão do Gabriel, o BCaç 237 [ Pel 237 + Pel Mort 19 ] mas que não vejo que tenha a desenvoltura que o Gabriel tinha e a forma como escreveu a brochura, parte em minha casa de Porto de Mós e de elementos que recolheu em minha casa e meus. Agora, só se falarem pelo que escreveu o Gabriel.

O resto para mim, são tretas, a menos que veja alguma coisa escrita com credibilidade o que não vi até agora. Como sabem, nem os nossos amigos Leopoldo Amado o Julião, historiadores, nada falam sobre o assunto apesar das suas investigações em numerosos arquivos, apenas abordam levemente a data 23-01-1963, cujo trabalho já fiz e publiquei no blogue.

Recebam um abraço amigo

Carlos Silva
_____________

Notas do editor

(*) Vd. postes de:

11 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3294: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte I) (Carlos Silva / Gabriel Moura )

12 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3298: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte II) (Carlos Silva / Gabriel Moura)

13 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3308: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte III) (Carlos Silva / Gabriel Moura)

(**) Último poste da série > 13 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10936: Efemérides (115): Nhabijões, 13 de Janeiro de 1971, morte na picada (Luís Rodrigues Moreira)

7 comentários:

Luís Graça disse...

Afinal, a efeméride já tinha sido "comemorada" no domingo, dia 20... Dei só uma vista de olhos... Mais uma vez, o CM utiliza fotos, sem indicar as fontes... Tem que haver respeito pelos "créditos fotográficos"... De qualquer modo, é um extenso dossiê. O José Carlos Marques faz uma entrevista ao cor ref e historiógrafo da guerra colonial, nosso camarada da Guiné, Carlos Matos Gomes... Ainda não li... Publica-se também a lista dos mortos na Guiné. Lá vem o pobre do Veríssimo Godinho Ramos, morto em Tite, em 23/1/63...

Tema de capa da emissão dominical do Correio da Manhã > Título

"O inferno português em África:
A 23 de janeiro de 1963, o PAIGC iniciou a luta armada. Até 1974, mais de três mil portugueses morreram na guerra da Guiné"

CM, 20 Janeiro 2013

Por:

Bruno Contreiras Mateus,
José Carlos Marques
e Marta Martins Silva


http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/o-inferno-portugues-em-africa

Luís Graça disse...

Excerto da entrevista do Carlos Matos Gomes, cor ref, dada ao José Carlos Marques (, o único português que esteve no Simpósio Internacional de Guiledje, Guiné-Bissau, 1-7 de março de 2008):


CM - Esteve nos três cenários da Guerra Colonial. Em que é que a Guiné se distinguia?

- A Guiné-Bissau é diferente logo à partida pelas condições do terreno. É um território pantanoso, cruzado por vários rios e braços de mar, com uma vegetação difícil de transpor. O clima da Guiné-Bissau era marcado por calor e humidade. Outra diferença fundamental é que, enquanto em Angola e Moçambique a guerra se fazia contra grupos étnicos relativamente bem definidos, na Guiné herdámos uma guerra contra grupos étnicos diversificados, o que tornava difícil estabelecer alianças ou acordos. O PAIGC era também o movimento político mais bem preparado militarmente.

CM - Faz sentido dizer-se que a Guiné foi o Vietname português?

- Na medida em que a Guiné tinha pântanos e floresta densa, que podem fazer lembrar o Vietname. Mas o Amílcar Cabral não era o Vo Giap [general das tropas norte-vietnamitas]. Quanto muito, seria uma combinação do Vo Giap e do Ho Chi Min (líder político da insurreição no Vietname). Se falarmos das intensidades da guerra, há situações de violência militar que podem ser comparadas.

CM - Havia o risco da derrota militar na Guiné?

- O PAIGC em 1974 tinha capacidade para atacar e conquistar uma posição a nível de batalhão e duas ou três posições ao nível de companhia. As forças portuguesas não tinham capacidade para responder a mais de um conflito intenso. Sabíamos do risco da perda de guarnições no Leste. Isto fez com que Spínola e depois Costa Gomes tenham proposto a criação de um reduto central.

CM - Estava planeado um golpe na Guiné caso o 25 de Abril falhasse na Metrópole?

- Esteve previsto ainda antes de ser marcado o 25 de Abril de 1974. Foi planeado depois do falhanço do 16 de Março. A operação foi planeada para se ocupar o poder em nome do MFA em Bissau. O plano foi apresentado em Lisboa ao general Spínola, que nos deu uma resposta muito inteligente: "O jogo tem de se jogar no relvado principal." (...)

CM - Correio da Manhã, 20/1/2013 (Reproduzido com a devida vénia)

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/o-inferno-portugues-em-africa

Luís Graça disse...

Excerto do Correio da Manhã, de 2071/2013:

(...) GUERRA COM 3046 MORTOS

A listagem dos militares das Forças Armadas portuguesas mortos durante o período de guerra na Guiné, entre 1963 e 1974, é um trabalho em aberto. A preservação dos registos e informações foi negligenciada com a independência dos novos países africanos de língua portuguesa. A recolha que adiante apresentamos, com 3046 nomes de militares idos da Metrópole e recrutados localmente, foi cedida pela Liga dos Combatentes, que faz trabalho importante pela preservação da memória. (...)

CM, 20/1/2013 (Reproduzido com a devida vénia)

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/outros/domingo/o-inferno-portugues-em-africa

Tony Borie disse...

