1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 23 de Janeiro de 2013:
Boa Noite
Em resposta à questão colocada como comentário ao post 10990*, em anexo remeto o que consegui apurar.
Por cruzamento de dados, o que faço normalmente por deformação profissional - sou contabilista - o facto deve ter ocorrido em 1965, já porque as unidades que participaram na operação só chegaram à Guiné em data posterior a mesma data do ano de 1964.
Um grande abraço
José Martins
DATA DA OPERAÇÃO IRÃ
► ► Suponho que a questão que se coloca, é a referência que consta nas páginas 30 e 31, mapa, no que concerne ao nº 3
“1965 – Maio – Operação Irã – Tropas portuguesas atacam guerrilheiros na zona do Morés, controlada pelo PAIGC”
(In Correio da Manhã – Revista Domingo – separata da edição nº 12.277).
► ► Na obra “GUERRA COLONIAL (Angola – Guiné – Moçambique)" de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes - Edição do Diário de Noticias - Fascículos publicados entre 21/9/97 e 13/9/98”, refere:
Na “Fita do tempo” ou “Cronologia” refere com data de 1965.05 (Maio de 1965):
Acção das forças portuguesas na região do Morés, Guiné, com captura de diversos material de guerra, incluindo metralhadoras Borsig, Bren e M52, minas A/C TM-46, granadas-foguete, granadas de mão, etc.
► ► No caderno nº 2 da colecção “As Grandes Operações da Guerra Colonial”, edição de 10 livros publicados entre 8 de Julho e 9 de Setembro de 2010, refere, na página 4, como “abertura de texto”:
“Golpe de Mão no Morés
Em 3 de Maio de 1965, uma segunda-feira, duas companhias de Artilharia lançam um ataque a posições da guerrilha numa das mais difíceis zonas de guerra da Guiné – o Mores, por onde as tropas portuguesas nunca se tinham aventurado.
A acção militar – com o nome de código de Operação Irã – foi um êxito relativo. Conseguiu-se a captura de cerca de uma tonelada de material de guerra – mas o PAIGC continuou a controlar a zona. Ao longo do conflito, de resto, as tropas portugueses só muito pontualmente penetravam no Morés.”
No desenvolvimento do texto refere que as Companhias de Artilharia são as 566 e 730.
[É mencionada a CArt 556, mas não existe na Guiné. Deve ler-se “566”].
► ► Nos cadernos “Os anos da Guerra Colonial” de Carlos Matos Gomes e Aniceto Afonso, composto por 16 cadernos, editado por QuidNovi em 2009, no nº 6, relativo ao ano de 1963, na página 32, refere:
“Maio, 3
Operação IRÃ – Acção das forças portuguesas na região do Mores, Guiné, com captura de diverso material de guerra.
Esta operação foi realizada pelo Batalhão de Artilharia 733 (Companhias de Artilharia 566, 730 e 732) que alcançaram arrecadações de material com metralhadoras Borsig, Bren e M52, minas A/C TM-46, granadas foguete e granadas de mão.
Ao descolar com o material capturado um helicóptero foi atingido.
O Morés era já uma área controlada pelo PAIGC e, como sucederia ao longo da guerra, as forças portuguesas só pontualmente ai penetravam.”
► ► Do 7º Volume - Fichas das Unidades – da Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974)
► Breve historial do Comando de Agrupamento nº 16
Mobilizado pelo Regimento de Infantaria nº 1, na Amadora, foi comandado pelo Tenente-coronel José Augusto Henriques Monteiro Fortes Pinto Soares, tendo como Chefe do Estado Maior o Major de Infantaria António Coelho da Silva e, posteriormente, o Major de Artilharia Raul Pereira Baptista.
Tinha como divisa: “Juntos Venceremos”
Embarca em 23 de Maio de 1964 e desembarca em Bissau em 30 de Maio de 1964.
O regresso foi em 14 de Maio de 1966.
Em 15 de Junho de 1964, ainda instalado em Bissau, assume a responsabilidade da zona Oeste, que incluiu Bula, Farim e Mansoa.
A partir de 31 de Julho de 1964 instala-se em Mansoa.
Foi rendido pelo Comando de Agrupamento nº 1976 em 13 de Maio de 1966.
► Breve historial do Batalhão de Artilharia nº 733
Mobilizado no Regimento de Artilharia Ligeira nº 1, em Lisboa, e comandado pelo Tenente-coronel José da Glória Alves e, posteriormente, pelo Tenente-coronel Orlando Rodrigues da Costa e tinha como divisa “Valorosos, Audazes, Corajosos”.
Tinha como unidades orgânicas além da CCS, as Companhias de Artilharia nºs 730, 731 e 732.
Embarcaram em 8 de Outubro de 1964 e chegaram a Bissau a 14 de Outubro de 1966.
Regressaram em 7 de Agosto de 1966 (A CArt 730 regressou em 14 de Agosto de 1966).
► Breve historial da Companhia de Artilharia nº 566
Mobilizada no Regimento de Artilharia Pesada nº 2, em Vila Nova de Gaia, comandada pelo Capitão de Artilharia Adriano de Albuquerque Nogueira, tendo por divisa “Bravos e Sempre Leais”.
Foi mobilizada para Cabo Verde onde esteve até 28 de Julho de 1964, mas foi deslocada para a Guiné, trocando com a Companhia de Caçadores nº 414.
Inicialmente em Bissau foi, em 4 de Setembro de 1964, para Bissorã em reforço da guarnição local, tendo um pelotão no Olossato, no dispositivo de manobra do Batalhão de Artilharia nº 645.
Fez operações no Morés, Iracunda, Cansambo, Maqué, entre outras.
A 9 de Dezembro de 1964 a companhia é deslocada para o Olossato, com a responsabilidade do subsector criado na zona de acção do BArt 645.
A 25 de Setembro de 1965 regressa a Bissorã e em 24 de Outubro de 1965, recolhe a Mansoa e posteriormente a Bissau.
► Breve historial da Companhia de Artilharia nº 730
Além do referido no BArt 733, era comandado pelo Capitão de Artilharia Amaro Rodrigues Garcia.
Após o desembarque foi para Bironque, em reforço da Batalhão de Cavalaria nº 705, de 13 de Outubro a 23 de Novembro de 1964, instalou-se em Bissorã.
Para actuar nas região de Morés e Tiligi, esteve na área do BArt 645 e em reforço deste, desde 14 de Dezembro de 1964 até 4 de Junho de 1965.
Em 7 de Junho de 1965 assumiu a responsabilidade do subsector de Jumbembém, destacando um pelotão para Canjambari, até 20 de Julho de 1965 altura em que se desloca para Farim, até 8 de Agosto de 1966, data em que regressa a Bissau para embarque para a metrópole, pelo que não regressou com o Batalhão.
OBS: - Emblemas da colecção do nosso camarada Carlos Coutinho.
____________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 23 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10990: Efemérides (116): 50 anos anos da guerra colonial no CTIG ? 23 de janeiro de 1963, o fim do princípio ou o princípio do fim (José Martins / Carlos Silva)
Vd. último poste da série de 24 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10996: Efemérides (117): O início da guerra no CTIG há 50 anos: Nova Lamego, Bissau, Bedanda... O paraíso... perdido (set 62/mai 63): filme de George Freire, ex-cap inf QP, a viver nos EUA há meio século (Virgínio Briote / Luís Graça)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Olá José Martins.
A tua informação é preciosa para todos nós.
Entre 1964/66, data em que servi o exército português, na então província da Guiné, fazendo parte do comando do Agrupamento 16, que estava estacionado em Mansoa, portanto na região do Oio, e Morés, foi sempre um local, onde era quase impossível as nossas tropas penetrarem, tinha diversos corredores de abastecimento, e pelo menos de noite, esses corredores funcionavam vindos da fronteira, era notícia quase todos as semanas, quando as nossas forças tentavam uma operação, muitos militares eram sacrificados, tentando a entrada em Morés, que tinha uma base dos guerrilheiros, diziam na altura que era mesmo o QG, dos guerrilheiros, com casas mato, túneis e tudo isto debaixo de grandes árvores, dificultando a visibilidade do ar.
Em 5 de Outubro de 1964, realizou-se uma das maiores operações de penetração em Morés, envolveu forças de todos os ramos das forças armadas, mais caçadores nativos, demorou três dias, e dois ou três helicépteros, que creio que era os que havia na altura, não paravam de trazer feridos para Mansoa, que depois iam na avionete ou de viatura militar para o hospital em Bissau.
A informação que nos trazes, e das fontes onde as foste buscar, explicam que houve essa operação Irã, que eu devia de ter, por qualquer motivo não tomado nota, nos meus fracos apontamentos, apontamentos esses que agora partilho com todos os nossos companheiros, que por lá andaram.
Um abraço e mais uma vez obrigado.
Tony Borie.
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