Olá José Martins.
Pedindo perdão, por me dirigir a ti, pois entendo, que talvez me possas clarificar, tudo o que li com alguma atenção no artigo que o jornal Correio da Manhã publica, vem lá umas datas que de certeza estão erradas, que são as seguintes:
Maio - 1965, operação Irã, em Morés.
Pois eu estava lá, apontava todas as operações de vulto que se realizavam na região do Oio, e verificando nos meus apontamentos, que são quase um diário, não vem lá nada nessa data.
O que vem como operação de vulto em Morés, é na data de 5 de Outubro de 1964, e nomeia mais ou menos assim:
"Dia 5 de Outubro de 1964, realizou-se a maior operação, até hoje no norte da província, aqui Mansoa, é o ponto de reunião, o objectivo é entrar em Morés, Q.G. dos guerrilheiros. Tomou parte nesta operação, aviação, marinha, uma força de paraquedistas, exercito e caçadores nativos, ao todo talvez mais de 1.500 homens".
Depois, fala de alguns mortos e feridos, do helicóptero a transportar feridos, e que antes tinha levado os oficiais, com alguma patente, ao cenário de combate.
Este diário, embora mal escrito, era muito fiel nas datas, e se tivesse havido qualquer operação em Maio de 1965 na região do Oio, eu concerteza que apontava.
Eu só menciono este pormenor das datas, para talvez clarificar, é só essa a intenção.
Um abraço e obrigado pela tua atenção.
Tony Borie.

Carlos Silva disse...

Olá Luís

Uma desilusão para a propaganda que fizeram a favor do CM

Andam todos a correr atrás do mesmo
O artigo ou publicação é um resumo, muito resumido e já conhecido de todos nós, porque escrito por nós nos mais diversos meios de informação.
Nada original
É só para venda
Vocês fazem tanta publicidade para quê? Anda tudo maluco para ler o que já se sabe e para dar lucro ao CM.
Será que são sócios da empresa ???? ah aha aha aha
Mais, até vem algumas coisas erradas, "Pelunda" em vez de Pelundo, Meso em vez de Medjo; o é menos importante, mas o que é de bradar aos céus, vem em destaque na cx 5 que " Em maio de 1973, o PAIGC conquistou o quartel de Guiledje, a única fortificação perdida em toda a Guerra Colonial, o que não corresponde minimamente à verdade.
O PAIGC não conquistou, como não ocupou efectivamente a guarnição e depois da retirada, apenas foram lá passados 3 ou 4 dias cagadinhos de medo, como eu ouvi, tu ouviste, nós ouvimos, aqueles que estiveram na audiência, da boca do falecido Presidente Nino quando fomos recebidos na Presidência na altura do Simpósio de Guiledje em 2008.
Não me recordo se o Zé Carlos Esteve presente ou se foi para outro evento que decorria em paralelo, é uma questão de ver as fotos e os teus filmes.
É lamentável que escrevam "bacoradas" que não correspondem à verdade e que contribuam para registo de memória futura e para uma deturpação da nossa História Contemporânea.
Um abraço
Carlos Silva

Antº Rosinha disse...

Carlos Matos Gomes, explica uma importante diferença da guerra da Guiné e de Angola e Moçambique:

"enquanto em Angola e Moçambique a guerra se fazia contra grupos étnicos relativamente bem definidos",

"na Guiné herdámos uma guerra contra grupos étnicos diversificados",

Embora em Moçambique como só havia um movimento também haveria grupos "étnicos diversificados".

Mas no caso de Angola, sem dúvida que foi até muito fácil após o primeiro embate dos massacres da UPA no Norte, mobilizar as autoridades tradicionais contra infiltrações de movimentos estranhos.

E em Angola vários governadores distritais, chefes de posto e comerciantes dominavam o dialecto único e estanque da região,e nem sempre precisavam de intérpretes para comunicar com régulos e povo.

Ao passo que na Guiné, embora Spínola como governador geral tenha conseguido enorme sucesso junto dos régulos, ainda assim precisava de intérpretes de Portuguès/Crioulo/Dialecto.

Provavelmente até ainda hoje este seja um grande problema para as autoridades e governos da Guiné.

O problema de precisarem de intérpretes para se comunicarem com o povo.

Mas como diz Matos Gomes, essa do facto ser pior lutar contra grupos étnicos diversificados, o PAIGC, não terá sido também esse o maior problema para Amílcar Cabral?







Luís Graça disse...

Carlos Silva, meu bom amigo e camarada (duplamente, somos os dois de armas pesadas de infantaria, esepcialidade que eu, pelo menos, nunca exerci e tu, acho que também não):

"Propaganda" ao CM ? Ironia tua. Sabes que não é habitual eu citar o CM, mesmo quando o CM se refere à Guiné e a camaradas nossos (aliás, tem, de há anos a esta parte, uma secção, na revista dominical, chamada "A minha guerra", salvo erro, que muita malta nossa conhece e acompanha).

Os jornalistas fazem o seu papel. Nós fazemos o nosso. Não estamos em concorrência nem na "concorrência".

Outra coisa: o Zé Martins, com o meu apoio, sugere a entrada para a Tabanca Grande, a título póstumo, do teu amigo e conterrâneo e nosso camarada, Gabriel Moura. O depoimento dele sobre o ataque a Tite (, originalmente poublicado na tua página, e depois no nosso blogue) é um documento humano, notável, e precioso. O Gabriel merece o nosso apreço e a nossa homenagem, mesmo que tardia. A sua memória deve ser lembrada.

Queres ser tu a "apadrinhar" a sua entrada na nossa Tabanca Grande ? Arranjas duas fotos dele, escreves mais duas linhas sobre ele, e descobres em que data nasceu. Pode ser ?

Um alfa bravo. Luis